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Projeto de combustível verde divide setor privado e deve mudar no Senado

Alvo de disputa entre o governo e a Petrobras, o projeto de lei que estimula a descarbonização dos combustíveis também divide o setor privado. Enquanto os grandes consumidores de energia, especialmente a indústria, criticam possíveis aumentos de custos, setores do agronegócio comemoram a ampliação de seus mercados. No meio do caminho está a cadeia de produção e distribuição de combustíveis. Todos os insatisfeitos, principalmente a Petrobras, vão intensificar as articulações para que o texto, aprovado com folga na Câmara dos Deputados, seja alterado no Senado. Segundo o Valor apurou, a tendência é de que os senadores façam mudanças, especialmente relacionadas às metas para mistura de biodiesel no diesel e à obrigatoriedade de compra de biometano pela indústria do gás natural. Clique aqui para ler mais.

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Petróleo fecha em queda após decisão do Fed e dados mistos de estoques nos EUA

O petróleo fechou em queda nesta quarta-feira, 20, em meio à reação dos mercados à manutenção da taxa de juros nos Estados Unidos em um desfecho que confirmou as expectativas dos analistas. A commodity foi pressionada por dados mistos de estoques norte-americanos da commodity bruta e derivados, após os contratos do WTI e Brent terem renovado na terça-feira as máximas intradiárias desde novembro de 2023. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para maio fechou em queda de 1,76% (US$ 1,46), a US$ 81,27 o barril, enquanto o Brent para maio recuou 1,63% (US$ 1,43), a US$ 85,95 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) manteve a taxa dos Fed Funds em 5,25% a 5,50% ao ano, em comunicado divulgado no período da tarde desta quarta-feira. A decisão unânime ficou em linha com as expectativas do mercado financeiro. Os negócios com o petróleo fecharam em meio à entrevista coletiva do presidente do Fed, Jerome Powell, que desencadeava desvalorização do dólar. Na véspera, os petróleos WTI e Brent renovaram o maior nível desde novembro de 2023 nas máximas intraday, a US$ 83,12 e US$ 87,70, respectivamente. Os números de estoques de petróleo dos EUA injetaram volatilidade nos preços do ativo mais cedo. Os estoques americanos de petróleo recuaram 1,952 milhão de barris, na semana encerrada no dia 15, informou o Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês). Analistas ouvidos pelo Wall Street Journal previam baixa menor, de 1,2 milhão de barris. Os estoques de gasolina caíram mais que o previsto, mas os de destilados subiram inesperadamente. (Estadão Conteúdo)

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Adiada votação do projeto que proíbe veículos novos a gasolina a partir de 2030

A Comissão de Meio Ambiente (CMA) adiou nesta quarta-feira (20) a votação do projeto de lei que proíbe, a partir de 2030, a venda de veículos novos movidos a combustíveis fósseis, como gasolina ou diesel. A partir de 2040, segundo a proposta, será proibida a circulação de qualquer automóvel desse tipo, com exceção aos veículos movidos a biocombustíveis, como o etanol. Há, no entanto, algumas exceções à regra proposta. Pelo projeto, automóveis de coleção, veículos oficiais e diplomáticos ou carros de visitantes estrangeiros poderão continuar circulando no país, ainda que usem combustíveis fósseis. O PLS 304/2017 foi apresentado pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI) e recebeu parecer favorável do senador Carlos Viana (Podemos-MG). De acordo com o autor, outros países estão tomando decisões semelhantes, como França, Alemanha e Reino Unido. eldquo;O Brasil não pode ficar à margem dessa discussão, já que a indústria automobilística aqui instalada tem todas as condições de produzir automóveis tão avançados quanto os usados no exteriorerdquo;, afirma Ciro Nogueira na justificativa do projeto. Segundo o relator, o projeto contribui para que o Brasil honre seus compromissos climáticos, além de incentivar a indústria do etanol e dos biocombustíveis. Carlos Viana afirma que a migração para o uso de veículos elétricos ou movidos a biocombustíveis, reduzirá significativamente as emissões de gases do efeito estufa no setor de transportes. A CMA analisa o projeto de forma terminativa, ou seja, se for aprovado na comissão e não houver recurso de Plenário, o texto seguirá para análise da Câmara dos Deputados. (Agência Senado)

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Estados projetam alta bilionária na arrecadação com elevação do ICMS em 2024

