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Menos vendedores, mais auxiliares de logística: entenda a mudança do perfil do varejo

A transformação digital do varejo, acelerada pela pandemia, está mudando rapidamente o perfil do emprego no comércio. Profissões ligadas diretamente ao varejo online foram as que mais ampliaram as contratações com carteira assinada nos últimos quatro anos, embora os vendedores ainda representem a grande massa de trabalhadores formalmente ocupados no comércio. Entre 2019 e 2023, das dez profissões que mais aumentaram o estoque de postos de trabalho no comércio varejista, a maioria está ligada ao e-commerce, revela um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), feito pelo economista Fabio Bentes, a pedido do Estadão. Os grandes destaques no período foram para as admissões de auxiliar de logística, expedidor de mercadorias e estoquista, cujo número de contratações líquidas (descontadas as demissões) mais que dobrou no período em relação ao estoque de empregados na função. Já o tradicional vendedor - que em dezembro do ano passado respondia por quase 20% dos 8,5 milhões de trabalhadores empregados formalmente no comércio - nem aparece entre as dez ocupações que mais ampliaram o número de vagas nos últimos quatro anos. Nesse período, a quantidade de postos de trabalho para a função de vendedor aumentou apenas 4,1%. eldquo;O varejo está demandando profissionais com características diferentes do que demandava antes da pandemiaerdquo;, afirma Bentes. O economista observa que essa mudança vem ocorrendo num ritmo muito acelerado justamente porque o comércio precisa se adaptar à nova realidade de digitalização do consumo, que foi impulsionada pela crise sanitária e não parou de avançar. Para constatar a mudança do perfil do emprego, Bentes usou dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho de 2021, a última edição divulgada. E atualizou esses dados até dezembro de 2023 pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Das 2,5 mil ocupações existentes no varejo, foram consideradas no estudo as mais relevantes. Isto é, somente aquelas que empregam pelo menos um trabalhador em cada mil ocupados no setor. Online X físico O forte desempenho das vendas do comércio online em relação às vendas do varejo físico deixa claro por que o perfil do emprego no comércio está mudando rapidamente, observa Bentes. No entanto, o comércio eletrônico ainda responde por uma pequena fatia das vendas do varejo como um todo, menos de 10%. Em 2020, por exemplo, o primeiro ano da pandemia, o volume de vendas do comércio eletrônico cresceu 78,6%, descontada a inflação, segundo dados do Ministério da Indústria e Comércio (MDIC). No mesmo período, as vendas do varejo restrito endash; que exclui veículos e materiais de construção endash; avançou só 1,2%, também em termos reais, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De lá para cá, a taxa de crescimento do comércio eletrônico desacelerou. Mas, ainda assim, o avanço em relação ao ano anterior ficou muito acima do registrado no varejo tradicional. No ano passado, o volume de vendas no varejo cresceu 1,7%, segundo o IBGE. Os dados do varejo online de 2023, apurados pelo MDIC, ainda não foram divulgados. Mas, pelo histórico do desempenho, o economista da CNC acredita que o volume real de vendas do comércio eletrônico tenha avançado muito mais do que a média do varejo físico. eldquo;Seguramente deve ter crescido algo entre 7% e 10%erdquo;, prevê. Isso justifica a demanda crescente por mão de obra para funções do varejo online, que tem ganhado musculatura como um grande empregador. O site asiático Shopee, por exemplo, informa que emprega mais de 10 mil trabalhadores no País. Isso equivale ao total de empregados na rede varejista de materiais de construção Leroy Merlin em 2022, segundo o ranking da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). Por sua vez, o marketplace Mercado Livre encerrou o ano passado com 22, 7 mil empregados, segundo a empresa. É quase 45% a mais do que no ano anterior. Tanto na Shopee como no Mercado Livre, a maior parte dos postos de trabalho está ligada à logística e à tecnologia. Os dados mostram que a percepção de que o varejo online não emprega é equivocada. A questão, ressalta Bentes, é que o setor demanda outro tipo de profissional. Agência e sindicato sentem a mudança eldquo;Antes, a gente atendia e abastecia o varejo de rua com as posições presenciais. Agora, temos um movimento crescente do comércio eletrônicoerdquo;, diz Debora Herdeiro, gerente de recrutamento e seleção da Luandre, uma das maiores agências de empregos do País. Há cinquenta anos no mercado, a agência tem hoje 1.789 vagas de auxiliar de logística para serem preenchidas até meados de março. Os postos de trabalho são oferecidos por cinco grandes companhias, que incluem tanto as dedicadas ao comércio online, como varejistas tradicionais que estão se digitalizando. Já o número de vagas disponíveis na agência só para o varejo físico neste momento é bem menor. São cerca de 700 postos de trabalho. Se forem descontadas as vagas direcionadas para a Páscoa, esse número cai para 200 empregos, observa a gerente. A mudança do perfil do emprego no comércio também foi notada por Ricardo Patah, presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo e da União Geral dos Trabalhadores (UGT). No último Mutirão do Emprego, por exemplo, realizado em meados do ano passado pelo sindicato, as ofertas de vagas para o varejo online cresceram 20% em relação ao evento do ano anterior, embora as lojas físicas tenham respondido pela maior parte das vagas ofertadas no mutirão. Ranking das profissões Das 976.726 vagas criadas no comércio varejista como um todo entre dezembro de 2019 e dezembro de 2023, quase 40% (372.152) ficaram concentradas em dez profissões. Destas, sete estão ligadas diretamente ao varejo online, aponta o estudo da CNC. No topo da lista está o auxiliar de logística, com a geração de 15.339 postos de trabalho no período e crescimento de 127,2% em relação ao estoque de vagas, seguido pelo expedidor de mercadorias (6.634 postos e crescimento 118, 9%), estoquista (40.074 vagas e alta de 102,7%) e embalador (54.906 postos e crescimento de 62,3%). O auxiliar de logística é a função mais básica do varejo online. Ele atua na separação e na organização das mercadorias já vendidas pelo e-commerce. Por ser a porta de entrada do emprego no comércio online, pode ser comparado ao tradicional vendedor da loja física, que durante anos também foi o primeiro emprego de muitos trabalhadores. De acordo com dados do Caged, o salário médio mensal de admissão de um auxiliar de logística em 2023 foi de R$ 1.687. É 8,7% acima do salário médio mensal de admissão de um vendedor no mesmo período (R$ 1.552). Débora, da Luandre, lembra que, além do auxiliar de logística, cujo trabalho está muito mais ligado ao esforço físico na separação de mercadorias, há funções mais estratégicas demandadas pelo varejo online, como armazenamento, gerenciamento de estoque, distribuição e processamento de pedidos, por exemplo. Essas funções exigem familiaridade com números, leitura de planilhas e processamento de dados estatísticos.

