Ano:
Mês:
article

Aumento dos combustíveis pressiona inflação e ameaça orçamento do brasileiro

A Petrobras e os consumidores brasileiros começam o ano de 2025 com um cenário de grandes desafios. A defasagem nos preços dos combustíveis realizada pela estatal em relação ao mercado internacional acionou um alerta, de acordo com dados recentes da Associação Brasileira de Importação de Combustíveis (Abicom). Segundo os estudos divulgados, o diesel mostra uma defasagem de 8,9% a 19%, por sua vez, a gasolina está entre 12% e 13%. A disparidade é atribuída à supervalorização do dólar e ao crescimento dos preços internacionais do petróleo, que vem avançando devido às variabilidades geopolíticas. Leia também: Veja como aumento da Petrobras pode impactar preço da gasolina no DF Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis (Sindicombustíveis), Paulo Tavares, o modelo de precificação é sustentável. eldquo;O modelo adotado hoje funciona de forma mais racional, quando então a empresa precificar de forma sazonal e avaliando dentro de um determinado período levando em conta a rentabilidade da empresa e a movimentação das cotações e do preço do barril no âmbito internacionalerdquo;. Essa defasagem força a Petrobras a reajustar os preços. Contudo, qualquer reajuste nas refinarias poderá intensificar a inflação e impactar diretamente no orçamento dos consumidores. eldquo;Estamos em um país de dimensões continentais e com 80% de seu transporte de cargas rodoviário e, com reajustes do ICMS no diesel e gasolina, todos os setores sofrerão com a elevação dos preços dos combustíveis", afirma Tavares. Outro atenuante para os brasileiros é o aumento nas alíquotas do ICMS, com previsão para entrar em vigor em fevereiro. Com adição de imposto de R$ 0,10 por litro na gasolina, etanol e diesel de R$ 0,06, pressionando o valor do aumento nas bombas. Com preços reajustados, o preço médio da gasolina, que fechou em 2024 em R$ 6,29 por litro, pode subir ainda mais, com aplicação dos custos logísticos e de transporte em todo território brasileiro. Para especialistas, essa junção de fatores ocasiona um efeito cascata que dificulta ainda mais a recuperação econômica do país.

article

Preço da gasolina sobe 10% nos postos em 2024; Petrobras ajustou valor nas refinarias uma vez no ano

