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Petróleo opera em alta com aperto no mercado físico compensando alta na produção da Opep+

Os contratos futuros de petróleo abandonaram a queda vista na abertura da sessão desta segunda-feira e passaram a operar em leve alta em relação aos preços de sexta-feira, à medida que o aperto no mercado físico compensa o impacto do aumento acima do esperado da produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) em agosto, bem como as preocupações com os efeitos potenciais das tarifas dos Estados Unidos sobre o crescimento econômico e a demanda pela commodity. Por volta de 6h50 (de Brasília), na Intercontinental Exchange (ICE), o barril do petróleo tipo Brent para setembro subia 0,42%, a US$ 68,59. Já na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para entrega no mesmo mês avançava 0,65%, a US$ 66,93 por barril. No sábado, a Opep+ concordou em aumentar a produção de petróleo em 548 mil barris por dia, bem mais que os aumentos de 411 mil barris por dia adotados nos três meses anteriores, o que surpreendeu os investidores. No entanto, após uma reação de queda dos preços da commodity, que, em parte, precificaram a ação do grupo anteriormente, os contratos passaram a exibir ganhos. eldquo;Por enquanto, o mercado de petróleo continua apertado, o que sugere que ele consegue absorver barris adicionaiserdquo;, diz o analista Giovanni Staunovo, do UBS. Segundo os estrategistas do RBC Capital Markets, liderados por Helima Croft, a decisão da Opep+ deve recolocar no mercado quase 80% dos cortes voluntários de 2,2 milhões de barris/dia feitos por oito produtores do grupo. No entanto, eles observam que o aumento real da produção tem sido menor do que o planejado até agora, com a maior parte da oferta vinda da Arábia Saudita. Em um sinal de confiança na demanda por petróleo, a Arábia Saudita elevou no domingo o preço de seu petróleo tipo Arab Light para a Ásia ao maior nível em quatro meses. Analistas do Goldman Sachs esperam que a Opep+ anuncie um último aumento de 550 mil barris por dia para setembro na próxima reunião, marcada para 3 de agosto. (Reuters)

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Opep+ antecipa novo salto na oferta de petróleo em agosto, quarto aumento consecutivo