Os estados que decidiram subir a alíquota modal do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em 2024 projetam alta bilionária em suas receitas com o tributo. Cinco dos que anunciaram a elevação, somados, vão aumentar suas receitas em R$ 7,4 bilhões. Dentre as unidades federativas (UFs) consultadas pela CNN, Pernambuco é aquela que projeta a alta mais relevante de arrecadação, com R$ 2,6 bilhões; seguido por Bahia, com R$ 2 bilhões; Rio de Janeiro, com R$ 1,9 bilhão; Distrito Federal, com R$ 676 milhões; e Paraná, com R$ 265 milhões. Dez estados brasileiros e o DF elevaram o imposto estadual para este ano. Os demais estados, Ceará, Goiás, Maranhão, Paraíba, Rondônia e Tocantins também foram procurados para que informassem suas projeções, mas não responderam até a publicação desta reportagem. Confira abaixo as mudanças no ICMS em 2024: Bahia: 19% para 20,5% endash; em Fev/24 Ceará: 18% para 20% endash; em Jan/24 Distrito Federal: 18% para 20% endash; em Jan/24 Goiás: 17% para 19% endash; em Abr/24 Maranhão: 20% para 22% endash; em Fev/24 Paraíba: 18% para 20% endash; em Jan/24 Paraná: 19% para 19,5% endash; em Mar/24 Pernambuco: 18% para 20,5% endash; em Jan/24 Rio de Janeiro: 20% para 22% endash; em Mar/24 Rondônia: 17,5% para 19,5% endash; em Jan/24 Tocantins: 18% para 20% endash; em Jan/24 Segundo projeção do economista da LCA Consultores Fabio Romão, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve ser impactado em 0,10 ponto percentual. Ao justificar seu movimento, os estados criticam as leis complementares 192 e 194 de 2022, que limitaram a aplicação da alíquota de ICMS sobre bens e serviços relacionados aos combustíveis, ao gás natural, à energia elétrica, às comunicações e ao transporte coletivo. Segundo a representação dos secretários de fazenda estaduais, a arrecadação dos estados em ICMS caiu R$ 109 bilhões de reais em relação à sua base tributável nos 12 meses que se seguiram à edição das legislações. Quando se iniciou a onda de anúncios de elevações, ainda em 2023, a reforma tributária era outra justificativa. Isso porque o texto aprovado no Senado estabelecia que a arrecadação do ICMS entre 2024 e 2028 seria a base para a distribuição da arrecadação do IBS (imposto estadual criado pela reforma) entre 2029 e 2077. O texto final da reforma alterou o dispositivo e, com a mudança, parte dos estados desistiram da elevação. Outros mantiveram a posição, como é o caso de Pernambuco, cujo secretário de Fazenda, Wilson de Paula, justificou a manutenção à CNN. eldquo;Com a referida alteração, a critério de média permaneceu, apenas a limitação do período foi alterada, a ser definido em Lei Complementar. Ou seja, não houve qualquer alteração de mérito que justifique o Estado de Pernambuco rever a alíquota de 20,5%erdquo;, esclarece Wilson de Paulaerdquo;, disse.

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Silveira diz que é contra mandato para o diesel coprocessado

O ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira (PSD), afirmou nesta terça (19/3) que é contra incluir o diesel coprocessado com óleo vegetal na mistura obrigatória ao diesel fóssil. E que, ao apoiar o aumento do mandato exclusivo para o biodiesel, o governo Lula fez uma opção pela geração de emprego e renda, com a ampliação da capacidade da agroindústria nacional. eldquo;É uma nova indústria, uma indústria que nós queremos fortalecer, que gera emprego, gera renda, gera divisas, fortalece a nossa grande vocação de produtores tanto na agricultura familiar, que nós fortalecemos na questão do biodiesel, já na primeira reunião do Conselho Nacional de Política Energética [de 2023]erdquo;, defendeu o ministro durante entrevista exclusiva para o estúdio epbr durante a CERAWeek 2024, no Texas (EUA). Silveira fez a declaração um dia após o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, dizer à epbr que vai defender a abertura do mandato do biodiesel para quaisquer rotas tecnológicas que substituam o diesel inteiramente fóssil e, portanto, incluiria o seu óleo coprocessado com biomassa, produto que a companhia desenvolve nas refinarias. A decisão de privilegiar o biodiesel foi tomada no PL do Combustível do Futuro, após acordo entre o relator Arnaldo Jardim (Cidadania/SP) e o governo federal, mediado pela Casa Civil, de Rui Costa. Prates disse que vai tentar mudar o texto no Senado, onde tramita o projeto. Na entrevista, Silveira também reforçou o interesse brasileiro na importação de gás natural da Argentina, por meio da Bolívia, e a produção onshore. E que a abertura do setor elétrico provocou um rateio injusto do custo da energia entre os consumidores brasileiros.

