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Prates diz que orientação para reter dividendos da Petrobras veio do governo

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou na noite desta quarta-feira (13) que a orientação para reter os dividendos extraordinários da companhia veio do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele disse ainda não considerar o episódio como "intervenção na Petrobras", mas o "exercício soberano" dos representantes do controle da empresa emdash;no caso, o Estado brasileiro. Desde quinta-feira (7), quando a companhia anunciou que não faria o pagamento de dividendos extraordinários aos acionistas, as ações caíram com o receio de que o governo petista vinha intervindo na empresa. Em publicação na rede social X (antigo Twitter) na noite desta quarta, Prates afirmou que a decisão de reter os dividendos extraordinários veio do presidente Lula e de seus ministros. "É legítimo que o CA [conselho de administração] se posicione orientado pelo presidente da República e pelos seus auxiliares diretos que são os ministros. Foi exatamente isso o que ocorreu em relação à decisão sobre os dividendos extraordinários", afirmou. Desde a campanha eleitoral que o levou ao terceiro mandato, Lula defende que a Petrobras reduza a distribuição de dividendos, liberando mais recursos para investimentos, estratégia oposta à adotada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que priorizou a remuneração dos acionistas. A direção da Petrobras queria transferir ao acionista metade do lucro excedente de R$ 43 bilhões no ano, mas prevaleceu o entendimento dos ministérios de Minas e Energia e da Casa Civil sobre a necessidade de poupar recursos para investimentos. Na reunião do conselho, Prates se absteve. A proposta de retenção foi levada ao conselho por Pietro Mendes, secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério das Minas e Energia. Reportagem da Folha mostrou que a medida foi vista com surpresa por conselheiros ligados a acionistas minoritários, que questionaram a falta de detalhes. Fontes próximas ao processo relataram que a confusão sobre a destinação dos dividendos desagradou Lula, que preferiu adiar a decisão sobre o valor a ser distribuído liberando os representantes da União no conselho a votar contra os dividendos extraordinários na reunião da quinta passada. No X, Prates afirmou que "a decisão foi meramente de adiamento [dos pagamentos] e reserva [dos recursos]", e que por isso o "mercado ficou nervoso". "Falar em e#39;intervenção na Petrobrase#39; é querer criar dissidências, especulação e desinformação. É preciso de uma vez por todas compreender que a Petrobras é uma corporação de capital misto controlada pelo Estado brasileiro, e que este controle é exercido legitimamente pela maioria do seu Conselho de Administração. Isso não pode ser apontado como intervenção! É o exercício soberano dos representantes do controle da empresa", escreveu. "Somente quem não compreende (ou propositalmente não quer compreender) a natureza, os objetivos e o funcionamento de uma companhia aberta de capital misto com controle estatal pode pretender ver nisso uma intervenção indevida", afirmou Prates. "Vamos voltar à razão e trabalhar para executar, eficaz e eficientemente, o plano de investimentos de meio trilhão de reais que temos pelos próximos cinco anos à frente, gerar empregos, renda, pesquisa, impostos e também lucro e dividendos compatíveis com os nossos resultados e ambições." A repercussão negativa já levou o governo a ensaiar um recuo. Na segunda-feira (11), os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Silveira (Minas e Energia) disseram que a empresa pode rever a decisão caso comprove que tem condições financeiras de bancar seu plano de investimentos.

