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Preço do etanol hidratado cai após sete semanas de altas

Após subir por sete semanas consecutivas, o preço do etanol hidratado perdeu a força e fechou com ligeira queda em São Paulo, aponta levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Entre 8 e 12 de setembro, o indicador Cepea/Esalq do hidratado registrou a cotação média de R$ 2,7813 por litro (líquido de ICMS e PIS/Cofins), uma desvalorização de 0,06% frente ao período anterior. Segundo o Cepea, a pressão veio da demanda reduzida pelo biocombustível. Além disso, distribuidoras realizaram pequenas aquisições fora do mercado paulista. O volume de hidratado captado no spot ao longo da última semana foi o menor da safra 2025/26. No comparativo anual, a quantidade negociada caiu pela metade (redução de 48,4%). Do lado vendedor, a participação foi bastante tímida, com vendas pontuais. Já no caso do etanol anidro, os preços seguem firmes, mas o volume comercializado também foi restrito. O indicador Cepea/Esalq fechou a semana com a cotação média de R$ 3,2746 por litro, elevação de 2,85%. Quanto às exportações, em agosto, o total de etanol embarcado pelo Brasil somou 178,6 milhões de litros, 2,74% a mais que no mês anterior e se caracterizando como um recorde, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

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'Prévia do PIB' cai 0,53% e mostra economia mais fraca

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma espécie de prévia do PIB, ficou negativo em 0,53% em julho, na comparação com junho e na série com ajuste sazonal, informou ontem o BC. No mês anterior, o índice havia ficado negativo em 0,25% (índice revisado, de -0,06%). O número, que indica desaceleração da economia, foi divulgado um dia antes da nova reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que começa hoje e vai até amanhã, com a divulgação da taxa básica de juros (Selic). O mercado prevê que o atual patamar de 15% seja mantido, mas aguarda sinalização de alívio nos juros no ano que vem. O resultado do IBC-Br em julho veio pior do que a mediana em pesquisa Projeções Broadcast, que apontava para uma queda de 0,3%. As estimativas do mercado iam de recuo de 0,8% a alta de 0,9%. O indicador acumula alta de 3,54% nos 12 meses encerrados em julho, na série sem ajuste sazonal. É uma desaceleração frente ao mesmo período até junho, quando a alta era de 3,96% (revisado, de 3,94% apontado anteriormente). O IBC-Br ex-agropecuária, que exclui os efeitos do setor agrícola da conta, caiu 0,43%, após uma baixa de 0,09% no mês anterior (revisado, de uma alta de 0,07%). O indicador da agropecuária recuou 0,81%, após uma baixa de 2,36% (revisado de -2,27%) em junho. O índice de serviços cedeu 0,19%, depois de ter recuado 0,03% no mês anterior (revisado, de +0,10%); o da indústria recuou 1,07%, após baixa de 0,16% em junho (revisado, de -0,08%); e o de impostos endash; equivalente, em linhas gerais, à rubrica de impostos líquidos sobre produtos do Produto Interno Bruto (PIB) endash; caiu 0,69%, após uma baixa de 0,14% (revisado de +0,13%). TRIMESTRE MAIS FRACO. Para Leonardo Costa, economista do ASA, o terceiro recuo consecutivo do IBC-Br em julho reforça o diagnóstico de que o PIB do terceiro trimestre será mais fraco do que as leituras anteriores. Além do recuo de julho e junho, o índice já havia caído 1,17% em maio. eldquo;Esse conjunto de dados sugere que o PIB do terceiro trimestre deve ser mais fraco, com desaceleração nas principais aberturas: agropecuária devolvendo parte dos ganhos da supersafra; indústria, mostrando contrações recorrentes; e serviços, que vinham sustentando a atividade, perdendo tração na margemerdquo;, disse Costa, em nota. Ele também observou que, mesmo no horizonte comparativo de 12 meses atrás, a atividade econômica do País também vem perdendo força. eldquo;Na comparação interanual, o índice ainda avança 1,15%, mas em clara trajetória de desaceleração endash; vinha de 3,6% em maio e 1,3% em junho.erdquo; O Itaú Unibanco mantém seu cenário de que o Copom vai começar a reduzir a taxa Selic no primeiro trimestre de 2026. No entanto, em relatório pré-Copom divulgado ontem, a equipe econômica avaliou que um corte na taxa básica de juros este ano eldquo;pode ocorrer caso se verifique uma valorização ainda mais expressiva da taxa de câmbio ou uma desaceleração mais acentuada da atividadeerdquo;, aponta o Itaú. Desde a última reunião do Copom, em 30 de julho, a instituição nota uma queda significativa na taxa de câmbio, que à época era negociada na casa de R$ 5,57 (ontem fechou em R$ 5,32). De acordo com avaliação da XP Investimentos, em relatório assinado pelo economistachefe, Caio Megale, e pelos economistas Rodolfo Margato e Alexandre Maluf, o comunicado do Copom deve enfatizar que o colegiado não considera nenhuma flexibilização no curso da política monetária no curto prazo, mantendo a Selic no atual patamar de 15%. ebull;

