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Petrobras anuncia obras para ampliar em 160% capacidade da refinaria Abreu e Lima

A Petrobras prevê aumentar em 160% a capacidade de processamento da refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, daqui a quatro anos. As obras de ampliação da unidade terão início no segundo semestre deste ano e deverão ser finalizadas em 2028, segundo anúncio dos executivos da companhia feito nesta quarta-feira, 17. O valor dos investimentos não foi divulgado. A refinaria passará a ter uma capacidade de processamento de 260 mil barris de petróleo por dia, segundo a gerente executiva de projetos de desenvolvimento da produção da estatal, Mariana Cavassin. Atualmente, sua produção é de 100 mil barris processados diariamente. A unidade, cuja construção foi inaugurada há 18 anos com a presença dos então presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez (Venezuela), tornou-se um dos símbolos das investigações da Operação Lava Jato no escândalo do eldquo;petrolãoerdquo;, esquema de desvio de recursos da estatal durante as gestões petistas. O projeto foi pensado em parceria com a estatal venezuelana PDVSA. Sua construção se arrastou de 2005 a 2014, com um atraso de três anos para o início da operação parcial, antes previsto para 2011. Com um custo inicial de R$ 7,5 bilhões, as obras do empreendimento, que deveria ser o início da independência para o refino de petróleo brasileiro, consumiram quase R$ 60 bilhões. Nesta quinta-feira, 18, está prevista a visita de Lula ao porto de Suape, para marcar a retomada de investimentos e ampliação de Abreu e Lima, localizada no município de Ipojuca. A cerimônia contará com as presenças do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e de representantes da Casa Civil e do Ministério de Minas e Energia (MME). A expansão da capacidade é defendida pelos técnicos da Petrobras. As obras vão acrescentar cerca de 13 milhões de litros de Diesel S10 (de baixo teor de enxofre) por dia à capacidade de produção nacional, informou a Petrobras. Prates disse por meio de nota que a estatal estima um aumento de produção de diesel da ordem de 40% nos próximos anos. Ele não especifica qual é o período da estimativa. O presidente da Petrobras destaca ainda que os investimentos em refino podem eldquo;contribuir de forma rentávelerdquo; para tornar o Brasil eldquo;autossuficiente na produção de combustíveis, reduzindo a demanda por importaçãoerdquo;. Hoje o País importa entre 20% e 30% do diesel que consome e uma quantidade menor, por vezes inferior a 5%, da gasolina de que precisa. Segundo a gerente executiva de projetos de desenvolvimento da produção da Petrobras, Mariana Cavassin, o montante total a ser investido no projeto Rnest nos próximos cinco anos ainda não pode ser revelado porque as licitações de construção do Trem 2, uma das três etapas do projeto, estão em fase de recebimento de propostas até fevereiro. Depois disso, as cifras devem ser reveladas. Cavassin esclareceu que a partida do Trem 2 da refinaria, a unidade efetivamente nova, está mantida para 2027. eldquo;Como estamos falando de várias unidades, um sistema muito complexo, vamos ter entregas parciais, que vão passar a operar gradativamenteerdquo;, disse. Etapas Ainda em 2024 devem começar as obras para a ampliação da produção do Trem 1 da Rnest, já existente. O processo, chamado de eldquo;revamperdquo;, objetiva aumento de carga, melhor escoamento de