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Prates defende cautela em dividendos para transição da Petrobras: "acionistas entenderão"

A maior empresa petrolífera da América Latina deve ser mais cautelosa em relação à distribuição de dividendos bilionários à medida em que busca se tornar uma potência em energia renovável, disse o presidente executivo da Petrobras (PETR3;PETR4), Jean Paul Prates, em uma entrevista. Em 10 anos, cerca de metade da receita da Petrobras virá de fontes eólicas, solares e de combustíveis renováveis endash; e a empresa está se preparando para fazer aquisições já neste ano para impulsionar essa mudança, disse Prates. A produtora brasileira também precisa gastar muito em exploração no país e no exterior para garantir que continue bombeando petróleo bruto por décadas. eldquo;Precisamos ser cautelosos. Os acionistas vão entendererdquo;, disse Prates no escritório da Bloomberg News em São Paulo, quando perguntado sobre um eventual pagamento extraordinário de dividendos. eldquo;Eu seria mais conservador do que agressivo. Estamos no meio dessa grande decisão de nos tornarmos uma empresa de petróleo em transição.erdquo; Os analistas veem espaço para que a Petrobras recompense os investidores com bilhões de dólares em dividendos extraordinários, a serem anunciados quando a empresa divulgar seus lucros em 7 de março. O Citi vê espaço para até US$ 7 bilhões, enquanto o Goldman Sachs prevê até US$ 8 bilhões. A Petrobras foi a segunda maior pagadora de dividendos no setor de petróleo em 2022, atrás apenas da Saudi Aramco. A determinação da Petrobras em avançar para a energia limpa contrasta com a de alguns de seus pares internacionais. Os pesos pesados europeus Shell e BP se afastaram das energias renováveis para se concentrarem mais nos combustíveis fósseis. As grandes petrolíferas norte-americanas Chevron e Exxon Mobil nunca fizeram da energia eólica e solar uma prioridade e concentraram seus planos de negócios em petróleo e gás. Foco em energia renovável O executivo de 55 anos, que assumiu o comando da Petrobras em janeiro de 2023, descartou a possibilidade de fazer eldquo;mudanças drásticaserdquo; na estratégia. No entanto, disse, a empresa precisa estar preparada para oportunidades de aquisição em energias renováveis e petróleo, bem como investimentos em petroquímica e produção de fertilizantes. A Petrobras está pensando em investir em projetos eólicos e solares em terra firme no Brasil antes de passar para a energia eólica offshore, e está ampliando o combustível à base vegetal para a aviação e o transporte marítimo, dois dos setores mais difíceis de descarbonizar. Prates disse que o Brasil tem melhores condições para projetos eólicos offshore do que os EUA ou os países do Mar do Norte, e que o desenvolvimento do setor no Brasil proporcionará uma nova linha de negócios para os mesmos tipos de prestadores de serviços que o país utiliza para projetos de petróleo. Uma de suas principais preocupações é que o Brasil não terá fornecedores suficientes para seus projetos de petróleo à medida que o mundo começar a se afastar dos hidrocarbonetos. eldquo;A coisa mais assustadora que vejo em 10 anos é uma crise com fornecedoreserdquo;, Jean Paul Prates. Como resultado, a Petrobras está conversando com o governo sobre uma política industrial para apoiar fornecedores de equipamentos e estaleiros no Brasil. Ela também está identificando maneiras de obter bens e serviços importantes de países vizinhos e aliados geopolíticos. Um dos principais pilares da política econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um amplo plano de reindustrialização que fornecerá crédito e financiamento a setores como saúde, defesa e agronegócio, além de iniciativas para promover uma transição verde no Brasil. Prates disse que a Petrobras, como uma empresa de controle estatal, precisa participar das decisões de política energética com o governo. Mas essa coordenação não significa que o governo esteja interferindo na estratégia de negócios da empresa, disse ele. eldquo;Considero isso mais como um prêmio do que como um fardoerdquo;, disse Prates. eldquo;Quem é o outro CEO no Brasil que pode estar com o presidente da República a cada 15 dias? Isso resolve uma série de problemas.erdquo; A Petrobras também está em negociações com a Mubadala Capital, o braço de investimentos do fundo soberano de Abu Dhabi, para se tornar sócia de uma refinaria que a estatal vendeu na gestão anterior. Os dois lados podem chegar a um acordo até o final do ano, disse Prates. Ele acrescentou que as refinarias da Petrobras não foram projetadas para competir umas com as outras e que a unidade vem enfrentando dificuldades desde que foi vendida. A Mubadala Capital está expandindo a refinaria de Mataripe, no estado da Bahia, no nordeste do país, para produzir combustíveis renováveis, um projeto que interessa à Petrobras. Prates disse que a empresa não necessariamente operaria a refinaria, e que ela poderia ser dividida em algumas empresas separadas. eldquo;Gostaríamos de participar disso. Eles nos convidaramerdquo;, disse Prates. eldquo;Seremos capazes de reincorporar a refinaria ao sistema.erdquo; (Bloomberg)