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Proposta de punir CPFs de contas laranja enfrenta resistência no BC; Pix pode ter alerta de bloqueio

Em meio ao lançamento de novas medidas de segurança para o Sistema Financeiro Nacional (SFN), após ataques do crime organizado, a proposta de punir CPFs associados a contas laranja enfrenta resistências no Banco Central. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, há dissenso sobre o tema dentro da própria autarquia. Por isso, o regulador prefere avançar em medidas com foco nas contas em si, e prepara uma ação nesse sentido no âmbito do Pix. A punição dos titulares de contas laranja, usadas para escoar recursos oriundos de crimes por meio de transferências Pix, é uma bandeira histórica dos grandes bancos. As instituições defendem que os clientes que emprestam as contas para esse tipo de crime, pessoas físicas ou jurídicas, sejam banidos do SFN por cinco anos. Um grupo de trabalho do Ministério da Justiça e Segurança Pública elaborou proposta similar para reforçar a segurança do sistema financeiro. No entanto, não há consenso dentro do BC sobre a possibilidade de avançar nessa área. Um dos receios é eldquo;criminalizarerdquo; um CPF ou CNPJ, porque há casos em que criminosos abrem uma conta laranja em nome de uma pessoa sem o conhecimento dela. O banimento, nesse caso, resultaria em punir novamente alguém que já foi vítima de um golpe. Para mitigar esse risco, seria necessário criar uma série de critérios e processos para determinar a responsabilidade do titular. Um segundo ponto de atenção é a possibilidade legal de eldquo;criminalizarerdquo; esses titulares. O entendimento, hoje, é de que o BC não teria a competência de fazer esse tipo de penalização sem a aprovação de uma norma superior - e, possivelmente, de uma lei pelo Congresso Nacional. A opção tem sido por avançar na regulação das contas, e não dos CPFs ou CNPJs. Na semana passada, o BC lançou a Resolução 501, que obriga instituições financeiras e de pagamento a usar todas as informações disponíveis, além de critérios próprios, para rejeitar transações para contas suspeitas de envolvimento em fraudes. A expectativa é de que, na prática, isso sirva praticamente como um bloqueio dessas contas. Pix Outras ações na mesma linha estão em estudo, inclusive no Pix. Hoje, os participantes já são orientados a marcar contas laranja e outros tipos de fraudadores no DICT, a base de dados do sistema. Uma das opções na mesa é que, no momento em que uma consulta de chaves seja feita - para uma transferência, por exemplo -, o sistema informe automaticamente que há uma conta bloqueada associada àquele usuário. Seria, na prática, uma solução eldquo;intermediáriaerdquo;. Como o DICT é uma das bases de dados que as instituições devem usar, considerando a Resolução 501, o BC estaria criando uma relação para identificar com mais facilidade as contas suspeitas de fraude.

