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No G20, Lula defende discussão abrangente sobre combustíveis fósseis

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, neste domingo (23), que o caminho pra o fim do uso dos combustíveis fósseis não deve ser com a imposição de uma data, mas com uma discussão abrangente com os diversos setores interessados. O tema foi debatido durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), encerrada neste final de semana, em Belém (PA), sob condução do Brasil. Lula concedeu entrevista à imprensa em Joanesburgo, na África do Sul, onde participou da Cúpula de Líderes do G20 endash; grupos das maiores economias do mundo. O Acordo de Belém, texto final da COP30, pede aumento dos investimentos em adaptação às mudanças do clima, mas omite qualquer menção aos combustíveis fósseis, como petróleo e carvão mineral, os principais responsáveis pelas emissões dos gases que causam o aumento da temperatura do planeta. eldquo;Quando nós introduzimos a discussão sobre o Mapa do Caminho, nós sabíamos que era um tema polêmico, afinal de contas, o Brasil é um produtor de petróleo, nós estamos tirando 5 milhões de barris por dia, não é pouca coisaerdquo;, disse Lula, ao destacar que mesmo em território nacional, muita gente seria contra o fim do uso dos combustíveis fósseis. eldquo;É uma discussão que tem que envolver especialistas, envolver as empresas de petróleo para que você comece a vislumbrar os passos que você tem que dar até chegar a extinguir o uso de combustível fóssil. Até porque o petróleo não é só para gasolina e para diesel, pode ser para o petroquímico, vai continuar tendo a sua importância. Eu sabia que era difícil. Eu nunca imaginei que a Arábia Saudita fosse concordar com issoerdquo;, explicou. O governo brasileiro insistiu na aprovação de um texto que abordasse alguma proposta de cronograma de implementação dessa transição energética, mas o debate foi vencido com o entendimento de que a questão poderia ser deixada de fora do acordo e incluída em um texto paralelo apresentado pelo Brasil, anfitrião da COP30. eldquo;Foi muito difícil mudar. E nós mudamos de posição porque a gente era o país sede, a gente queria construir um documento únicoerdquo;, disse Lula sobre as negociações que atravessaram as madrugadas. eldquo;Aprovou-se um documento único e o multilateralismo saiu vitorioso na COP 30erdquo;, comemorou. No Brasil, o presidente defende que os recursos obtidos a partir do petróleo devem ser investidos na transição energética. Ele destacou que o Brasil já está eldquo;melhor do que qualquer outro paíserdquo;, por exemplo, com a introdução de biodiesel na gasolina e no diesel. eldquo;Então, o Brasil já tá dando uma lição de que é possível você diminuir o uso de combustível fóssilerdquo;, disse. eldquo;O que nós quisemos e conseguimos foi começar um debate sobre uma coisa que todo mundo sabe que vai ter que acontecer. Veja, se é verdade que os combustíveis fósseis são responsáveis por mais de 80% da emissão de gás de efeito estufa, é verdade que nós precisamos dar uma solução nissoerdquo;, disse, reafirmando que a COP30 em Belém foi eldquo;um sucesso extraordinárioerdquo;. Ausência de Trump Já sobre o G20, o presidente Lula minimizou a ausência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Cúpula de Líderes do G20. eldquo;Nós existimos mesmo quando ele não participa de uma reuniãoerdquo;, disse em referência aos demais membros do bloco e lembrando que Trump já se afastou de outras instâncias internacionais, como a Unesco e a Organização Mundial do Comércio. eldquo;O presidente Trump tem dado demonstrações [...], ele está tentando fazer uma pregação prática do fim do