A Opep+ vai aumentar a produção ainda mais rápido do que o esperado no próximo mês, enquanto o grupo liderado pela Arábia Saudita busca aproveitar a forte demanda do verão em sua tentativa de recuperar participação no mercado. Oito membros-chave da aliança concordaram em elevar a oferta em 548 mil barris por dia durante uma reunião virtual no sábado, segundo delegados. O grupo havia anunciado aumentos de 411 mil barris por dia para maio, junho e julho emdash; já três vezes o nível originalmente planejado emdash; e os mercados esperavam o mesmo patamar para agosto. O novo aumento reforça a guinada estratégica da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus parceiros para acelerar a retomada da produção que havia sido cortada. Desde abril, o grupo passou de anos de restrição de oferta para ampliação da produção, surpreendendo operadores de petróleo e levantando dúvidas sobre sua estratégia de longo prazo. A Opep+ está devolvendo capacidade anteriormente interrompida a um mercado que, segundo amplas expectativas, terá excesso de oferta no fim do ano. Os contratos futuros do Brent caíram 8,5% em 2025, pressionados pelo aumento da produção dos membros da Opep+ e de outras regiões, além da perspectiva incerta de demanda, em meio à guerra comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ameaça abalar a economia global. No entanto, o mercado parece mais robusto no curto prazo, e alguns delegados afirmaram que o grupo está acelerando a retomada da produção em parte para aproveitar a demanda mais forte durante o verão no hemisfério norte. As refinarias dos EUA têm processado mais petróleo para esta época do ano do que em qualquer outro momento desde 2019, e os preços de alguns combustíveis, especialmente o diesel, dispararam. Nos meses que se seguiram à mudança de estratégia, os delegados apresentaram várias justificativas para a decisão: desde atender à demanda máxima de combustíveis no verão, até punir os membros que estavam produzindo acima da cota e recuperar volumes de vendas cedidos a concorrentes como os produtores de xisto dos EUA. Autoridades disseram que a Arábia Saudita está especialmente ansiosa para reativar a capacidade ociosa o mais rápido possível. O aumento maior em agosto colocaria a Opep+ no ritmo necessário para completar a devolução de 2,2 milhões de barris por dia de produção previamente interrompida em setembro emdash; um ano antes do previsto no roteiro original. eldquo;Com a Opep+ tendo migrado de uma estratégia de defesa de preços para uma de participação de mercado, manter um corte voluntário simbólico não fazia mais sentidoerdquo;, disse Harry Tchilinguirian, chefe de pesquisa do Onyx Capital Group. eldquo;O melhor era simplesmente encerrar isso e seguir em frente.erdquo; Ainda assim, o aumento real provavelmente será menor emdash; o grupo tem produzido abaixo dos níveis anunciados nos últimos meses, enquanto o ministro da Energia da Arábia Saudita, príncipe Abdulaziz bin Salman, pressiona alguns membros a compensarem a produção excedente anterior e abrirem mão de suas cotas de aumento. O Cazaquistão emdash; o caso mais flagrante emdash; continua a bombear centenas de milhares de barris acima da cota. Operadores de petróleo esperavam amplamente que a Opep+ confirmasse outro aumento de 411 mil barris por dia para agosto, segundo uma pesquisa da Bloomberg, e as discussões iniciais dos delegados nesta semana também se concentraram nesse número. Os barris extras podem ser bem recebidos pelo presidente Trump, que tem pedido repetidamente preços mais baixos do petróleo para impulsionar a economia dos EUA e conter a inflação, ao mesmo tempo em que pressiona o Federal Reserve para cortar os juros. Ainda assim, o aumento da produção também ameaça ampliar um excedente iminente. Os estoques globais de petróleo vêm crescendo a um ritmo de cerca de 1 milhão de barris por dia nos últimos meses, à medida que o consumo na China esfria e a produção aumenta nas Américas, dos EUA à Guiana, Canadá e Brasil. Segundo a Agência Internacional de Energia, com sede em Paris, os mercados caminham para um excedente substancial no fim do ano. Empresas de Wall Street como JPMorgan e Goldman Sachs preveem que os preços devem cair para cerca de US$ 60 por barril ou menos no quarto trimestre. Os preços subiram durante o conflito do mês passado entre Irã e Israel, mas recuaram rapidamente quando ficou claro que o fluxo de petróleo não havia sido afetado. Ao pressionar por aumentos mais rápidos na oferta, a Arábia Saudita precisa equilibrar os benefícios de volumes de vendas maiores com o impacto da queda nos preços do petróleo. O reino já enfrenta um déficit orçamentário crescente e foi forçado a cortar gastos em alguns dos principais projetos do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman. A Rússia, co-líder da Opep+, enfrenta um cenário econômico em deterioração e possível crise bancária, enquanto o presidente Vladimir Putin continua a travar uma guerra custosa contra a vizinha Ucrânia. A queda nos preços também tem prejudicado a indústria de xisto dos EUA. Em uma pesquisa recente, executivos do setor disseram esperar perfurar significativamente menos poços este ano do que o planejado no início de 2025, citando os preços mais baixos do petróleo e a incerteza em torno das tarifas impostas por Trump.