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Verticalização pode destravar novas rotas de exportação de gás argentino ao Brasil

Um modelo de negócios mais vertical pode ser a saída para destravar os gasodutos estruturantes necessários para viabilizar as exportações firmes de gás natural argentino ao Brasil. Esse foi um dos pontos do sétimo episódio do videocast gas week, com o diretor-geral da Transportadora Sulbrasileira (TSB), Walter Farioli. Assista na íntegra acima. O executivo defende que, para tirar novas rotas do papel, como a conclusão do projeto Uruguaiana-Porto Alegre, será preciso pensar em soluções eldquo;fora da caixinhaerdquo; emdash; ou seja, em alternativas ao modelo convencional de estruturação de projetos ancorados em compromissos de compra de longo prazo. eldquo;Esse cenário não existe mais, não existe essa possibilidade. O consumidor brasileiro, o potencial consumidor brasileiro de gás [industrial] não tem mais essa condição de pensar em um contrato de vinte anos, dez anoserdquo;, afirmou. eldquo;Quando fez o Gasbol [Gasoduto Bolívia-Brasil], o Fernando Henrique Cardoso [então presidente da República], que retomou o projeto original, não foi lá em São Paulo bater na porta do consumidor e dizer elsquo;vocês assinam um contrato aqui de tantos mil, que daí eu vou fazer um gasoduto com gás da Bolíviaersquo;. Óbvio que não foi assimerdquo;, complementou. Integração passa por dividir riscos e ganhos Farioli defende um modelo integrado, em que os diferentes agentes dos países envolvidos emdash; sejam os produtores argentinos, sejam os consumidores brasileiros emdash; se unam para dividir tanto os riscos quanto os potenciais ganhos da integração regional. O grande consumidor de gás, segundo ele, precisa ter garantias efetivas de que o fluxo do gás não será interrompido, como foi no passado. E uma das saídas para isso, prega o executivo, pode ser a verticalização. eldquo;É uma espécie de modelo cooperativado, em que o consumidor potencial ou gerador de infraestrutura no Brasil vá à Argentina e se posicione, como foi lá no passado, inclusive, junto com os argentinos e detenham conjuntamente esses investimentos e ativos para que esse gás, então, chegue com segurançaerdquo;. Farioli sugere ainda, como forma de mitigação de riscos, investimentos em gasodutos exclusivos de exportação na Argentina. E também não vê um projeto estruturante se viabilizar sem a presença conjunta do Estado emdash; ou dos Estados. eldquo;Se a gente está falando de gás, num volume desse tamanho da Argentina, com a estrutura de transporte necessária, a gente está falando de projeto estruturante. E aí eu não consigo pensar em algo sólido sem passar pela condição de agentes de Estado trabalhando em conjunto com agentes da iniciativa privadaerdquo;.

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Leilão de energia tem pedidos pela reinclusão de biocombustíveis e retirada de carvão