multilateralismo, tentando fortalecer o unilateralismo. Eu acho que vai vencer o multilateralismo, porque todo mundo aqui sabe que juntos nós seremos muito mais forte, muito mais competente e temos mais facilidade de resolver o problema do mundoerdquo;, disse Lula. Para o líder brasileiro, o G20, hoje, é o grande fórum de decisões multilaterais e tem a respeitabilidade de toda a economia. Mas, pra isso, segundo ele, as decisões precisam ser colocadas em prática. eldquo;Qual é a minha inquietação com o G20? É que nós precisamos começar a tomar decisões para que alguma coisa seja colocada em prática até o próximo fórum, porque senão vai dar um vazio e as pessoas vão ficando desestimuladas. Então, o que nós precisamos é colocar em prática as coisas que nós decidimos e isso eu acho que ficou claro para todo mundo com o documento assinado em Joanesburgoerdquo;, disse. O principal documento do G20 é a declaração de líderes, que foi negociada pelos representantes dos países nos dias que antecederam a cúpula. Alguns países estavam se opondo à aprovação de uma declaração, em função da ausência dos Estados Unidos, que não enviou nem representante. eldquo;A reunião acontece mesmo sem ter um presidente. Obviamente que, pelo fato dos Estados Unidos não estar presente, ele não participou da elaboração e da votação da declaração. Mas os 19 países que aí estavam votaram por unanimidade a aprovação do documentoerdquo;, disse Lula. eldquo;Os Estados Unidos não perdem o seu significado por não ter vindo. Os Estados Unidos continuam sendo a maior economia do mundo, o país mais importanteerdquo;, acrescentou, lembrando que, em 2026, a presidência dos G20 está com os estadunidenses e a Cúpula de Líderes deve ser realizada em Miami. O G20 é o principal órgão para cooperação econômica internacional, criado em 1999 após a crise financeira asiática. Em 2008, ele também se tornou uma instância política, com uma cúpula de chefes de Estado e de governo. Venezuela Lula afirmou ainda que quer conversar mais com o presidente Trump sobre as movimentações militares dos Estados Unidos no Mar do Caribe, na costa da Venezuela. O país enviou tropas terrestres e um porta-aviões para a região e bombardeou embarcações, sob a justificativa de estar combatendo as rotas de narcotráfico que abastecem os Estados Unidos. Para o governo venezuelano, sob a liderança do presidente Nicolás Maduro [https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2025-10/maduro-venezuela-tem-5-mil-misseis-antiaereos-para-enfrentar-eua], o reforço militar na região objetiva tirá-lo do poder. eldquo;Estou preocupado porque a América do Sul é considerada uma zona de paz. Nós somos um continente em que não temos armas nucleares, não temos bomba atômica, não temos nada. Lá, o nosso negócio é trabalhar para se desenvolver e crescer. A mim me preocupa muito o aparato militar que o Estados Unidos colocou no Mar do Caribe e eu pretendo conversar com o presidente Trump sobre issoerdquo;, disse Lula. Ele comparou a situação à guerra da Rússia na Ucrânia, em que há um impasse para o seu fim. eldquo;É importante que a gente tente encontrar uma solução antes de começarerdquo;, disse. eldquo;O Brasil tem responsabilidade na América do Sul, o Brasil faz fronteira com a Venezuela e não é pouca coisa e eu acho que não tem nenhum sentido ter uma guerra agora. Ou seja, não vamos repetir o erro que aconteceu na guerra da Rússia e da Ucrânia. Ou seja, para começar, bata dar um tiro, para terminar não se sabe como terminaerdquo;, afirmou Lula. Depois de uma agenda de três dias em Joanesburgo, o presidente brasileiro embarcou para Maputo, em Moçambique, onde realizada vista de trabalho, nesta segunda-feira (24).

