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Petrobras: Sócio privado pede reunião de emergência para eleger presidente interino do Conselho

O advogado Francisco Petros, representante dos acionistas minoritários no Conselho de Administração da Petrobras, pediu uma reunião de emergência para eleger um presidente interino do colegiado. Ele nega ter interesse do cargo, como relataram fontes da estatal. Indicado pelo ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia), Pietro Mendes foi afastado pela Justiça da presidência do Conselho de Administração da Petrobras por suposto conflito de interesse, já que também é secretário nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia. O governo vai recorrer da decisão. eldquo;Ontem à noite, por volta das 10 horas da noite, tomamos conhecimento das notícias do afastamento do presidente do Conselho de Administração. Naquele momento, e tão somente naquele momento, tomei a iniciativa de propor uma reunião para substituição interina da presidência do Conselho, porque julgo essa função extremamente importante para a companhia, sobretudo no momento em que ela estáerdquo;, confirmou Francisco Petros à Coluna do Estadão, após a publicação da notícia. De acordo com Petros, os conselheiros preferiram esperar até a reunião do Conselho de Administração do dia 19 para eleger um novo presidente do colegiado. eldquo;Se perdurar esta liminar da Justiça suspendendo o mandato do presidente do Conselho. Nesse sentido, não propus mais nada em relação ao tema. Não me envolvi em qualquer outra discussãoerdquo;, acrescentou o conselheiro, negando que esteja articulando a presidência do Conselho. O estatuto social da Petrobras diz no Artigo 18, §2º: eldquo;No caso de vacância no cargo de Presidente do Conselho, o substituto será eleito na primeira reunião ordinária do Conselho de Administração até a próxima Assembleia Geral. A articulação pelo Conselho de Administração da Petrobras vem poucos dias após o presidente da estatal, Jean Paul Prates, ter balançado no cargo após divergências com Alexandre Silveira sobre a distribuição de dividendos. Apesar de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter orientado pela retenção dos dividendos, como estratégia para aumentar a capacidade de financiamento da empresa e viabilizar o plano de investimentos, Prates se absteve na votação sobre o tema e irritou a ala política da Esplanada.

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Gasolina mais cara, juros e fuga de capital: os impactos econômicos do ataque do Irã a Israel