O leilão do governo para contratação de mais potência elétrica é alvo de apelos do setor de biodiesel para a reinclusão da fonte na disputa, em meio a interrupção de projetos e investimentos, enquanto outros agentes do setor elétrico pedem a retirada do carvão ou mudanças em sua forma de contratação, a fim de privilegiar fontes com operação mais flexível e menos poluentes. A Petrobras, maior geradora termelétrica do país e grande interessada no leilão, pediu que o carvão seja separado da disputa com as usinas a gás natural conectadas à rede de gasodutos, com a eventual inclusão da fonte na concorrência do gênero planejada para as usinas a óleo combustível. As mudanças propostas pelos agentes, porém, podem não ocorrer, tendo em vista o prazo apertado para o certame após atrasos que o empurraram para 2026. Um novo desenho pelo governo poderia postergar ainda mais a contratação, em meio a apelos do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) de "realização tempestiva" devido a riscos crescentes de cortes de geração e apagões no futuro. O certame é o mais importante em estruturação pelo setor elétrico e visa contratar usinas mais flexíveis e que ajudem o ONS a manejar os diferentes recursos energéticos, principalmente a produção intermitente das fontes solar e eólica. Nas contribuições feitas em consulta pública que se encerrou na sexta-feira passada (12), o principal apelo veio do setor de biocombustíveis, que pressiona pela reinclusão do biodiesel e outras biomassas na concorrência, em medida que dizem ser compatível com os objetivos de transição energética do país e de agregar confiabilidade à operação elétrica. O governo havia habilitado os biocombustíveis em versão anterior do leilão, que acabou cancelada, e optou por não incluí-los novamente depois de levantar dúvidas sobre capacidade logística, custos elevados e dificuldades na adaptação dos atuais geradores a diesel para biocombustível. Esses questionamentos foram rebatidos por uma série de agentes do segmento, a exemplo das produtoras de biodiesel Cofco, Oleoplan, Binatural e Potencial, o grupo Delta Energia e entidades como União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio). Em suas contribuições, eles citam casos nacionais e internacionais que atestam o uso eficaz de 100% de biodiesel em motores de grande porte, de empresas como MAN, Wärtsilä e Caterpillar. Também destacam que a perspectiva anterior de participação da fonte no leilão havia levado ao início de projetos e investimentos, que foram colocados em espera. O grupo Delta afirmou que havia inscrito, no leilão cancelado, dois empreendimentos de geração térmica movidos a biocombustível, para os quais fez "investimentos para estudos, aquisição de terrenos e obtenção da licença ambiental". Já a Binatural disse anteriormente à Reuters que suspendeu aporte de R$ 500 milhões em um "complexo termelétrico sustentável". A Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia) pediu que, caso o governo opte pela exclusão do biodiesel, outras fontes de biomassa, como o etanol e o biogás, possam participar da concorrência. MUDANÇAS PARA CARVÃO A inesperada inclusão do carvão no leilão também foi alvo de contestação de diferentes agentes do setor elétrico, que apontaram que as usinas movidas ao combustível fóssil não são flexíveis o suficiente para atender às necessidades apontadas pelo ONS. "Cabe mencionar que usinas com regime de operação e parâmetros de flexibilidade característicos das UTEs a carvão podem distorcer a real função do LRCAP (leilão), que é a de atendimento à ponta com flexibilidade", apontou a Petrobras, em sua contribuição. A petroleira estatal sugeriu que o carvão participe do certame em "produto específico", junto das usinas a óleo combustível, e seja excluído da disputa com os empreendimentos a gás natural conectados a sistemas de transporte do insumo. Com um parque termelétrico majoritariamente movido a gás, a Petrobras "com certeza" participará do leilão, buscando recontratar algumas de suas usinas descontratadas, que somam 2,9 gigawatts, disse uma diretora na semana passada. A associação do carvão, ABCS, sugeriu ao governo uma mudança no início de suprimento previsto para os contratos, de 1º de julho para 1º de setembro de 2027, para permitir a participação de "usinas estratégicas já conectadas". Segundo a entidade, o prazo atual excluiria da disputa a usina termelétrica Pecém I, do grupo Diamante Energia, que possui contrato regulado de energia. Localizada no Porto de Pecém (CE), a usina é uma das poucas movidas a carvão no país e é abastecida com combustível importado. A ABCS observou ainda que os parâmetros colocados no leilão para o funcionamento das usinas a carvão podem não funcionar para usinas com contratos de fornecimento mínimo de combustível, como Candiota (RS), da Âmbar Energia, da holding Jeamp;F, que opera com carvão nacional minerado na região. A Âmbar já havia afirmado anteriormente que a participação de Candiota no leilão "é economicamente inviável" pelos termos do edital publicado pelo governo. (Reuters)

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Copom deve manter Selic em 15% ao ano e suavizar discurso após ver cenário mais favorável