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Petróleo fecha em queda diante de preocupações com oferta

Os contratos futuros do petróleo encerraram a sessão desta sexta-feira (21) em nova queda, pressionados por temores de sobreoferta, conforme o prêmio de risco arrefecia diante das negociações para encerrar a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. O petróleo WTI para janeiro, negociado na Nymex (New York Mercantile Exchange), fechou em queda de 1,59% (US$ 0,94), a US$ 58,06 o barril. Já o Brent para janeiro, negociado na ICE (Intercontinental Exchange de Londres), recuou 1,29% (US$ 0,82), a US$ 62,56. Na semana, o recuo foi de 3,37% e 2,84%, respectivamente. No terceiro dia consecutivo de perdas, a commodity operou com pouca volatilidade, em queda desde o início da sessão. Apesar das sanções norte-americanas contra as empresas petrolíferas russas passarem a valer nesta sexta, o mercado continua avaliando as preocupações com a sobreoferta. "Dados importantes surgirão nas próximas semanas, à medida que observarmos o destino dos barris sancionados e a disposição dos EUA em aplicar as sanções", afirmam analistas do DNB. A Spartan Capital aponta que os planos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aumentar a perfuração de poços de petróleo no país também pesam no sentimento. Para os especialistas, o desequilíbrio no mercado parece estar aumentando: "vemos a queda de hoje como um momento potencialmente decisivo para o petróleo. Se as vendas se intensificarem, os preços podem cair mais 5%". Além disso, tratativas para o fim dos conflitos entre a Rússia e a Ucrânia também empurram os preços do commodity para o negativo, aponta o Commerzbank. Trump declarou nesta sexta que a Ucrânia tem até a próxima quinta-feira (27) para aceitar o plano de paz. O líder da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta sexta que o projeto pode servir como base para "termos finais", mas que os ucranianos são contra a proposta. *Com informações de Dow Jones Newswires (Estadão Conteúdo)

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Trump reduz tarifas de alguns produtos brasileiros nos EUA

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na tarde de hoje a redução de tarifas sobre alguns dos principais produtos brasileiros exportados para a maior economia do mundo. Na decisão publicada há pouco pela Casa Branca, o presidente retira a sobretaxa de 40% que havia imposto a uma série de produtos brasileiros alegando motivos comerciais e políticos. A medida acabou encarecendo produtos básicos como café e carne para os americanos. Trump relacionou a decisão de suspender a sobretaxa às negociações comerciais abertas entre EUA e Brasil após o encontro do republicano com o presidente Lula na Malásia em outubro. O texto cita diretamente as conversas com o presidente brasileiro, mas, diferentemente da carta com a qual instituiu o tarifaço que elevou as tarifas sobre produtos brasileiros de 10% (tarifa recíproca anunciada em abril) para 50% em agosto, não menciona o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em agosto, a carta de Trump criticou o processo contra Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, pelo qual foi condenado, entre os motivos que usou para justificar a sobretaxa e sanções a autoridades brasileiras. No texto de hoje, ele recua e mantém os argumentos no campo comercial, evitando citações políticas. Agora, ele diz que assessores recomendaram a retirada de alguns produtos agrícolas importados por americanos do Brasil, como café e carne, e destaca avanço nas conversas com o governo do Brasil. Leia a seguir a íntegra da decisão: "Pelo poder a mim conferido como Presidente pela Constituição e pelas leis dos Estados Unidos da América, incluindo a Lei de Poderes Econômicos para Emergência Internacional (50 U.S.C. 1701 et seq.) (IEEPA), a Lei de Emergências Nacionais (50 U.S.C. 1601 et seq.), a seção 604 da Lei de Comércio de 1974, conforme alterado (19 U.S.C. 2483), e a seção 301 do título 3 do Código dos Estados Unidos, ordeno o seguinte: Seção 1. Contexto. Na Ordem Executiva 14.323 de 30 de julho de 2025 (sobre ameaças aos EUA pelo governo do Brasil), concluí que o alcance e a gravidade das políticas, práticas e ações recentes do Governo do Brasil constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos, cuja origem se encontra total ou substancialmente fora dos Estados Unidos. Declarei uma emergência nacional com relação a essa ameaça e, para lidar com essa ameaça, determinei que era necessário e apropriado impor uma taxa adicional de tarifa ad valorem de 40 por cento sobre determinados artigos do Brasil. Além disso, no Anexo I da Ordem Executiva 14323, listei determinados artigos que, a meu ver, não deveriam estar sujeitos à taxa adicional ad valorem imposta nos termos daquela ordem. Em 6 de outubro de 2025, participei de uma ligação com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a qual