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Menos vendedores, mais auxiliares de logística: entenda a mudança do perfil do varejo

A transformação digital do varejo, acelerada pela pandemia, está mudando rapidamente o perfil do emprego no comércio. Profissões ligadas diretamente ao varejo online foram as que mais ampliaram as contratações com carteira assinada nos últimos quatro anos, embora os vendedores ainda representem a grande massa de trabalhadores formalmente ocupados no comércio. Entre 2019 e 2023, das dez profissões que mais aumentaram o estoque de postos de trabalho no comércio varejista, a maioria está ligada ao e-commerce, revela um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), feito pelo economista Fabio Bentes, a pedido do Estadão. Os grandes destaques no período foram para as admissões de auxiliar de logística, expedidor de mercadorias e estoquista, cujo número de contratações líquidas (descontadas as demissões) mais que dobrou no período em relação ao estoque de empregados na função. Já o tradicional vendedor - que em dezembro do ano passado respondia por quase 20% dos 8,5 milhões de trabalhadores empregados formalmente no comércio - nem aparece entre as dez ocupações que mais ampliaram o número de vagas nos últimos quatro anos. Nesse período, a quantidade de postos de trabalho para a função de vendedor aumentou apenas 4,1%. eldquo;O varejo está demandando profissionais com características diferentes do que demandava antes da pandemiaerdquo;, afirma Bentes. O economista observa que essa mudança vem ocorrendo num ritmo muito acelerado justamente porque o comércio precisa se adaptar à nova realidade de digitalização do consumo, que foi impulsionada pela crise sanitária e não parou de avançar. Para constatar a mudança do perfil do emprego, Bentes usou dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho de 2021, a última edição divulgada. E atualizou esses dados até dezembro de 2023 pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Das 2,5 mil ocupações existentes no varejo, foram consideradas no estudo as mais relevantes. Isto é, somente aquelas que empregam pelo menos um trabalhador em cada mil ocupados no setor. Online X físico O forte desempenho das vendas do comércio online em relação às vendas do varejo físico deixa claro por que o perfil do emprego no comércio está mudando rapidamente, observa Bentes. No entanto, o comércio eletrônico ainda responde por uma pequena fatia das vendas do varejo como um todo, menos de 10%. Em 2020, por exemplo, o primeiro ano da pandemia, o volume de vendas do comércio eletrônico cresceu 78,6%, descontada a inflação, segundo dados do Ministério da Indústria e Comércio (MDIC). No mesmo período, as vendas do varejo restrito endash; que exclui veículos e materiais de construção endash; avançou só 1,2%, também em termos reais, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De lá para cá, a taxa de crescimento do comércio eletrônico desacelerou. Mas, ainda assim, o avanço em relação ao ano anterior ficou muito acima do registrado no varejo tradicional. No ano passado, o volume de vendas no varejo cresceu 1,7%, segundo o IBGE. Os dados do varejo online de 2023, apurados pelo MDIC, ainda não foram divulgados. Mas, pelo histórico do desempenho, o economista da CNC acredita que o volume real de vendas do comércio eletrônico tenha avançado muito mais do que a média do varejo físico. eldquo;Seguramente deve ter crescido algo entre 7% e 10%erdquo;, prevê. Isso justifica a demanda crescente por mão de obra para funções do varejo online, que tem ganhado musculatura como um grande empregador. O site asiático Shopee, por exemplo, informa que emprega mais de 10 mil trabalhadores no País. Isso equivale ao total de empregados na rede varejista de materiais de construção Leroy Merlin em 2022, segundo o ranking da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). Por sua vez, o marketplace Mercado Livre encerrou o ano passado com 22, 7 mil empregados, segundo a empresa. É quase 45% a mais do que no ano anterior. Tanto na Shopee como no Mercado Livre, a maior parte dos postos de trabalho está ligada à logística e à tecnologia. Os dados mostram que a percepção de que o varejo online não emprega é equivocada. A questão, ressalta Bentes, é que o setor demanda outro tipo de profissional. Agência e sindicato sentem a mudança eldquo;Antes, a gente atendia e abastecia o varejo de rua com as posições presenciais. Agora, temos um movimento crescente do comércio eletrônicoerdquo;, diz Debora Herdeiro, gerente de recrutamento e seleção da Luandre, uma das maiores agências de empregos do País. Há cinquenta anos no mercado, a agência tem hoje 1.789 vagas de auxiliar de logística para serem preenchidas até meados de março. Os postos de trabalho são oferecidos por cinco grandes companhias, que incluem tanto as dedicadas ao comércio online, como varejistas tradicionais que estão se digitalizando. Já o número de vagas disponíveis na agência só para o varejo físico neste momento é bem menor. São cerca de 700 postos de trabalho. Se forem descontadas as vagas direcionadas para a Páscoa, esse número cai para 200 empregos, observa a gerente. A mudança do perfil do emprego no comércio também foi notada por Ricardo Patah, presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo e da União Geral dos Trabalhadores (UGT). No último Mutirão do Emprego, por exemplo, realizado em meados do ano passado pelo sindicato, as ofertas de