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Transação tributária como solução estratégica para empresas em recuperação judicial

Como se sabe, a recuperação judicial é um instrumento jurídico, previsto na Lei nº 11.101/2005, posteriormente aprimorado pela Lei nº 14.112/2020, que tem como propósito viabilizar a superação da crise econômico-financeira pelo devedor que possua potencial para retomar a viabilidade econômica e sua função social. Seu objetivo central, portanto, é preservar as operações da empresa, garantir a manutenção de empregos, impulsionar a economia e, simultaneamente, assegurar que os credores sejam satisfeitos. Quando o devedor decide por ingressar com o pedido de recuperação judicial, esse pode enfrentar desafios significativos. Um dos maiores é justamente demonstrar a viabilidade de suas atividades, para convencer credores e o judiciário de sua capacidade de superação. Soma-se a isso a dificuldade de acesso a crédito novo, a desconfiança do mercado e o possível impacto negativo na reputação empresarial. Entre as dívidas possíveis de uma empresa ou empresários em crise econômico-financeira, destacam-se as de natureza tributária, que representam, muitas vezes, uma parcela significativa do passivo. A Lei n° 11.101/2005, contudo, prevê que os créditos tributários não se sujeitam à recuperação judicial, devendo ser exigidos nos termos da legislação própria. Isso significa que, mesmo com o ajuizamento da recuperação judicial, o devedor deve continuar a cumprir suas obrigações tributárias correntes e a pagar os tributos vencidos, sob pena de sofrer as sanções previstas na legislação, como multas, juros, inscrição em dívida ativa, protesto, execução fiscal, penhora de bens, entre outras. Não bastasse todas as adversidades inerentes ao pleito de uma Recuperação Judicial, o fato é que desde a publicação da Lei nº 14.112/2020, restou consolidado o entendimento acerca da necessidade de apresentação de Certidão de Regularidade Fiscal como requisito para a homologação do plano de Recuperação Judicial. Isso porque, antes da publicação da Lei nº 14.112/2020, os Tribunais, seguindo o posicionamento do STJ (Superior Tribunal de Justiça), entendiam pela flexibilização da comprovação de regularidade fiscal pelas empresas em recuperação judicial, dada a ausência de legislação específica que regulasse o parcelamento tributário no contexto desse regime. No entanto, com a reforma na Lei de Recuperação Judicial e Falência, introduziu-se uma mudança significativa, permitindo tanto a adesão a parcelamentos tributários específicos quanto à transação tributária, o que trouxe maior previsibilidade e segurança jurídica às empresas nesse processo. Assim, a transação tributária, especificamente, surge como uma estratégia imprescindível para empresas em recuperação judicial. No âmbito federal, a transação tributária oferece benefícios como descontos de até 100% sobre juros, multas e encargos limitados ao principal e a 70% do valor da dívida), parcelamento em até 145 meses, flexibilização nas regras de garantias e utilização de créditos de prejuízo fiscal e precatórios para amortização do saldo devedor. Dados publicados pela PGFN demonstram que, de 2020 a 2023, essa já recuperou aos cofres públicos aproximadamente R$ 117,2 bilhões, sendo R$ 32,2 bilhões decorrentes de acordos de transação tributária. Além disso, os dados demonstram que a proporção do valor total arrecadado e o valor total recuperado pela PGFN por meio dos acordos de transação têm crescido significativamente, o que indica que um percentual cada vez mais relevante da recuperação dos créditos tributários pela PGFN é decorrente de transações tributárias. No estado de São Paulo, além da transação individual, a 3ª fase do programa Acordo Paulista, vigente até 31 de janeiro de 2025, oferece condições especiais para renegociação de dívidas