concordamos em iniciar negociações para abordar as preocupações identificadas na Ordem Executiva 14323. Essas negociações estão em andamento. Também recebi informações e recomendações adicionais de vários funcionários que, segundo minha orientação, vêm monitorando as circunstâncias relacionadas à emergência declarada na Ordem Executiva 14323. Por exemplo, na opinião deles, determinadas importações agrícolas do Brasil não deveriam mais estar sujeitas à taxa adicional ad valorem imposta nos termos da Ordem Executiva 14323 porque, entre outras considerações relevantes, houve progresso inicial nas negociações com o Governo do Brasil. Após considerar as informações e recomendações que esses funcionários me forneceram e o status das negociações com o Governo do Brasil, entre outras coisas, determinei que é necessário e apropriado modificar o escopo dos produtos sujeitos à taxa adicional ad valorem imposta nos termos da Ordem Executiva 14323. Especificamente, determinei que determinados produtos agrícolas não estarão sujeitos à taxa adicional ad valorem imposta nos termos da Ordem Executiva 14323. Assim, uma versão atualizada do Anexo I da Ordem Executiva 14323 está anexada a esta ordem, que entrará em vigor para mercadorias declaradas para consumo, ou retiradas de entreposto para consumo, a partir de 13 de novembro de 2025, às 12h01, horário padrão do leste. A meu ver, essas modificações são necessárias e apropriadas para lidar com a emergência nacional declarada na Ordem Executiva 14323. Seção 2. Modificações Tarifárias. O Calendário Harmonizado de Tarifas dos Estados Unidos será modificado conforme previsto no Anexo II desta ordem. As modificações entrarão em vigor para mercadorias declaradas para consumo, ou retiradas de entreposto para consumo, a partir de 13 de novembro de 2025, às 12h01, horário padrão do leste. Na medida em que a implementação desta ordem exigir o reembolso de tarifas cobradas, os reembolsos serão processados de acordo com a legislação aplicável e os procedimentos padrão da Alfândega e Proteção de Fronteira dos EUA para tais reembolsos. Seção 3. Implementação. (a) O Secretário de Estado continuará monitorando as circunstâncias relacionadas à emergência declarada na Ordem Executiva 14323 e consultará regularmente sobre tais circunstâncias com quaisquer autoridades superiores que julgar apropriadas. O Secretário de Estado deverá informar-me sobre qualquer circunstância que, na sua opinião, possa indicar a necessidade de ação adicional pelo Presidente. (b) O Secretário de Estado, em consulta com o Secretário do Tesouro, o Secretário do Comércio, o Secretário de Segurança Interna, o Representante de Comércio dos Estados Unidos, o Assistente do Presidente para Assuntos de Segurança Nacional, o Assistente do Presidente para Política Econômica, o Conselheiro Sênior para Comércio e Manufatura e o Presidente da Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos, está instruído a tomar todas as medidas necessárias para implementar e efetivar esta ordem, em conformidade com a legislação aplicável, e está autorizado a empregar todos os poderes concedidos ao Presidente pela IEEPA conforme necessário para cumprir os propósitos desta ordem. O Secretário de Estado pode, em conformidade com a legislação aplicável, redelegar a autoridade estabelecida nesta ordem dentro do Departamento de Estado. Cada departamento e agência executiva deverá tomar todas as medidas apropriadas dentro de sua autoridade para cumprir esta ordem. Seção 4. Separabilidade. Se qualquer disposição desta ordem, ou a aplicação de qualquer disposição a qualquer indivíduo ou circunstância, for considerada inválida, o restante desta ordem e a aplicação de suas outras disposições a quaisquer outros indivíduos ou circunstâncias não serão afetados. Seção 5. Disposições Gerais. (a) Nada nesta ordem deverá ser interpretado de forma a prejudicar ou afetar: (i) a autoridade concedida por lei a um departamento executivo, agência ou seu dirigente; ou (ii) as funções do Diretor do Escritório de Gestão e Orçamento relacionadas a propostas orçamentárias, administrativas ou legislativas. (b) Esta ordem será implementada em conformidade com a legislação aplicável e sujeita à disponibilidade de dotações. (c) Esta ordem não pretende, e não cria, qualquer direito ou benefício, substantivo ou processual, aplicável judicialmente ou em equidade por qualquer parte contra os Estados Unidos, seus departamentos, agências ou entidades, seus funcionários, empregados ou agentes, ou qualquer outra pessoa. (d) Os custos de publicação desta ordem serão arcados pelo Departamento de Estado. DONALD J. TRUMP CASA BRANCA 20 de novembro de 2025"

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IBP debate cooperação internacional e descarbonização do setor de transporte

