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Com crise, presidente da Petrobras 'vira' Ronaldinho Gaúcho

A crise entre o governo e a cúpula da Petrobras chegou aos petroleiros que, com dose de humor, passaram a chamar o presidente da estatal, Jean Paul Prates, de Ronaldinho Gaúcho. Integrantes da Federação Única dos Petroleiros (FUP) explicam que a alcunha se deve à imprevisibilidade dos seus movimentos em campo. Embora Prates seja um senador do PT licenciado, tem sido visto como um executivo que faz movimentos alinhados com o mercado. A comparação se deve às críticas feitas, recentemente, por integrantes do governo de que a condução da companhia está mais alinhada ao mercado e menos preocupada com a política de preços dos combustíveis. Lula pretende baratear a gasolina, o diesel, e o querosene de aviação como forma de melhorar sua popularidade e segurar mais a inflação. Na semana passada, esse embate chegou ao conselho de administração. Representantes do governo decidiram reter o pagamento de dividendos extraordinários, contrariando acionistas minoritários. Jean Paul afirmou, publicamente, que o adiamento não permitiria que o dinheiro represado fosse utilizado em despesas correntes ou investimentos, como cogitaram assessores de Lula.

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Sinalização sobre ritmo de corte de juros gera expectativa em Copom previsível