Diante dos ataques do Irã a Israel e a escalada de tensão no Oriente Médio, realizados neste sábado, 14, o mercado internacional começa a se movimentar para precificar os impactos econômicos do impasse geopolítico, o que pode trazer possíveis prejuízos para a economia brasileira, conforme avaliam os especialistas ouvidos pelo Estadão. Para analistas do mercado financeiro e economistas, o recente ataque iraniano pode trazer novas pressões inflacionárias a setores como o de petróleo, atrasar o ritmo de queda dos juros nos Estados Unidos e até impactar a trajetória de queda da Selic no Brasil. O economista Armando Castelar, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), lembra que o incidente entre os dois países já era algo aventado pelo mercado, o que impactou diretamente o preço do barril de petróleo e também no aumento à aversão ao risco por parte do investidor internacional. Ele explica que a situação afeta diretamente as economias emergentes, como no caso do Brasil, uma vez que os investimentos estrangeiros acabam migrando para ativos de maior segurança, como os títulos de divida norte-americana. O especialista comenta que a expectativa é de que sem novos ataques e com o arrefecer da tensão entre as duas nações, a pressão inflacionária vista nos últimos dias tende a cair no curto prazo. eldquo;A experiência sugere que se a tensão for controlada, essa pressão deve ser controlada, deva ser um efeito transitório, como já aconteceu no passado recenteerdquo;, avalia. Ainda segundo pondera Castelar, o ambiente externo incerto é mais um ingrediente para que o Banco Central Brasileiro seja cauteloso nas futuras reduções da Selic no País. Tensão no Oriente Médio Assim como o pesquisador da FGV Ibre, o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, também acredita que o cenário de tensão no Oriente Médio após os ataques do Irã a Israel neste fim de semana pode levar a uma redução no ritmo de cortes da taxa Selic. De acordo com ele, a escalada dos conflitos na região tem impacto direto sobre os preços do petróleo, o que gera mais pressões inflacionárias nos Estados Unidos e pode atrasar ainda mais a queda dos juros americanos, com impactos sobre as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom). eldquo;Se junta o cenário americano com este cenário novo, recente, da guerra do Oriente Médio, está montado o discurso para talvez o Banco Central desacelerar a queda de juros depois da próxima reuniãoerdquo;, afirmou. Segundo Vale, abre-se a possibilidade de o Copom cortar os juros em 0,5% ponto porcentual na reunião de 8 de maio, mas sinalizar uma redução do ritmo de cortes para 0,25% a partir da reunião de junho. A Selic atualmente está em 10,75% ao ano. O economista destaca que a inflação americana tem caído de forma lenta mesmo com o aperto monetário por parte do Federal Reserve (o Banco Central americano). Exemplo disso foi a inflação ao consumidor nos EUA em março, que veio acima do esperado e fez o mercado apostar que os cortes dos juros americanos só devem acontecer no final deste ano. De olho no impasse Matheus Spiess, economista da Empiricus Research, pondera que é necessário acompanhar o desenrolar do impasse ente os dois países, que já acontecia há alguns meses, desde outubro de 2023. eldquo;Ainda há muito ruído. Precisamos ter sobriedade e serenidade para avaliar o que aconteceerdquo;, afirma. Ele acredita que o mercado ainda precisará acompanhar se a tensão deve escalonar para uma possível guerra, o que no curto prazo não é o que vem se desenhando. Contudo, Spiess pondera que, caso a tensão volte a escalonar, uma guerra entre as duas nações poderia impactar diretamente na tentativa de reeleição de Joe Biden à Casa Branca, nos Estados Unidos, o que abria caminho para um segundo mandato de Donald Trump e traria novos impactos econômicos na economia global. eldquo;Nós teríamos desdobramentos de política econômica para os próximos anoserdquo;, diz. Fuga do capital Na avaliação do economista da Gauss Capital, Darwin Dib, com o ataque do Irã a Israel, a aversão ao risco acaba sendo precificada pelo mercado global, que afeta diretamente o custo de captação de dinheiro estrangeiro para países como o Brasil, que dependem da poupança internacional como investimento. Dib destaca que essa situação pode gerar uma fuga de capital do investidor internacional, que deixa o País para buscar ativos vistos como de menor risco, a exemplo dos títulos de dívida dos Estados Unidos e também o ouro. eldquo;Assim, em um situação como essa, um País que precisa de poupança externa, como o Brasil, fica prejudicada, pois o custo desta operação fica mais caraerdquo;, diz. eldquo;O mercado financeiro antecipa muito os eventos, ainda mais neste caso, que foi antecipado pelo próprio Irã.erdquo; Em relação à Selic, no entanto, o especialista acredita que apesar do impacto negativo do ataque iraniano, o incidente não deve alterar o patamar final de Selic e a trajetória de queda dos juros no País. Dib justifica que o mercado de câmbio brasileiro tem reagido bem às pressões internacionais, o que deve dar fôlego ao País em relação aos problemas causados na economia pelo incidente geopolítico. eldquo;A boa notícia, é que o mercado de câmbio brasileiro está muito resilienteerdquo;, afirma. Selic O presidente do Banco Central brasileiro, Roberto Campos Neto, vinha destacando essas incertezas em discursos recentes. eldquo;Eu acho que é mais um elemento em um cenário que estava bastante nebuloso para você ter um Banco Central ainda mais cautelosoerdquo;, afirma Vale, da MB Associados. Para Campos Neto, embora os ataques do Irã a Israel não tenham causado danos ou vítimas e o país persa tenha sinalizado de que não pretende lançar novas ofensivas em um primeiro momento, os preços do petróleo devem subir, dado que os países alinhados ao Irã no conflito têm forte peso na produção mundial da commodity. eldquo;O preço do petróleo provavelmente vai subir, chegar à casa dos US$ 100, e vai ter um peso inflacionário, em especial para a inflação americanaerdquo;, afirmou. Na sexta-feira, 12, o Brent chegou aos US$ 90 ao barril em meio ao temor quanto aos ataques. eldquo;O que aconteceu até agora tem implicações de curto prazo mais graves do que tivemos desde o ano passado.erdquo; Risco geopolítico A consultoria de energia norueguesa Rystad Energy avaliou neste domingo,14, que o ataque do Irã contra Israel aumentou drasticamente o risco geopolítico envolvendo o mercado de petróleo. O órgão destacou que na semana passada os preços da commodity já estavam 10% acima do eldquo;valor justoerdquo;, que considera apenas fatores econômicos e que estaria em US$ 84 o barril. Na sexta, 12, o barril de petróleo Brent encerrou o dia acima dos US$ 90. O índice de Risco Geopolítico desenvolvido pela Rystad Energy já vinha crescendo, alcançando 1,22 na primeira semana de abril. Na segunda semana, encerrada no sábado 13, o indicador chegou a 1,35, o nível mais elevado desde o início de 2024. erdquo;Ao focar apenas nos dias 13 e 14 de abril, até 14h do Reino Unido, o Índice de Risco Geopolítico saltou ainda mais para 1,41eamp;Prime;, diz a consultoria. Uma possível interpretação dos acontecimentos recentes sugere que as ações do Irã foram uma eldquo;retaliação medidaerdquo; contra a ofensiva registrada em Damasco, atribuída a Israel, embora o país não tenha reivindicado o ataque, afirmou a Rystad. A consultoria acrescentou que a representação do país islâmico na Organização das Nações Unidas (ONU) declarou o assunto como encerrado, sinalizando que não haverá mais ações. Conforme destacou a consultoria, há incerteza sobre qual será a resposta das forças de Israel ao passo em que o gabinete de guerra do país está reunido para determinar os próximos passos da nação. eldquo;O resultado mais favorável seria a redução das tensões, com os Estados Unidos desempenhando um papel crucialerdquo;, afirma a consultoria, apontando o envolvimento direto do presidente americano Joe Biden em conjunto com o G7. Ainda assim, é improvável que o prêmio de risco geopolítico caia para os patamares anteriores a 1º de abril sem sinalizações mais consistentes. Na pior hipótese, uma retaliação vigorosa partindo de Israel poderia desencadear a escalada de um conflito sem precedentes, diz a entidade. eldquo;Sob tais circunstâncias, os prêmios geopolíticos aumentariam significativamenteerdquo;, afirma a consultoria, que acrescentou que novas sanções dos EUA ao Irã podem afetar ainda mais os preços do petróleo no mercado global, aumentando as pressões econômicas já existentes.

