Petrobras perde R$ 30 bilhões em valor de mercado com dúvidas sobre dividendos
A Petrobras perdeu quase R$ 30 bilhões em valor de mercado nessa quarta-feira (28), com a queda de suas ações após uma declaração do presidente da estatal, Jean Paul Prates, causar dúvidas nos investidores. Em entrevista à Bloomberg, Prates que a Petrobras será mais cautelosa no pagamento de dividendos extraordinários à medida que se move para se tornar uma potência de energia renovável. "Temos que ser mais cautelosos. Os acionistas entenderão. Estamos no meio dessa grande decisão de se tornar uma companhia de petróleo em transição", afirmou. A declaração levou os investidores a colocar as ações da Petrobras entre as mais negociadas da sessão dessa quarta. Os papéis preferenciais (sem direito a voto) fecharam em queda de 5,16%, a R$ 40,43, enquanto as ações ordinárias (com direito a voto) cederam 5,39%, a R$ 41,60. No pior momento, as PNs foram negociadas a R$ 39,83 (-6,57%) e as ONs foram cotadas a R$ 41,25 (-6,19%), entre os piores desempenhos do Ibovespa, que cedeu 1,16%. A Petrobras informou no início da noite desta quarta que não há qualquer decisão tomada em relação à distribuição de dividendos ainda não declarados. A companhia acrescentou que as decisões da alta administração sobre dividendos, que inclui a proposta de destinação do resultado, a ser submetida à aprovação de assembleia geral ordinária em 25 de abril, serão tomadas com base em sua nova política de remuneração. De acordo com Tiago Cunha, gestor de renda variável da Ace Capital, as expectativas do mercado quanto ao pagamento de dividendos estavam mais próximas de um valor máximo ao potencial a ser distribuído. "A fala do presidente, nesse sentido, coloca uma dúvida sobre qual será o percentual pago. Dependendo do percentual, a Petrobras terá um e#39;dividend yielde#39; próximo das outras grandes empresas de petróleo no mundo, o que não justificaria uma preferência pela empresa brasileira", avaliou. A Petrobras divulga em 7 de março o resultado do último trimestre e do ano de 2023, quando deve também anunciar sua decisão sobre a remuneração aos acionistas. Em relatório a clientes nesta quarta-feira, comentando as declarações de Prates, analistas do Goldman Sachs avaliaram que os comentários poderiam ser recebidos negativamente pelos investidores já que a maioria com quem eles têm conversado nas últimas semanas estão focados no potencial anúncio de dividendos extraordinários. Ainda assim, Bruno Amorim e equipe mantiveram a classificação de "compra" para os papéis da Petrobras, pois calculam que a companhia ofereça um fluxo de caixa livre yield (FCFy) médio de cerca de 14% nos próximos quatro anos, entre 2024 e 2027, o que está acima das principais empresas globais de cerca de 10% em média. "Reconhecemos que, a esse nível de rendimentos, o prêmio para as principais empresas globais diminuiu em comparação com a história recente emdash;atualmente vemos as principais empresas globais com um retorno para os acionistas de aproximadamente 10%, div+recompra, em 2024E, em médiaemdash;, o que, na nossa opinião, limita o espaço para uma reavaliação significativa adicional da ação", afirmaram os analistas.