Acelerar a descarbonização, com base na realidade atual da sociedade para a construção de um processo de transição energética justo e a redução de emissões no setor de transporte foram discutidos pelo Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) nesta terça-feira, 18/11, na COP30, em Belém. O painel eldquo;Assumindo Nossa Responsabilidade Compartilhada: Forjando um Futuro Verde e de Baixo Carbonoerdquo;, realizado na EY House, reuniu especialistas do Brasil e da China para debater caminhos concretos para acelerar a descarbonização, com foco em tecnologia, cooperação internacional e responsabilidade climática no setor de energia. O presidente do IBP, Roberto Ardenghy, destacou que a transição energética precisa ser construída com base na realidade atual e não em expectativas simplificadas. Para Ardenghy eldquo;o grande equívoco que podemos cometer é acreditar em soluções simples para problemas complexoserdquo;. O presidente do IBP destacou também avanços recentes do setor no Brasil eldquo;reduzimos as emissões no setor de óleo e gás em 5,8 por cento de 2022 para 2023, ao mesmo tempo em que aumentamos a produção em 13 por centoerdquo;. Esse dado comprova que é possível avançar na oferta de energia enquanto se reduz a pegada de carbono, desde que se invista em soluções tecnológicas como CCS, florestas costeiras, manejo de manguezais e otimização operacional. O painel contou também com a participação de Yeuhua Huang, presidente Brasil da CNOOC, que destacou o compromisso chinês com o pico de carbono antes de 2030 e a neutralidade até 2060, além de apresentar projetos que combinam captura de carbono, gás natural e energias renováveis. Para Huang, eldquo;o Brasil tem imenso potencial para eólicas offshore e a China está comprometida em cooperar com sua experiência para apoiar as metas nacionaiserdquo;. O consultor sênior da Transpetro, Newton Sobrinho, ressaltou que a transição energética deve preservar a infraestrutura construída nos últimos 170 anos e garantir empregos e crescimento econômico. eldquo;Precisamos preparar pessoas e empresas para a transição, sem destruir o que sustentou nossa economia por décadaserdquo;. Já Rafael Tello, presidente global da Ambipar e moderador do debate, reforçou que eldquo;a confiança pública e a clareza das ações empresariais são fundamentais para consolidar avançoserdquo;. Gerard Gallagher, líder de sustentabilidade da EY para a Europa, Oriente Médio, Índia e África, destacou o estudo do IBP sobre descarbonização, além da necessidade da eldquo;construção de um road map pragmático que coloque em prática todas as ideias já debatidas e mencionou que a integração tecnológica entre países é um pilar fundamental e que nesse sentido, publicações como a do IBP que reúne mais de 50 tecnologias para transição energética e descarbonização são fundamentais em um cenário que precisa considerar a mitigação completa das emissões de metanoerdquo;. Conexão Brasil x Itália Já Brasil e Itália possuem grande potencial para impulsionar ações para a descarbonização do setor de transporte a partir dos biocombustíveis. No painel "The Brazil and Italy Connection through Biofuels for the Descarbonization of Hard-to-Abate Transport Sector", no Pavilhão Italiano da COP 30, o presidente do IBP destacou a oportunidade de alinhar capacidades tecnológicas, produtivas e logísticas entre os dois países. eldquo;O que discutimos aqui é a questão dos biocombustíveis e o papel que Itália e Brasil podem ter nesse setor. O Brasil é um grande produtor. A Itália apoia essa ideia de aumentar a produção de biocombustíveis para descarbonizarmos, especialmente nossa matriz de transporteerdquo;, afirmou Roberto Ardenghy. Representante do governo italiano, Alberto Pella, do Ministério de Meio Ambiente e Segurança Energética, reforçou o compromisso da Itália com o avanço global dos biocombustíveis sustentáveis. eldquo;Para nós, o papel do sistema de biofuels é claro e pragmático. Eles têm função estratégica na aviação, no transporte marítimo e no rodoviárioerdquo;, destacou. Já David Chiaramonti, chair da Biofuture Platform, lembrou que a cooperação mostra resultados concretos por meio de estudos recentes da Agência Internacional de Energia (IEA) indicando que a cadeia global dos biocombustíveis está avançando para emissões negativas, com benefícios adicionais ao solo e ao uso da terra. eldquo;Os biocombustíveis sustentáveis são uma solução disponível agora, aplicável na infraestrutura atual, enquanto tecnologias como hidrogênio e amônia avançam no longo prazo. E o Brasil é o país mais importante do mundo nessa áreaerdquo;, afirmou. A moderadora Helena Gressler, chefe da divisão de energia e mineração do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, destacou que o tema da sustentabilidade precisa ser entendido de forma integrada, considerando economia, meio ambiente e impacto social. eldquo;O biofuel não será solução para todos, mas é uma oportunidade concreta para muitos países. Nosso papel é compartilhar experiências e tornar visíveis os benefícios potenciais dessa agendaerdquo;, afirmou.