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Câmara aprova projeto do 'combustível do futuro' após acordo entre agro e setor de energia

A Câmara aprovou nesta quarta-feira, 13, o projeto de lei do eldquo;Combustível do Futuroerdquo;, com 429 votos a favor, 19 contra e três abstenções. A votação foi possível após o relator, deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), fazer concessões no relatório final. As mudanças feitas pelo parlamentar destravaram um impasse entre o agronegócio e o setor de energia provocado pela discussão sobre o aumento da mistura de biodiesel no óleo diesel. Os deputados rejeitaram todos os destaques (tentativas de mudança no texto principal), e o texto agora vai para análise do Senado. A proposta faz parte da chamada eldquo;agenda verdeerdquo; abraçada pelo Legislativo com o objetivo de tornar o País mais sustentável do ponto de vista ambiental e ampliar as fontes renováveis de energia. O texto prevê uma série de iniciativas para fazer com que o Brasil reduza a emissão de carbono e, dessa forma, cumpra metas internacionais, como as que estão previstas no Acordo de Paris. eldquo;Eu não tenho dúvida que é um projeto estratégico para o nosso País, para que o Brasil consolide sua vocação agro e aprofunde sua conquista de ter uma matriz energética limpa, renovável, sem paralelos no mundo. E aprofundar também a matriz de biocombustíveiserdquo;, disse Jardim, no plenário. eldquo;Biocombustíveis rima, sim, com sustentabilidade, significa emprego, investimento, renda, combater as desigualdades, criar mais oportunidadeserdquo;, emendou. O deputado Alceu Moreira (MDB-RS), presidente da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio) e autor da medida que aumenta a mistura também comemorou a aprovação. eldquo;O biodiesel é mais que um combustível. É um instrumento de formação de preços pois amplia a produção de proteína animal a partir da maior oferta de farelo de soja e agrega mais valor às exportações brasileiraserdquo;, disse ao Estadão/Broadcast. Um dos principais pontos de divergência era o aumento gradual da mistura de biodiesel no óleo diesel, que chegaria a 20% em 2030, com adição de um ponto porcentual ao ano, de acordo com o primeiro relatório. Hoje, esse porcentual está em 14%. Pelo novo parecer, aprovado na Câmara, a escala não será automática e funcionará como uma meta, com um piso de 13% e um teto de 25%. O objetivo do aumento da mistura de biodiesel no óleo diesel é tornar o uso de combustível cada vez menos poluente, mas críticos da medida disseram que uma escala rígida demais poderia causar problemas. No novo texto, Arnaldo Jardim previu que a mistura do biodiesel pode ser superior a 15%, eldquo;desde que constatada sua viabilidade técnicaerdquo;. Essa ponderação também era uma demanda do setor energético, com a justificativa de que seria necessária a previsão de testes técnicos para evitar que a mudança danifique motores de veículos. Distribuidoras de combustível afirmaram que, caso a mudança ocorresse sem a devida testagem e resultasse em danos nos motores, poderia haver perda de eficiência energética dos veículos usados para transporte de mercadorias, além de custos excessivos com reposição de peças e manutenção. Também disseram que esse cenário poderia aumentar o preço do combustível para o consumidor final. O novo parecer também deu mais poder ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), ligado ao Ministério de Minas e Energia, sobre a mistura do biodiesel no óleo diesel. O novo texto diz que o CNPE eldquo;avaliará a viabilidade das metas e fixará o porcentual obrigatório de adição de biodiesel, em volume, ao óleo comercializado em todo o território nacional entre os limites de 13% e 25%erdquo;. Pelo relatório anterior, o conselho poderia reduzir ou aumentar os porcentuais em apenas dois pontos. Críticos da rigidez da escala argumentaram também que o preço para o consumidor final poderia subir muito caso o biodiesel ficasse mais caro devido a uma quebra de safra, por exemplo - no Brasil a produção do biodiesel é principalmente a partir da soja. Nesse caso, seria necessário uma flexibilidade maior no porcentual da mistura. O colegiado, presidido pelo ministro de Minas e Energia e formado por outros 15 ministérios, é convocado e pautado pelo Executivo. O setor energético via com preocupação o que era considerado uma perda de poder do CNPE para eventuais reduções do porcentual da