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Petróleo fecha semana com perdas de até 2% diante de disparada do dólar

Embora afastados das máximas intradiárias, os contratos futuros de petróleo encerraram o pregão desta sexta-feira (12) em alta firme, após um pregão onde as tensões geopolíticas estiveram no centro das atenções dos participantes do mercado. A possibilidade de um ataque do Irã a Israel entrou no radar dos agentes e deu sustentação à alta dos preços da commodity, na medida em que os participantes do mercado correram para fechar apostas antes do fim de semana. Na Intercontinental Exchange (ICE), o petróleo Brent para entrega em junho fechou a sessão em alta de 0,78%, a US$ 90,45 por barril, mas encerrou a semana em queda de 0,79%. Já na New York Mercantile Exchange (Nymex), o WTI para entrega no mesmo mês fechou o dia em alta de 0,75%, a US$ 84,40 por barril, mas anotou queda de 1,97% na semana. A principal perda da commodity nesta semana foi provocada pela divulgação dos dados de inflação ao consumidor de março (medida pelo CPI) nos Estados Unidos. Com números mostrando uma economia bem mais aquecida do que o mercado esperava, o início do ciclo de cortes nos juros americanos foi adiado de junho para setembro, conforme projeções de investidores. Juros americanos altos por mais tempo significam uma renda fixa atrativa nos EUA e fuga global dos ativos de risco, fatores que fortalecem a moeda americana. Por consequência, a disparada do dólar derrubou as negociações de futuros na última quarta-feira. Isso explica por que, apesar das perspectivas melhores com o acirramento de disputas e ataques a refinarias de alguns dos maiores produtores do mundo, o petróleo ainda encerrou a semana com perdas. eldquo;Estamos registrando muitas compras de opções de compra antes do fim de semana, o que está mantendo o suporte para os futuros de petróleoerdquo;, diz Dennis Kissler, analista da BOK Financial, em nota enviada a clientes. eldquo;Considerando que a produção do Irã é estimada em 3 milhões de barris por dia, se uma grande porcentagem desse total for retirada do mercado ou se houver atraso nas entregas, a relação entre oferta e demanda pode ficar apertada rapidamenteerdquo;, alerta. Kissler lembra, ainda, que o Irã ameaça fechar o Estreito de Ormuz, o que adiciona um viés altista para o óleo. Cautela semelhante é adotada pelo estrategista sênior de investimentos da U.S. Bank Asset Management, Rob Haworth, ao avaliar que a possível expansão do conflito em Gaza para incluir as tensões entre Irã e Israel eldquo;poderia aumentar ainda mais o prêmio de risco geopolítico nos preços do petróleoerdquo;. Na visão do profissional, os riscos de ataques iminentes fizeram os investidores adicionarem esses prêmios aos preços da commodity nesta sexta-feira. Embora o Irã continue sob sanções dos EUA, limitando a produção potencial, eldquo;um conflito mais profundo poderia levar a sanções crescentes, talvez limitando ainda mais a produção de petróleo iranianaerdquo;, afirma Haworth. eldquo;A questão principal, caso ocorra um ataque, é a velocidade e a profundidade de quaisquer sanções adicionais e o potencial para limitar ainda mais a produção de petróleo iraniana.erdquo;