Os preços médios da gasolina, do diesel e do etanol subiram nos postos de combustíveis do país em 2024. É o que mostram dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Veja abaixo como ficou o acumulado no segundo ano do governo Lula 3. GASOLINA: preço médio passou de R$ 5,58 na última semana de 2023 para R$ 6,15 na última semana de 2024. O avanço é de 10,21%. ETANOL: no mesmo período, passou de R$ 3,42 para R$ 4,12. O aumento é de 20,46%. DIESEL: foi de R$ 5,86 para R$ 6,06. A alta de 3,41% no ano. O etanol, que registrou a maior alta do ano entre os combustíveis, foi impactado principalmente pela queda na produção de cana, em meio às queimadas, e pela cotação do açúcar no mercado internacional. "O preço do açúcar teve uma forte alta em 2024. E, sempre que o açúcar sobe lá fora, as usinas direcionam parte da produção à commodity. Isso desequilibra a oferta e a demanda", explica Ricardo Balistiero, professor de economia do Instituto Mauá de Tecnologia. Os aumentos da gasolina e do diesel ocorreram, principalmente, por conta da reoneração do PIS/Cofins e da alta do ICMS. Ainda que os preços tenham subido nos postos em 2024, os impactos da gasolina no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) foram bem menores do que em 2023. Ou seja, o combustível emdash; que têm grande peso na inflação oficial do país emdash; pressionou menos o índice no ano que termina. (leia mais abaixo) Há ainda o fator Petrobras nessa conta. Diferentemente do sobe e desce de preços nos últimos anos, a petroleira fez apenas um reajuste na gasolina vendida às distribuidoras em todo o ano de 2024. Isso fez com que os valores nas bombas ficassem menos voláteis. Assim, o combustível registrou apenas duas variações significativas nos preços: em fevereiro, com a alta do ICMS, e em julho, com o ajuste feito pela estatal. Mudanças de impostos Se em 2023 houve um vaivém intenso de impostos sobre combustíveis, em 2024 as alterações foram poucas. Mais especificamente, em dois momentos: Em 1º de janeiro, houve a reoneração de PIS/Cofins para óleo diesel A (sem adição de biodiesel) e biodiesel, de R$ 0,3515 e R$ 0,1480 por litro, respectivamente. Em 1º de fevereiro, houve o aumento do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). As altas foram de R$ 1,3721 por litro para a gasolina e de R$ 1,0635 para o diesel e biodiesel. A mudança de cenário reflete o fim de um longo processo, iniciado em 2021, de isenções e reonerações de impostos sobre combustíveis. De março daquele ano até fevereiro passado, foram pelo menos 13 anúncios importantes de alterações nos impostos sobre gasolina, diesel, etanol e gás natural veicular (GNV) emdash; sendo sete só em 2023. Mexer na tributação foi uma forma de conter a alta nos preços ao consumidor e, assim, reduzir os impactos na inflação, especialmente durante a pandemia de Covid-19 e após a eclosão da guerra na Ucrânia, que elevaram os custos do petróleo e do produto final nos postos do país. Em 2024, com a reoneração integral dos combustíveis, esse ritmo frequente de mudanças chegou ao fim. Petrobras A Petrobras também interferiu menos nos preços em 2024. A postura não tão intervencionista da empresa coincide com a mudança, em maio de 2023, de sua política de preços. Desde então, a estatal não segue mais a política de paridade internacional (PPI), que reajustava o preço dos combustíveis com base nas variações do dólar e da cotação do petróleo no exterior. Tanto é que, em 2024, houve um único aumento no preço da gasolina, aplicado em 8 de julho. A alta foi de R$ 0,20 (ou 7,11%) para as distribuidoras, levando ao valor de R$ 3,01. Frederico Nobre, gestor de investimentos da Warren, lembra que a própria cotação do petróleo ajudou a conter os reajustes em 2024. A commodity atingiu a máxima de US$ 90 em meados de abril, mas caiu ao longo do ano, o que contribuiu para que não houvesse uma pressão significativa sobre a gasolina emdash; apesar da disparada do dólar. Além disso, lembra o especialista, a mudança na política de preços da Petrobras permitiu que a petroleira segurasse a alta do combustível mesmo nos períodos de maior aperto. "Houve momentos ao longo do ano em que a gasolina e o diesel estavam com uma defasagem próxima de 20% emdash; principalmente no primeiro trimestre, quando o petróleo estava em patamares mais elevados", diz. Essa defasagem é a diferença entre os preços que a estatal efetivamente pratica e os que ela poderia (ou deveria) praticar, com base no câmbio e no preço do