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Petrobras reavalia possibilidade de vender o Polo Bahia, diz Magda

A Petrobras está reavaliando sua operação no Polo Bahia, que consiste em 28 blocos em terra, com produção de cerca de 9 mil barris por dia de petróleo - ou 12 mil barris de óleo equivalente, se incluído o gás natural. O Polo chegou a ter o processo de venda iniciado pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), mas foi suspenso em setembro de 2023. De acordo com a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, a possibilidade de venda do ativo voltou à prancheta da estatal recentemente, quando o preço do barril do petróleo começou a cair. "A produção em terra envolve esforço grande, às vezes o campo é menor que um poço do pré-sal. Quando o óleo está a US$ 100 o barril faz sentido (produzir em terra), não a US$ 65 o barril. Vamos decidir se Polo Bahia fica com a gente, se terceiriza a operação ou se repassa o ativo", disse Magda após sair do Fórum Estratégico da Indústria Naval Brasil-China. A executiva, ressaltou, porém, que apesar de ser em terra, o campo de Urucu, na Amazônia, ainda não está sendo avaliado. "O óleo de Urucu é o melhor óleo do Brasil, vamos pensar na Bahia e depois olhar Urucu", explicou a executiva.

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Petróleo fecha em queda, com possível retomada das negociações entre EUA-Irã

Os contratos futuros do petróleo fecharam em queda nesta quinta-feira (3), em meio a sinais de possível retomada das negociações nucleares entre EUA e Irã e expectativas para aumento da oferta dos principais países exportadores. O dólar forte também pressionou o óleo, após forte payroll de junho. A commodity acentuou recuo após informações de que altas autoridades do Irã e dos Estados Unidos planejam retomar negociações nucleares em breve, após o cessar-fogo entre o país persa e Israel. Investidores ainda seguem com expectativas de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) anuncie um novo grande aumento de oferta na reunião deste domingo. O forte avanço do dólar, especialmente após a divulgação do payroll de junho, também ajudou a pressionar o óleo. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para agosto fechou em queda de 0,67% (US$ 0,45), a US$ 67,00 o barril. Já o Brent para setembro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), recuou 0,45% (US$ 0,31), a US$ 68,80 o barril. Segundo o Axios, o enviado especial da Casa Branca para o Oriente Médio, Steve Witkoff, está planejando se encontrar com o ministro das Relações Exteriores do Irã, Seyed Abbas Araghchi, já na semana que vem em Oslo, Noruega. Pela manhã, o Departamento do Trabalho informou que os EUA criaram 147 mil empregos em junho, acima da expectativa do mercado, o que levou o dólar americano, que oscilava próximo da estabilidade antes do dado, a disparar ante rivais fortes. O Departamento do Tesouro dos EUA anunciou hoje novas sanções contra redes envolvidas no transporte e na compra de bilhões de dólares em petróleo iraniano, parte do qual teria beneficiado a Força Quds do Corpo de Guardas da Revolução Islâmica (IRGC-QF). Foram sancionados navios envolvidos na entrega secreta do produto, em uma tentativa de aumentar a pressão sobre a chamada eldquo;frota sombraerdquo; do Irã. Também no radar, Opep+ deve avaliar na reunião de domingo a possibilidade de estender os aumentos mensais de produção. Oito países-chave já aprovaram aumentos de 411 mil barris por dia nos últimos três meses e estariam dispostos a repetir o mesmo para agosto.

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Parcela de endividados sobe em junho mas inadimplência fica estável, diz CNC

Pelo quinto mês consecutivo, a fatia de endividados no país subiu, na ótica da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), cuja edição de junho foi divulgada nesta quinta-feira (3). Em contrapartida, os indicadores de inadimplência mostraram estabilidade, entre maio e junho, informou ainda a confederação. Para a organização, o maior ritmo de endividamento no período foi impulsionado por crescimento de tomada de dívidas de curto prazo endash; principalmente entre famílias de classe média. No estudo, a proporção de pessoas que admitiram dívidas avançou de 78,2% em maio para 78,4% em junho. A parcela, no entanto, mesmo com o aumento, ainda ficou inferior à de junho de 2024 (78,8%). Para ler esta notícia, clique aqui.