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ANP propõe uso inédito da Lei do Gás para avanço de projeto essencial para a garantia do suprimento

A ANP propôs pela primeira vez o uso do dispositivo de contestação introduzido pela Lei do Gás de 2021 para garantir que a Nova Transportadora do Sudeste (NTS) inicie imediatamente a construção da Estação de Compressão (Ecomp) de Japeri (RJ), projeto considerado importante para compensar o declínio da importação da Bolívia e garantir o suprimento de gás natural no país. Na reunião de diretoria de terça (18/11), a agência determinou o início imediato das obras. Caso contrário, vai abrir processo seletivo público para que outro agente assuma o investimento. É a primeira vez que é usado o instrumento da contestação, que permite que outras transportadoras possam manifestar interesse na implantação de ativos com a mesma finalidade. Entretanto, o instrumento ainda não foi regulamentado. A NTS trava com a ANP um longo impasse sobre as condições de remuneração do ativo. A companhia começou o processo de aprovação do projeto em 2022 e obteve a autorização para construção em janeiro deste ano. O empreendimento ainda não saiu do papel porque a transportadora e a ANP divergem sobre os parâmetros da remuneração do investimento. A Ecomp de Japeri visa ampliar a disponibilidade de gás do pré-sal no mercado nacional, em meio à queda na importação do produto boliviano. Essa não foi a única decisão dos diretores da ANP na reunião de ontem com repercussões no mercado. Em outro processo, a agência determinou que a Petrobras precisa apresentar em até três meses um plano para adequar às especificações a Unidade de Tratamento de Caraguatatuba (SP), a UTGCA. O perfil de composição do gás processado na unidade mudou a partir de 2020, com a ampliação do uso de volumes do pré-sal. Com isso, a UTGCA passou a ofertar ao mercado gás com teor mínimo de metano de 80% endash; abaixo do limite regulatório de 85%. Desde então, a unidade vem operando com base em autorizações especiais. A Petrobras cancelou em 2020 o projeto de modernização da UTGCA, alegando, na ocasião, inviabilidade econômica financeira. Agora, a apresentação do plano de ação passa a ser condicionante à renovação da autorização especial.

