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Petrobras chega aos 70 atrasada em renováveis e com restrições para ampliar reservas de petróleo

Maior estatal brasileira, a Petrobras chega aos 70 anos como uma das maiores produtoras de petróleo do mundo, mas com grandes desafios pela frente, atrasada na corrida rumo à transição energética e enfrentando restrições para expandir suas reservas de petróleo. Criada em 3 de outubro de 1953 para garantir o suprimento nacional de petróleo, a companhia cumpriu sua missão inicial, principalmente após a descoberta do pré-sal há 15 anos, que elevou o Brasil ao posto de grande exportador de petróleo, hoje um dos destaques da balança comercial do país. Em 2022, o setor teve superávit comercial de US$ 20,6 bilhões, o maior desde que o país passou a exportar mais do que importar, em 2016. A dependência externa de combustíveis, principalmente diesel, ainda é um problema, mas compensado pelas exportações de óleo do pré-sal. Um tipo de petróleo que, segundo especialistas do setor, resistirá às maiores restrições contra a emissão de gases poluentes, por conter baixos níveis de enxofre e pela elevada produtividade dos reservatórios, o que faz da Petrobras uma das petroleiras com menores índices de emissões. Mas, embora ainda com 13 novas plataformas planejadas até 2027, a Petrobras já vê o pico de produção do pré-sal no fim desta década, com o início de uma curva de declínio nos anos seguintes. E enfrenta cada vez mais dificuldades para renovar suas reservas no país. Sua principal aposta está nas bacias da Margem Equatorial brasileira, alvo de embate com a área ambiental do governo: dois dos três pedidos de licença para região já tiveram pareceres negativos do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis). Nesta segunda (2), o Ibama autorizou a perfuração de poços na Bacia Potiguar, uma das cinco da Margem equatorial, mas ainda é grande a resistência para autorizar a atividade em áreas consideradas mais promissoras, como as bacias da Foz do Amazonas e Barreirinhas. Em parecer de 2021 sobre pedido para perfuração nesta última, em frente ao Maranhão, o Ibama disse que a atividade é inviável na região. A Petrobras ainda tenta obter as licenças e defende que a exploração da região é importante para compensar o declínio da produção do pré-sal. "Se o Estado brasileiro por algum motivo decidir que não vai dar, terá que ser peremptório. Se for peremptório e disser que não vai dar, acabou. Mas isso ainda não aconteceu", disse o presidente da estatal, Jean Paul Prates, na quinta-feira (27). Ele afirmou esperar autorização do Ibama para um poço nas próximas semanas. É mais provável, porém, que o órgão ambiental aprove inicialmente a exploração na costa do Ceará, área considerada com menos potencial do que as outras bacias da Margem Equatorial. O setor defende que o petróleo brasileiro ainda terá espaço no mercado por muito tempo, por ter menos emissões do que a produção de outros países. "Nós vamos deslocar a produção de outros países nesse movimento de transição energética", diz Roberto Ardenghy, que foi diretor da estatal e hoje preside o IBP (Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás). Ardenghy alega que a receita com o petróleo é fundamental para que a Petrobras assuma sua nova missão de encontrar economicidade para novas tecnologias de geração de energia limpa. "É uma estratégia conjunta, na qual mantém o petróleo, porque ele é que te dá a sustentação econômica." A estatal ficou atrasada em relação a seus pares globais, principalmente os europeus, no segmento de energias renováveis. Se desfez, nos últimos governos, das participações que tinha em parques eólicos e deixou em segundo plano seu negócio de biocombustíveis. "A Petrobras andou na contramão das grandes petroleiras, que avançaram, em diferentes velocidades, em projetos renováveis ou novas rotas tecnológicas", diz o Para o pesquisador do Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos em Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), Mahatma dos Santos. O último plano de negócios aprovado pelo governo Jair Bolsonaro, por exemplo, separou apenas 6% do orçamento para os próximos cinco anos a investimentos ambientais. Deste total, 84% seriam destinados a projetos de descarbonização das atividades e só 16% em novas tecnologias de combustíveis e energia. Mesmo elevando o foco em petróleo após a guerra na Ucrânia, as maiores petroleiras da Europa alocam percentuais bem superiores. Em seu plano estratégico para o período entre 2023 e 2028, a Shell, por exemplo, prevê 20% do orçamento para projetos de baixo carbono. A nova gestão da empresa já anunciou plano para ampliar essa fatia a até 15%. Em setembro, assinou acordo com a fabricante de turbinas WEG para o desenvolvimento de tecnologias e disse que pedirá ao Ibama licenciamento de dez áreas marítimas para a geração de energia eólica. Esse segmento, porém, ainda precisa de regulamentação e só deve começar a apresentar resultados no longo prazo, assim como apostas em hidrogênio verde e combustíveis sintéticos, outras tecnologias ainda em estágio de viabilização. Para o curto prazo, a empresa foca na produção do chamado diesel verde, produzido com matéria-prima vegetal. O plano estratégico de 2022 separou US$ 600 milhões para a produção desse combustível em quatro refinarias e a expectativa é que o negócio ganhe mais corpo com o apoio da nova lei dos combustíveis do futuro. Prates reconhece o atraso, mas diz que a empresa começou a agir. "Já estamos tirando o atraso muito bem, ao longo de seis, sete meses de gestão. Mais para a frente, a gente vai ser mais incisivo ainda." Segundo ele, todas as tecnologias estão no radar. "Algumas coisas já saíram do papel", afirmou, citando o desejo de investir em eólicas no mar e o diesel verde.