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Excesso de proteção desprotege trabalhador, diz Barroso

O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luís Roberto Barroso, disse em entrevista ao C-Level, videocast semanal da Folha, que o mundo do trabalho mudou e que a ideia do empregado celetista talvez não seja mais a dominante. Para ele, o novo cenário emdash;com mais presença do empreendedorismo e de aplicativos como Uber e iFoodemdash; impôs novas realidades, como a terceirização. Ele defende que, em certos casos, é preciso pensar uma forma de proteção social diferente da tradicional. O ministro diz ainda que um excesso de direitos pode jogar contra o empregado, e que o STF fez bem ao chancelar a reforma trabalhista de 2017. "Não por acaso temos o menor índice de desemprego do país em 40 anos. Acho que algum grau de correlação é possível fazer." O Supremo enfrenta críticas pelo que seria o esvaziamento das prerrogativas da Justiça do Trabalho. Em abril, o ministro Gilmar Mendes suspendeu todos os processos relativos à pejotização, prática em geral tolerada pela Corte, e em fevereiro uma decisão do tribunal dificultou a responsabilização do setor público em reclamações trabalhistas de terceirizados. Em função dessas e outras decisões, tem sido cada vez mais comum que empresas pulem o circuito normal da Justiça trabalhista e busquem o STF diretamente, como mostrou recentemente a Folha. "Acho que, em certos casos, o excesso de proteção desprotege", afirmou o ministro durante a entrevista. "Acho, sim, que o entregador do iFood e o motorista de Uber têm que ter proteções sociais, mas um pouco diferentes da concepção tradicional. Temos que pensar fórmulas originais de proteção." No tema do IOF, Barroso defendeu que o ideal seria uma solução consensuada para o impasse que opõe Congresso ao governo Lula e acaba de chegar no STF. Ele defendeu que o reequilíbrio fiscal não fique na conta das classes sociais mais baixas. "A contribuição para o ajuste de contas tem que ser geral e não pode recair predominantemente sobre os mais pobres", disse o ministro, que manifestou apoio ao projeto de lei limitando os salários acima do teto constitucional endash;embora com uma modulação que defina quais benefícios são justos e quais devem ser cortados. O presidente do Supremo falou ainda em "epidemia de litigiosidade" ao tratar do pagamento dos precatórios, que deve ir a R$ 116 bilhões em 2026, e rejeitou qualquer contribuição do Judiciário ao aumento de concessões do BPC (Benefício de Prestação Continuada). Em nota, o Ministério do Desenvolvimento Social, responsável pela administração do benefício, afirmou que tanto a via administrativa quanto a judicial registraram aumento no número de requerimentos do BPC. A pasta também disse esperar um alinhamento maior dos critérios de concessão a partir de decisão recente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Que papel o Supremo Tribunal Federal terá na divergência entre o Congresso e o governo federal? Nessa questão do IOF, o Supremo vai conduzir um processo de conciliação? Essa é a questão de que eu menos posso falar, porque o processo acabou de ser distribuído a um relator, o ministro Alexandre de Moraes. Eu nem li a inicial, para falar a verdade. Mas acho que o Supremo vai decidir como decide tudo, interpretando e aplicando a Constituição da melhor forma possível. Se houver possibilidade de uma solução consensual, melhor ainda. Já que há jurisprudência em relação à ação, ao optar pela conciliação o tribunal não acaba tomando uma decisão política? O papel do Judiciário é resolver problema. E, portanto, se você puder resolver os problemas de maneira consensual e não litigiosa, é melhor do que fazer de uma forma em que um ganha e o outro perde. Há um equívoco no Brasil de achar que a solução amigável é pior do que a solução [litigiosa]. Antes, pelo contrário. De modo que, se for possível construir um resultado em que todos estejam de acordo, em que ninguém perca e ninguém ganhe é muito melhor. Não estou dizendo que