O Copom (Comitê de Política Monetária) deve manter na próxima quarta-feira (17) a taxa básica de juros (Selic) estacionada em 15% ao ano e suavizar o tom do seu discurso depois de uma evolução favorável do cenário econômico nas últimas semanas. No encontro anterior, em julho, o colegiado do Banco Central interrompeu a sequência de altas de juros com a Selic no maior nível desde 2006 e adotou uma linguagem cautelosa ao falar dos próximos passos, prevendo uma "continuação na interrupção do ciclo" em setembro. A expectativa dos economistas ouvidos pela Folha é que, dessa vez, o Copom demonstre mais convicção de que a estratégia de manter os juros estáveis no atual patamar por "período bastante prolongado" será suficiente para levar a inflação de volta à meta. Segundo projeção do próprio comitê, o índice só voltará a ficar abaixo do teto da meta a partir do fim do primeiro trimestre de 2026. O objetivo central perseguido pelo Banco Central é 3%. No modelo de meta contínua, o alvo é considerado descumprido quando a inflação acumulada permanece por seis meses seguidos fora do intervalo de tolerância, que vai de 1,5% (piso) a 4,5% (teto). Em junho, houve o primeiro estouro do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) desde que o novo formato entrou em vigor, em janeiro deste ano. Rafaela Vitória, economista-chefe do banco Inter, avalia como positiva a evolução recente dos dados da economia doméstica, com inflação em queda, ainda que de forma lenta, e desaceleração da atividade econômica, diante do trabalho do BC para esfriar a demanda e segurar os preços. Em agosto, o IPCA teve a primeira deflação (recuo) em um ano com queda na conta de luz, na gasolina e em alimentos. No acumulado em 12 meses, o índice soma inflação de 5,13%. Vitória também observou uma mudança relevante no ambiente externo, com a perspectiva de corte de juros pelo Fed (Federal Reserve, equivalente ao banco central dos Estados Unidos) nesta "superquarta" emdash;expressão usada pelos economistas quando Brasil e EUA decidem sobre juros no mesmo dia. "Isso faz com que o câmbio tenha valorização e o câmbio no atual patamar traz mais alívio olhando para a inflação futura, principalmente a parte de bens e alimentos", diz. Em julho, a cotação do dólar usada pelo Copom em suas projeções foi de R$ 5,55. Beneficiada por fluxo estrangeiro, a moeda norte-americana fechou o pregão de sexta-feira (12) em queda de 0,70%, a R$ 5,353, o menor patamar desde junho do ano passado. A melhora no câmbio, na visão da economista, abre espaço para o Copom iniciar a redução de juros em dezembro. "Se começar a retirar a restrição monetária a partir de dezembro, contribui para que você não tenha uma atividade tão estagnada em 2027", afirma. Para Vitória, o que pode postergar o início dos cortes de juros é o risco fiscal, se o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acelerar os gastos e mantiver a demanda aquecida. Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do BC e presidente do conselho da Jive Investments, considera como "bem ruim" a situação das contas públicas do país, ressaltando que houve um grande salto no déficit nominal e que o passo de crescimento da dívida pública dobrou. No entanto, ele vê como pouco provável que a situação fiscal fique ainda mais "desarrumada". Entre as maiores preocupações, cita como risco a possibilidade de uma nova onda de tarifas vinda dos Estados Unidos, de Donald Trump. Novas ameaças foram feitas por representantes do governo norte-americano depois da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Para o economista, a postura beligerante de Lula em relação a Trump é motivo de incerteza. "Pode ser que americanos apertem mais em vez de flexibilizar", diz. O encontro de julho do Copom ocorreu no mesmo dia em que o republicano confirmou a aplicação da sobretaxa de 50% a produtos brasileiros exportados aos EUA, com uma lista de quase 700 exceções. Apesar dos riscos, o ex-diretor do BC vê o cenário caminhando na direção certa para que o comitê possa iniciar a flexibilização de juros mais à frente. "Quando a gente faz a conta replicando o modelo do Banco Central, há um mês, o início da queda de juros dava no fim do primeiro trimestre [de 2026], início do segundo trimestre. Fazendo a mesma conta agora, dá janeiro", diz. "A chance do cenário continuar nesse caminho benigno é grande, possivelmente levando o BC a começar a reduzir [os juros] no fim do ano", acrescenta. Para André Muller, economista-chefe da AZ Quest, o Copom deve reconhecer a evolução positiva da conjuntura econômica nos últimos 45 dias e adequar a sua linguagem para enfatizar que está descartada uma eventual retomada do ciclo de alta de juros. "A inflação tem se mostrado menos pressionada do que as nossas projeções, [do que as estimativas] do mercado e do próprio comitê. Então, em linhas gerais, vai se ganhando mais confiança de que a política monetária tem funcionado", afirma. Ele, contudo, espera que o comitê siga demonstrando conservadorismo na condução da política de juros em busca de uma melhora nas expectativas de inflação, que hoje estão distantes da meta endash;o que é motivo de desconforto para todos os membros do colegiado. "A gente está no estágio do ciclo em que ele [Copom] está colhendo os frutos dessa atitude mais conservadora. Não tem muito elemento para se desviar disso", diz. Segundo o último boletim Focus, os analistas projetam que a inflação termine 2026 em 4,3%. Para 2027, janela de tempo na mira do BC hoje devido aos efeitos defasados da política de juros sobre a economia, a estimativa mediana do mercado recuou para 3,93%.

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