produtos leves e maior capacidade de processamento de petróleo do pré-sal. A expectativa de conclusão dessa ampliação do Trem 1 é no primeiro trimestre de 2025. Então, disse Cavassin, a capacidade de processamento já será aumentada em 30%, para 130 mil barris por dia. Além do Trem 2, o projeto prevê a construção da primeira unidade Snox do refino brasileiro, responsável por transformar óxido de enxofre (SOx) e óxido de nitrogênio (NOx) em um novo produto para comercialização. Essas obras especificamente já estão em andamento, informou a Petrobras. A unidade vai começar a operar em 2024. Investimento Os executivos da Petrobras não mencionaram os montantes a serem investidos em cada uma das etapas da expansão da Rnest, sobretudo do Trem 2, porque os contratos de construção ainda estão sendo licitados no momento, com recebimento de propostas até fevereiro. Por esse motivo, disseram, só então os dados econômicos poderão ser tornados públicos. Ainda assim, a previsão inicial de investimento no revamp do Trem 1 foi de US$ 2 bilhões. Esses investimentos estão inscritos na previsão de R$ 17 bilhões para a área, que conta do plano estratégico 2024-2028, informaram. eldquo;Essa ampliação passou por um processo muito detalhado e rigoroso de avaliação econômica. Foi aprovado pelo conselho de administração da Petrobras em 2023. Nós avaliamos o projeto em todos os cenários econômicos que a Petrobras tem na carteira. E avaliamos isoladamente cada uma das etapas e também em conjunto para garantir que o projeto é robusto e viável economicamente, com retorno positivo para a companhiaerdquo;, disse Cavassin. Ainda conforme ela, as obras devem ter um pico de atividade em 2025, com geração de 30 mil empregos, sendo 10 mil empregos diretos. Segundo o gerente geral da Rnest, Márcio Maia, atualmente a refinaria já responde por 6% de toda a capacidade de refino da Petrobras, o que pode chegar a 10%. Esse porcentual, no entanto, vai depender do crescimento paralelo da atividade de outras refinarias da Petrobras. Histórico Abreu e Lima foi lançada em 2005, no primeiro mandato do presidente Lula. A Petrobras seria responsável por 60% dos investimentos, e os 40% restantes seriam aportados pela Venezuela, o que nunca aconteceu. Com a desistência do país vizinho, a Petrobras decidiu construir sozinha, inicialmente, apenas um dos dois conjuntos (trem) de refino. A unidade começou a operar em 2014, ficando no centro das investigações da Operação Lava Jato por superfaturamento, fato confessado pelo então diretor de refino da Petrobras, Paulo Roberto Costa. A Rnest foi a primeira refinaria construída no Brasil após 34 anos. A unidade está localizada no Complexo Industrial Portuário de Suape, a 45 quilômetros de Recife. É a mais moderna refinaria da estatal, com a maior taxa de conversão de óleo bruto em diesel, combustível que responde por 70% da produção da unidade. Atualmente, a capacidade da Rnest é de 100 mil barris de óleo processado por dia. Com as obras, que envolvem a construção do segundo trem e um revamp (melhoramento) do Trem 1, a refinaria vai contar com mais duas unidades de destilação atmosférica (UDA); duas unidades de coqueamento retardado (UCR); duas unidades hidrotratamento de diesel (HDT-D); duas unidades hidrotratamento de nafta (HDT-N); duas unidades de geração de hidrogênio (UGH); e duas unidades de abatimento de emissões (SNOX). O projeto também prevê unidades de utilidades auxiliares e facilidades logísticas.