vai ser feito assim, mas é desejável. Se não for possível, a gente decide. Cerca de 30% das concessões do BPC (Benefício de Prestação Continuada, pago a carentes que sejam idosos ou pessoas com deficiência) são determinadas pela Justiça. O Conselho Nacional de Justiça disciplinou um pouco as regras para concessão desses benefícios. O senhor acha que isso é suficiente para conter as despesas? Houve um crescimento muito relevante das concessões do BPC, mas é um equívoco imaginar que esse crescimento tenha decorrido do Judiciário. Houve um aumento da demanda por BPC em geral, tanto perante o Judiciário quanto perante à administração pública. E, portanto, eles continuam mais ou menos equiparados, até com um pouco mais de concessões pela administração pública. A verdade é que há uma crise fiscal no país e está todo mundo procurando identificar onde há excessos e onde há as coisas sobrando. Acho que tem que se preocupar com o BPC, tem que se preocupar com a Previdência, mas também tem que se preocupar com as desonerações e com a redução de gastos de uma maneira justa, numa sociedade democrática que tem a justiça social como um dos seus princípios. É preciso ter a percepção de que a contribuição para o ajuste de contas tem que ser geral e não pode recair predominantemente sobre os mais pobres, mas onde haja coisas erradas ou excessos. FolhaJus A newsletter sobre o mundo jurídico exclusiva para assinantes da Folha Carregando... Uma das autoridades que reclamou desse excesso de judicialização foi justamente o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, alertando para o impacto nas contas públicas. Geralmente quem traz a judicialização para o Supremo é o Executivo ou o Congresso. O Supremo não vai buscar essas demandas. O IOF foi judicializado pelo governo e muitas outras questões são judicializadas por partidos políticos. A percepção popular e equivocada é que o Supremo se mete em tudo. Na verdade, tem sempre algum ator institucional relevante que traz o Supremo para as discussões e pede para ele arbitrar essas demandas. E a gente decide as questões mais divisivas da sociedade brasileira. Estamos sempre desagradando a alguém. Hoje o Judiciário tem muito mais privilégios do que em 2023, quando o senhor assumiu a presidência do Supremo e o CNJ. Mesmo a trava que foi colocada pelo CNJ na questão dos penduricalhos é avaliada por especialistas como não efetiva. Tem mais gordura para ser cortada? O senhor é favorável ao projeto que limita os supersalários? Em primeiro lugar, não há nenhuma decisão minha que tenha contribuído para penduricalhos. A única decisão até hoje foi exatamente para cortar os penduricados para o futuro, porque para o passado eu não tenho competência para retirar, é só judicialmente. A única medida minha que em alguma medida repercutiu sobre qualquer área de direitos e vantagens foi dizer, repetindo o que está na Constituição, que juízes e membros do Ministério Público têm igualdade de situação. O Supremo Tribunal Federal e o Judiciário Federal devolvem dinheiro ao Tesouro no final do exercício. Portanto, na minha conta não entra. Nos estados é possível, sim, que tenham ocorrido aqui e ali abusos, de modo que o que eu fiz foi exigir que os benefícios não possam mais ser dados por decisão administrativa, só se [...] o Supremo, autorizar. O sr. é favorável ao projeto dos supersalários? Estou totalmente a favor de limitar o que se chama de indenizações para os juízes de uma maneira geral, que é o que a gente chama de extrateto, que está em discussão no Senado. Eu mesmo já falei com o presidente Alcolumbre que seria muito bom aprovar. Há extras [como adicional por substituição de colegas em férias] que são plenamente justificáveis e necessários, se não você tem um desfalque na prestação jurisdicional. De modo que eu sou a favor de o Congresso dizer quais verbas podem ultrapassar o teto legitimamente, e acabar com os penduricalhos que são dados indevidamente. Sou totalmente a favor dessa limitação. Em 2027 a reforma tributária entra em vigor. Algumas