Em um cenário no qual uma nova redução de 0,5 ponto percentual da taxa básica de juros (Selic), a 10,75% ao ano, é dada como praticamente certa na próxima quarta-feira (20), as atenções dos economistas se voltam para os passos futuros do Copom (Comitê de Política Monetária) e uma potencial mudança em sua comunicação sobre o ritmo de cortes à frente. A discussão ganha espaço na medida em que o colegiado do Banco Central avança no ciclo de flexibilização dos juros. Desde agosto do ano passado, foram cinco cortes consecutivos na mesma intensidade. Em todas as ocasiões, o Copom indicou que repetiria a dose "nas próximas reuniões", o que significa que o ritmo de redução se manteria ao menos nos dois encontros seguintes. "Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões [...]", diz comunicado da última reunião do Copom. Uma possível flexão do plural para o singular em três das quase 800 palavras que compõem o texto vem gerando debate no mercado financeiro às vésperas do próximo encontro do Copom. Isso porque esse trecho carrega uma pista sobre o potencial tamanho do ciclo de queda de juros neste ano. Se não houver alteração, o BC sinaliza que deve, ao menos até junho, manter o ritmo de cortes da Selic adotado até agora. Em se concretizando a orientação, a taxa básica retornaria ao patamar de um dígito em meados do ano, chegando a 9,75% ao ano. Os juros estão em dois dígitos desde fevereiro de 2022. Por outro lado, uma eventual mudança na comunicação daria maior grau de liberdade à atuação do Copom em um ambiente marcado por incertezas no cenário global e dúvidas quanto à trajetória da inflação de serviços. Ao mesmo tempo, a falta de previsibilidade com relação à Selic ao término do atual ciclo de queda de juros poderia gerar maior volatilidade nos preços dos ativos endash;o que abriria espaço para o colegiado do BC ser mais conservador. O tema do "forward guidance" (orientação futura, no linguajar técnico do mercado) foi também debatido por alguns membros da alta cúpula do BC. No início do mês, o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, ressaltou que os dados que servem de subsídio para a decisão do comitê a cada 45 dias estão acima de qualquer prescrição. "A gente adotou os cortes de 50 pontos-base [0,5 ponto percentual] justamente para ter a vantagem de ganhar tempo e ver como as coisas vão acontecendo", afirmou. As falas públicas dos diretores do BC sobre os prós e contras de uma possível mudança na orientação indicam que o assunto vai ser ao menos trazido à mesa na reunião do Copom da próxima quarta-feira, na opinião do economista-chefe da Santander Asset, Eduardo Jarra. "Vejo uma chance considerável da alteração do plural para singular. Mas, se no comunicado só mudar [o trecho] elsquo;nas próximas reuniõesersquo; para elsquo;na próxima reuniãoersquo;, isso não leva a uma mudança de visão de cenário. Ele [Copom] pode ir a conta-gotas", afirma. Jarra, contudo, diz não haver urgência para essa mudança. Para o economista, o colegiado do BC seguirá com cortes de juros de 0,5 ponto percentual até o fim do primeiro semestre, reduzindo a intensidade até a Selic atingir 8,5% ao término do ciclo. Sua projeção está abaixo da mediana do mercado financeiro. Segundo a última edição do boletim Focus, os agentes esperam que a taxa básica de juros feche 2024 em 9% ao ano. Dentro desse grupo de instituições está a XP, que vê na composição do cenário menor probabilidade de o Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) cortar juros no curto prazo, sinais de um mercado de trabalho ainda muito aquecido, e indicações do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de medidas de expansão parafiscal endash;como maior liberação de crédito feita por bancos públicos, por exemplo. Quanto à comunicação, o economista-chefe da XP, Caio Megale, que é ex-assessor no Ministério da Economia, considera que não houve aumento de incerteza em grau suficiente para que o comitê mude a sua orientação. Para ele, a discussão sobre o "forward guidance" é válida diante do maior risco para a convergência da inflação em direção à meta de 2025 endash;3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. No entanto, descarta mudança na próxima reunião devido ao patamar ainda elevado da Selic. "Se mantiver o plural, significa que ele [Copom] tem na cabeça chegar [com a Selic] em pelo menos 9,75% [ao ano]. Ninguém acha hoje que a Selic tem que ser 9,75% ou mais", diz. Megale vê chance de o comitê explicitar no comunicado que a orientação é um indicativo do cenário mais provável, não um compromisso formal do Copom, conforme alerta dado pelo diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, para que o mercado não confunda "guidance" com determinação de juros. Na opinião do economista, a partir do momento em que a Selic voltar a um dígito, será a hora de o colegiado do BC fazer um ajuste fino. Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, entende as recentes declarações de Galípolo e Guillen como uma forma de o BC preparar o terreno para a retirada do plural na orientação futura. "Não é o fim do mundo. Não vai mudar a política monetária do Banco Central. Simplesmente vai ganhar graus de liberdade", afirma. Ele projeta que o Copom desacelere o ritmo de cortes a partir de junho, seguindo com reduções de 0,25 ponto percentual até fechar o ano com a Selic em 9%. "A partir do momento em que existe um risco de ter que reduzir o ritmo [de cortes da Selic], ele [Copom] manter o forward guidance seria contraproducente, porque, quando não cumpre o forward guidance, perde credibilidade", diz. Quanto ao processo de desinflação, Leal mostra cautela. De um lado, vê um cenário de maior incerteza global no segundo semestre com a possibilidade de Donald Trump voltar a ser eleito nos EUA. De outro, coloca a inflação de alimentos como um risco de alta diante do impacto de efeitos climáticos sobre os alimentos elsquo;in naturaersquo;. O grupo alimentação e bebidas continuou sendo destaque no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em fevereiro. No acumulado em 12 meses, a inflação oficial do Brasil atingiu 4,5% endash;teto da meta perseguida pelo BC. Heron do Carmo, professor da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária, da Universidade de São Paulo), diz não estar tão tranquilo em relação ao cenário inflacionário do país quanto estava no fim de 2023. "Não estamos com muito espaço para redução da inflação", diz. O especialista espera que a inflação caia até maio e depois fique sujeita a pressões vindas dos grupos de alimentos, combustíveis e serviços. "Tudo indica que nós teremos uma pressão de alimentos [sobre a inflação], porque nós vamos sair de uma situação de uma supersafra para uma safra menor", afirma. "Se tivermos algum problema sério com alimentos ou combustíveis, isso pode fazer com que a inflação se mantenha muito próxima ao teto da meta, um pouquinho abaixo, até meados do ano, e depois comece a passar o teto", projeta. Já Tatiana Pinheiro, economista-chefe para o Brasil da Galapagos Capital, mostra um pouco mais de otimismo. Os dados mais recentes do IPCA, segundo ela, mostram o componente "serviços" bem comportado, reforçando a expectativa dos economistas para a trajetória da Selic. Ao término do ciclo, a economista projeta que a taxa básica de juros atinja 8%. Olhando para a taxa de juros real, ela considera que o Copom tem um espaço "relativamente confortável" para dar prosseguimento à flexibilização dos juros. "Nesse espaço de conforto, faz sentido o Banco Central priorizar o forward guidance para redução da volatilidade [nos preços dos ativos]", diz. "Essa orientação ainda deve fazer sentido para mais algumas reuniões".