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Para produzir combustível limpo de avião, Brasil terá de apostar em óleos e etanol, diz estudo

O caminho do Brasil para a produção de SAF (combustível sustentável de aviação) em larga escala terá de mirar, inicialmente, o uso de óleos e gorduras residuais como matéria-prima. No entanto, a grande aposta a longo prazo é uma tecnologia que produz o combustível a partir de etanol e outros álcoois, combinada a outras rotas. Essa é a conclusão de um estudo elaborado pelo Instituto E+ Transição Energética, think tank brasileiro independente que promove debates sobre transição energética e transformação verde da indústria. Uma das saídas para a descarbonização do setor, o SAF polui até 80% menos do que o querosene tradicionalmente usado pelas companhias aéreas. No entanto, ainda é caro e possui volumes insuficientes para dar conta de toda a demanda. Segundo o estudo, com base na produção agrícola do país em 2021, o Brasil teria potencial para a instalação de 934 plantas de SAF, número quase oito vezes maior do que a capacidade do México e 33 vezes maior do que o potencial da Colômbia. Essas plantas serviriam a duas tecnologias: a HEFA (querosene parafínico sintetizado por ácidos graxos e ésteres hidroprocessados) e a ATJ (Alcohol-to-Jet, querosene parafínico sintetizado por álcool). A HEFA é atualmente a tecnologia mais madura nesse segmento. Numa escala de prontidão tecnológica elaborada pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética) e enumerada de 1 a 10, alcançou o patamar 9, sendo que o número aumenta proporcionalmente à maturidade do projeto. A produção do SAF por meio da HEFA se dá a partir do uso de óleos e gorduras residuais. Antes da obtenção do biocombustível, as matérias-primas passam por processos químicos para remoção de insaturações, oxigênio e compostos indesejáveis e encurtamento e ramificação das cadeias de hidrocarbonetos (compostos orgânicos formados por átomos de carbono e hidrogênio). De acordo com o Instituto E+, a HEFA é uma tecnologia madura e compatível com a infraestrutura de refino existente e permite o processamento em refinarias convencionais e requer menos investimentos. A Petrobras já investe na tecnologia. Segundo a estatal, a Reduc (Refinaria Duque de Caxias), no Rio de Janeiro, é a primeira refinaria no Brasil certificada para produzir e comercializar SAF pela rota HEFA. Ainda de acordo com a empresa, a Reduc possui autorização da ANP para incorporar até 1,2% de matéria-prima renovável na produção de SAF por essa rota. A previsão da Petrobras é de que a refinaria inicie nos próximos meses a produção para comercializar até 50 mil metros cúbicos do combustível por mês. Apesar da maturidade da rota HEFA, o Instituto E+ Transição Energética aponta a rota ATJ (Alcohol to Jet), que produz SAF a partir do etanol ou outros álcoois, como a tecnologia mais consistente para ampliar a produção do combustível no Brasil. "Diferentemente do HEFA, o AtJ se baseia na indústria nacional de etanol, que já opera em larga escala e utiliza uma matéria-prima com uma das menores emissões de ciclo de vida do mundo. À medida que a eletrificação dos veículos transforma o mercado do etanol, o Brasil tem uma oportunidade estratégica de antecipar essa transição e direcionar parte de sua produção de etanol para produtos de maior valor agregado, como o SAF", diz o estudo. A Raízen recebeu, em 2023, a certificação ISCC Corsia Plus, que comprova que o etanol produzido pela empresa na planta de Costa Pinto, em Piracicaba (SP), cumpre os requisitos internacionais para a produção de SAF. "Com um potencial estimado de produção de mais de 6,5 bilhões de litros por ano, o AtJ é viável. Resta saber se o país o adotará como estratégia nacional ou se o deixará se tornar uma oportunidade industrial perdida", escreve o Instituto E+ Transição Energética. Na visão de Pedro Guedes, analista de transição energética para biocombustíveis do Instituto E+ Transição Energética, no futuro, as duas tecnologias terão de estar associadas a outras rotas de produção do combustível. Uma delas é a Fischer-Tropsch, um processo chamado de "gas-to-liquid" ("gás para líquido", na tradução), por meio do qual há a conversão do gás de síntese (hidrogênio e monóxido de carbono) em hidrocarbonetos, que, após o refino, viram combustível. Matérias-primas incluem eucalipto e cana-de-açúcar. De acordo com a EPE (Empresa de Pesquisa Energética), essa rota já tem um bom nível de prontidão tecnológica, mas ainda aquém da HEFA. O estudo cita ainda uma última alternativa para o futuro: o PtL ("Power-to-Liquid"), que utiliza eletricidade para converter água e gás carbônico em biocombustível. A tecnologia, porém, é cara e não é produzida em grande escala. "O PtL se alinha bem às vantagens estruturais do Brasil: mais de 80% de sua eletricidade já vem de fontes renováveis, e o país possui um vasto e ainda inexplorado potencial para a produção eletrolítica de hidrogênio de baixo carbono. Essas condições fazem do Brasil um candidato natural para projetos-piloto de PtL, especialmente em zonas industriais e portuárias", conclui o estudo.

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