petróleo. Ou seja, é quando a empresa opta por não repassar os custos imediatamente, mesmo com a alta do petróleo e o avanço do dólar. Assim, a Petrobras vende às distribuidoras a valores mais baixos, com o intuito de evitar que os combustíveis fiquem mais caros ao consumidor final. Em geral, a nova política de preços da petroleira tem ajudado a conter os valores nos postos. Por outro lado, quando anunciada, a mudança gerou receios em relação à saúde financeira da empresa. Quase dois anos depois, os ânimos parecem ter se acalmado. Um dos termômetros disso é o mercado de capitais. Ricardo Balistiero, da Mauá, destaca o desempenho das ações da Petrobras, que subiram cerca de 20% no ano. O bom resultado foi visto tanto nos papéis preferenciais (sem direito a voto dos acionistas) quanto nos ordinários (com direito a voto). "Isso mostra que a nova política de preços, de certa maneira, agradou ao mercado", diz. "Enquanto isso, o Ministério da Fazenda não tem tido nos combustíveis um grande problema inflacionário." A estatal apresentou uma deterioração nas margens de refino, transporte e comercialização (RTC) nos últimos trimestres, aponta Frederico Nobre, da Warren. Para ele, porém, o movimento pode não ser necessariamente um reflexo da nova política de preços da companhia. "Há uma série de outros fatores influenciando esses resultados, como utilização das refinarias, preço de produção de derivados e variação cambial. Então, é difícil atribuir essa perda de margens a uma mudança na política de preços", diz. Conforme mostrou o g1, o lucro da estatal recuou 33,8% em 2023 na comparação com 2022. Mesmo assim, o resultado foi o segundo melhor da história da empresa, segundo a própria companhia. O dado mais recente, referente ao terceiro trimestre de 2024, mostra um avanço de 22,3% no lucro da empresa em relação ao mesmo período do ano anterior. A gasolina é o combustível que mais pesa no IPCA, a inflação oficial do país. Ela compromete, em média, 5% do orçamento das famílias, explica André Braz, economista e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). Com a menor variação de preços nos postos em 2024, os combustíveis foram responsáveis por 9,53% do IPCA no acumulado de 12 meses até outubro, diz Braz. Para efeito de comparação, no mesmo período de 2023, eles responderam por 17,57% do índice nacional de preços emdash; quase o dobro. Em outras palavras: apesar do forte peso, em 2024 a gasolina gerou menos impacto no bolso das famílias do que em 2023. Veja abaixo as variações da inflação e da gasolina, conforme dados do IBGE: No acumulado de 12 meses até outubro, o IPCA ficou em 4,76%; a gasolina subiu 7,08%. Na mesma janela até outubro de 2023, o IPCA foi de 4,82%; a gasolina saltou 16,60%. "O combustível que mais subiu no período foi o etanol. Mas ele pesa muito pouco, compromete menos de 1% no orçamento familiar. Então, [com impacto menor da gasolina] a participação dos combustíveis na inflação caiu muito", explica Braz. O pesquisador afirma que o cenário pela frente é de incerteza, com uma série de conflitos internacionais em curso emdash; que impactam diretamente o preço do petróleo emdash; e a eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos, que promete mexer com a geopolítica global e pressionar a inflação. No Brasil, destaque para a atividade econômica, que tem apresentado resultados positivos, como um PIB forte e a menor taxa de desemprego da história. Por outro lado, os desafios fiscais emdash; e, consequentemente, inflacionários emdash; seguem, ao passo que o governo busca alternativas para controlar as contas públicas. Recentemente, o Executivo federal anunciou um pacote de corte de gastos, que está sendo discutido e precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional. Enquanto o mercado financeiro segue descrente em relação à efetividade da proposta, o dólar tem atingido as máximas, acima de R$ 6. Em resposta, o Banco Central do Brasil (BC) também sinalizou fortes elevações na Selic, a taxa básica de juros do país, como tentativa de controlar a inflação. Braz, da FGV, acredita que a dívida pública "incomoda um pouco, mas o país não quebraria por causa disso". Para o economista, é necessária uma "sinalização de comprometimento maior com as contas públicas" para acalmar os ânimos do mercado. "Um comunicado um pouco mais maduro e assertivo por parte do governo colocaria um fim a essa dúvida de cumprimento de meta da inflação. Esse ruído, então, desapareceria", conclui o economista.