inscritas na Dívida Ativa, abrangendo débitos de ICMS de empresas em recuperação judicial. O programa oferece descontos de 100% nos juros, multas e honorários (limitados ao principal e a 70% do valor da dívida), parcelamento em até 145 vezes, sem entrada, utilização de créditos acumulados de ICMS e precatórios para abater até 75% do valor do débito já reduzido, entre outras possibilidades. Dados do governo de São Paulo mostram resultados positivos do Acordo Paulista. No primeiro edital, por exemplo, foram negociados R$ 14,6 bilhões líquidos em dívidas de ICMS. Em três meses de programa, o montante previsto para arrecadação superou a meta inicial de R$ 700 milhões para todo o ano de 2024, alcançando a marca de R$ 2,3 bilhões. Os dados trazidos acima demonstram o potencial transformador do instituto da transação tributária em geral, bem como o de programas de regularizações incentivadas, que oferecem um alívio financeiro significativo às empresas em crise e ajudam, sobretudo, empresas em recuperação judicial a superar suas dificuldades, além de aumentarem expressivamente a arrecadação fiscal dos entes. A integração entre recuperação judicial e transação tributária pode ser determinante para salvar empresas em crise, preservar empregos e manter setores econômicos em funcionamento. Entretanto, para eficácia desses mecanismos, é fundamental que gestores empresariais adotem práticas de planejamento financeiro e transparência, enquanto o poder público deve oferecer condições diferenciadas e viáveis para regularização do passivo fiscal e perpetuidade dos negócios no país.

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Desemprego deve seguir baixo em 2025 mesmo com desaceleração do PIB, dizem analistas

A taxa de desemprego deve permanecer em 2025 em um patamar considerado baixo para a série histórica no Brasil, mesmo com a desaceleração prevista para o PIB (Produto Interno Bruto), apontam economistas consultados pela Folha. Segundo eles, a alta do PIB tende a ficar em um nível próximo a 2% no acumulado do ano que vem, após crescimento acima de 3% em 2024. A expectativa para 2025 leva em conta o potencial impacto do aumento da taxa de juros, que desafia o consumo e setores como os serviços e a indústria. Outro fator que tende a frear o PIB, dizem os analistas, é o menor espaço fiscal para as medidas do governo federal de estímulo à atividade econômica. Isso, contudo, não é visto por ora como suficiente para provocar um avanço substancial do desemprego. Os economistas afirmam que a desocupação tende a fechar o quarto trimestre de 2025 ainda perto de 6%. Nos três meses até outubro deste ano, período mais recente com dados disponíveis, a taxa de desemprego recuou a 6,2%. Trata-se da mínima da série do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), iniciada em 2012. "Para a taxa de desemprego subir, o PIB precisaria crescer abaixo do seu potencial. A gente estima o potencial em cerca de 1,5%", afirma a economista Claudia Moreno, do C6 Bank. O banco, no entanto, prevê uma "desaceleração moderada" para o indicador de atividade econômica, de 3,4% em 2024 para 2% em 2025. Com isso, a expectativa é de uma taxa de desemprego perto de 6% ao final deste ano e do próximo, segundo Claudia. "Enquanto a gente estiver crescendo mais do que 1,5%, quer dizer que existirá uma pressão para contratar mais trabalhadores e a taxa de desemprego continuar caindo um pouco." O PIB potencial pode ser entendido como a capacidade de crescimento de uma economia com os recursos disponíveis, sem gerar uma pressão sobre a inflação. Não há um consenso sobre qual é a medida exata no país. O que os analistas apontam é que o PIB brasileiro tem sido turbinado em parte por gastos do governo. Isso, por outro lado, gera uma preocupação com o cenário fiscal e uma pressão de demanda sobre os preços de bens e serviços. "É muito