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Prates: 'Lula jamais prometeu que preços da Petrobras nunca mais subiriam'

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse nesta segunda-feira, 2, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nunca prometeu que os preços dos combustíveis não subiriam mais e que o País deixaria de lado referências internacionais ao eldquo;abrasileirarerdquo; as tarifas, termo cunhado por Lula. eldquo;O presidente Lula jamais prometeu que o preço nunca mais subiria, como se dissesse: elsquo;Vou me eleger e nunca mais vou subir o preço do combustívelersquo;erdquo;, afirmou Prates em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura. eldquo;Também não houve desgarramento dos preços internacionais. O presidente nunca disse que nós vamos descolar completamente da referência internacionalerdquo;, emendou o presidente da estatal. eldquo;Isso seria uma temeridade, porque nós não só importamos ainda parte dos produtos, como estamos inseridos na comunidade internacional.erdquo; Prates reiterou que a estatal tem total independência na definição dos preços dos combustíveis. eldquo;O governo não manda a gente subir, nem descer, nem segurar, nada dissoerdquo;, afirmou. Ele também voltou a criticar a política de preço de paridade de importação (PPI), adotada na gestão de Pedro Parente, em 2017, e classificada por Prates como eldquo;nefastaerdquo;. O tema também é alvo de críticas do presidente Lula e de outros membros do governo desde a campanha eleitoral. eldquo;Aquilo era irreal, era aplicar o preço do pior concorrente do mercado e garantir a ele suas ineficiências. Ali, a Petrobras perdeu market share, ali a Petrobras não reagiu àquela imposição, que era um absurdoerdquo;, defendeu Prates. Recompra de refinarias O presidente da Petrobras afirmou concordar com o entendimento do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sobre a necessidade de recompra de refinarias. O executivo mencionou haver uma análise em curso para a recuperação da capacidade de refino da estatal, sem dar detalhes sobre o tema. eldquo;Eu concordo politicamente com as falas do ministro de Minas e Energia sobre recomprar refinarias. A análise está em curso, mas não podemos falar publicamenteerdquo;, afirmou. Questionado sobre a estatal estar realizando práticas predatórias de mercado, vendendo petróleo com preços diferentes entre as refinarias próprias e unidades privadas, o executivo acrescentou que a Petrobras tem o direito de fazer a integração vertical de seus negócios. Prates acrescentou ainda que estuda, dentro do mercado de refino, a expansão da capacidade de produção de biocombustíveis, destacando o plano de investimentos realizado pela Acelen, empresa criada pelo Mubadala Capital. eldquo;Uma parceria com a refinaria da Bahia (Acelen) nos parece uma aproximação válida. Temos um projeto grande sobre biocombustíveis, onde a Petrobras tem terras na regiãoerdquo;, afirmou Prates. Braskem Ele afirmou ainda que a estatal tem interesse em manter a sua posição acionária na Braskem. De acordo com o executivo, a expectativa é que ocorra uma definição em relação à venda da petroquímica até, no máximo, janeiro. Questionado sobre a possibilidade da petroleira dos Emirados Árabes Unidos Adnoc comprar a Braskem, o executivo afirmou haver uma tendência global de empresas de exploração e produção em comprar companhias do setor petroquímico. eldquo;A Adnoc é uma empresa integrada. Ela é petroleira e também petroquímica. A tendência global está no sentido desses negócios se reacoplaremerdquo;, afirmou.