article

Petrobras lança edital de compra de biometano visando mandato do Combustível do Futuro

O diretor de transição energética e sustentabilidade da Petrobras, Maurício Tolmasquim, disse em coletiva de imprensa que o edital lançado pela empresa nesta segunda (6/1) para a aquisição de biometano tem como objetivo inicial mapear o mercado sob o ponto de vista da oferta. As compras anunciadas visam o cumprimento do mandato de 1% de biometano nas operações de gás natural por produtores e importadores, definido pela lei do Combustível do Futuro. A entrega será a partir de 2026, de modo a coincidir com o início da vigência do mandato. Pelas regras, o biometano poderá ser adquirido tanto pela molécula, adicionada ao gás natural, ou por meio dos certificados de garantia de origem (CGOB). eldquo;A gente pode aceitar o certificado isoladamente ou o biometano com o certificadoerdquo;, afirmou Tolmasquim. Os certificados garantem que o biometano foi utilizado em substituição ao combustível fóssil e foi um dispositivo adicionado à lei do Combustível do Futuro para facilitar o cumprimento do mandato e aumentar a abrangência do combustível, produzido de forma pulverizada por todo o país. Poderão participar as empresas que produzem ou têm projetos de produção, comercializadoras ou que façam a logística do biometano. A demanda potencial para 2026 para cumprir com a adição de 1% de biometano ao consumo de gás natural é de 700 mil m³/dia, estima a companhia. O volume final para atender ao mandato de descarbonização, no entanto, ainda depende da regulamentação da lei. Empresas interessadas em vender para a Petrobras precisam ofertar, no mínimo, 20 mil m³/dia, e contratos de 11 anos de duração. eldquo;Do ponto de vista do nosso uso, vamos inserir o biometano na produção de hidrogênio de baixo carbono. Também queremos produzir o SAF [combustível sustentável de aviação] nesse processo, mas isso é um segundo tipo de demanda, que é a descarbonização de produtoserdquo;, disse. Planos da Petrobras para o biometano Tolmasquim afirmou que a companhia também passará a produzir o biometano e já tem conversado com empresas do setor. Reforçou, ainda, que a demanda pelo combustível é expressiva e que a oferta precisa avançar. eldquo;A gente precisa olhar a oferta de terceiros. É importante para ter uma ideia de preços, porque se a gente não tem, por exemplo, o biometano como commodity, não tem uma referência de preçoerdquo;. A partir das respostas à chamada, a Petrobras espera definir como se dará a precificação do certificado e da molécula . eldquo;A gente vai detalhar depois, porque tendo essa lista [de empresas], vai ter um time de negociação que vai lidar diretamente com os empreendedoreserdquo;, reforçou. O edital não é vinculante, ou seja, haverá uma análise e negociação entre os envolvidos.

article

Petróleo fecha em queda, apesar de impulso do câmbio e perspectivas de sanções

Os contratos futuros de petróleo perderam o ímpeto de mais cedo e fecharam em queda nesta segunda-feira (6) após terem tocado o maior valor desde abril do ano passado, apoiados por um dólar enfraquecido e pelas expectativas de sanções mais rigorosas contra a Rússia e o Irã. Os preços também foram impulsionados pelas perspectivas de uma demanda mais forte de combustíveis devido às previsões meteorológicas mais frias. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para fevereiro fechou em queda de 0,54% (US$ 0,40), a US$ 73,56 o barril, enquanto o Brent para março, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), recuou 0,27% (US$ 0,21), a US$ 76,30 o barril. Segundo a Reuters, a administração do presidente Joe Biden prepara um pacote substancial de sanções contra a Rússia, com foco em petroleiros que transportam petróleo vendido acima do limite de US$ 60 por barril imposto pelo Ocidente. As medidas devem atingir empresas russas de petróleo, traders, seguradoras e mais de 100 embarcações, com o objetivo de reduzir a receita de Moscou na guerra contra a Ucrânia. As autoridades norte-americanas já informaram a Índia sobre as novas sanções, enquanto o futuro dessas políticas sob o próximo governo de Donald Trump permanece incerto. Enquanto isso, o principal exportador de petróleo, a Saudi Aramco, aumentou nesta segunda-feira os preços de venda para os compradores de petróleo na Ásia pela primeira vez em três meses endash; um movimento que normalmente sinaliza expectativas de demanda mais firmes. eldquo;O petróleo bruto teve um forte aumento na semana passada, afirmam analistas da Saxo em nota. eldquo;No entanto, a vantagem parece limitada devido às incertezas da demanda e à elevada capacidade ociosa da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep+)erdquo;, ponderam. Ainda no noticiário, Biden decidiu proibir novas perfurações de petróleo e gás offshore na maioria das águas costeiras dos EUA, um esforço de última hora para bloquear uma possível ação do novo governo de Trump para expandir a perfuração offshore. (Estadão Conteúdo)