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Incertezas quanto à economia elevam cautela no varejo, aponta FGV

Incertezas em relação a indicadores macroeconômicos ligados ao consumo, principalmente da renda do emprego, derrubaram a confiança do varejista em fevereiro, afirmou Georgia Veloso, economista da Fundação Getulio Vargas. Ela fez as observações ao comentar a queda de 1 ponto no Índice de Confiança de Comércio (Icom) de fevereiro, para 89,5 pontos, anunciada nessa quarta-feira (28) pela FGV. A técnica disse que a cautela maior do empresariado do varejo em fevereiro se deve a dúvidas em relação à continuidade, no longo prazo, do atual quadro favorável ao consumo. Clique aqui para ler a matéria completa.

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ANP: etanol está mais competitivo em relação à gasolina em 15 estados e no DF

O etanol estava mais competitivo em relação à gasolina em 15 Estados e no Distrito Federal, na semana passada. No restante dos Estados, continua mais vantajoso abastecer o carro com gasolina. Conforme levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) compilado pelo AE-Taxas, no período, a média dos postos pesquisados no País o etanol tinha paridade de 62,15% ante a gasolina, portanto favorável em comparação com o derivado do petróleo. Executivos do setor observam que o etanol pode ser competitivo mesmo com paridade maior do que 70%, a depender do veículo em que o biocombustível é utilizado. (Broadcast Agro)

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Operação da PF reprime contrabando de combustíveis

A Polícia Federal deflagrou uma operação para investigar um grupo responsável por contrabandear combustíveis da Bolívia para Rondônia, por meio de portos clandestinos. Três mandados de busca foram realizados nesta terça-feira (27), e seis armas de fogo foram apreendidas. A organização começou a ser investigada em 2021, quando 500 litros de combustíveis foram transportados de forma ilícita para o Brasil. As penas, somadas, podem chegar a 13 anos de prisão. Para assistir ao vídeo, clique aqui.

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Petrobras deve ter resultado tímido no 4º trimestre

A Petrobras deve apresentar um quarto trimestre de recuos nos resultados em comparação a igual período de 2022, mas especialistas afirmam que o foco dos investidores estará na divulgação dos dividendos. A média de seis casas de análises consultadas pelo Valor, mostra que o lucro líquido da estatal de outubro a dezembro de 2023 deve ser de R$ 34,1 bilhões, ante R$ 43,4 bilhões em igual período de 2022, queda de 21,4%. A receita líquida, conforme a média calculada, deve ser de R$ 128 bilhões, queda de 19,1% em comparação aos R$ 158,5 bilhões do quarto trimestre de 2022. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado deve ser de R$ 70,2 bilhões, queda de 3,8% ante os R$ 73 bilhões de outubro a dezembro de 2022. O Valor compilou as estimativas de Itaú BBA, Safra, BTG Pactual, Goldman Sachs, BB Investimentos e Ativa Investimentos. Para ler esta notícia, clique aqui.