vagas para o varejo online cresceram 20% em relação ao evento do ano anterior, embora as lojas físicas tenham respondido pela maior parte das vagas ofertadas no mutirão. Ranking das profissões Das 976.726 vagas criadas no comércio varejista como um todo entre dezembro de 2019 e dezembro de 2023, quase 40% (372.152) ficaram concentradas em dez profissões. Destas, sete estão ligadas diretamente ao varejo online, aponta o estudo da CNC. No topo da lista está o auxiliar de logística, com a geração de 15.339 postos de trabalho no período e crescimento de 127,2% em relação ao estoque de vagas, seguido pelo expedidor de mercadorias (6.634 postos e crescimento 118, 9%), estoquista (40.074 vagas e alta de 102,7%) e embalador (54.906 postos e crescimento de 62,3%). O auxiliar de logística é a função mais básica do varejo online. Ele atua na separação e na organização das mercadorias já vendidas pelo e-commerce. Por ser a porta de entrada do emprego no comércio online, pode ser comparado ao tradicional vendedor da loja física, que durante anos também foi o primeiro emprego de muitos trabalhadores. De acordo com dados do Caged, o salário médio mensal de admissão de um auxiliar de logística em 2023 foi de R$ 1.687. É 8,7% acima do salário médio mensal de admissão de um vendedor no mesmo período (R$ 1.552). Débora, da Luandre, lembra que, além do auxiliar de logística, cujo trabalho está muito mais ligado ao esforço físico na separação de mercadorias, há funções mais estratégicas demandadas pelo varejo online, como armazenamento, gerenciamento de estoque, distribuição e processamento de pedidos, por exemplo. Essas funções exigem familiaridade com números, leitura de planilhas e processamento de dados estatísticos.

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O raio-x atualizado da abertura do mercado de gás natural

Lá se vão dois anos desde a primeira grande onda de abertura do setor de gás natural, no começo de 2022, quando uma série de novos fornecedores de molécula fincaram os pés no mercado brasileiro endash; deslocando parte da concentração da Petrobras. Falta oferta de gás novo, privado, para uma nova onda de desconcentração do setor. A maior expectativa, nesse sentido, está debruçada sobre o projeto Raia, operado pela Equinor em sociedade com a Petrobras e Repsol Sinopec endash; e que injetará no mercado cerca de 14 milhões de m3/dia a partir de 2028. Não quer dizer, porém, que a abertura do mercado tenha parado por completo. A assinatura de novos contratos de suprimento e a chegada de mais gás natural liquefeito (GNL) privado prometem continuar a movimentar o setor em 2024. Para você não se perder nessa movimentação, a gas week preparou um raio-x atualizado dos fornecedores privados de gás do Brasil. Quem vende para quem? Que comercializador tem mais contratos? Qual a concentração do mercado nas diferentes regiões do país? Como isso se traduz nos preços? A gente responde com alguns númerosehellip; A DIVERSIFICAÇÃO DO MERCADO EM DADOS Levantamento da agência epbr, com base nos contratos públicos atualmente disponibilizados pela ANP, mostra que: 10 fornecedores privados possuem contratos com as distribuidoras estaduais de gás canalizado endash; que, enquanto o mercado livre ainda não desabrocha, seguem como principais destinos do gás de terceiros; Esses contratos somam compromissos firmes de entrega de ao menos 10,5 milhões de m3/dia em 2024; a Compass é a que possui maior volume contratado: 3,125 milhões de m3/dia; seguida da Galp (2,1 milhões de m3/dia) e Origem Energia (1,7 milhão de m3/dia); a Galp é a fornecedora com portfólio de clientes mais diversificado: tem contratos ativos com nove concessionárias; 12 distribuidoras já têm contratos assinados com os supridores privados para compra de molécula no país; a Bahiagás é a que possui o portfólio de supridores mais diversificado, com contratos ativos com oito supridores diferentes. O levantamento inclui somente os contratos de gás firme endash; tanto os já ativos como aqueles com início de suprimento previsto para ao longo do ano, como é o caso da Compass, cujo contrato com a Comgás só começa a valer com a entrada em operação do Terminal de Regaseificação de São Paulo (TRSP). Não estão incluídos os volumes de gás vendido pelos agentes fora do universo das distribuidoras, seja no mercado livre, projetos de GNL small-scale ou no segmento termelétrico. OLHANDO PARA A CONCENTRAÇÃO Os supridores privados detêm uma fatia de 27,5% de todo o volume contratado pelas distribuidoras em 2024. Embora os fornecedores comecem a direcionar cada vez o seu gás para o mercado do Centro-Sul, é no Nordeste que está a maior parte dos volumes alocados por essas empresas hoje. O Nordeste é a única região onde, de fato, o mercado se desconcentrou: 71% do volume contratado pelas distribuidoras da região, em 2024, vem de fornecedores privados; Para efeitos de comparação, esse market share é de: 19% no Sudeste e 10% no Sul Os dados da ANP sugerem que essa desconcentração se reflete nas condições de preços dos diferentes mercados. De acordo com as informações mais atualizadas da agência reguladora, o preço do gás vendido às distribuidoras e consumidores livres era, em dezembro, 22,6% mais baixo no mercado Norte/Nordeste em relação ao Sudeste. Na comparação com o Sul/Centro-Oeste, era 23,3% mais barato. Embora os fornecedores privados tenham avançado rapidamente sobre cerca de 1/4 do mercado das distribuidoras, nos últimos anos, esse movimento