article

Defasagem de preços aumenta pressão para que Petrobras reajuste combustíveis

Os preços dos combustíveis praticados pela Petrobras no Brasil começam 2025 com defasagem percentual expressiva na comparação com o mercado internacional. A diferença é puxada pela alta do dólar nos últimos meses do ano passado. E essa realidade aumenta ainda mais as pressões por reajustes na venda de gasolina e diesel nas refinarias da estatal depois de um 2024 com preços praticamente estáveis. A consultoria StoneX estima que o diesel operava, na sexta-feira (3), com defasagem de 8,9%, enquanto a gasolina era vendida nas refinarias da Petrobras 12,3% abaixo dos preços internacionais. Nas contas da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem seria ainda maior: de 19% no diesel e de 13% na gasolina. E para a XP, os percentuais são de 14,9% e 12,5%, respectivamente. Como o Valor mostrou na semana passada, a Petrobras só reajustou uma vez o preço da gasolina nas refinarias no ano passado. Foi em julho, quando subiu o combustível em 7,04%. Para ler esta notícia. clique aqui.

article

Mercado vê pouco espaço para queda na cotação do dólar

Depois de subir mais de 27% no ano passado, a moeda americana deve permanecer cotada acima dos R$ 6, segundo os economistas. A incerteza fiscal no cenário doméstico e a volta de Donald Trump à presidência dos EUA, com propostas que valorizam o dólar, devem pressionar o real. Depois de avançar mais de 27% e se consolidar num patamar acima de R$ 6,00 em 2024, o comportamento do dólar se tornou uma das grandes preocupações dos analistas diante do cenário econômico de tantas incertezas, internas e externas, neste ano. Apesar das pesadas intervenções do Banco Central no mercado de câmbio em dezembro, a moeda americana acumulou leve alta de 0,03% nos primeiros dois pregões do ano, cotada a R$ 6,18. eldquo;O dólar segue muito valorizado em termos globais. Todos os índices do dólar contra cestas de moedas estão em patamares elevadoserdquo;, diz Silvio Campos Neto, economista e sócio da consultoria Tendências. eldquo;Não vejo margem para um grande alívio ( à moeda) na parte externa.erdquo; Outro fator Os movimentos de Gabriel Galípolo à frente do BC também podem afetar o câmbio A principal incerteza na frente internacional vem dos Estados Unidos, onde Donald Trump volta à presidência em 20 de janeiro. Na campanha, o republicano prometeu a adoção de tarifas de importação mais elevadas, medida que traz riscos inflacionários que dificultariam ainda mais a queda da taxa básica de juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA). eldquo;As novas pol í t i c a s de Trump podem afetar as expectativas de inflação e, por consequência, a direção do Fed nos juroserdquo;, diz Alexandre Espirito Santo, economista da Way Investimentos e coordenador de economia e finanças da ESPM. Em sua reunião de dezembro, o Fed cortou os juros em 0,25 ponto porcentual, para a faixa entre 4,25% a 4,50% ao ano, e sinalizou que deve reduzir as taxas apenas duas vezes em 2025. Depois da decisão, Jerome Powell, presidente do Fed, disse estar confiante de que a inflação está numa trajetória de queda no país, embora em um ritmo mais lento. Segundo ele, os EUA podem levar mais um ou dois anos para inflação voltar à meta de 2%. eldquo;O Fed enfrenta um dilema grande. A economia ( dos EUA) pode entrar em recessão este ano endash; e isso piora ainda mais com as políticas que o Trump está sinalizando. Ao mesmo tempo, a inflação segue pressionada e começou a acelerar um pouco nas últimas leituras, o que coloca o Fed num cenário em que o momento pode ser de parar de cortar os juroserdquo;, diz Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados. eldquo;Mas se a economia entra numa desaceleração ou recessão mais grave, os juros caem com mais intensidade. É um caminho ainda aberto.erdquo; Além das preocupações com os EUA