mistura de biodiesel. eldquo;Preferimos dar uma flexibilidade maior para o CNPE. Quando olhamos, tem um risco de ter quebra de safra e aí tem problema de desabastecimento. Por exemplo, se você tem um problema de produção do etanol, eu tenho um substituto ali claro que é a gasolina. No biodiesel, se estabelecendo essa mistura obrigatória e eu tenho uma produção insuficiente, eu não tenho combustível alternativo para o qual eu possa migrarerdquo;, disse, em entrevista ao Broadcast, o responsável pelo Plano de Transformação Ecológica (PTE) do Ministério da Fazenda, Rafael Dubeux, escolhido para integrar o conselho da Petrobras. O impasse, agora destravado, gerou uma disputa prematura pela relatoria no Senado. O presidente da Frente Parlamentar de Energia, o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), iniciou uma articulação para ser o relator. O agro reagiu e passou a trabalhar para que o relator fosse outro: o senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO). Isso porque a frente liderada por Vital do Rêgo foi criada no Congresso por Jean Paul Prates, atual presidente da Petrobras. Integrantes do setor de biodiesel avaliam que a Petrobras resiste ao aumento da mistura de biodiesel pela possibilidade de perda de mercado no óleo diesel, do qual a estatal é líder na produção nacional. A escala gradual é uma das principais e mais antigas demandas do setor do biodiesel, desde os produtores de soja, processadores até fabricantes do biocombustível. Industriais alegam que um cronograma de mistura previsto em lei confere previsibilidade para os investimentos em ampliação da capacidade fabril. A medida é vista como necessária após a mistura ter sido reduzida frequentemente durante o governo Bolsonaro e a indústria registrar ociosidade de quase 50%. O projeto de lei do eldquo;Combustível do Futuroerdquo; também cria os programas de combustível sustentável de aviação, diesel verde e biometano, além do marco legal de captura e estocagem geológica de dióxido de carbono. O governo chegou a enviar à Câmara uma proposta própria, mas esse texto foi unido a outros que já tramitavam na Casa. Biometano O relator também atendeu o pedido do governo federal e retirou do parecer o trecho que estabelecia um prazo, até 2034, para atingir o patamar de 10% de mistura do biometano no gás natural. O texto final apenas determina que CNPE definirá, a cada ano, a quantidade anual mínima do gás, até alcançar o limite de 10%. eldquo;Retiramos prazo para atingir a meta de 10%, porque houve ponderações de parte do governo que teria risco de você não conseguir oferta e de que não haveria garantia de que todos os projetos seriam implantadoserdquo;, explicou Jardim. O projeto aprovado determina ainda que o mandato de biometano no gás natural comercializado entrará em vigor no dia 1º de janeiro de 2026, com patamar inicial de 1%. Na nova versão, no entanto, o relator abriu a possibilidade de que, se comprovada falta de oferta no mercado ou elevado custo, o CNPE poderá, excepcionalmente, flexibilizar essa meta. eldquo;O CNPE poderá estabelecer, excepcionalmente, valor de redução de emissões de gases de efeito estufa menor que 1% (um por cento) desde que justificado pelas condições de mercado ou quando o volume de produção de biometano impossibilitar o cumprimento da meta, devendo restabelecer esse valor após a normalização das condições que motivaram a sua alteraçãoerdquo;, diz o texto. A obrigação da mistura será comprovada pela compra ou utilização de biometano no ano ou pelo registro anual da aquisição de Certificado de Garantia de Origem de Biometano (CGOB). O certificado, segundo o relator, atende as disparidades regionais quanto ao acesso ao produto. eldquo;Você pode ter ofertas com volumes distintos (de biometano) em regiões do País, aí tem que ter instrumento em que, não tendo disponibilidade, o certificado permite flexibilidadeerdquo;, disse. A pedido do Ministério da Fazenda, o relator também retirou a discussão tributária do parecer final. Na primeira versão havia a determinação da não incidência PIS/Cofins, por exemplo, nas negociações do CGOB em mercados organizados, inclusive em leilões. eldquo;Uma nota técnica da Fazenda justifica que não haverá incidência de PIS/COFINS, então retiramos a menção ali sob não incidência, porque já não haverá incidência. E negociamos com a Fazenda que haverá incidência tributária sobre a receita auferida de 34%erdquo;, disse Jardim.