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Produção de petróleo e gás libera muito mais metano do que o estimado, mostra novo estudo

Grandes produtores de petróleo e gás nos Estados Unidos podem estar emitindo três vezes mais metano, gás que aquece o planeta, do que as estimativas oficiais, de acordo com uma nova pesquisa publicada na quarta-feira (13). Este é o mais recente de uma série de estudos que sugerem que as emissões do setor de combustíveis fósseis podem estar sendo subestimadas. Em algumas partes do Novo México, mais de 9% do gás natural produzido estavam escapando para a atmosfera, disseram os pesquisadores no estudo, publicado na revista Nature. O metano é o principal componente do gás natural e, quando liberado sem queima na atmosfera, atua como um gás de efeito estufa extremamente poderoso. Ele pode aquecer o planeta mais de 80 vezes mais do que a mesma quantidade de dióxido de carbono ao longo de um período de 20 anos. A liberação de metano emdash;muitas vezes através de vazamentos em locais de perfuração ou em plantas de processamento de gás, ao longo de gasodutos ou em outras instalações de energiaemdash; é uma má notícia para o aquecimento global, que já está causando aumento do nível do mar, tempestades mais intensas, secas mais intensas e uma maior perda de biodiversidade ao redor do mundo. Para o estudo, pesquisadores da Universidade de Stanford, da consultoria Kairos Aerospace e de outros laboratórios analisaram cerca de um milhão de medições coletadas a partir de levantamentos aéreos em seis regiões produtoras de petróleo e gás. Usando essas medições, juntamente com modelagem computacional, eles descobriram que as operações de petróleo e gás nessas regiões liberaram cerca de 6,2 milhões de toneladas de metano por ano. Isso equivale a cerca de 3% do total de gás produzido por essas regiões por ano, o equivalente às emissões anuais de gases de efeito estufa provenientes da energia usada por 20 milhões de residências. Em termos monetários, são cerca de US$ 1 bilhão em gás. Uma das conclusões deste e de estudos anteriores foi "o quão concentradas são as emissões em uma fração muito pequena de locais", disse Evan D. Sherwin, que liderou a pesquisa em Stanford e agora trabalha no Lawrence Berkeley National Laboratory. "Essa é a parte boa. Se conseguirmos descobrir o que está acontecendo nesses poucos locais, estaremos a meio caminho de resolver o problema do metano no petróleo e gás", disse. Os cientistas estão cada vez mais focados em obter medições mais precisas das emissões de metano causadas pelo homem, grande parte das quais vem da indústria de petróleo e gás. O MethaneSAT, um satélite lançado neste mês pela Environmental Defense Fund, foi projetado para rastrear o metano em escala global. Ele é um dos vários satélites que podem detectar e medir o metano do espaço. O novo estudo descobriu que as taxas de emissão de metano variaram amplamente entre as regiões, de 0,75% na Pensilvânia a mais de 9% em partes do Novo México. Uma razão para as altas taxas do Novo México: os operadores lá tendem a perfurar em busca de petróleo, não de gás, e simplesmente liberam grande parte do gás que sobe para a atmosfera. Ritesh Gautam, cientista da Environmental Defense Fund que não participou do estudo, diz que o trabalho fornece dados novos e importantes. Ele também afirma que medições mais abrangentes, incluindo dados do MethaneSAT, em breve podem complementar essas pesquisas. "Para obter um quadro completo, esses dados precisam ser combinados com a medição direta das emissões totais de metano", diz. Em uma análise separada divulgada também na quarta-feira, a Agência Internacional de Energia disse que as emissões de metano do setor de energia permaneceram próximas de recordes em 2023. Mas também adotou um tom esperançoso, afirmando que novas medidas anunciadas nos últimos meses em breve podem colocar essas emissões em declínio. Por enquanto, as emissões globais de metano permanecem "muito altas" para atingir as metas climáticas internacionais, disse a agência. Para limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos tempos pré-industriais, um objetivo-chave do Acordo de Paris, as emissões de metano provenientes de combustíveis fósseis precisam diminuir 75% nesta década, afirmou a agência de energia. A análise da agência constatou que a produção e o uso de combustíveis fósseis geraram cerca de 132 milhões de toneladas de emissões de metano no ano passado, um pequeno aumento em relação ao ano anterior. As emissões permaneceram em níveis semelhantes desde 2019, quando atingiram um recorde. Os Estados Unidos, o maior produtor global de petróleo e gás, também foram os maiores emissores de operações de petróleo e gás, seguidos pela Rússia. Cerca de 200 governos concordaram nas negociações climáticas globais do ano passado em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, em "reduzir substancialmente" as emissões de metano até 2030. Grandes empresas de petróleo e gás também aderiram ao Compromisso Global de Metano para conter suas emissões. A administração Biden também está avançando com regras que exigem que os produtores de petróleo e gás detectem e corrijam vazamentos de metano. Todas as promessas feitas por países e empresas, implementadas integral e pontualmente, reduziriam as emissões de metano provenientes de combustíveis fósseis em 50% até 2030, constatou a nova análise da Agência Internacional de Energia. No entanto, observou que a maioria das promessas ainda não era apoiada por planos concretos. "Estou encorajado pelo ímpeto que vimos nos últimos meses, o qual nossa análise mostra que poderia fazer uma diferença enorme e imediata na luta mundial contra as mudanças climáticas", disse Fatih Birol, diretor executivo da agência, em comunicado. "Agora, devemos focar em transformar compromissos em ação, enquanto continuamos a mirar mais alto." (The New York Times)