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Produtores de etanol lançam campanha para incentivar o uso do combustível no Brasil

A União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) lançou nesta quarta-feira, 17, uma campanha de incentivo ao uso de etanol por motoristas em seus veículos. A iniciativa, apresentada em um evento em São Paulo, envolve campanha publicitária com o foco no esclarecimento de dúvidas dos consumidores. A campanha será veiculada a partir de amanhã (18), no rádio e na TV, com a participação do humorista Rafael Portugal. A campanha também usará cerca de 20 influenciadores nas redes sociais e usa o bordão eldquo;Vai de Etanolerdquo;. Também foi criado o site eldquo;vaideetanol.com.brerdquo; para tirar dúvidas dos consumidores. eldquo;Além de reunir todos os vídeos e spots de rádio, decidimos incluir uma série de mitos e verdades sobre o etanol, uma calculadora que mostra quanto de CO2 as pessoas deixam de emitir ao abastecer com etanol e até um quiz para medir o grau de conhecimento dos motoristaserdquo;, disse a diretora executiva da Unica, Patrícia Audi. eldquo;Queremos que mude o mindset (mentalidade) do consumidor.erdquo; Na apresentação, a Unica adotou o discurso da importância da adoção de iniciativas sustentáveis, em virtude da eldquo;urgência climáticaerdquo;, como fator principal a motivar o uso do etanol. eldquo;Há uma necessidade urgente de acelerar a substituição dos combustíveis fósseis por biocombustíveis, reduzindo a emissão dos gases que provocam o efeito estufaerdquo;, disse o presidente da Unica, Evandro Gussi. Segundo a Unica, como os motores flex, entre março de 2003 e o fim de 2023 o consumo de etanol no Brasil evitou a emissão de 662 milhões de toneladas de CO2 equivalente. eldquo;Isso representa 5 milhões de árvores plantadaserdquo;, disse o diretor de Inteligência Setorial da Unica, Luciano Rodrigues. O lançamento da campanha da Unica se dá em um momento de alta da produção de etanol no País. No acumulado desde o início do atual ciclo agrícola até 31 de dezembro, a fabricação do biocombustível totaliza 31,44 bilhões de litros (alta de 14,39%), sendo 18,79 bilhões de etanol hidratado (crescimento de 18,72%) e 12,66 bilhões de anidro (aumento de 8,52%), segundo dados da Unica. No acumulado desde o início da safra, a produção de etanol de milho atingiu 4,61 bilhões de litros - avanço de 41,65% na comparação com igual período do ano passado. A competitividade do etanol, um fator importante na tomada de decisão do consumidor, também está em alta. Na semana encerrada no último sábado (13), o etanol estava mais competitivo em relação à gasolina em 12 Estados: Acre, Alagoas, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Tocantins, além do Distrito Federal. Os dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) foram compilados pelo AE-Taxas.

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Produtores de etanol lançam campanha para incentivar o uso do combustível no Brasil

A União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) lançou nesta quarta-feira, 17, uma campanha de incentivo ao uso de etanol por motoristas em seus veículos. A iniciativa, apresentada em um evento em São Paulo, envolve campanha publicitária com o foco no esclarecimento de dúvidas dos consumidores. A campanha será veiculada a partir de amanhã (18), no rádio e na TV, com a participação do humorista Rafael Portugal. A campanha também usará cerca de 20 influenciadores nas redes sociais e usa o bordão eldquo;Vai de Etanolerdquo;. Também foi criado o site eldquo;vaideetanol.com.brerdquo; para tirar dúvidas dos consumidores. eldquo;Além de reunir todos os vídeos e spots de rádio, decidimos incluir uma série de mitos e verdades sobre o etanol, uma calculadora que mostra quanto de CO2 as pessoas deixam de emitir ao abastecer com etanol e até um quiz para medir o grau de conhecimento dos motoristaserdquo;, disse a diretora executiva da Unica, Patrícia Audi. eldquo;Queremos que mude o mindset (mentalidade) do consumidor.erdquo; Na apresentação, a Unica adotou o discurso da importância da adoção de iniciativas sustentáveis, em virtude da eldquo;urgência climáticaerdquo;, como fator principal a motivar o uso do etanol. eldquo;Há uma necessidade urgente de acelerar a substituição dos combustíveis fósseis por biocombustíveis, reduzindo a emissão dos gases que provocam o efeito estufaerdquo;, disse o presidente da Unica, Evandro Gussi. Segundo a Unica, como os motores flex, entre março de 2003 e o fim de 2023 o consumo de etanol no Brasil evitou a emissão de 662 milhões de toneladas de CO2 equivalente. eldquo;Isso representa 5 milhões de árvores plantadaserdquo;, disse o diretor de Inteligência Setorial da Unica, Luciano Rodrigues. O lançamento da campanha da Unica se dá em um momento de alta da produção de etanol no País. No acumulado desde o início do atual ciclo agrícola até 31 de dezembro, a fabricação do biocombustível totaliza 31,44 bilhões de litros (alta de 14,39%), sendo 18,79 bilhões de etanol hidratado (crescimento de 18,72%) e 12,66 bilhões de anidro (aumento de 8,52%), segundo dados da Unica. No acumulado desde o início da safra, a produção de etanol de milho atingiu 4,61 bilhões de litros - avanço de 41,65% na comparação com igual período do ano passado. A competitividade do etanol, um fator importante na tomada de decisão do consumidor, também está em alta. Na semana encerrada no último sábado (13), o etanol estava mais competitivo em relação à gasolina em 12 Estados: Acre, Alagoas, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Tocantins, além do Distrito Federal. Os dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) foram compilados pelo AE-Taxas.