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Novo presidente da CME defende exploração de petróleo na Foz do Amazonas

Eleito presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (13/3), o deputado Júnior Ferrari (PSD-PA) defendeu a exploração de petróleo e gás natural na Foz do Amazonas em conversa com jornalistas após assumir o cargo. A Mesa da CME será composta também por Hugo Leal (PSD-RJ) (1º vice-presidente), Samuel Viana (Republicanos-MG) (2º vice-presidente) e Carlos Veras (PT-PE) (3º vice-presidente). eldquo;Eu sou a favor da exploração da Foz, do petróleo, porque é a nossa realidade, é a nossa riqueza.E quem está por trás desse estudo? É a Petrobras, uma das maiores empresas do mundo, que tem experiência e já faz isso em alto mar, e consegue fazer na Foz do Amazonas, com certeza com segurança, preservando a questão ambiental, e o que vai gerar de empregos, de oportunidade e recursos para os municípios, para os estados, para a Uniãoerdquo;, disse. Audiência com Ibama e MMA Ferrari é advogado e está em seu segundo mandato consecutivo na Câmara, após quatro mandatos como deputado estadual no Pará. Integra a Frente Parlamentar em apoio ao Petróleo, Gás e Energia, criada em 2023. Em agosto passado, foi autor de um requerimento convocando a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, para explicar os motivos de o órgão ambiental não liberar a licença para a Petrobras perfurar na Foz eldquo;Nós defendemos com muita veemência, com muita firmeza a exploração do petróleo na foz do Amazonas como uma forma de desenvolvimento econômico na nossa regiãoerdquo;, disse o deputado durante audiência com a ministra e o chefe do Ibama. O 1º vice-presidente da CME Hugo Leal também é secretário de Óleo, Gás, Energia e Indústria Naval do Rio de Janeiro. Tem histórico de atuação em pautas do setor de energia, especialmente petróleo, gás natural e indústria naval.

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Urca Energia espera expandir fornecimento de biometano para clientes em outros estados

Com contratos de fornecimento de biometano para grandes multinacionais no Brasil, como Ambev, Saint Gobain e Lersquo;Oreal, nas operações dessas empresas no Rio de Janeiro e São Paulo, o Grupo Urca Energia endash; que controla a Gás Verde endash; vê oportunidades para atender esses mesmos clientes em outros estados. eldquo;Ambev, L elsquo;Oreal, Saint Gobain, todos eles estão endereçando esse tema com a gente, em uma estratégia nacional. Hoje, estamos em sete estados e eles estão insistindo para avançarmos em parceria com eles, para expandir essa solução para todos os estados onde estamoserdquo;, disse Maurício Carvalho, diretor executivo da companhia, durante conversa com jornalistas nesta terça (12/3). A companhia, além da Gás Verde, controla a Eva Energia, Urca Trading e Urca Gás, e atua no Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Maranhão, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso. Segundo Carvalho, apesar de não haver planos concretos de internacionalização da Gás Verde, as empresas parceiras também têm demonstrado interesse em replicar o uso do biometano para descarbonizar suas atividades nas suas instalações fora do Brasil. eldquo;Já identificamos a oportunidade, mas não engajamos, porque antes de conquistar o mundo, temos que conquistar o Brasil primeiroerdquo;, pontuou o executivo. eldquo;Inclusive, em várias ocasiões, eles estão pedindo para expandir internacionalmente com eles, ir para países onde eles estão, onde estão com dificuldade de solução, nos procurando para internacionalizar a nossa empresaerdquo;, completou. Tayane Vieira, head de Negócios ESG da Urca Energia, explica que essas companhias enfrentam dificuldades em reduzir suas emissões de carbono no exterior, e buscam por soluções mais rápidas que permitam que elas alcancem seus objetivos de emissões líquidas zero. eldquo;As metas de descarbonização dessas multinacionais são globais e estão cada vez mais próximas. Algumas empresas têm diminuído de 2040 para 2030, por exemplo. Tem uma corrida por soluções fáceis e efetivas para atender