de desconcentração, no entanto, tende a desacelerar nos próximos anos se não forem adotadas novas medidas de redução do domínio da Petrobras. Na agenda regulatória da ANP, a avaliação da proposta de gas release ficou para o fim da fila, com previsão de conclusão em 2025 (se não atrasarehellip;) E no Cade, a flexibilização do Termo de Compromisso de Cessação (TCC) assinado com a Petrobras em 2019, para abertura do mercado, está em rediscussão. Enquanto o projeto Raia não entrar em operação e a importação de GNL não se mostrar uma alternativa mais competitiva, a principal fonte de gás novo no mercado deve ser mesmo o Rota 3 endash; que deve trazer gás do pré-sal predominantemente da Petrobras, sem mudanças radicais no funcionamento do mercado. A propósitoehellip; nota técnica publicada pela ANP em 2023, com o diagnóstico da concentração do mercado de gás no Brasil, mostra que a fatia da Petrobras na produção de gás da Bacia de Santos deve cair de 70,1% em 2023 para 68,4% em 2026; na Bacia de Campos, por sua vez, deve subir de 81,1% para 84,8%. QUEM É QUEM Na comercialização de gás no Brasil, hoje, são dez os agentes privados com volumes firme contratados com as distribuidoras estaduais. O grupo inclui desde os grandes produtores de gás offshore aos operadores de campos terrestres e importadores. Vamos a eles: 3R Petroleum: Tem como principal fonte de gás o campo de Peroá, no offshore do Espírito Santo. A 3R vende gás para a ES Gás, Potigás e Bahiagás, todas concessionárias de estados onde a petroleira produz. A empresa tem compromissos de envio de 640 mil m3/dia em 2024 para essas três concessionárias, mas mira também o mercado livre. Aposta no gás não associado de Peroá como um atrativo na oferta de produtos flexíveis. Alvopetro: Primeiro produtor privado a construir uma UPGN própria, a empresa monetizou seu gás num contrato de longo prazo com a Bahiagás que prevê o envio de 150 mil m3/dia firmes endash; sujeitos a ajustes. Compass: Espera iniciar este ano as operações do TRSP. Tem contrato de suprimento com a Comgás, do mesmo grupo, com compromissos de 3,125 milhões de m3/dia por dez anos. Vê na importação de GNL uma oportunidade de desenvolvimento de seu braço de comercialização, a Edge, de olho no mercado livre e GNL em pequena escala. Equinor: Tem contratos que somam 350 mil m3/dia firmes com a Bahiagás, Cegás e Gasmig. Esse gás se resume, basicamente, à produção de Roncador (Bacia de Campos). A Equinor vem testando o mercado com contratos de curto e médio prazos com as distribuidoras. A partir de 2028, a empresa deve se consolidar como uma das maiores fornecedoras privadas com o início da operação de Raia. ERG: Primeiro produtor onshore a fechar um contrato de suprimento com a Bahiagás, em 2007. Ainda tem um saldo a entregar à distribuidora e assinou, recentemente, um aditivo contratual que prorroga até o fim do ano o prazo para recuperação dos volumes remanescentes, com envio de 40 mil m3/dia. Galp: Presente em importantes campos produtores do pré-sal, como Tupi, a portuguesa é um dos agentes mais ativos no mercado. Costuma comprar gás de outros produtores, para revendê-lo. Tem, atualmente, contrato com nove distribuidoras, que somam 2,1 milhões de m3/dia em 2024: Bahiagás, Cegás, Copergás, ES Gás, Gasmig, SCGás, Sergas, Sulgás e PBGás. Concentrou a monetização de seu gás nas concessionárias estaduais, em sua maioria com contratos de longo prazo, mas também mira o mercado livre endash; aproximou-se, por exemplo, da ArcelorMittal. New Fortress: A companhia espera iniciar no 1º trimestre as operações de seus dois novos terminais de GNL no Pará e Santa Catarina. A companhia tem contratos pequenos com a SCGás (em renegociação) e Copergás (herança da Golar Power), que somam 190 mil m3/dia. A estratégia de monetização da planta de Barcarena (PA) foi baseada, contudo, num complexo termelétrico e na Alunorte, no Pará. Em SC, a empresa ainda busca um grande contrato com termelétricas, indústrias no mercado livre e transportadores. Origem: A produtora de gás onshore tem contratos, hoje, com a Algás e Bahiagás que somam compromissos firmes de 1,7 milhão de m3/dia em 2024 (incluindo a Eagle, sua controlada). Além da comercialização da molécula, em si, a empresa também quer desenvolver em Alagoas um serviço de estocagem subterrânea de gás. PetroReconcavo: Tem contratos de suprimento com Bahiagás, Cegás, Copergás, Potigás e Sergas que, juntos, somam 1,4 milhão de m3/dia firmes em 2024. A empresa também aposta na oferta de contratos de curto prazo e interruptíveis no mercado e mira potenciais consumidores livres. Shell: Também presente em Tupi, dentre outros campos do pré-sal, a multinacional monetizou parte de seus volumes na UTE Marlim Azul, parte com as distribuidoras e outra parcela no mercado livre. Aposta em contratos flexíveis. No mercado de distribuição, fornece 790 mil m3/dia firmes para Cegás, PBGás, Sergas e Comgás. A lista de gente se movimentando no mercado, contudo, não para aí. A Eneva, por exemplo, se prepara para iniciar este ano as operações de seu projeto de GNL em pequena escala que escoará a produção da Bacia do Parnaíba para a Suzano e Vale, no Maranhão. Também terá seu terminal de GNL de Sergipe conectado à malha de gasodutos este ano, o que abre oportunidades também de comercialização de gás importado. A Tradener, tradicional comercializadora do setor elétrico, em conjunto com a GNLink, também espera começar a escoar a produção onshore de Barra Bonita, no