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Gás natural terá adição de até 10% de biometano, em derrota para a Petrobras, e indústria reage

A Petrobras e o Ministério de Minas e Energia travaram um duelo na semana passada, quando ainda não havia assentado a poeira da divergência sobre o pagamento de dividendos extraordinários da petroleira. Com o apoio maciço do agronegócio, a Câmara aprovou, na noite da última quarta-feira, 13, um projeto que impõe a adição de biometano ao gás natural a partir de 2026, o que desagradou à Petrobras e levou a indústria a fazer contas. O Ministério de Minas e Energia, por sua vez, ficou do lado oposto. Pelos cálculos da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), a adição de 10% de biometano ao gás natural, limite máximo previsto na lei, implicará gastos extras de R$ 1,712 bilhão à indústria, que é a maior consumidora de gás natural (usa tanto como combustível como matéria-prima). A associação afirma que a iniciativa pode levar a eldquo;aumento significativo dos custos operacionais das empresas, levando até mesmo à paralisação de unidades produtivaserdquo;, uma vez que o biometano é mais caro do que o gás natural. Produtores de vidros e de energia elétrica, por meio de termelétricas, também estão insatisfeitos endash; o que, de maneira inusitada, colocou vendedores (no caso, a Petrobras) e consumidores de gás natural do mesmo lado. eldquo;É uma venda casada, as empresas não podem ser obrigadas a comprar biometano junto com o gáserdquo;, afirma o presidente da Abiquim, André Passos Cordeiro. eldquo;O gás já é mais caro no Brasil, o que faz com que muitos dos meus associados prefiram queimar biomassa, como cavacos de madeira, apesar da menor eficiência energética. O aumento do custo do gás só fará com que a nossa indústria perca capacidade de competir com os importadoserdquo;. A lei aprovada na Câmara fixa como obrigatória a adição de 1% de biometano ao gás natural a partir de janeiro de 2026. O porcentual poderá ser alterado pelo Comitê Nacional de Política Energética (CNPE) até o teto de 10%. O texto agora tramita no Senado, onde será relatado pelo senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB). Representantes do setor de biometano afirmam que a obrigação poderá ser cumprida por meio da compra de certificados pelos consumidores de gás natural endash; ou seja, não necessariamente será feita a mistura do combustível ao gás derivado do petróleo. E argumentam que, assim como o etanol e o biodiesel, o biometano também merece receber estímulos para se desenvolver, por ser uma fonte renovável. O projeto de lei que tratou do tema, batizado de PL do eldquo;combustível do futuroerdquo;, começou a ser debatido em 2021, sob a ótica de inserir combustíveis mais limpos nos transportes de mobilidade urbana. Tanto que há um capítulo dedicado ao aumento da mistura de etanol à gasolina e outro sobre o biodiesel no diesel. Em novembro do ano passado, o biometano entrou nas discussões como ingrediente do gás natural. A iniciativa partiu do relator, o deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), em diálogos com a Associação Brasileira do Biogás (Abiogás), e recebeu a bênção de políticos ligados ao agronegócio. Em 28 de fevereiro, a exigência se materializou no relatório do parlamentar, duas semanas antes da votação. A principal fonte potencial de biometano no Brasil são as usinas de cana-de-açúcar, que fazem o gás com o bagaço que sobra da produção. Atrás, estão grandes produtores de proteína animal e, em seguida, os produtores agrícolas. Dos seis empreendimentos que hoje atuam na oferta de biometano no País, há dois aterros sanitários endash; um no Rio e outro no Ceará endash; que vendem o gás embarcando em caminhões que alimentam siderúrgicas e veículos pesados. Não há uma rede de escoamento desse gás, tampouco ele está conectado à rede nacional do gás natural. A indústria consumidora afirma, por essas razões, que o biometano é mais caro. A Petrobras chegou a apresentar uma nota técnica indicando o efeito adverso da exigência sobre o preço do gás ao relator, mas não o convenceu. eldquo;Tem muitos setores entusiasmados com o biometano e a cadeia que ele vai propiciar é extraordináriaerdquo;, afirma Arnaldo Jardim. eldquo;Um por cento de adicional no gás natural em 2027, mesmo