essas metas a tempoerdquo;, explica Tayane. Projetos pelo Brasil Carvalho conta que atualmente a Urca está desenvolvendo 16 projetos, entre instalações para clientes e novas plantas pelo país. Entre os já concluídos está o da Ambev, que conseguiu reduzir em quase 90% suas emissões na fábrica de Cachoeiras de Macacu (RJ), com a adoção do biometano pela Gás Verde. Já o grupo de construção Saint-Gobain espera reduzir as emissões de CO2 em 870 toneladas por ano com a substituição do consumo de combustíveis fósseis por biometano em processos produtivos e frotas leves e pesadas, na planta da Quartzolit em Queimados (RJ). A empresa tem meta de neutralidade climática até 2050 e firmou ainda um Memorando de Entendimento (MoU) com a Gás Verde, visando a ampliação da distribuição de biometano para mais unidades do grupo. A próxima planta prevista é a Saint-Gobain Canalização em Barra Mansa (RJ). A Gás Verde também possui contrato de fornecimento de 3,6 milhões de m3 (cerca de 10 mil m3/dia) de biometano, para abastecer 100% da frota dedicada do Grupo Lersquo;Oréal, em substituição do gás natural veicular (GNV). O abastecimento ocorrerá no centro de distribuição da companhia de cosméticos, em Jarinu (SP) A Lersquo;Oréal tem a meta de reduzir em 94% as emissões de gases de efeito estufa (GEE) na operação dedicada, em comparação a 2021. A companhia pretende cortar em 50% as emissões totais de CO2 até 2030 no transporte, ante 2016. Além do biometano, a Urca Energia aposta na produção de gás carbônico (CO2) verde, a partir de biometano proveniente de resíduos orgânicos de um aterro sanitário em Seropédica, no Rio de Janeiro. Com investimento esperado de R$ 45 milhões, a usina faz parte da alocação de R$ 1,2 bilhão na Gás Verde. eldquo;É uma produção também que pode ser usada na indústria alimentícia. Estamos construindo a primeira planta de CO2 verde a partir do resíduo do sódio urbano no Brasil. Estamos fazendo a planta e acreditamos que no início do ano que vem vai estar operandoerdquo;, explica Carvalho. Para o futuro, o executivo não descarta a possibilidade de utilização do CO2 verde para produção de combustível sustentável de aviação (SAF). eldquo;Ainda não estamos focados no SAF, mas será uma próxima fronteira para a gente, sem dúvida nenhumaerdquo;. Descarbonização do transporte Tayane defende que o biometano deve ser entendido como alternativa na substituição do diesel em veículos pesados, como forma do Brasil cumprir suas metas de redução de emissões, em linha com o Acordo de Paris. eldquo;Nosso consumo de diesel no país hoje, de 57 bilhões de litros, é um consumo muito relevante, se não endereçarmos pelo menos uma parte disso, vai ser muito difícil atingirmos a meta que é atingir o 1 ,5°Cerdquo;. Segundo ela, há um potencial gigantesco de produção de biometano a partir de resíduos sólidos urbanos que hoje somam mais de 30 milhões de toneladas por ano dispostos de forma inadequada. eldquo;Tem um potencial aqui de 3 mil lixões a céu aberto, que emitem mais de 27 milhões de toneladas de CO2 equivalentes na atmosfera por ano. Então, é uma janela de oportunidade muito grandeerdquo;. Mauricio Carvalho também chama atenção para a questão da dependência da importação no caso do diesel. eldquo;Temos que focar na substituição do diesel pelo biometano. Hoje, o Brasil é dependente da importação do diesel. Não tem nenhum ângulo que a gente olhe que não seja vantajoso pegar o lixo e transformar em combustívelerdquo;. Na avaliação do executivo, a eletrificação dos transportes leves e pesados endash; como vem ocorrendo em vários países do mundo endash; não é adequada à realidade brasileira, que possui uma vocação natural para o etanol e biometano, como formas de descarbonização. eldquo;Determinados países vão ter mais vocação para o elétrico, mas acreditamos que no Brasil não é. A solução do elétrico, no Brasil, na nossa opinião, está restrita a grandes cidades e a uma determinada faixa da populaçãoerdquo; Na visão do executivo, a descarbonização da frota brasileira passa pelo etanol para os veículos leves e biometano e gás natural fóssil para os pesados.