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Opep se diz otimista com demanda e pede mais investimentos em petróleo e gás

A Opep está otimista com relação à demanda de petróleo e vê o subinvestimento como um risco à segurança energética, disse o Secretário Geral Haitham Al Ghais nesta segunda-feira em um evento do setor de energia em Abu Dhabi. Ele enfatizou a importância do investimento contínuo no setor de petróleo e gás e disse que considera contraproducentes os apelos para que se pare de investir em petróleo. "Ainda vemos a demanda de petróleo como bastante resiliente este ano, como foi no ano passado", disse Al Ghais, observando que a previsão do grupo era de um crescimento anual da demanda de mais de 2,3 milhões de barris por dia (bpd). Ele acrescentou que o investimento no setor de petróleo e gás é importante para a segurança energética. "Estamos... com a capacidade ociosa bastante reduzida, já dissemos isso várias vezes, e isso exige um esforço conjunto de todas as partes interessadas para que vejam a importância de investir nesse setor", disse ele. O apelo foi repetido pelo ministro de energia dos Emirados Árabes Unidos, Suhail al-Mazrouei, que disse ser necessário investimento de empresas petrolíferas nacionais e internacionais. "E esses investimentos precisam que o mundo financeiro esteja disposto a financiar petróleo e gás", disse Mazrouei. Mais tarde, ele disse a repórteres que seu país está no caminho certo para expandir sua capacidade de produção de petróleo para 5 milhões de bpd até 2027, dos atuais 4,2 milhões de bpd. (Reuters)

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Barra para corte de juros está mais alta no mundo com alta do petróleo, afirma presidente do BC

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, abriu evento na manhã desta segunda-feira, 2, em São Paulo, chamando a atenção para a piora recente provocada pelo aumento dos preços de energia na inflação global. Assim, observou, a barra para corte de juros ficou mais alta no mundo. Durante evento da Abracam, associação que representa as corretoras de câmbio, Campos Neto pontuou que a inflação vinha caindo quase no mundo inteiro, porém, recentemente, mostrou uma piora, basicamente em função do aumento do petróleo. Ele atribuiu o avanço da cotação do barril da commodity para perto de US$ 100 à política de corte da oferta pela Opep, somada à invasão da Ucrânia pela Rússia. Ao falar sobre o cenário internacional, o presidente do BC frisou que a resiliência da inflação força bancos centrais a manter os juros altos por mais tempo. Em alguns países, afirmou, a inflação parou de cair, sofrendo pressão da mão de obra apertada e volta do aumento dos preços de imóveis. eldquo;Isso tem sido levantado por alguns banqueiros centrais. Não é o caso do Brasil, mas é o caso de alguns países desenvolvidoserdquo;, declarou. Apesar disso, emendou Campos Neto, os núcleos de inflação mostram, em geral, trajetória benigna, incluindo queda maior em emergentes, em especial na América Latina. No Brasil, destacou, a inflação está abaixo da média global e dentro da margem de tolerância da meta até 2025. eldquo;Os países ou estão na meta ou estão entrando na metaerdquo;, assinalou.

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Petróleo cai 2% para mínima de 3 semanas com dólar forte e realização de lucros

Os preços do petróleo caíram cerca de 2% nesta segunda-feira, para uma mínima de três semanas, com fortalecimento do dólar e realização de lucros de investidores, preocupados com o aumento da oferta de petróleo e com a pressão sobre a demanda com altas taxas de juros. Em seu primeiro dia como primeiro mês, o contrato do Brent para entrega em dezembro caiu 1,49 dólar, ou 1,6%, a 90,71 dólares por barril, valor cerca de 5% abaixo do fechamento do contrato de novembro que expirou na sexta-feira. Essa foi a maior queda percentual diária do primeiro mês do Brent desde o início de maio. O petróleo bruto West Texas Intermediate (WTI) dos EUA caiu 1,97 dólar, ou 2,2%, para 88,82 dólares por barril. Analistas disseram que alguns operadores realizaram lucros depois que os preços do petróleo subiram quase 30% para máximas de 10 meses no terceiro trimestre. Antes da retração do preço do petróleo que começou em 28 de setembro, os especuladores dos EUA aumentaram as suas posições líquidas compradas e opções na bolsa de Nova York para o nível mais alto desde maio de 2022, de acordo com a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos EUA. É "altamente provável que a realização de lucros por parte dos especuladores esteja atualmente desempenhando um papel (no recente declínio dos preços) e deixe de pesar sobre os mercados à medida que os dias passam", afirmaram numa nota analistas da empresa de consultoria energética Gelber and Associates. Nesta segunda-feira, o dólar subiu para uma máxima de 10 meses ante uma cesta de outras moedas, depois de o governo dos EUA ter evitado uma paralisação parcial e os dados econômicos terem alimentado as expectativas de que o Federal Reserve dos EUA manterá as taxas mais elevadas por mais tempo, o que poderá abrandar o crescimento econômico. Taxas de juro mais elevadas, juntamente com um dólar mais forte, que torna o petróleo mais caro para os detentores de outras moedas, poderão prejudicar a demanda por petróleo. (Reuters)