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Ataque do Irã deve elevar preço do petróleo e pressionar Petrobras por reajuste

O aumento da tensão no Oriente Médio com o ataque de drones e mísseis feito pelo Irã ao território de Israel na noite deste sábado, pelo horário do Brasil, deve pressionar ainda mais a cotação do preço do barril petróleo no mercado internacional. Segundo especialistas ouvidos pelo GLOBO, a preocupação é o envolvimento direto do Irã na guerra, um dos maiores produtores de petróleo do mundo, com mais de 4,3 milhões de barris de óleo extraídos por dia. Isso pode elevar a pressão para que a Petrobras eleve os preços dos combustíveis no Brasil. O Irã também é um dos integrantes da Opep, cartel formado por países que mais produzem óleo e gás. Para Cleveland Prates, professor de Economia da Fundação Getulio Vargas Law (FGV), a entrada do Irã é um problema a mais e aumentará a especulação em torno do preço do petróleo. Salto de 17% no preço neste ano A expectativa de aumento no preço da commodity ocorre em um momento em que o barril já subiu 17% neste ano, passando de US$ 77 para os atuais US$ 90, segundo dados da Bloomberg. emdash; O preço do petróleo vai subir com a expectativa do que pode acontecer nos próximos dias e se o conflito vai escalonar. O temor é que uma guerra possa afetar a oferta de petróleo, já que o Irã conta com refinarias, por exemplo emdash; disse Prates. Ele lembra que o ritmo de alta da cotação do petróleo vai depender da intensidade do conflito nos próximos dias e qual será na prática o papel dos Estados Unidos. emdash; Os Estados Unidos sabem que, mesmo sendo aliados de Israel, não querem uma pressão sobre o preço do petróleo neste momento, o que pode afetar em cheio a inflação americana. E isso pode ser ruim para as eleições nos EUA emdash; explicou Prates. Sergio Araujo, presidente-executivo da Abicom, associação que reúne os importadores de combustíveis, afirmou que a expectativa é de aumento de preços: emdash; Um conflito entre Israel e Irã pode gerar mais restrições nas movimentações de petróleo e de derivados e isso deve pressionar sim um aumento de preço. Ele afirmou ainda que, com o ataque do Irã e a expectativa de alta nos preços, a defasagem da Petrobras deve aumentar. Na sexta-feira, os preços cobrados pela estatal estavam 19% menores em relação ao praticado no exterior. Dados internos da estatal, segundo fontes, apontam para uma defasagem de 12% na gasolina. No Brasil como um todo, incluindo atores privados, a defasagem da gasolina era calculada em 17% na sexta-feira para a gasolina e 10% para o diesel. emdash; E isso vai elevar a pressão para que a Petrobras faça ajustes no seu preço.