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Investir em refinarias é uma decisão equivocada da Petrobras, diz Adriano Pires

O negócio da Petrobras não é refinaria: é pré-sal, exploração e produção, diz Adriano Pires, sócio diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie). Por isso, segundo ele, a retomada dos investimentos em refinarias pela estatal, como a anunciada nesta quarta-feira, 17, é um equívoco. eldquo;Para o acionista da Petrobras, é uma decisão errada, deveria vender e deixar a iniciativa privada investir ali, mas o governo Lula foi eleito democraticamente e ninguém escondeu nunca que o presidente era contrário à privatização das refinariaserdquo;, diz. Para ele, com essa política de não vender e até recomprar refinarias, volta ao monopólio que era antes, e monopólio, seja público ou privado, nunca é bom. eldquo;Eu acho que aquele modelo tradicional do setor de petróleo, que a empresa tinha de ser integrada do poço ao posto, é um modelo velho que não tem mais sentidoerdquo;, diz. A seguir, os principais trechos da entrevista: O governo está anunciando investimentos na refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, e já falou em investir no Comperj, no Rio, dois empreendimentos que se tornaram símbolos de corrupção na Petrobras. Qual a avaliação sobre a retomada desses investimentos? A Petrobras, no governo Lula, decidiu que vai voltar a investir em refinarias, tanto que já declarou de maneira objetiva que vai rever aquele acordo feito com o Cade, o TCC (Termo de Cessação de Conduta), onde se comprometia a vender 50% da capacidade de refino e basicamente ficar com as refinarias do Rio e São Paulo. O Comperj é uma coisa diferente, nunca foi uma refinaria, e o desafio da Petrobras é acabar a Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN), que vai trazer 20 milhões de metros cúbicos de gás do pré-sal. A Petrobras deveria se apressar a acabar a UPGN, porque está reinjetando muito gás no pré-sal. São duas coisas diferentes: o projeto original do Comperj era uma refinaria, mas nunca saiu do papel, então o Comperj hoje se resume à UPGN, e a Petrobras tem de investir rapidamente ali, porque o mercado precisa daquele gás. Eu acho que o projeto do Comperj como refinaria abortou, não vão fazer. A Rnest (Refinaria Abreu e Lima) saiu do papel, faltam investimentos para completar lá, e, do meu ponto de vista, é um mau negócio. Por quê? A Petrobras deveria manter o acordo com o Cade e vender esses 50% do refino, porque o grande negócio da Petrobras não é refinaria: é pré-sal, exploração e produção. Quando começaram os leilões de petróleo, em 1999, o Brasil produzia 800 mil barris de petróleo por dia, e só com a Petrobras. Hoje, o Brasil produz 3,1 milhões de barris por dia, é o nono maior produtor do mundo e tende a produzir 5 milhões de barris até 2029/2030. Então, o Brasil, de importador de petróleo, virou exportador. No caso do refino, foi o contrário. Se tivéssemos feito a abertura do refino quando fez do Eeamp;P (exploração e produção) provavelmente hoje o Brasil seria exportador de derivados, e não importador. Na minha opinião, é um investimento equivocado, mas na