Paraná. E a MGás endash; joint venture entre a Mercurio e a MacawEnegies endash; está ativa na estruturação de um primeiro projeto de comercialização em Minas Gerais. GÁS NA SEMANA Futuro da TBG no Cade. O órgão antitruste deve aceitar o pedido da Petrobras e liberá-la do compromisso assumido em 2019 de vender os ativos de distribuição e transporte de gás. O Valor apurou que o Cade deve impor eldquo;remédios comportamentaiserdquo; endash; restrições mais leves que a venda de ativos, como medidas de governança que garantam a atuação independente. O caso pode ser levado para deliberação do tribunal no fim de março. Petrobras adia licitação de Sergipe. Estatal postergou por mais quatro meses o prazo de recebimento de propostas para afretamento das plataformas do projeto de Sergipe Águas Profundas. É o 3º adiamento da concorrência. GNLink com novos projetos. Distribuidora de GNL small-scale prevê iniciar este ano as operações de suas duas primeiras plantas de liquefação (no PR e BA) e, em paralelo, espera confirmar mais dois novos projetos do tipo nos próximos meses. Também mira oportunidades de importar, no futuro, gás da Argentina. Equinor e Galp têm novos clientes. Norueguesa assinou contrato de 5 anos com a Gasmig, enquanto a portuguesa fechou acordo com a PBGás. PepsiCo vai de biometano. Companhia vai substituir combustíveis fósseis em suas fábricas e frota de caminhões pelo gás renovável a partir deste ano, num projeto para sua fábrica de salgadinhos em Itu (SP) desenvolvido pela Ultragaz.

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O raio-x atualizado da abertura do mercado de gás natural

Lá se vão dois anos desde a primeira grande onda de abertura do setor de gás natural, no começo de 2022, quando uma série de novos fornecedores de molécula fincaram os pés no mercado brasileiro endash; deslocando parte da concentração da Petrobras. Falta oferta de gás novo, privado, para uma nova onda de desconcentração do setor. A maior expectativa, nesse sentido, está debruçada sobre o projeto Raia, operado pela Equinor em sociedade com a Petrobras e Repsol Sinopec endash; e que injetará no mercado cerca de 14 milhões de m3/dia a partir de 2028. Não quer dizer, porém, que a abertura do mercado tenha parado por completo. A assinatura de novos contratos de suprimento e a chegada de mais gás natural liquefeito (GNL) privado prometem continuar a movimentar o setor em 2024. Para você não se perder nessa movimentação, a gas week preparou um raio-x atualizado dos fornecedores privados de gás do Brasil. Quem vende para quem? Que comercializador tem mais contratos? Qual a concentração do mercado nas diferentes regiões do país? Como isso se traduz nos preços? A gente responde com alguns númerosehellip; A DIVERSIFICAÇÃO DO MERCADO EM DADOS Levantamento da agência epbr, com base nos contratos públicos atualmente disponibilizados pela ANP, mostra que: 10 fornecedores privados possuem contratos com as distribuidoras estaduais de gás canalizado endash; que, enquanto o mercado livre ainda não desabrocha, seguem como principais destinos do gás de terceiros; Esses contratos somam compromissos firmes de entrega de ao menos 10,5 milhões de m3/dia em 2024; a Compass é a que possui maior volume contratado: 3,125 milhões de m3/dia; seguida da Galp (2,1 milhões de m3/dia) e Origem Energia (1,7 milhão de m3/dia); a Galp é a fornecedora com portfólio de clientes mais diversificado: tem contratos ativos com nove concessionárias; 12 distribuidoras já têm contratos assinados com os supridores privados para compra de molécula no país; a Bahiagás é a que possui o portfólio de supridores mais diversificado, com contratos ativos com oito supridores diferentes. O levantamento inclui somente os contratos de gás firme endash; tanto os já ativos como aqueles com início de suprimento previsto para ao longo do ano, como é o caso da Compass, cujo contrato com a Comgás só começa a valer com a entrada em operação do Terminal de Regaseificação de São Paulo (TRSP). Não estão incluídos os volumes de gás vendido pelos agentes fora do universo das distribuidoras, seja no mercado livre, projetos de GNL small-scale ou no segmento termelétrico. OLHANDO PARA A CONCENTRAÇÃO Os supridores privados detêm uma fatia de 27,5% de todo o volume contratado pelas distribuidoras em 2024. Embora os fornecedores comecem a direcionar cada vez o seu gás para o mercado do Centro-Sul, é no Nordeste que está a maior parte dos volumes alocados por essas empresas hoje. O Nordeste é a única região onde, de fato, o mercado se desconcentrou: 71% do volume contratado pelas distribuidoras da região, em 2024, vem de fornecedores privados; Para efeitos de comparação, esse market share é de: 19% no Sudeste e 10% no Sul Os dados da ANP sugerem que essa desconcentração se reflete nas condições de preços dos diferentes mercados. De acordo com as informações mais atualizadas da agência reguladora, o preço do gás vendido às distribuidoras e consumidores livres era, em dezembro, 22,6% mais baixo no mercado Norte/Nordeste em relação ao Sudeste. Na comparação com o Sul/Centro-Oeste, era 23,3% mais barato. Embora os fornecedores privados tenham avançado rapidamente sobre cerca de 1/4 do mercado das distribuidoras, nos últimos anos, esse movimento de desconcentração, no entanto, tende a desacelerar nos próximos anos se não forem adotadas novas medidas de redução do domínio da Petrobras. Na agenda regulatória da ANP, a avaliação da proposta de gas release