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Projeto da agenda verde de Lira pode beneficiar o gás natural, combustível fóssil

O projeto de lei que cria o Paten (Programa de Aceleração da Transição Energética), proposta que busca incentivar iniciativas sustentáveis, pode acabar contemplando o gás natural emdash;combustível fóssil cuja queima é uma das causas do aquecimento global. O gás foi incluído no escopo de beneficiários na última versão do projeto, que é uma das principais propostas do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no conjunto de pautas da chamada agenda verde do deputado. Na última quarta-feira (13), o relatório do Paten chegou a ser lido no plenário, mas a votação foi adiada, a princípio, para a sessão da próxima terça-feira (19). O projeto, relatado pela deputada Marussa Boldrin (MDB-GO), cria dois mecanismos voltados à transição energética emdash;o principal deles, o que o texto chama de Fundo Verde (abastecido por créditos tributários de empresas interessadas perante a União). Administrado pelo BNDES, o instrumento tem a finalidade de garantir o risco de financiamento para projetos sustentáveis voltados à infraestrutura, pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica. A companhia que tiver projetos aprovados também pode receber desconto em multas e juros em dívidas tributárias (com impacto, portanto, para os cofres públicos). O próprio texto já traz uma definição sobre o que seria aceito como projeto sustentável. Antes, eram considerados programas voltados a etanol, bioquerosene de aviação, biodiesel, biometano e hidrogênio verde, além de energia solar e eólica. Posteriormente, entraram na lista biogás e energia com captura de carbono. Na versão mais recente da proposta, foi incluído o setor de gás natural. Também entraram as centrais hidrelétricas de até 50 MW (megawatt) emdash;as pequenas centrais hidrelétricas, ou PHCs. Procurada, a relatora afirmou que o gás "é necessário na transição energética em todo o mundo" e tem como objetivo substituir o uso de termelétricas, outra fonte de energia poluente. Portanto, argumenta ela, a mudança no texto "reduz as emissões de carbono e ajuda a reduzir a tarifa de energia elétrica dos consumidores". A deputada disse ainda que as alterações foram feitas após debate com a sociedade civil, parlamentares e setores, com objetivo de ampliar o escopo de ferramentas para a transição energética, o que inclui, também, as pequenas termelétricas, "fontes renováveis que precisam apoio". Antes, o texto previa o financiamento de projetos de desenvolvimento e produção de "combustíveis renováveis". A esse trecho foi acrescida a frase "e de baixo carbono", o que também amplia as possibilidades de aplicação do mecanismo. Sob reserva, técnicos e parlamentares citam a cifra de R$ 800 bilhões como o potencial máximo que o Paten pode alcançar em financiamento, mas não foi apresentado nenhum estudo que comprovasse tal montante. Opositores da proposta dizem, também sob condição de anonimato, que o uso de créditos com a União beneficia empresas mais ricas emdash;que costumam ter mais valores a receber. Assim, o programa acabaria não contribuindo para o surgimento de novas iniciativas. Durante a tramitação do texto, chegou-se a tentar incluir no rol de temas contemplados pelo programa os carros elétricos e também restringir a área de etanol ao combustível de segunda geração emdash;que tem uma pegada de carbono ainda menor. Nenhuma das duas mudanças constou na última versão do texto. Os mecanismos de controle e governança do Paten devem ser definidos em regulamentação posterior.

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Andrade Gutierrez e Novonor, ex-Odebrecht, lideram disputa por retomada da refinaria Abreu e Lima