medida em que a Petrobras decidiu que vai retomar investimento em refino, tem de investir mesmo, porque não faz sentido deixar a Rnest sem ter a capacidade plena de produção. É um dinheiro que eu acho que a Petrobras não deveria colocar, mas se decidiu que não vai mais vender, tem de investir. Para o acionista da Petrobras, é uma decisão errada, deveria vender e deixar a iniciativa privada investir ali, mas o governo Lula foi eleito democraticamente e ninguém escondeu nunca que o presidente era contrário à privatização das refinarias. A Petrobras abandonou o plano de concessões de refinarias e até voltou atrás em vendas já feitas. Que sinal isso passa para o mercado? É um sinal muito ruim, um sinal de instabilidade jurídica e instabilidade regulatória, até porque em vez de vender ela agora vai comprar, já assinou um termo de compromisso com a Acelen, do fundo Mubadala, para entrar no equity da refinaria (Refinaria de Mataripe, BA) e também no equity de um projeto que eles estão desenvolvendo de energia renovável. Ela retomou a Lubnor (CE), só falta agora ela falar da refinaria de Manaus, que ela não falou nada ainda. Isso cria uma instabilidade regulatória, porque lá atrás o Cade decidiu que ela teria de vender 50% do refino, com a tese que era preciso ter concorrência. Voltar nisso cria um caos regulatório, porque o próprio Mubadala, que comprou a refinaria, achou que isso seria cumprido. É igual ao que está acontecendo na Argentina: a YPF era estatal e privatizou, depois foi estatizada outra vez e agora vai privatizar. Isso cria insegurança jurídica e regulatória não só para o setor de óleo e gás, mas para todos os setores da economia, todo mundo fica preocupado como aquela célebre frase: eldquo;No Brasil, até o passado é incertoerdquo;. Estamos caminhando de volta para uma política de monopólio nos combustíveis? O que isso significa para o setor e os consumidores? Mesmo que a Petrobras tivesse cumprido o acordo com o Cade de vender 50% do refino, ela continuaria com 50% do maior mercado do Brasil que é o Rio e São Paulo, então ela continuaria sendo o grande player do mercado de refino. Agora, com essa política de não vender e até recomprar refinaria, volta ao monopólio que era antes, e monopólio, seja público ou privado, nunca é bom. A maior proteção para o consumidor é a concorrência. A Petrobras tem outros investimentos bem mais importantes que dão maior rentabilidade, que é explorar e produzir no pré-sal, e agora pode receber licença para explorar na Margem Equatorial. A questão do refino, que é uma unidade industrial, poderia ser exercida pela iniciativa privada. Eu acho que aquele modelo tradicional do setor de petróleo, que a empresa tinha de ser integrada do poço ao posto, é um modelo velho que não tem mais sentido, nenhuma das grandes eldquo;majorserdquo; hoje é do poço ao posto. Qual o risco de a Petrobras se ver mais uma vez enredada em escândalos de corrupção, após várias tentativas de blindagem desde o governo Michel Temer? Muito difícil falar, não dá para responder isso. Sempre que você tem monopólios fortalecidos, é mais difícil controlar, mas daí a falar que vai voltar não tem como opinar.