ficou para o fim da fila, com previsão de conclusão em 2025 (se não atrasarehellip;) E no Cade, a flexibilização do Termo de Compromisso de Cessação (TCC) assinado com a Petrobras em 2019, para abertura do mercado, está em rediscussão. Enquanto o projeto Raia não entrar em operação e a importação de GNL não se mostrar uma alternativa mais competitiva, a principal fonte de gás novo no mercado deve ser mesmo o Rota 3 endash; que deve trazer gás do pré-sal predominantemente da Petrobras, sem mudanças radicais no funcionamento do mercado. A propósitoehellip; nota técnica publicada pela ANP em 2023, com o diagnóstico da concentração do mercado de gás no Brasil, mostra que a fatia da Petrobras na produção de gás da Bacia de Santos deve cair de 70,1% em 2023 para 68,4% em 2026; na Bacia de Campos, por sua vez, deve subir de 81,1% para 84,8%. QUEM É QUEM Na comercialização de gás no Brasil, hoje, são dez os agentes privados com volumes firme contratados com as distribuidoras estaduais. O grupo inclui desde os grandes produtores de gás offshore aos operadores de campos terrestres e importadores. Vamos a eles: 3R Petroleum: Tem como principal fonte de gás o campo de Peroá, no offshore do Espírito Santo. A 3R vende gás para a ES Gás, Potigás e Bahiagás, todas concessionárias de estados onde a petroleira produz. A empresa tem compromissos de envio de 640 mil m3/dia em 2024 para essas três concessionárias, mas mira também o mercado livre. Aposta no gás não associado de Peroá como um atrativo na oferta de produtos flexíveis. Alvopetro: Primeiro produtor privado a construir uma UPGN própria, a empresa monetizou seu gás num contrato de longo prazo com a Bahiagás que prevê o envio de 150 mil m3/dia firmes endash; sujeitos a ajustes. Compass: Espera iniciar este ano as operações do TRSP. Tem contrato de suprimento com a Comgás, do mesmo grupo, com compromissos de 3,125 milhões de m3/dia por dez anos. Vê na importação de GNL uma oportunidade de desenvolvimento de seu braço de comercialização, a Edge, de olho no mercado livre e GNL em pequena escala. Equinor: Tem contratos que somam 350 mil m3/dia firmes com a Bahiagás, Cegás e Gasmig. Esse gás se resume, basicamente, à produção de Roncador (Bacia de Campos). A Equinor vem testando o mercado com contratos de curto e médio prazos com as distribuidoras. A partir de 2028, a empresa deve se consolidar como uma das maiores fornecedoras privadas com o início da operação de Raia. ERG: Primeiro produtor onshore a fechar um contrato de suprimento com a Bahiagás, em 2007. Ainda tem um saldo a entregar à distribuidora e assinou, recentemente, um aditivo contratual que prorroga até o fim do ano o prazo para recuperação dos volumes remanescentes, com envio de 40 mil m3/dia. Galp: Presente em importantes campos produtores do pré-sal, como Tupi, a portuguesa é um dos agentes mais ativos no mercado. Costuma comprar gás de outros produtores, para revendê-lo. Tem, atualmente, contrato com nove distribuidoras, que somam 2,1 milhões de m3/dia em 2024: Bahiagás, Cegás, Copergás, ES Gás, Gasmig, SCGás, Sergas, Sulgás e PBGás. Concentrou a monetização de seu gás nas concessionárias estaduais, em sua maioria com contratos de longo prazo, mas também mira o mercado livre endash; aproximou-se, por exemplo, da ArcelorMittal. New Fortress: A companhia espera iniciar no 1º trimestre as operações de seus dois novos terminais de GNL no Pará e Santa Catarina. A companhia tem contratos pequenos com a SCGás (em renegociação) e Copergás (herança da Golar Power), que somam 190 mil m3/dia. A estratégia de monetização da planta de Barcarena (PA) foi baseada, contudo, num complexo termelétrico e na Alunorte, no Pará. Em SC, a empresa ainda busca um grande contrato com termelétricas, indústrias no mercado livre e transportadores. Origem: A produtora de gás onshore tem contratos, hoje, com a Algás e Bahiagás que somam compromissos firmes de 1,7 milhão de m3/dia em 2024 (incluindo a Eagle, sua controlada). Além da comercialização da molécula, em si, a empresa também quer desenvolver em Alagoas um serviço de estocagem subterrânea de gás. PetroReconcavo: Tem contratos de suprimento com Bahiagás, Cegás, Copergás, Potigás e Sergas que, juntos, somam 1,4 milhão de m3/dia firmes em 2024. A empresa também aposta na oferta de contratos de curto prazo e interruptíveis no mercado e mira potenciais consumidores livres. Shell: Também presente em Tupi, dentre outros campos do pré-sal, a multinacional monetizou parte de seus volumes na UTE Marlim Azul, parte com as distribuidoras e outra parcela no mercado livre. Aposta em contratos flexíveis. No mercado de distribuição, fornece 790 mil m3/dia firmes para Cegás, PBGás, Sergas e Comgás. A lista de gente se movimentando no mercado, contudo, não para aí. A Eneva, por exemplo, se prepara para iniciar este ano as operações de seu projeto de GNL em pequena escala que escoará a produção da Bacia do Parnaíba para a Suzano e Vale, no Maranhão. Também terá seu terminal de GNL de Sergipe conectado à malha de gasodutos este ano, o que abre oportunidades também de comercialização de gás importado. A Tradener, tradicional comercializadora do setor elétrico, em conjunto com a GNLink, também espera começar a escoar a produção onshore de Barra Bonita, no Paraná. E a MGás endash; joint venture entre a Mercurio e a MacawEnegies endash; está ativa na estruturação de um primeiro projeto de comercialização em Minas Gerais. GÁS NA SEMANA Futuro da TBG no Cade. O órgão