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Importação de diesel russo pelo Brasil dispara mais de 700%, em meio a sanções

Recentemente, navios com milhares de barris de diesel oriundos da Rússia estavam ao longo da costa brasileira, de acordo com dados da Kpler compilados pela Bloomberg. O cenário ajuda a ilustrar uma alta superior a 700% na importação do combustível russo pelo Brasil, que, por sua vez, compra do exterior entre 25% a 30% de tudo que é consumido por aqui. Para especialistas, esse forte aumento ocorre porque a Rússia vem vendendo o diesel R$ 0,22 mais barato (-5,9%) em relação à cotação internacional como forma de conquistar novos mercados, já que, após o início da invasão na Ucrânia, o país perdeu o acesso a tradicionais compradores como Estados Unidos e países da União Europeia. Dados da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) revelam que nos dois primeiros meses deste ano as importações de diesel da Rússia somaram 1,121 milhão de toneladas, volume 830,5% maior que as 120,526 mil toneladas compradas no mesmo período do ano anterior. Em valor, a compra somou US$ 818,730 milhões, uma alta de 734,9% em relação aos US$ 98,060 milhões de janeiro a fevereiro de 2023. Reorganização do mercado O movimento ocorre em um momento ainda de demanda maior por diesel no Brasil. Nos dois primeiros meses deste ano, a importação geral do combustível subiu 7,41% em relação ao mesmo período de 2023. No cenário internacional, o preço do barril de petróleo tipo Brent subiu de US$ 77, no início do ano, para mais de US$ 90 nos últimos dias. Para Sergio Araujo, presidente-executivo da Abicom, que reúne importadores de combustíveis, o diesel russo vem ganhando mercado devido ao preço mais competitivo nos principais portos brasileiros. Segundo ele, o diesel da Rússia passou de quase zero em 2022 para 50% de participação do mercado importador no Brasil, em 2023. Neste ano, o número já subiu para 70%. Por outro lado, a fatia dos EUA caiu de 57% para 24% e, agora, está em 15%. emdash; Hoje, o diesel russo é o mais desejado porque ele é o mais barato no mercado internacional. A tendência é que esse cenário continue por um tempo ainda, pois a guerra está longe de acabar assim como as sanções internacionais emdash; diz Araujo. O apetite dos importadores do Brasil, país que não aderiu aos embargos como os EUA e a União Europeia, é visível no relatório European Waterborne Products da consultoria Wood Mackenzie. Entre janeiro e março deste ano, o principal importador de diesel da Rússia foi a Turquia (32% do total), seguido de Brasil (27%), Marrocos (5%), Gana (5%), Líbia (5%) e Tunísia (4%). Outros 35 países somam menos de 4% das exportações de diesel da Rússia. emdash; Mesmo com embargos, que podem ser sanções ou proibições de importação, o diesel russo está encontrando clientes que não impuseram muitas ou qualquer restrição a sua compra. O aumento desses embargos causou uma reorganização do mercado, com novas rotas logísticas, novos compradores, novos transportadores e novos preços emdash; avalia Rodrigo Jacob, analista de Pesquisa de Downstream da América Latina da Wood Mackenzie. A Rússia lidera com folga a lista de países que mais vendem diesel ao Brasil. Em segundo lugar, estão os EUA, com cerca de um quarto do valor russo vendido entre janeiro e fevereiro, com US$ 197,5 milhões, seguido dos Emirados Árabes Unidos, com US$ 168,3 milhões. Petrobras mantém preços mais baixos Segundo Jacob, da Wood, no meio dessa nova estrutura, os barris de diesel russos encontraram destino no mercado brasileiro, empurrando as exportações de diesel dos EUA em direção à Europa. Atualmente, o principal produto vendido pela Rússia ao exterior é o petróleo bruto, com volume quase oito vezes superior ao dos combustíveis e direcionados a países como China e Índia. emdash; Caso ocorram mudanças nas restrições, forças econômicas provavelmente mudariam a dinâmica de exportações russas, alterando os destinos economicamente mais vantajosos para o diesel russo. Por outro lado, para não perder mercado, a Petrobras também vem mantendo os preços do diesel ainda mais baixos. Segundo a Abicom, a estatal vende hoje a um valor R$ 0,54 menor (-14%) em relação ao exterior. emdash; Apesar de a gente não saber qual é o custo da Petrobras, a empresa poderia estar vendendo o diesel a um preço maior. São mais de cem dias sem movimento de preços emdash; disse Araujo, lembrando que a Petrobras, por ter ações negociadas nos Estados Unidos, não vem comprando o combustível da Rússia, assim como empresas com sede nos EUA e na Europa.