sob Trump, há ainda as tensões geopolíticas no Oriente Médio e na Ucrânia, e as dúvidas sobre a economia da China, que dá sinais de desaceleração e tem tido dificuldade de alcançar a meta de crescimento de 5% do Produto Interno Bruto (PIB). No cenário local, as atenções se voltam para o rumo das contas públicas. O pacote de contenção de gastos apresentado pelo governo em novembro foi considerado aquém do necessário, na avaliação dos especialistas, antes ainda de ser desidratado em sua tramitação no Congresso. O País precisa acertar a as contas públicas para conter o endividamento público e retomar a confiança dos investidores. Com nível de dívida elevado para uma economia emergente e sem uma clareza sobre o futuro, os investidores vêm retirando seus recursos do País e impulsionando a desvalorização do real. eldquo;O cenário de 2025 segue tenso. O câmbio não tem chance de baixar de R$ 6 e há o risco de subir ainda mais. Aparentemente, está caminhando para se estabilizar em R$ 6,20, mas não dá para descartar que, com o cenário internacional e o fiscal mal encaminhado, ele vá para procurar um patamar de R$ 6,50erdquo;, diz Vale, da MB. SINAL. Desde o anúncio do pacote fiscal, que veio acompanhado da proposta de isenção do Imposto de Renda a quem ganha até R$ 5 mil, o dólar ultrapassou a marca de R$ 6,00 e os juros futuros dispararam, num claro sinal de que o investidor está exigindo um retorno maior para financiar a dívida brasileira. Para conter a escalada do dólar, o BC despejou US$ 21,5 bilhões à vista no mercado endash; a maior injeção de recursos em um mês da história do regime de câmbio flutuante. Os analistas também observam com lupa os primeiros passos de Gabriel Galípolo no comando do BC. Galípolo foi uma escolha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que viveu um embate permanente com Roberto Campos Neto, ex-presidente da autarquia. eldquo;Estamos numa situação em que já se contratou uma piora econômica para 2025 e 2026. Não apostaria que o governo terá alguma bala de prata para mudar esse ambiente. E se partir para um populismo econômico, aí o dólar fica mais perto de R$ 7 do que de R$ 6erdquo;, adverte o economista-chefe da Tendências. ebull; eldquo;O mercado questiona muito hoje o que vai ser feito. Uma inversão total da política econômica, que deveria ter sido feita em novembro? Ou vai ser mais uma tentativa de segurar a inflação? Sabemos que isso nunca deu certoerdquo; Adiretora de macroeconomia para o Brasil do UBS Global Wealth Management, Solange Srour, vê um início de 2025 complicado, com dúvidas no mercado sobre a disposição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de seguir pelo menos uma regra fiscal até o final do mandato, após a aprovação do pacote de contenção de despesas no fim do ano passado. eldquo;O fundamento continua a ser um País que não tem regra fiscalerdquo;, diz. Segundo ela, haverá uma desaceleração importante da economia, excetuando o setor agrícola, e uma alta de inflação significativa já no começo deste ano, o que, teoricamente, deve influenciar também a popularidade do governo. eldquo;E o mercado questiona muito neste momento o que vai ser feito. Uma inversão total da política econômica, que deveria ter sido feita em novembro? Ou vai ser mais uma tentativa de segurar a economia, vai tentar segurar a inflação? Sabemos que isso nunca deu certo.erdquo; Leia a seguir os principais trechos da entrevista: Qual sua avaliação do cenário após o pacote fiscal do governo? Mesmo que o pacote não fosse desidratado, já seria insuficiente para dar segurança ao arcabouço fiscal sem modificações em 2026. Houve uma desidratação importante. A meta de resultado primário não é factível porque depende de arrecadação na qual não acreditamos. O fundamento continua a ser um País que não tem regra fiscal. Como fica a situação da equipe econômica? A equipe econômica estava