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Be8 lança biocombustível drop-in para substituir diesel fóssil

A produtora de biodiesel Be8 (ex-BSBIOS) anunciou nesta segunda-feira (2/10) que está investindo na produção de um novo biocombustível capaz de substituir o diesel de petróleo em até 100% no abastecimento de ônibus e caminhões, sem a necessidade de alterações nos motores. Exclusivo da companhia, o Be8 BeVant utiliza biodiesel como matéria-prima, mas tem a característica drop-in do diesel verde (HVO), o que permite sua comercialização imediata a preços mais competitivos que o HVO. Segundo a Be8, o produto será ofertado a um custo cerca de 50% inferior ao praticado hoje no mercado internacional para o diesel verde. A previsão de início da produção é de 12 meses. A empresa está investindo R$ 80 milhões em Peamp;D e na ampliação de uma linha de produção na unidade de biodiesel de Passo Fundo (RS) com capacidade de 150 milhões de litros/ano. Há ainda a possibilidade de ampliar a produção para a unidade de Marialva (PR). eldquo;Não descartamos estabelecer também licenças de produção para que o Be8 BeVant possa atender toda a demanda que surgirerdquo;, conta Erasmo Carlos Battistella, presidente da Be8. Descarbonização no curto prazo De acordo com a Be8, o produto já passou pela fase de testes e está liberado para uso em qualquer motor ciclo diesel. Os testes foram feitos em motores Euro V e atendem as exigências Euro VI. Battistella explica que o biocombustível é voltado para o mercado brasileiro e pretende atender empresas que consomem grandes volumes de óleo diesel tradicional e que estão em busca de soluções para reduzir suas emissões de carbono no curto prazo. Pode ser usado em geradores de energia, máquinas pesadas de construção civil, agronegócio e terraplanagem, além de ser uma alternativa para setores de logística, transportes coletivo e de cargas nos modais rodoviário, marítimo e ferroviário. Por ter maior teor de éster, ele reduz até 50% as emissões de CO (monóxido de carbono), até 85% a emissão de materiais particulados e em até 90% de fumaça preta. Já as reduções de emissões de CO2 no ciclo de vida em comparação ao diesel fóssil ficam em até 50%. eldquo;Estamos falando de uma solução imediata, que não depende de investimento em infraestrutura ou troca de motor comparado com outras rotas tecnológicas como hidrogênio, biometano e veículo elétrico, com alto impacto para a despoluição dos grandes centros urbanos no curto prazoerdquo;, destaca Battistella. Nem biodiesel, nem diesel verde Embora use biodiesel como matéria-prima e tenha a característica drop-in do HVO, a Be8 afirma que o biocombustível é um produto novo, para mercados diferentes, com estratégias distintas. O BeVant parte das mesmas especificações do biodiesel (metil éster) e passa por bidestilação e um processo patenteado que o caracteriza como um metil éster bidestilado. Isso aumenta a qualidade e a performance do produto em relação ao biodiesel tradicional, com a condição de ser semelhante ao diesel de petróleo a ponto de poder substituí-lo completamente (drop-in) endash; só que com uma intensidade de carbono menor. Por partir das mesmas especificações do biodiesel, o biocombustível já está certificado para entrar no mercado brasileiro. Mas como é um produto premium, seu custo é maior que o do biodiesel, por isso, a expectativa da Be8 é fechar contratos direto com empresas que já estão investindo na descarbonização da frota. Além disso, ser drop-in o torna um concorrente direto do diesel verde, com a diferença de ser mais barato e poder ser produzido e ofertado em um ano, a partir da adaptação das usinas de biodiesel endash; o que demanda menos investimentos que uma biorrefinaria, que demora cerca de cinco anos para ficar pronta.

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