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Investir em refinarias é uma decisão equivocada da Petrobras, diz Adriano Pires

O negócio da Petrobras não é refinaria: é pré-sal, exploração e produção, diz Adriano Pires, sócio diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie). Por isso, segundo ele, a retomada dos investimentos em refinarias pela estatal, como a anunciada nesta quarta-feira, 17, é um equívoco. eldquo;Para o acionista da Petrobras, é uma decisão errada, deveria vender e deixar a iniciativa privada investir ali, mas o governo Lula foi eleito democraticamente e ninguém escondeu nunca que o presidente era contrário à privatização das refinariaserdquo;, diz. Para ele, com essa política de não vender e até recomprar refinarias, volta ao monopólio que era antes, e monopólio, seja público ou privado, nunca é bom. eldquo;Eu acho que aquele modelo tradicional do setor de petróleo, que a empresa tinha de ser integrada do poço ao posto, é um modelo velho que não tem mais sentidoerdquo;, diz. A seguir, os principais trechos da entrevista: O governo está anunciando investimentos na refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, e já falou em investir no Comperj, no Rio, dois empreendimentos que se tornaram símbolos de corrupção na Petrobras. Qual a avaliação sobre a retomada desses investimentos? A Petrobras, no governo Lula, decidiu que vai voltar a investir em refinarias, tanto que já declarou de maneira objetiva que vai rever aquele acordo feito com o Cade, o TCC (Termo de Cessação de Conduta), onde se comprometia a vender 50% da capacidade de refino e basicamente ficar com as refinarias do Rio e São Paulo. O Comperj é uma coisa diferente, nunca foi uma refinaria, e o desafio da Petrobras é acabar a Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN), que vai trazer 20 milhões de metros cúbicos de gás do pré-sal. A Petrobras deveria se apressar a acabar a UPGN, porque está reinjetando muito gás no pré-sal. São duas coisas diferentes: o projeto original do Comperj era uma refinaria, mas nunca saiu do papel, então o Comperj hoje se resume à UPGN, e a Petrobras tem de investir rapidamente ali, porque o mercado precisa daquele gás. Eu acho que o projeto do Comperj como refinaria abortou, não vão fazer. A Rnest (Refinaria Abreu e Lima) saiu do papel, faltam investimentos para completar lá, e, do meu ponto de vista, é um mau negócio. Por quê? A Petrobras deveria manter o acordo com o Cade e vender esses 50% do refino, porque o grande negócio da Petrobras não é refinaria: é pré-sal, exploração e produção. Quando começaram os leilões de petróleo, em 1999, o Brasil produzia 800 mil barris de petróleo por dia, e só com a Petrobras. Hoje, o Brasil produz 3,1 milhões de barris por dia, é o nono maior produtor do mundo e tende a produzir 5 milhões de barris até 2029/2030. Então, o Brasil, de importador de petróleo, virou exportador. No caso do refino, foi o contrário. Se tivéssemos feito a abertura do refino quando fez do Eeamp;P (exploração e produção) provavelmente hoje o Brasil seria exportador de derivados, e não importador. Na minha opinião, é um investimento equivocado, mas na medida em que a Petrobras decidiu que vai retomar investimento em refino, tem de investir mesmo, porque não faz sentido deixar a Rnest sem ter a capacidade plena de produção. É um dinheiro que eu acho que a Petrobras não deveria colocar, mas se decidiu que não vai mais vender, tem de investir. Para o acionista da Petrobras, é uma decisão errada, deveria vender e deixar a iniciativa privada investir ali, mas o governo Lula foi eleito democraticamente e ninguém escondeu nunca que o presidente era contrário à privatização das refinarias. A Petrobras abandonou o plano de concessões de refinarias e até voltou atrás em vendas já feitas. Que sinal isso passa para o mercado? É um sinal muito ruim, um sinal de instabilidade jurídica e instabilidade regulatória, até porque em vez de vender ela agora vai comprar, já assinou um termo de compromisso com a Acelen, do fundo Mubadala, para entrar no equity da refinaria (Refinaria de Mataripe, BA) e também no equity de um projeto que eles estão desenvolvendo de energia renovável. Ela retomou a Lubnor (CE), só falta agora ela falar da refinaria de Manaus, que ela não falou nada