Raízen vê SAF de etanol como produto de exportação
Gigante da produção de etanol de cana-de-açúcar, a Raízen acredita que o combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) feito a partir do álcool endash; rota conhecida como alcohol-to-jet (ATJ) endash; vai permitir a internacionalização do biocombustível brasileiro. Segundo o vice-presidente da companhia, Paulo Neves, a Raízen já tem fomentado a tecnologia como solução para descarbonização do setor de aviação ao redor do mundo. eldquo;As outras soluções não são suficientes para descarbonizar a indústria de aviação. Temos trabalhado muito para fomentar essa solução e mostrar que o Brasil tem condições de ser um supridor seguro e consistente para os próximos 10, 20, 30 anoserdquo;, disse Neves em entrevista ao estúdio epbr durante a CERAWeek 2024, da Seamp;P Global, no Texas. Veja acima a íntegra da entrevista. A rota ATJ vem sendo apontada como a única solução viável, no curto prazo, para atender à meta da aviação internacional de neutralidade em carbono até 2050. Hoje, a rota mais conhecida para produção de SAF é a que gera o HVO endash; óleo vegetal hidrotratado. Entretanto, sozinha, a rota do HVO endash; conhecida como HEFA por utilizar óleos, principalmente de soja, ou gordura animal não comestível endash; não será suficiente. Segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês), o mundo produz, atualmente, apenas 100 milhões de litros de SAF ao ano. Para que o setor alcance as metas até 2050, serão necessários 450 bilhões de litros. Industrialização brasileira Na avaliação do executivo essa também é uma grande oportunidade para a industrialização brasileira, uma vez que o combustível de aviação agrega valor ao etanol. eldquo;É uma oportunidade muito importante para esse desenvolvimento e industrialização brasileira (ehellip;) Temos todo o interesse, como brasileiros, de agregar mais valor a partir do nosso país, de gerar mais benefícios socioeconômicos ao redor do nosso ambiente e de melhorar também a nossa balança comercialerdquo;, diz. Para Neves, o Brasil vive um momento único, que combina a eldquo;real intenção de descarbonizarerdquo; das economia ao redor do mundo com a eldquo;vantagem competitivaerdquo; do país na produção de biocombustíveis e energias renováveis. eldquo;Seja por causa da questão da demanda, do desenvolvimento tecnológico da indústria, seja pelo fato de termos desenvolvimento também do ponto de vista da nossa matriz energética em energia solar e eólica, ou seja, mais fontes energéticas renováveis competitivas, que promovem o ambiente para que possamos sonhar em mais industrialização no nosso paíserdquo;. Combustível do Futuro Recentemente o governo conseguiu aprovar na Câmara o programa Combustível do Futuro, de estímulo à descarbonização do transporte no Brasil. Texto aguarda aprovação no Senado. A proposta, entre outras metas, estabelece que, a partir de 2027, as companhias aéreas deverão reduzir as emissões de GEE em suas operações domésticas por meio do uso de SAF, começando com 1% e chegando a 10% em 2037. O VP da Raízen entende ser fundamental iniciativas como essa para o desenvolvimento da indústria de novos biocombustíveis no Brasil, como o HVO e SAF, além do biometano. eldquo;Primeiro para o Brasil, mas com uma escala talvez ainda maior que beneficia e gera mais competitividade no Brasil para esse combustível renovável, mas também que permite a gente ampliar nossas divisas e ser competitivo em outros países tambémerdquo;, pontua; eldquo;[Os biocombustíveis] são um lastro fundamental para que possamos tentar nos colocar como um industrializador de novos produtos para o mundo. A história precisa começar no Brasil, é onde vamos ser mais competitivos que todos os lugareserdquo;, conclui.