Duas das construtoras que protagonizaram o esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato, a Andrade Gutierrez e a Novonor (ex-Odebrecht), largaram na frente na disputa por cinco lotes do processo de retomada das obras da Refinaria Abreu e Lima, um dos pivôs da investigação. Ao todo, a Petrobras recebeu propostas para sete lotes da obra, que prevê a conclusão do segundo trem de produção de combustíveis da refinaria, inaugurada parcialmente em 2014, mas com obras suspensas desde 2015. O resultado final, porém, ainda depende de negociações entre a Petrobras e as empresas, que apresentaram um valor global superior aos cerca de R$ 8 bilhões que a estatal pretende investir no projeto. Por meio da controlada Consag, a Andrade Gutierrez apresentou as melhores propostas para contratos, no valor de R$ 3,76 bilhões. A Novonor participou do leilão com a controlada Tenenge, que liderou as propostas para três lotes, com R$ 5,2 bilhões. As informações foram antecipadas pelo jornal "O Estado de São Paulo" e confirmadas com fontes do setor pela Folha. Oficialmente, as empresas não se manifestam sobre o assunto. Em nota, a Petrobras diz que o processo referente às obras é conduzido nos termos da lei e encontra-se em andamento, na fase legal de efetividade, após o recebimento de propostas, ocorrido na quinta-feira (14). "As sugestões recebidas, que são de conhecimento público, estão em fase de análise pela Comissão de Licitação e, portanto, não há o que se falar em empresa e nem proposta vencedora no momento", afirma a estatal. Dois outros lotes receberam melhor proposta da Conenge, com R$ 1,9 bilhão. Juntas, as ofertas recebidas pela Petrobras somam quase R$ 11 bilhões, R$ 3 bilhões a mais do que o valor estimado pelo presidente da estatal, Jean Paul Prates, na cerimônia em que anunciou a retomada das obras. A refinaria já consumiu cerca de R$ 90 bilhões e é tema de um caderno do TCU (Tribunal de Contas da União) sobre "como uma ideia virtuosa e promissora pode se transformar num malogro comercial bilionário". A Petrobras defende que o projeto de conclusão das obras "é robusto, viável economicamente e tem retorno positivo", segundo afirmou em janeiro a gerente de projetos de Desenvolvimento da Produção da companhia, Mariana Cavassin. Segundo ela, o projeto passou por um "processo detalhado e rigoroso de avaliação econômica" dentro da Petrobras. "Avaliamos a melhor solução para a companhia neste momento, dado o estado em que está a obra." No anúncio de retomada das obras, realizado nas instalações da refinaria em Ipojuca (PE), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar a Lava Jato, afirmando que a operação foi uma armação contra a Petrobras e contra a busca por petróleo no Brasil. "Tudo o que aconteceu nesse país foi uma mancomunação entre alguns juízes desse país, alguns procuradores desse país, subordinado ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos que queriam e nunca aceitaram o Brasil ter uma empresa como a Petrobras", disse. Ao fim das obras, a capacidade de processamento de petróleo da refinaria pernambucana subirá dos atuais 100 mil para 260 mil barris por dia, com foco na produção de diesel, combustível em que o Brasil é deficitário. Além da refinaria Abreu e Lima, a Petrobras pretende retomar outra obra emblemática da Lava Jato, o antigo Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), rebatizado de Polo GasLub no governo Jair Bolsonaro (PL). Nesse caso, o projeto prevê a implantação de unidades para produção de combustíveis, além de estudos para a uma usina térmica na área do complexo, que fica em Itaboraí, na região metropolitana do Rio. A ideia é contratar as obras ainda no primeiro semestre. Em outra frente, a companhia afirmou nesta sexta-feira (15) que iniciou processo de avaliação para recompra de participação na Refinaria de Mataripe, vendida durante o governo Bolsonaro ao fundo Mubadala. As duas empresas discutem um projeto de ampliação das instalações, com a construção de uma biorrefinaria para produzir combustíveis a partir de matérias-primas vegetais.

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Lira comemora aprovação do projeto que cria "combustíveis do futuro"

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que a aprovação dos chamados eldquo;combustíveis do futuroerdquo; representa um projeto do maior interesse do País. A proposta, aprovada na quarta-feira (13) pelo Plenário da Câmara, cria programas nacionais de diesel verde, de combustível sustentável para aviação e de biometano, além de aumentar a mistura de etanol e de biodiesel à gasolina e ao diesel, respectivamente. eldquo;O texto estabelece regras para o desenvolvimento do Combustível Sustentável de Aviação. É mais um passo para tornar o Brasil protagonista mundial no desenvolvimento e uso de fontes energéticas limpaserdquo;, disse o presidente por meio de suas redes sociais. O texto aprovado é um substitutivo do deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) para o Projeto de Lei 528/20, do ex-deputado Jerônimo Goergen (RS), tomando como base o PL 4516/23, do Poder Executivo. A proposta ainda será analisada pelo Senado. Se virar lei, a nova margem de mistura de etanol à gasolina passará de 22% a 27%, podendo chegar a 35%. Atualmente, a mistura pode chegar a 27,5%, sendo, no mínimo, de 18% de etanol. Quanto ao biodiesel, misturado ao diesel de origem fóssil no percentual de 14% desde março deste ano, a partir de 2025 será acrescentado 1 ponto percentual de mistura anualmente até atingir 20% em março de 2030, segundo metas propostas no texto.

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