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Governo Lula conta votos no conselho da Petrobras e teme derrota em dividendos

Após ter dois nomes no Conselho de Administração da Petrobras suspensos por decisão judicial, auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contam votos e temem derrota na votação sobre dividendos extras para minoritários, que pleiteiam a distribuição integral. Já ministros da ala política do governo defendem uma fatia menor. Na noite desta quinta-feira, 12, o presidente do comitê, Pietro Sampaio Mendes, foi suspenso por decisão liminar da Justiça Federal de São Paulo, sob a alegação de conflito de interesses. Além de conselheiro da companhia, Mendes é secretário nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis e foi indicado para a função pelo ministro de Ministério de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Quatro dias antes, o mesmo juiz afastou outro conselheiro, o ex-ministro Sergio Rezende, indicado por Lula para o comitê de acionistas da Petrobras. Dessa forma, dos 11 conselheiros, dois estão suspensos, o que elevou, por consequência, o poder de acionistas minoritários no comitê. Dos nove membros restantes, quatro são representantes dos minoritários e quatro próximos ao governo, incluindo o indicado pelos trabalhadores. O presidente da estatal, Jean Paul Prates, completa o conselho. O voto do presidente do conselho é importante porque, em caso de empate, ele desempata (tem voto de minerva). Com a suspensão de Mendes, membros do governo Lula e executivos da Petrobras contam os votos para tentar prever como será o desfecho do pagamento de R$ 43,9 bilhões em dividendos extraordinários. Em março, por uma decisão do governo, tomada no Palácio do Planalto com a anuência de Lula, a maioria do conselho decidiu reter o pagamento. A alegação foi a de que a distribuição poderia colocar em risco o plano de investimentos da petroleira, com o qual o governo conta para gerar empregos e promover o crescimento da economia. Mas investidores tinham a expectativa de receber pela remuneração, uma vez que receberam sinais positivos de Prates. Na reunião do conselho que concluiu pela retenção, Prates se absteve e, em reunião com analistas, afirmou que defendia o pagamento de 50% dos dividendos extras. A posição dele abriu uma crise com Silveira e com o chefe da Casa Civil, Rui Costa, que passaram a defender em público a retenção dos dividendos. O racha levou Prates a uma quase demissão, movimento que perdeu força nos últimos dias, como mostrou o Estadão, mas que não pode estar totalmente descartado, uma vez que Lula ainda não deu a palavra final. Desde então, ministros discutem internamente sobre o pagamento. Segundo relatos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defende o pagamento de 50%. Já Silveira e Costa falam em um porcentual menor, com teto de 30%. Já conselheiros privados sustentam que é possível distribuir 100%, uma vez que há um acúmulo de caixa da companhia, que segue crescente apesar de a Petrobras praticar preços no Brasil abaixo das cotações internacionais dos combustíveis. Mas caso a proposta não prevaleça, tentarão pelo menos emplacar uma distribuição de 50%. Com a perda de dois membros no conselho, auxiliares de Lula temem que prevaleça a visão dos representantes dos sócios privados com o apoio de Prates. Desde o episódio da abstenção, o presidente da companhia vem sendo classificado como eldquo;do lado do mercadoerdquo; pelos colegas em Brasília. Mesmo os conselheiros do lado privado creem que o voto de Prates é eldquo;imprevisívelerdquo;. Na manhã desta sexta-feira, 12, membros do governo avaliavam se seria o caso de o governo tentar nomear às pressas novos conselheiros ou retirar de pauta o tema dos dividendos da próxima reunião, marcada para o dia 19. A Advocacia-Geral da União também foi acionada para tentar restabelecer, com urgência, o mandato de Mendes no conselho. O estatuto da Petrobras afirma que, no caso de vacância do presidente, o substituto será eleito pelos demais conselheiros na primeira reunião ordinária, prevista para o dia 19. Ainda que o tema não entre na pauta do conselho, representantes de acionistas privados desejam resolver a questão na assembleia geral, prevista para o dia 25.

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