bom ter aumento do consumo, PIB forte, mercado de trabalho aquecido. Isso é positivo. Mas, se você cresce muito a uma taxa acima do seu potencial, não é sustentável, porque traz um desequilíbrio para a economia. O desequilíbrio vem na forma de inflação mais alta", diz Claudia. O economista-chefe do Sicredi, André Nunes de Nunes, prevê uma desaceleração do PIB de 3,5%, em 2024, para 1,8%, em 2025. "A gente está vendo uma atividade um pouco mais fraca [em 2025], muito por conta de uma taxa de juros mais alta. Isso vai acabar segurando a atividade, principalmente a partir do segundo trimestre ou mais para o final do ano", afirma Nunes. Apesar da possível desaceleração, ele também diz que a taxa de desemprego deve seguir em um patamar baixo para o histórico brasileiro. A expectativa do Sicredi está em 6,2% para o final do quarto trimestre deste ano e em 6,6% para igual período de 2025. De acordo com Nunes, uma combinação de fatores deve contribuir para impedir um aumento mais acentuado do indicador. Um deles, diz o economista, é o fato de o mercado de trabalho ser visto como uma variável com resposta "mais lenta" a eventuais mudanças no cenário econômico. Outra questão que influencia é a demografia. O envelhecimento tende a retirar do mercado uma parcela de brasileiros que anteriormente poderia estar em busca de trabalho. Se uma pessoa de 14 anos ou mais não tem emprego, mas não procura oportunidades, não pressiona o índice de desocupação. Nesse sentido, Nunes lembra que a taxa de participação segue abaixo do pré-pandemia. O indicador mede o percentual de pessoas de 14 anos ou mais que estão ocupadas (empregadas) ou à procura de vagas (desempregadas). "Tudo isso parece que levou um pouco mais para baixo a taxa estrutural de desemprego", afirma Nunes. "A reforma da Previdência fez com que muitas pessoas acelerassem a aposentadoria, e a gente teve também um aumento dos programas sociais." O banco Inter prevê uma desaceleração do PIB de 3,2%, em 2024, para 1,9%, em 2025. O principal fator para frear a projeção do próximo ano é a elevação dos juros, diz a economista-chefe do Inter, Rafaela Vitoria. "E não deve se repetir no próximo ano o impulso fiscal de 2023 e 2024, que contribuiu bastante para elevar a renda das famílias e manter o consumo mais aquecido", afirma. Para o desemprego, o Inter prevê taxas de 6% ao final deste ano e de 6,5% no mesmo período de 2025. Rafaela chama o movimento de uma "pequena alta" ou "acomodação". "Parte da melhora do emprego refletiu um ciclo econômico mais positivo, porque o PIB cresceu de maneira robusta nos últimos anos", diz. "Mas a gente também viu algumas mudanças estruturais que permitiram uma geração de empregos maior em setores de serviços, de tecnologia, além de investimentos em infraestrutura que acabaram elevando o uso de mão de obra", acrescenta Rafaela, que ainda cita reflexos positivos da reforma trabalhista. O economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale, prevê desemprego de 5,9% ao final de 2024. Segundo ele, a desocupação tende a acelerar nos meses iniciais de 2025, período do ano no qual o indicador costuma subir, e deve ficar na faixa de 6,6% até dezembro. "A gente está falando de uma atividade econômica que, se crescer perto de 2%, consegue minimamente sustentar a taxa de desemprego nesse patamar [próximo a 6%]." Para o PIB, a expectativa da MB é de avanço de 3,4% em 2024 e de 1,8% em 2025. "Se a gente tiver uma desaceleração mais complicada, por efeito da crise fiscal que está se montando agora, a taxa de desemprego pode ser eventualmente maior", pondera Vale. Ele acrescenta que o PIB do próximo ano deve contar com estímulo da agropecuária, já que as projeções indicam recuperação da safra após quebra em 2024. Serviços e indústria, por outro lado, tendem a sentir mais os efeitos dos juros elevados sobre o consumo, aponta Vale.