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Petróleo sobe 2% com ataque a refinarias russas; junior oils sobem, mas Petrobras cai

O petróleo se valorizou mais de 2% nesta quarta-feira (13), apoiado por perspectiva de aperto à oferta, após ataques a refinarias russas e baixa inesperada nos estoques norte-americanos. O dólar enfraquecido no exterior também colaborou para o impulso da commodity. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para abril fechou em alta de 2,78% (US$ 2,16), a US$ 79,72 o barril, enquanto o Brent para maio subiu 2,57% (US$ 2,11), a US$ 84,03 o barril. Os ativos das empresas juniores de petróleo, dessa forma, fecharam com ganhos na B3, enquanto Petrobras (PETR3;PETR4) registrou uma sessão de queda, com investidores ainda de olho no noticiário político conturbado para a estatal. PetroReconcavo (RECV3, R$ 22,50, +1,35%), PRIO (PRIO3, R$ 48,92, +2,99%) e 3R Petroleum (RRRP3, R$ 29,66, +0,88%) tiveram alta. Já PETR3 caiu 0,99% (R$ 37), enquanto PETR4 teve baixa de 1,20% (R$ 36,38). O mercado foi surpreendido mais cedo pelas notícias sobre múltiplos ataques de drones ucranianos a refinarias da Rússia. A imprensa reportou que a refinaria de Novoshakhtinsky retomou suas operações ainda nesta quarta, mas a atualização não foi suficiente para deter o avanço dos preços. Além disso, o governo norte-americano informou que os estoques de petróleo no país caíram em 1,5 milhão de barris na semana, contrariando a previsão de analistas de estabilidade nos números. Os inventários de gasolina também recuaram bem mais que o esperado. eldquo;Por mostrar o cenário doméstico do balanço de petróleo dos Estados Unidos, esse relatório tende a influenciar os preços. Mas hoje ele teve um impacto maior nas cotações por trazer uma surpresa para o mercadoerdquo;, comentou a analista Isabela Garcia, da StoneX. A queda nos estoques reflete eldquo;principalmente a recuperação do consumo interno e uma queda mais forte das importações, mas também o recuo da produção, que passou de 13,2 milhões para 13,1 milhões de barris de petróleo por diaerdquo;, destacou ela. Em meio à alta desta quarta, o TD Securities disse a investidores que está realizando lucros nas suas posições compradas do petróleo Brent. O motivo é que o banco prevê que o suporte dos riscos à oferta e das restrições de produção pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) não será suficiente para apoiar preços por muito mais tempo. eldquo;Tensões no Oriente Médio tendem a ter impacto limitado, enquanto os cortes da Opep só fornecerão apoio pelo tempo que continuarem em vigorerdquo;, comentou em relatório. eldquo;Optamos por realizar lucros cedo.erdquo; (com Estadão Conteúdo)

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Petrobras quer transição energética, mas vai até a última gota de petróleo, diz Prates

Através da janela de seu escritório, Jean Paul Prates, presidente da estatal de petróleo do Brasil, observava a paisagem desordenada do Rio de Janeiro. Olhando de volta para ele, através dos prédios decadentes da cidade, estava a imponente estátua do Cristo Redentor. Sua empresa, a Petrobras, está planejando um aumento tão rápido na produção de petróleo que poderá se tornar a terceira maior produtora do mundo até 2030, uma transformação que ele acredita que poderá desempenhar um papel na redução da pobreza que aparece na paisagem. Isso mesmo enquanto seu país se posiciona como líder na luta contra as mudanças climáticas, que são impulsionadas pela queima de petróleo e outros combustíveis fósseis. Prates disse ao New York Times que fala com Lula a cada duas semanas e o está pressionando para entender que uma transição dos combustíveis fósseis precisa ser "sábia e lenta". "Não lenta porque não queremos fazer a transição, mas lenta porque precisamos corresponder às expectativas do mercado para o petróleo, gás e seus derivados", disse. "A Petrobras irá até a última gota de petróleo, assim como a Arábia Saudita ou os Emirados farão o mesmo." A Petrobras já produz aproximadamente a mesma quantidade de petróleo bruto por ano que a americana ExxonMobil, de acordo com a Rystad Energy, empresa de pesquisa de mercado. Nos próximos anos, projeta-se que ela ultrapasse as estatais de petróleo da China, Rússia e Kuwait até 2030, deixando apenas a Arábia Saudita e o Irã