ainda. Isso cria uma instabilidade regulatória, porque lá atrás o Cade decidiu que ela teria de vender 50% do refino, com a tese que era preciso ter concorrência. Voltar nisso cria um caos regulatório, porque o próprio Mubadala, que comprou a refinaria, achou que isso seria cumprido. É igual ao que está acontecendo na Argentina: a YPF era estatal e privatizou, depois foi estatizada outra vez e agora vai privatizar. Isso cria insegurança jurídica e regulatória não só para o setor de óleo e gás, mas para todos os setores da economia, todo mundo fica preocupado como aquela célebre frase: eldquo;No Brasil, até o passado é incertoerdquo;. Estamos caminhando de volta para uma política de monopólio nos combustíveis? O que isso significa para o setor e os consumidores? Mesmo que a Petrobras tivesse cumprido o acordo com o Cade de vender 50% do refino, ela continuaria com 50% do maior mercado do Brasil que é o Rio e São Paulo, então ela continuaria sendo o grande player do mercado de refino. Agora, com essa política de não vender e até recomprar refinaria, volta ao monopólio que era antes, e monopólio, seja público ou privado, nunca é bom. A maior proteção para o consumidor é a concorrência. A Petrobras tem outros investimentos bem mais importantes que dão maior rentabilidade, que é explorar e produzir no pré-sal, e agora pode receber licença para explorar na Margem Equatorial. A questão do refino, que é uma unidade industrial, poderia ser exercida pela iniciativa privada. Eu acho que aquele modelo tradicional do setor de petróleo, que a empresa tinha de ser integrada do poço ao posto, é um modelo velho que não tem mais sentido, nenhuma das grandes eldquo;majorserdquo; hoje é do poço ao posto. Qual o risco de a Petrobras se ver mais uma vez enredada em escândalos de corrupção, após várias tentativas de blindagem desde o governo Michel Temer? Muito difícil falar, não dá para responder isso. Sempre que você tem monopólios fortalecidos, é mais difícil controlar, mas daí a falar que vai voltar não tem como opinar.

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Petróleo fecha misto, em meio a dólar forte, cautela por China e tensões no Mar Vermelho

O petróleo fechou sem direção única nesta quarta-feira, 16, enquanto investidores ponderam sobre o real impacto das tensões no Mar Vermelho na oferta global. Perspectivas negativas para a demanda pressionaram as cotações, em meio a expectativas de cortes de juros mais suaves nos EUA e cautela com a China após a publicação de seu Produto Interno Bruto (PIB). Na Nymex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para fevereiro teve alta de 0,22% (US$ 0,16), a US$ 72,56 o barril. Na Intercontinental Exchange (ICE), o Brent para março fechou em baixa de 0,52% (US$ 0,41), a US$ 77,88 o barril. eldquo;A força do dólar americano, bem como as preocupações com a demanda chinesa e global, estão fazendo com que os preços do petróleo recuem, com a tensão no Médio Oriente tomando o segundo plano no curto prazoerdquo;, resumiu o analista Michael Hewson, da CMC Markets. A China informou que seu produto PIB avançou 5,2% em 2023. Mesmo o crescimento tendo ficado acima da meta oficial de 5%, os mercados não refletiram empolgação. O Nordea falou que é preciso ver o desempenho do PIB com certa cautela, já que a robusta taxa anual é parcialmente justificada por um 2022 bastante fraco. Além disso, as vendas no varejo chinês decepcionaram, ainda que a produção industrial tenha crescido mais que o esperado no mês. A sessão também foi marcada por dados fortes de varejo dos EUA, que fizeram reduzir apostas em relaxamento monetário no país em março. A perspectiva de condições financeiras mais restritas tende a pesar sobre o petróleo. Os atritos no Mar Vermelho continuam. Nesta quarta-feira, os EUA confirmaram a designação dos Houthis, do Iêmen, como terroristas. Mas a chefe da equipe de estratégia global de commodities do JPMorgan, Natasha Kaneva, afirma que o conflito não deve provocar uma forte influência no preço do petróleo. Investidores digeriram ainda o relatório mensal da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que cortou previsão de alta na oferta de petróleo fora do grupo em 2024, e manteve projeção de aumento da demanda global.

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