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Moçambique quer parceria com Petrobras na área de gás

Dono de uma das maiores reservas de gás do mundo, Moçambique quer estreitar as relações com a Petrobras. A reserva na Bacia de Rovuma, na província de Cabo Delgado, é estimada em 2,8 trilhões de metros cúbicos e pode transformar o país, localizado na costa leste da África, no maior produtor do continente. É com esse trunfo na mão que o governo moçambicano quer iniciar as conversas com a estatal brasileira. A reserva de Rovuma conta com quatro campos, descobertos entre 2011 e 2012, com reservas iniciais comprovadas de 1,5 trilhão de metros cúbicos. O Brasil, como base de comparação, tem reservas de 517 bilhões de metros cúbicos, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP). A área já atraiu empresas como a italiana Eni, a americana ExxonMobil, a francesa TotalEnergies e a chinesa CNPC. Agora, diz Daniel Chapo, presidente eleito de Moçambique, o país, que tem a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), criada em 1981, quer buscar uma parceria com a Petrobras. -A Petrobras pode ser uma parceira importante. Vamos iniciar um relacionamento. Moçambique tem um grande potencial em gás, tanto em terra quanto no mar. Temos muitos blocos em pesquisa e campos em exploração no norte e no sul do país, com a atuação de multinacionais - diz Chapo. Sylvia dos Anjos, diretora de exploração e produção da Petrobras, disse, em entrevista ao GLOBO, que esteve recentemente no Africa Energy, um evento de energia na África do Sul. Ela lembrou que vários países do continente mostraram interesse em ter a Petrobras como parceira, como África do Sul, Namíbia, Angola, Gana, Guiné, Congo, Mauritânia, Tanzânia e Moçambique. -O Africa Energy foi um evento importante. E sabemos dos planos da Petrobras de crescer no mundo. Por isso, aqui há grandes oportunidades. Nossa ideia é trabalhar de perto com a embaixada e fazer conferências de negócios com o Brasil. O gás é uma fonte de energia de transição - afirma Chapo, lembrando que a maior parte da energia no país é gerada a partir de hidrelétricas. Desde 2022, o país, por meio da ENH, exporta gás liquefeito (GNL) através de uma plataforma flutuante no campo chamado Coral Sul. Além de Cabo Delgado, o país tem outras áreas em estudo, como as Bacias de Inhassoro e de Moçambique. Estima-se que o país tenha cerca de 50% das reservas de gás da África Subsaariana. Em 2023, a produção de gás no país chegou a 11,751 milhões de metros cúbicos por dia, uma alta de quase 100% em relação aos 4,596 milhões de metros cúbicos de 2019. Mas há desafios relacionados à segurança e aos impactos ambientais na região do país, que conta com áreas de proteção, segundo órgãos ambientais. Com a expectativa de que a economia feche o ano de 2024 com alta de 3%, o país pretende ainda estimular o uso de energia solar na área energética, diz Chapo. -Há uma demanda crescente por energias limpas. Queremos ainda ampliar as relações com o Brasil na área da agricultura e aumentar as parcerias com as instituições de ensino. Produzimos grãos, frutas e queremos aumentar as culturas de arroz e de amêndoas - lista ele, citando ainda os planos para a área de turismo.

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Vibra adere ao ISS Neutro e antecipa compromisso de neutralização de emissões

A distribuidora de combustíveis Vibra, dona dos postos que exibem a bandeira da Petrobras, neutralizou todas as suas emissões de gases que contribuem para efeito estufa relativas ao ano de 2023 por meio do programa ISS Neutro da prefeitura do Rio. O programa ISS Neutro já está no segundo edital e tem como objetivo estimular o mercado de crédito de carbono ao permitir o abatimento de impostos. O programa prevê até R$ 60 milhões em incentivos ao ano. Cada empresa pode abater até R$ 3 milhões da conta do Imposto sobre Serviços em troca da aquisição de créditos de carbono. O valor que pode chegar a R$ 6 milhões se forem contabilizadas mais de uma empresa de um mesmo grupo econômico. Para neutralizar todas as suas emissões relativas a 2023 nos chamados escopos 1 e 2, os requerimentos mínimos obrigatórios para aderir ao Protocolo GHG de neutralização de Gases de Efeito Estufa, a empresa adquiriu 55 mil créditos de carbono, antecipando em dois anos o compromisso que tinha sido anunciado pela companhia. Isso corresponde a R$ 685 mil em impostos abatidos pelo programa, apurou a coluna. O escopo 1 é o resultado direto das operações da empresa, e inclui a emissão relativa à frota de veículos usados, por exemplo. No escopo 2 estão incluídas as emissões relativas a energia consumida para a realização das atividades da própria companhia. A Vibra comprou os créditos de carbono por meio da comercializadora Reflora, em uma transação intermediada pela Comerc Energia. Os créditos estão vinculados ao Conjunto Eólico Campo Largo e Umburanas, localizado na Bahia.