disposta a fazer algo mais estrutural, não só a Fazenda, mas também o Planejamento, com ideias que poderiam construir uma ponte para 2026. Obviamente, a equipe fica mais enfraquecida. O mercado quer ver do presidente Lula a disposição de perseguir pelo menos uma regra fiscal até o final do mandato. Podem vir novas medidas? Se vierem, serão tão fracas quanto as que já vieram. O próprio BPC (Benefício de Prestação Continuada, um benefício pago a portadores de deficiência e idosos de baixa renda) mostrou que é muito difícil mexer em benefício social, ainda mais na segunda metade de um governo. A mudança no reajuste do salário mínimo foi uma vitória, mas traz muito pouca segurança de cumprimento de teto em dois anos. A sinalização é de dificuldades. Em dezembro, o Banco Central acelerou a Selic, mas o mercado piorou... O BC praticamente elevou os juros em 300 pontos-base (três pontos porcentuais) em uma reunião só, de dezembro, mas o mercado ficou cético de que, mesmo com uma comunicação muito dura e uma alta de taxa de juros importante, o BC seria bem-sucedido. O problema é o fiscal, não é o Copom, que explicou claramente que o pacote fiscal foi recebido com ceticismo pelo mercado, o que influenciou o prêmio de risco e atrapalha a trajetória da inflação. Obviamente, não é só isso o problema do BC. A orientação do Copom de mais duas altas da Selic dá a ideia de continuidade no BC, agora sob direção de Gabriel Galípolo? O forward guidance ( indicação dos passos futuros) foi conveniente. A pressão política é grande, pode diminuir em alguns momentos, aumentar em outros, mas é presente e significativa. O BC ganha algum tempo sem pressão porque avisou que será duro nas próximas duas reuniões. A Selic vai além de 14,25% ao ano? ( A Selic a) 14,25% é o contratado pelo Banco Central. O mercado vai precificando entre 16,5% e 17%. Se o BC realmente estiver mirando a meta de inflação de 3% no horizonte relevante, vai depender muito de onde o câmbio e as expectativas de inflação vão estabilizar. Muitos no mercado dizem que uma hora o BC vai precisar parar de elevar os juros, mas não consigo comprar esse argumento. Só consegue parar quando, no horizonte de projeção dele, há algum momento em que o câmbio e as expectativas estabilizam. Acho que o BC vai acabar indo mais longe do que o forward guidance de hoje, se eu estiver certa na minha hipótese de que não vai vir uma bala de prata no fiscal. Então qual é a perspectiva para a economia? A economia vai sofrer, porque a alta de juros que ocorreu, ainda que um pouquinho amenizada nos últimos dias, é brutal e vai afetar o crédito. Um salto na taxa de juros pega empresas e consumidores de surpresa. O grau de repasse para a economia acaba sendo mais rápido. O mercado só não prevê essa desaceleração logo no início deste ano porque a safra ( agrícola) deve ser muito boa. Neste momento, a fragilidade fiscal fica ainda mais exposta. Se já falamos de não gerar superávit primário, de dívida subindo aceleradamente, com uma economia forte, quando vira, as preocupações ficam maiores. E o cenário de inflação, com câmbio mais pressionado? Não precisa de um câmbio a R$ 6,30 para ser péssimo. No primeiro trimestre, haverá uma surpresa muito forte com a inflação, porque as empresas recompõem seus estoques, exauridos ao final do ano, com a taxa de câmbio mais alta. O cenário de 2025 é bem ruim, como mostram as inflações implícitas no mercado. No início deste ano, haverá uma desaceleração da economia importante e uma alta de inflação significativa. Teoricamente, isso começa a afetar a popularidade do governo. E o mercado questiona muito neste momento o que vai ser feito. Uma inversão total da política econômica, que deveria ter sido feita em novembro? Ou vai ser mais uma tentativa de segurar a economia, vai tentar segurar a inflação? Sabemos que isso nunca deu certo. ebull;

Como posso te ajudar?