antitruste deve aceitar o pedido da Petrobras e liberá-la do compromisso assumido em 2019 de vender os ativos de distribuição e transporte de gás. O Valor apurou que o Cade deve impor eldquo;remédios comportamentaiserdquo; endash; restrições mais leves que a venda de ativos, como medidas de governança que garantam a atuação independente. O caso pode ser levado para deliberação do tribunal no fim de março. Petrobras adia licitação de Sergipe. Estatal postergou por mais quatro meses o prazo de recebimento de propostas para afretamento das plataformas do projeto de Sergipe Águas Profundas. É o 3º adiamento da concorrência. GNLink com novos projetos. Distribuidora de GNL small-scale prevê iniciar este ano as operações de suas duas primeiras plantas de liquefação (no PR e BA) e, em paralelo, espera confirmar mais dois novos projetos do tipo nos próximos meses. Também mira oportunidades de importar, no futuro, gás da Argentina. Equinor e Galp têm novos clientes. Norueguesa assinou contrato de 5 anos com a Gasmig, enquanto a portuguesa fechou acordo com a PBGás. PepsiCo vai de biometano. Companhia vai substituir combustíveis fósseis em suas fábricas e frota de caminhões pelo gás renovável a partir deste ano, num projeto para sua fábrica de salgadinhos em Itu (SP) desenvolvido pela Ultragaz.

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Maioria dos estados brasileiros tem iniciativas de transição energética, indica mapeamento do MME

Mapeamento do Ministério de Minas e Energia (MME) aponta que 15 dos 27 estados brasileiros têm políticas ou programas de transição energética em andamento ou elaboração, disse nesta segunda (26/2) o secretário Nacional de Transição Energética e Planejamento do MME, Thiago Barral. O levantamento foi feito em meio às discussões no ministério para a estruturação da Política Nacional de Transição Energética. Segundo Barral, será importante ter clareza das iniciativas a nível subnacional para a elaboração da política federal, que também estará conectada ao Plano Clima e à Nova Indústria Brasil, iniciativa de industrialização do governo lançada em janeiro. eldquo;O Brasil é muito diverso. Cada estado tem condições, oportunidades, desafios diferentes, então a ideia é enxergar essa diversidade de interesses e de possibilidades, para que a política a nível nacional possa dialogar com essa diversidadeerdquo;, explicou a jornalistas. Foram contabilizados pelo MME apenas os programas que não focam em uma única tecnologia para a redução das emissões de carbono. As iniciativas consideradas no levantamento não foram divulgadas, pois o ministério ainda realiza consultas aos estados. eldquo;Quando pensamos em políticas que integram diferentes tecnologias, em um escopo que vai além de uma só tecnologia, contabilizamos um total de 15 estados já se movimentando. Isso é muito bom, é um caminho sem voltaerdquo;, disse. Transição fluminense O secretário participou, na manhã desta segunda (26), do Encontro Estratégico de Transição Energética, organizado pela FGV Energia em parceria com a Secretaria de Estado de Energia e Economia do Mar do estado do Rio. O evento foi seguido de uma audiência pública para debater a elaboração da Política Estadual de Transição Energética do Rio de Janeiro. De acordo com Barral, a expectativa é que a estratégia de transição energética do Rio esteja integrada à estratégia nacional. eldquo;O Rio sintetiza muito bem alguns dos dilemas da transição energética não só em nível nacional, mas em nível internacionalerdquo;, afirmou. Ele ressaltou a importância do estado para o setor energético, com a concentração da maior parte da produção de petróleo e gás do país, além das usinas nucleares brasileiras, e do potencial de energia eólica e geração solar distribuída. Lembrou ainda do parque industrial fluminense e da infraestrutura disponível no estado. Para o secretário, esse contexto confere ao Rio a oportunidade de ter os projetos de transição energética mais resilientes do ponto de vista econômico. eldquo;Isso permite combinar a indústria que fornece a segurança energética hoje com a indústria da transição energética, fazendo essa ponte, requalificando ativos, otimizando a infraestrutura existente, para que possa transformar e inovar. A indústria de óleo e gás é hoje um grande motor de inovação, assim como a nuclearerdquo;, disse. Indústria precisa de segurança jurídica Representantes da indústria presentes ao evento destacaram a necessidade de segurança jurídica para o avanço das iniciativas de transição na economia fluminense. As associações participantes do debate ressaltaram ainda a importância de o planejamento fluminense levar em conta o potencial de aproveitamento da economia do mar como uma das vantagens competitivas do estado, assim como a experiência do estado com a indústria de gás natural e com o uso do gás natural veicular (GNV). Para a diretora de relações institucionais da Associação Brasileira de Hidrogênio (ABH2), Danielle Valois, o planejamento precisa ser perene e ultrapassar o governo atual em termos de estruturas de governança. Valois defende ainda que o Rio pode prever no plano de transição uma mistura entre o uso de gás natural, biogás e hidrogênio para a redução das emissões. eldquo;1% ou 2% de mix de hidrogênio ou de um gás renovável num mix do gás natural já podem fazer diferença para o clima. É importante ter isso em mente, não ter planos agressivos que sejam inviáveis, economicamente impossíveiserdquo;, disse.