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Preço do diesel bate recorde em 2024: será que vai subir ainda mais?

O mês de dezembro trouxe um novo recorde no preço do diesel, com o combustível alcançando R$ 6,19 por litro no estado de Mato Grosso. Segundo a StoneX, esse aumento é impulsionado por vários fatores. Entre os motivos para o avanço, estão a elevação do custo do biodiesel, a recuperação dos preços do diesel no mercado mundial e a alta do dólar. O biodiesel, com uma valorização acumulada de 44% em 2024, impactou diretamente no valor do produto. Conforme a Raion Consultoria, esse fator adicionou aproximadamente 27 centavos por litro ao preço final repassado ao consumidor. Além disso, o dólar, que ultrapassou R$ 6, também contribuiu para o encarecimento, pois o Brasil depende de importações de diesel. No cenário internacional, a recuperação dos preços nos últimos 30 dias, impulsionada por conflitos no Oriente Médio e estímulos econômicos da China, também é um fator relevante. Isso reflete no aumento do preço doméstico do diesel. Impactos e perspectivas até o início de 2025 O aumento do diesel ocorre em um momento crítico para o agronegócio brasileiro. O início da colheita da soja e o plantio de milho segunda safra no Centro-Sul intensificam a demanda por combustível, e o combustível é vital para o transporte e operação de máquinas agrícolas, elevando a pressão sobre os preços das produções. Conforme a Raion Consultoria, a tendência de alta se acentua com os estoques de soja reduzidos ao fim do ano. Atualmente, o biodiesel corresponde a 14% da mistura com o óleo diesel. Para o início de 2025, espera-se que a Petrobras mantenha os preços estáveis, uma vez que a estatal não realiza ajustes desde dezembro de 2023. Expectativas futuras Com a expectativa de elevar a mistura de biodiesel para 15% em março de 2025, há uma forte preocupação com a possível pressão nos preços. O mercado interno permanece tensionado devido à demanda agrícola, valorização do biodiesel e variação cambial. Portanto, a evolução do valor do diesel continuará a ser um ponto de atenção para todos os envolvidos na cadeia do agronegócio.