se o biometano for o dobro do gás natural, significa um acréscimo de 1% no custo. Não há impacto estruturante, e o custo não é tão diferenciado assim.erdquo; A adição do biometano também foi ideia acolhida pelo secretário de óleo e gás do Ministério de Minas e Energia, Pietro Mendes, que vetou os argumentos da Petrobras em reunião reservada na Casa Civil, segundo relatos obtidos pelo Estadão. Na quarta-feira, ele postou uma foto tirada com Arnaldo Jardim no plenário da Câmara em suas redes sociais. Na legenda, o seguinte comentário: eldquo;Texto construído no Executivo sob liderança do ministro Alexandre Silveira no Ministério de Minas e Energia e aperfeiçoado pelo deputado federal Arnaldo Jardimerdquo;. Mendes é o principal nome de Silveira no conselho de administração da Petrobras, onde o ministro vem travando disputas nem sempre reservadas contra o presidente da petroleira, Jean Paul Prates. Dessa vez, assim como no embate sobre os dividendos, a Casa Civil pendeu para o lado de Silveira, e o texto foi aprovado com o apoio das lideranças do governo e do PT na Câmara. eldquo;O governo apoiou o projeto. Casa Civil, Secretaria de Relações Institucionais, Minas e Energia, MDIC, todos com quem me relacionei apoiaram o projetoerdquo;, afirma Jardim. eldquo;Os setores que estão reclamando ficaram isolados até na indústria, os produtores de equipamentos ficaram entusiasmados, por exemploerdquo;. O principal argumento da Abiogás em favor do biometano é que os preços tendem a cair à medida que mais investimentos forem feitos no setor endash; o que no jargão técnico se chama de ganhos de eficiência. Renata Isfer, que é presidente da entidade, afirma que há 28 projetos de produção de biometano em análise na ANP (Agência Nacional do Petróleo), o que poderia fazer com que a capacidade produtiva atual, avaliada em 1,4 milhão de metros cúbicos (inclusive para auto-consumo), seja elevada para 6,8 milhões em 2029. eldquo;Vai ter volume suficiente. Mas o fato de haver um incentivo na lei vai fazer o pessoal se chacoalhar para fazer maiserdquo;, afirma Isfer. eldquo;Uma planta de biogás sai do papel em um a dois anoserdquo;. A queixa de consumidores é que não se pode prever quanto tempo vai levar até que esse ganho seja obtido, menos ainda se na escala necessária para atender ao mercado brasileiro a fim de se alcançar a marca aspiracional de 10%. As empresas do setor de petróleo, representadas pelo Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás Natural (IBP), são críticas da exigência e alegam que se trata de uma reserva de mercado, uma saída antiquada para um combustível que se vende como do futuro. O custo de se dar garantia de demanda aos fabricantes de biometano ao final recairá sobre os consumidores de todos os produtos, indiretamente. eldquo;Já existem muitas indústrias que querem o biometano, por uma estratégia de descarbonização. Há mais demanda do que oferta hoje. Mas há outros consumidores que não têm essa necessidade ou não têm como absorver o preço a mais. Então, deixe o mercado se ajustarerdquo;, afirma Sylvie Dersquo;Apote, diretora executiva de Gás do IBP. eldquo;Não há porque o biometano custar o mesmo que o gás natural, uma vez que traz como atributo ser um combustível renovável.erdquo; No meio da discussão, não faltou quem não propusesse como alternativa que os custos extras fossem bancados pelo Tesouro, ou que o BNDES subvencionasse por meio de linhas de crédito mais baratas o aumento da produção de biometano. As iniciativas foram apresentadas como emendas ao texto de Jardim, que vedou a alteração no seu texto durante a tramitação na Câmara. Isso não impede, contudo, que novas tentativas sejam feitas no Senado, o que pode empurrar para os cofres públicos a solução do impasse entre os consumidores de gás e os fabricantes do biometano. Arnaldo Jardim afirma que ele conteve esse movimento durante a tramitação na Câmara, como parte do acordo que firmou com o governo de que a conta não pesaria sobre a meta fiscal. Não se sabe, porém, como será terminará a tramitação do projeto no Congresso, nem quem serão os financiadores das redes que deverão ser construídas para escoar o novo combustível. Procurados, a Petrobras e o Ministério de Minas e Energia não se pronunciaram.

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