na frente. É um enorme dilema para o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que se autoproclamou o principal líder mundial em questões climáticas. Lula mudou de ideia nos últimos anos e passou a acreditar que as mudanças climáticas são um grande impulsionador da pobreza e desigualdade, as quais ele passou sua carreira política de décadas prometendo erradicar. Desde que foi eleito, em 2022, Lula reduziu drasticamente o desmatamento na Amazônia e supervisionou uma expansão significativa de energia renovável. Mas ele também presidirá o boom do petróleo da Petrobras e um período de cada vez maior de importação de gás, ambos facilitando a crescente demanda do Brasil por voos baratos, alimentação mais rica e casas com ar-condicionado. Presidente da Petrobras, Jean Paul Prates disse ser nada mais justo, embora contraditório. "Não desistiremos dessa prerrogativa", disse ele, "porque os outros também não estão fazendo seus próprios sacrifícios." É um argumento que atormenta os esforços globais para reduzir a dependência de combustíveis fósseis. Países industrializados como os Estados Unidos, que se tornaram superpotências econômicas emitindo grandes quantidades de gases de efeito estufa, ainda são os maiores produtores e consumidores per capita de combustíveis fósseis do mundo. E, se eles não pararem, por que o Brasil deveria? Ana Toni, principal conselheira de Lula sobre mudanças climáticas e diretora de longa data de várias organizações sem fins lucrativos, disse que, idealmente, a Petrobras estaria reduzindo a produção de petróleo e investindo mais em energias renováveis, se transformando em um novo tipo de empresa. Mas ela ecoou a afirmação de Prates e disse que até que o mundo inteiro se mova junto, com os mais ricos liderando o caminho, os países em desenvolvimento relutarão em fazer seus próprios sacrifícios. Essa tensão tem dominado anos de negociações climáticas e mais uma vez estará no centro das atenções na cúpula patrocinada pela ONU que será realizada em novembro no Azerbaijão. Lá, negociadores de quase todas os países esperam abordar a espinhosa questão de como os países mais ricos podem canalizar mais dinheiro para os mais pobres para ajudá-los a adotar fontes de energia mais limpas e se adaptar aos efeitos das mudanças climáticas. Após o Azerbaijão, o próximo país anfitrião da cúpula climática da ONU será o Brasil. A cúpula será em Belém, uma cidade na beira da Amazônia, perto de um local onde a Petrobras havia proposto explorar petróleo. Mas, em um dos raros momentos em que o governo brasileiro restringiu a indústria do petróleo, a ideia foi bloqueada. Prates disse que a Petrobras está recorrendo da decisão. Enquanto isso, a Petrobras planeja gastar mais de US$ 7 bilhões nos próximos cinco anos na exploração de potenciais locais de perfuração offshore na costa do Brasil para aumentar sua produção já crescente. Assim como outras empresas de petróleo e gás, a Petrobras projeta que a demanda por seus produtos permanecerá teimosamente alta. Consequentemente, a empresa opera com um conjunto de pressupostos diferentes daqueles da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) e outros que afirmam que a demanda por petróleo já atingiu um pico ou está prestes a atingi-lo. Isso deixa países como o Brasil em uma espécie de área cinzenta faz-tudo, disse Mercedes Bustamante, professora e ecologista da Universidade de Brasília e membro do Grupo Consultivo sobre a Crise Climática. O Brasil está expandindo tanto as energias renováveis quanto os combustíveis fósseis. O país recentemente se juntou à Opep, o cartel global de petróleo, como observador, mesmo que no ano que vem vá sediar as negociações climáticas globais da ONU. Essa dinâmica também se reflete nas florestas, disse Bustamante. O desmatamento na Amazônia foi reduzido no total, mas está aumentando no Cerrado. "Ter esses dois lados é parte do DNA da política do Brasil", disse Oliver Stuenkel, professor de relações internacionais da FGV (Fundação Getulio Vargas). "Seremos uma superpotência verde, sim, mas não vamos correr riscos desnecessários. Isso significa se preparar para um mundo em que o petróleo terá um papel importante por um longo tempo e a transição levará mais tempo do que o esperado." (The New York Times)

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