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Entenda o que é o hidrogênio verde, chamado de 'combustível do futuro' na transição

Não há nada mais simples na natureza do que o hidrogênio. Ele é o primeiro elemento químico da tabela periódica, está nas moléculas de água e no ar atmosférico e, fora do planeta Terra, responde por 75% da massa de todo o Universo. Na economia global, o que é simples pode ser uma verdadeira mina de ouro. O hidrogênio vem sendo chamado de "combustível do futuro", graças ao potencial de geração de energia e o papel que ele pode desempenhar na transição energética. Mas não é qualquer hidrogênio que interessa: é o "verde", dentre um espectro de cores que vêm sendo usadas para designar o grau de sustentabilidade do gás (veja mais abaixo). Também chamado de H2V, o hidrogênio verde é a versão sustentável do gás, usado para abastecer veículos movidos a células de combustível e armazenar energia produzida por fontes renováveis, além de servir de matéria-prima para produtos da indústria de aço, farmacêutica e de metais. Ele pode ser aproveitado inclusive para a produção de fertilizantes para agricultura, sobretudo a amônia. Os investimentos para produzi-lo têm galgado posições na casa dos bilhões de dólares: a previsão é que esse mercado movimente US$ 350 bilhões globalmente até 2030, de acordo com um estudo da consultoria Thymos Energia. Só no Brasil, a estimativa é de US$ 28 bilhões, 8% do total. O carimbo "verde" deriva da forma com que ele é produzido. Apesar de abundante na natureza, o hidrogênio raramente é encontrado em sua forma elementar (H2) e quase sempre integra moléculas mais complexas, como o metano (CH4) emdash;o gás naturalemdash; e a própria água (H2O). Para extraí-lo desses componentes, é preciso empregar energia elétrica. Quando a eletricidade usada para quebrar a molécula vem de fontes sustentáveis, como eólica e solar, o hidrogênio resultante é chamado de verde. O processo de quebra da molécula de água emdash;chamado de eletróliseemdash; termina com H2 de um lado e O2, oxigênio que respiramos, de outro. De acordo com cálculos do Coppe-UFRJ (Instituto Alberto Luiz Coimbra de pós-graduação e pesquisa de engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro), é preciso empregar 58 kWh para produzir 1 kg de gás hidrogênio verde emdash;cerca de um terço do consumo médio mensal de uma casa, que gira em torno de 150 kWh. Pode parecer estranho gastar mais energia para produzir o hidrogênio do que ele seria capaz de prover depois (40 kWh por quilo), mas o objetivo do gás não é gerar eletricidade, e, sim, substituir os combustíveis fósseis em setores que são muito difíceis de descarbonizar, como produção de aço e aviação. Assim, por mais que ele gere menos energia do que ele "consome" na produção, ele vale muito a pena, porque emite muito menos. O hidrogênio tem a maior densidade energética entre os combustíveis disponíveis hoje: os 40 kWh que um quilo do gás é capaz de gerar equivalem à mesma energia gerada por 2,4 kg de metano ou 2,8 kg de gasolina (aproximadamente 4 litros). QUAIS SÃO AS OUTRAS elsquo;CORESersquo; DO HIDROGÊNIO? Quando o hidrogênio é obtido da quebra de outras moléculas que não a da água, ou a energia usada no processo deriva de outras fontes, ele é classificado com outras cores. O gás, vale a ressalva, é incolor. O hidrogênio "cinza" deriva da queima de combustíveis fósseis, em especial o gás natural, por meio de um processo chamado de "reforma a vapor". O procedimento libera grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. Se esse CO2 for capturado e armazenado no solo, o hidrogênio deixa de ser cinza e passa a ser chamado de hidrogênio "azul" emdash;pois, nesse caso, a captura do gás carbônico neutraliza seu efeito poluente. Quando o hidrogênio vem da gaseificação do carvão, leva as cores "preto" e "marrom", diferenciadas a partir do tipo de carvão usado. O preto vem do betuminoso; o marrom, do linhito. O processo é considerado altamente poluente, uma vez que libera CO2 e monóxido de carbono (CO) na atmosfera. Na paleta de cores, também entram rosa ou roxo, que, assim como o verde, são produzidos a partir da quebra da molécula de água. A diferença é