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Maioria dos estados brasileiros tem iniciativas de transição energética, indica mapeamento do MME

Mapeamento do Ministério de Minas e Energia (MME) aponta que 15 dos 27 estados brasileiros têm políticas ou programas de transição energética em andamento ou elaboração, disse nesta segunda (26/2) o secretário Nacional de Transição Energética e Planejamento do MME, Thiago Barral. O levantamento foi feito em meio às discussões no ministério para a estruturação da Política Nacional de Transição Energética. Segundo Barral, será importante ter clareza das iniciativas a nível subnacional para a elaboração da política federal, que também estará conectada ao Plano Clima e à Nova Indústria Brasil, iniciativa de industrialização do governo lançada em janeiro. eldquo;O Brasil é muito diverso. Cada estado tem condições, oportunidades, desafios diferentes, então a ideia é enxergar essa diversidade de interesses e de possibilidades, para que a política a nível nacional possa dialogar com essa diversidadeerdquo;, explicou a jornalistas. Foram contabilizados pelo MME apenas os programas que não focam em uma única tecnologia para a redução das emissões de carbono. As iniciativas consideradas no levantamento não foram divulgadas, pois o ministério ainda realiza consultas aos estados. eldquo;Quando pensamos em políticas que integram diferentes tecnologias, em um escopo que vai além de uma só tecnologia, contabilizamos um total de 15 estados já se movimentando. Isso é muito bom, é um caminho sem voltaerdquo;, disse. Transição fluminense O secretário participou, na manhã desta segunda (26), do Encontro Estratégico de Transição Energética, organizado pela FGV Energia em parceria com a Secretaria de Estado de Energia e Economia do Mar do estado do Rio. O evento foi seguido de uma audiência pública para debater a elaboração da Política Estadual de Transição Energética do Rio de Janeiro. De acordo com Barral, a expectativa é que a estratégia de transição energética do Rio esteja integrada à estratégia nacional. eldquo;O Rio sintetiza muito bem alguns dos dilemas da transição energética não só em nível nacional, mas em nível internacionalerdquo;, afirmou. Ele ressaltou a importância do estado para o setor energético, com a concentração da maior parte da produção de petróleo e gás do país, além das usinas nucleares brasileiras, e do potencial de energia eólica e geração solar distribuída. Lembrou ainda do parque industrial fluminense e da infraestrutura disponível no estado. Para o secretário, esse contexto confere ao Rio a oportunidade de ter os projetos de transição energética mais resilientes do ponto de vista econômico. eldquo;Isso permite combinar a indústria que fornece a segurança energética hoje com a indústria da transição energética, fazendo essa ponte, requalificando ativos, otimizando a infraestrutura existente, para que possa transformar e inovar. A indústria de óleo e gás é hoje um grande motor de inovação, assim como a nuclearerdquo;, disse. Indústria precisa de segurança jurídica Representantes da indústria presentes ao evento destacaram a necessidade de segurança jurídica para o avanço das iniciativas de transição na economia fluminense. As associações participantes do debate ressaltaram ainda a importância de o planejamento fluminense levar em conta o potencial de aproveitamento da economia do mar como uma das vantagens competitivas do estado, assim como a experiência do estado com a indústria de gás natural e com o uso do gás natural veicular (GNV). Para a diretora de relações institucionais da Associação Brasileira de Hidrogênio (ABH2), Danielle Valois, o planejamento precisa ser perene e ultrapassar o governo atual em termos de estruturas de governança. Valois defende ainda que o Rio pode prever no plano de transição uma mistura entre o uso de gás natural, biogás e hidrogênio para a redução das emissões. eldquo;1% ou 2% de mix de hidrogênio ou de um gás renovável num mix do gás natural já podem fazer diferença para o clima. É importante ter isso em mente, não ter planos agressivos que sejam inviáveis, economicamente impossíveiserdquo;, disse.

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