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Câmbio faz defasagem do preço do diesel disparar, mas reajuste ainda não virá, dizem fontes

A disparada do dólar para níveis recordes acima de R$ 6 impulsionou nos últimos dias a defasagem dos preços do diesel vendido pela Petrobras a distribuidoras no Brasil, mas a avaliação é de que a empresa ainda deve aguardar para mexer no valor do combustível, segundo especialistas e fontes próximas da estatal. A diferença entre o valor do combustível vendido pela Petrobras e o produto importado atingiu o maior patamar em cinco meses, apontaram cálculos da consultoria Raion compartilhados com a Reuters. A companhia, entretanto, aguarda antes de decidir por qualquer reajuste, pois a avaliação é de que o preço do petróleo ainda tem compensado a alta do dólar, segundo duas fontes próximas da Petrobras ouvidas pela Reuters. A companhia não reajusta o diesel, combustível mais consumidor do país, há quase um ano. por Reuters 19 de dezembro de 2024 5 min A disparada do dólar para níveis recordes acima de R$ 6 impulsionou nos últimos dias a defasagem dos preços do diesel vendido pela Petrobras a distribuidoras no Brasil, mas a avaliação é de que a empresa ainda deve aguardar para mexer no valor do combustível, segundo especialistas e fontes próximas da estatal. A diferença entre o valor do combustível vendido pela Petrobras e o produto importado atingiu o maior patamar em cinco meses, apontaram cálculos da consultoria Raion compartilhados com a Reuters. A companhia, entretanto, aguarda antes de decidir por qualquer reajuste, pois a avaliação é de que o preço do petróleo ainda tem compensado a alta do dólar, segundo duas fontes próximas da Petrobras ouvidas pela Reuters. A companhia não reajusta o diesel, combustível mais consumidor do país, há quase um ano. Na quarta-feira, valor médio do diesel da Petrobras vendido a distribuidoras ficou R$ 0,37 por litro abaixo da paridade do preço de importação, informou a Raion. Tal defasagem não era vista desde o início de julho, quando houve uma disparada do preço do barril do petróleo para cerca de 90 dólares por barril e a petroleira fez seu último reajuste na gasolina. No início de julho, também foi registrado o pico da defasagem do diesel da Petrobras no ano, a 0,68 real por barril, quase o dobro da atual. eldquo;Por ora, o Brent mais baixo tem compensado a alta do dólar, não tem pressão de preços. Mas, sem dúvida, em um cenário de dólar alto no longo prazo, esses preços internos não se sustentamerdquo;, disse uma das fontes, na condição de anonimato. eldquo;Se a mudança de patamar de câmbio se consolidar e virar um movimento de longo prazo, vai precisar de uma ação sobre os preços internoserdquo;, acrescentou. A segunda fonte disse ainda que a eldquo;indicaçãoerdquo; é que no começo do ano será avaliada a eldquo;necessidadeerdquo; de reajustes. Segundo essa pessoa, a participação de mercado da petroleira também precisa ser observada. eldquo;Essa é uma variável muito importante a ser considerada para o negócioerdquo;, frisou. O impulso mais recente da defasagem também contou com uma leve recuperação do preço do barril do petróleo no mercado internacional, destacou o sócio-diretor da Raion Consultoria, Eduardo Oliveira de Melo, em entrevista à Reuters. O petróleo Brent fechou na quarta-feira a US$ 73,39 por barril. eldquo;O câmbio tem se tornado um efeito importante e tem potencializado essa defasagemerdquo;, afirmou o especialista. por Reuters 19 de dezembro de 2024 5 min A disparada do dólar para níveis recordes acima de R$ 6 impulsionou nos últimos dias a defasagem dos preços do diesel vendido pela Petrobras a distribuidoras no Brasil, mas a avaliação é de que a empresa ainda deve aguardar para mexer no valor do combustível, segundo especialistas e fontes próximas da estatal. A diferença entre o valor do combustível vendido pela Petrobras e o produto importado atingiu o maior patamar em cinco meses, apontaram cálculos da consultoria Raion compartilhados com a Reuters. A companhia, entretanto, aguarda antes de decidir por qualquer reajuste, pois a avaliação é de que o preço do petróleo ainda tem compensado a alta do dólar, segundo duas fontes próximas da Petrobras ouvidas pela Reuters. A companhia não reajusta o diesel, combustível mais consumidor do país, há quase um ano. LEIA MAIS: Petrobras