que a energia usada é a nuclear: o hidrogênio rosa é produzido a partir da energia elétrica gerada por uma usina, enquanto o processo para obtenção do hidrogênio roxo também emprega calor. Há ainda o hidrogênio "branco", também chamado de "natural" ou, em alguns países, de "dourado", um dos poucos casos em que o elemento químico aparece em sua forma elementar. Ele naturalmente deriva da crosta terrestre e se forma no subsolo, quando água aquecida encontra rochas ricas em ferro e libera H2. O diferencial do branco para o verde é que ele não precisa passar pela eletrólise, o que o torna mais barato endash;mas não mais fácil de encontrar. Reservas subterrâneas de hidrogênio branco vêm sendo identificadas aos poucos, e a última grande descoberta ocorreu no final do ano passado, em Lorraine, na França. Lá, a estimativa dos geólogos é que existam até 250 milhões de toneladas do gás, mas ainda não existem estratégias claras de como alcançá-lo e, mais do que isso, extraí-lo. Se comprovada a abundância, pode se tratar de um "Santo Graal" da energia, como alguns especialistas já vêm chamando. Enquanto isso não acontece, o hidrogênio verde continua sendo a bola da vez. Mas não sem entraves. QUAL É A POSIÇÃO DO BRASIL NO MERCADO DE PRODUÇÃO DE HIDROGÊNIO VERDE? As condições climáticas favoráveis à geração de energia solar e eólica colocam o Brasil no centro do debate do "combustível do futuro". De acordo com a EPE (Empresa de Pesquisa Energética), 45% da matriz energética brasileira vem de fontes renováveis, sendo que a matriz elétrica emdash;que considera apenas a produção de energia elétricaemdash; é mais de 80% limpa (contra 28% de todo o mundo). A alta oferta coloca o país entre os mais competitivos em termos de preço, e um forte candidato a se tornar um dos principais produtores e exportadores de hidrogênio verde. Um estudo da BloombergNEF projeta o Brasil como um dos únicos capazes de oferecer hidrogênio verde a um custo inferior a US$ 1 por quilo até 2030. Considerando o longo prazo (2050), a cifra pode cair para US$ 0,55/kg. Mas, para viabilizar esse cenário, o país precisará investir alto na indústria, algo em torno de US$ 200 bilhões (cerca de R$ 1 trilhão) até 2040, segundo estimativas da consultoria McKinsey. A primeira fábrica de H2V está sendo construída no município de Camaçari, na Bahia. Em julho de 2022, a Unigel, empresa especializada em fertilizantes nitrogenados, anunciou o projeto, com investimento inicial de US$ 120 milhões (cerca de R$ 590 milhões). A usina deve entrar em operação neste ano. O Nordeste guarda a promessa de maior concentração de fábricas de H2V no Brasil. A região quer se posicionar como polo produtor, graças ao alto potencial de geração de energia solar e eólica, além da maior proximidade com o mercado europeu, um dos mais interessados no hidrogênio verde. O Ceará é o estado com o maior número de projetos já anunciados, mas Bahia, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte vêm logo atrás. O interesse internacional no Brasil, sobretudo de países europeus, também tem crescido. A Alemanha, por exemplo, tem financiado projetos de hidrogênio verde em laboratórios de universidades federais, notadamente a UFSC, em Santa Catarina, a UFRJ, no Rio de Janeiro, e a de Itajubá, em Minas Gerais. Hoje, de acordo com a IEA, os Estados Unidos e a União Europeia lideram em políticas de fomento ao H2V, ao passo que a China assumiu a dianteira na implantação de usinas. A Índia também é destaque no cenário mundial. O país aprovou, em janeiro de 2023, a chamada Missão Nacional de Hidrogênio Verde, com o objetivo de se tornar líder em fabricação de eletrolisadores e produzir 5 milhões de toneladas do combustível até 2030. Por ora, a produção global ainda engatinha. "É uma tecnologia nova, uma indústria nova, uma demanda nova. O custo precisa ser reduzido para que a coisa deslanche, ou que existam mercados dispostos a pagar", explica Lisbona, da FGV. Já existem projetos que empregam o H2 emdash;mas não o verdeemdash; como combustível, a exemplo de um trem na Alemanha, carros elétricos e o Energy Observer, o primeiro barco movido a hidrogênio do mundo.

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