lideranças defendem que o Supremo seja provocado para afastar a insegurança jurídica e evitar décadas de litígio na área tributária. O que o sr. acha desse funcionamento? Nós estamos construindo, no Conselho Nacional de Justiça, um anteprojeto de lei. Tem uma comissão com representantes da advocacia, dos estados, dos municípios e do Congresso. E nós estamos tentando elaborar um anteprojeto para ser encaminhado ao Senado, possivelmente. O senador Rodrigo Pacheco é parceiro nesse debate para criar um tipo de jurisdição nacional online para impedir que tal como acontece com o ICMS, você tenha litígio sobre o ICMS em 27 estados da federação. E criar uma jurisdição única paritária de juízes estaduais e federais. O Supremo aprecia questões tributárias com impacto de R$ 1 trilhão, entre outras que afetam os cofres públicos. Um exemplo é o caso dos precatórios, em que há uma solução adequada até 2026, mas, a partir de 2027, a bomba-relógio volta a correr. Qual é a avaliação que o Supremo faz desses casos? É uma epidemia de litigiosidade. Nós temos temos 83,8 milhões de ações em curso. É um recorde mundial. Nenhum país paga no mundo 70, 80, 100 bilhões de precatórios. Esse é um fenômeno brasileiro. Eu fiz um grupo de trabalho para fazer o diagnóstico desse problema. Apuramos que a litigiosidade contra o poder público, União, estados e municípios, se concentra nas ações previdenciárias, nas ações movidas por servidores públicos, nas ações tributárias, nas ações de saúde e nas ações trabalhistas, que correspondem a 90%. Em relação à litigiosidade trabalhista, que também é um problema no Brasil, eu fiz uma resolução no Conselho Nacional de Justiça que prevê que, se, no momento da rescisão, empregado e empregador estiverem de acordo, cada um assistido pelo seu advogado, o termo de rescisão pode ser levado à homologação pela Justiça do Trabalho e, se for homologado, fica proibido o ajuizamento de reclamação trabalhista. Porque nós temos dois problemas nessa área, o empregador que não cumpriu o que tem que cumprir e uma indústria de reclamações. Portanto, nós estamos aqui protegendo os bons empregadores e acho que com isso a gente consegue reduzir a litigiosidade trabalhista. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, falou que a terceirização da forma como foi julgada e decidida no Supremo, ficou irmã gêmea do trabalho escravo. Além disso, tem havido um movimento do Supremo abrir espaço para que as empresas recorram diretamente à Corte para derrubar decisões trabalhistas desfavoráveis. A Justiça do Trabalho está perdendo espaço? Aquela ideia do trabalhador celetista, metalúrgico, empregado, que cumpre oito horas regularmente, já não é mais, talvez, a dominante no mercado de trabalho hoje, em que você tem pequenos empreendedores individuais, entregadores do iFood, motoristas de Uber. O mercado mudou e a terceirização se impôs como uma opção. De modo que, melhor do que ter uma terceirização que passasse abaixo do radar do direito e da legislação, nós estabelecemos a sua legitimidade, cumpridas determinadas regras. Eu mesmo fui o relator e acho que fizemos muito bem. Também acho que fizemos bem em validar a reforma trabalhista. São diferentes visões de mundo que a gente deve respeitar, mas, depois da validação da reforma trabalhista pelo Supremo, creio que não por acaso temos hoje o menor índice de desemprego no país nos últimos 40 anos. Não é desimportante esta estatística e acho que algum grau de correlação é possível fazer. Na minha visão, que é protetiva do emprego e do trabalhador, um pouco menos de proteção favoreceu a formalização do emprego e o incremento da empregabilidade. Outras pessoas, e eu respeito, têm uma visão ideológica de aumentar a proteção. Mas eu acho que, em certos casos, o excesso de proteção desprotege. Agora, acho, sim, que o entregador do iFood e o motorista de Uber têm que ter proteções sociais, mas um pouco diferentes da concepção tradicional. Nós temos que pensar fórmulas originais de proteção.

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