confirma plano de investir mais de R$ 635 bilhões entre 2025 e 2029 Na quarta-feira, valor médio do diesel da Petrobras vendido a distribuidoras ficou R$ 0,37 por litro abaixo da paridade do preço de importação, informou a Raion. Tal defasagem não era vista desde o início de julho, quando houve uma disparada do preço do barril do petróleo para cerca de 90 dólares por barril e a petroleira fez seu último reajuste na gasolina. No início de julho, também foi registrado o pico da defasagem do diesel da Petrobras no ano, a 0,68 real por barril, quase o dobro da atual. eldquo;Por ora, o Brent mais baixo tem compensado a alta do dólar, não tem pressão de preços. Mas, sem dúvida, em um cenário de dólar alto no longo prazo, esses preços internos não se sustentamerdquo;, disse uma das fontes, na condição de anonimato. eldquo;Se a mudança de patamar de câmbio se consolidar e virar um movimento de longo prazo, vai precisar de uma ação sobre os preços internoserdquo;, acrescentou. A segunda fonte disse ainda que a eldquo;indicaçãoerdquo; é que no começo do ano será avaliada a eldquo;necessidadeerdquo; de reajustes. Segundo essa pessoa, a participação de mercado da petroleira também precisa ser observada. eldquo;Essa é uma variável muito importante a ser considerada para o negócioerdquo;, frisou. O impulso mais recente da defasagem também contou com uma leve recuperação do preço do barril do petróleo no mercado internacional, destacou o sócio-diretor da Raion Consultoria, Eduardo Oliveira de Melo, em entrevista à Reuters. O petróleo Brent fechou na quarta-feira a US$ 73,39 por barril. eldquo;O câmbio tem se tornado um efeito importante e tem potencializado essa defasagemerdquo;, afirmou o especialista. Melo ponderou, no entanto, que quando o dólar passou de R$ 6, entre o fim de novembro e o início de dezembro, havia fatores baixistas que afetavam o preço do barril do petróleo no mercado internacional, atenuando a defasagem de preços da Petrobras. Naquele momento, um acordo de cessar-fogo entre Israel e Hezbollah e expectativas de sobreoferta de petróleo em 2025, dentre outras questões, pressionavam o preço da commodity. eldquo;Fica muito claro, pelo menos nos últimos dez dias, que à medida que esses fatores baixistas (para o petróleo) foram se dissipando, a força do câmbio acabou ficando mais aparenteerdquo;, afirmou Melo. Procurada, a Petrobras não respondeu imediatamente a pedidos de comentários. CENÁRIO PARA REAJUSTES Ainda que haja essa desvalorização cambial, o Melo afirmou não esperar um reajuste da Petrobras no curto prazo, considerando a atual estratégia comercial que vem sendo empregada pela estatal. Depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse de seu atual mandato, a Petrobras decidiu acabar com uma regra que a obrigava manter seus preços sempre acima da paridade de importação. Além disso, definiu uma estratégia que evita repassar volatilidades externas para o mercado interno. A ideia é que ao longo do tempo eventuais perdas vão sendo compensadas. eldquo;A Petrobras vai fechar o ano perto do nosso elsquo;targetersquo; e, por enquanto, esta equilibradoehellip; a empresa não esta tendo prejuízo com o dólar atualehellip;erdquo;, disse uma das fontes da Petrobras. A Petrobras conta com polos de refino, infraestrutura e logística espalhados pelo Brasil emdash; algo que seu competidores não tem na mesma medida emdash; para lidar com momentos de defasagem. Segundo a consultoria Raion, o preço do diesel da Petrobras ficou, em média, 0,08 real abaixo do valor internacional, no acumulado do ano. eldquo;É uma vantagem que é muito sensível, porque ela é pequena, ela não é tão representativaerdquo;, disse sócio-diretor da consultoria. Já a gasolina da Petrobras, ficou R$ 0,28 ro litro abaixo do exterior na véspera, nível mais alto desde outubro, segundo cálculos da Raion. No acumulado do ano, a defasagem média do combustível foi de R$ 0,33 o litro. Os valores dos principais combustíveis comercializados nos postos no Brasil emdash; diesel, gasolina e etanol emdash; atingiram os patamares mais elevados do ano na primeira quinzena de dezembro, com o dólar mais forte e pelo maior consumo de final de ano, de acordo com o Índice de Preços Edenred Ticket Log (IPTL). Cerca de 30% do diesel consumido no Brasil é importado.

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