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Na BA, combustível verde terá custo do fóssil

Uma biorrefinaria da gestora Mubadala Capital anunciou que vai produzir no Brasil um combustível verde e renovável com custo semelhante ao do mesmo material fóssil, em um projeto que está sendo desenvolvido na Bahia, com investimentos de US$ 3 bilhões (por volta de R$ 17,2 bilhões). O diretor executivo da Mubadala Capital, Leonardo Yamamoto, disse em evento do banco UBS que o projeto surgiu quando o grupo comprou, usando a Acelen, uma refinaria fóssil da Petrobras, a Mataripe, em São Francisco do Conde, na Bahia, em novembro de 2021. Naquele momento, em meio às discussões da agenda de transição verde, surgiu a ideia de construir uma biorrefinaria integrada, desde a fazenda até o destino final da molécula. eldquo;Esse projeto se tornou de dimensão grande, e foi separado (da refinaria)erdquo;, disse Yamamoto. A eldquo;antigaerdquo; Mataripe deve ser vendida. A biorrefinaria quer recuperar terras degradadas na Bahia e em Minas Gerais, replantando árvores da macaúba, planta nativa do Brasil. O objetivo é utilizar a macaúba para produzir óleo vegetal, que será refinado para produzir em seguida a molécula verde. eldquo;Pretendemos construir um projeto que tem muita escalaerdquo;, disse Yamamoto. Quando pronta, o que deve ocorrer em 2027, a usina deve produzir 100 mil barris por dia de querosene renovável de aviação.

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Rússia perde participação nas importações de diesel pelo Brasil

As importações de diesel pelo Brasil em outubro totalizaram 1,468 bilhão de litros, o que representou um aumento de 22,4% em relação ao mesmo mês de 2023. No acumulado de 2024, o volume importado chegou a 12,333 bilhões de litros, um crescimento de 7,9% em comparação aos primeiros dez meses de 2023. No entanto, a Rússia, que em maio de 2023 representou 97,8% das importações brasileiras de diesel, viu sua participação cair para 53,2% em setembro e 52,3% em outubro. A redução na participação russa é atribuída a ajustes nos preços e às mudanças nas condições do mercado global de energia, conforme aponta o relatório VIP da DATAGRO Aeamp;E. Por outro lado, os Estados Unidos, que tinham apenas 1,8% de participação em abril deste ano, começaram a recuperar espaço nas importações brasileiras de diesel. Em outubro, o diesel norte-americano representou 22,5% do total importado, marcando um aumento significativo na participação do país.

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Preços do etanol se mantêm estáveis apesar do aumento expressivo nas vendas, aponta Cepea

Levantamento recente do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) revela que os preços do etanol se mantiveram estáveis na última semana, mesmo diante de um aumento expressivo no volume negociado. Entre os dias 4 e 8 de novembro, o Indicador CEPEA/ESALQ do etanol hidratado fechou em R$ 2,6025 por litro, enquanto o indicador do etanol anidro registrou um leve aumento de 0,12%, alcançando R$ 2,9186 por litro emdash; valores líquidos de ICMS e PIS/Cofins. Levantamento recente do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) revela que os preços do etanol se mantiveram estáveis na última semana, mesmo diante de um aumento expressivo no volume negociado. Entre os dias 4 e 8 de novembro, o Indicador CEPEA/ESALQ do etanol hidratado fechou em R$ 2,6025 por litro, enquanto o indicador do etanol anidro registrou um leve aumento de 0,12%, alcançando R$ 2,9186 por litro emdash; valores líquidos de ICMS e PIS/Cofins. Apesar da estabilidade nos preços, houve um salto significativo nas transações de etanol hidratado, com um aumento de 94% no volume comercializado em relação à semana anterior. Esse crescimento expressivo é atribuído às compras antecipadas por parte das distribuidoras, que se programaram para atender à demanda crescente esperada para o feriado de Proclamação da República, em 15 de novembro.

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USP inaugura primeira planta de conversão de hidrogênio a partir de etanol do mundo

A Universidade de São Paulo (USP) anunciou que a iniciará, nas próximas três semanas, a primeira estação de abastecimento de hidrogênio renovável a partir de etanol do mundo. A planta ficará no campus Capital-Butantã e foi criada após projeto do Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa. O anuncio oficial foi feito pelo reitor da universidade, Carlos Gilberto Carlotti Junior, na abertura da Conferência de Pesquisa e Inovação em Transição Energética, realizada nesta semana. A estação terá capacidade de produção de 4,5 kg de hidrogênio por hora, o equivalente a 100 kg por dia. O combustível irá abastecer três ônibus urbanos que circulam pelo campus e um ônibus rodoviário com autonomia de 450 km. eldquo;Estudos preliminares mostram que, se 18 ônibus urbanos movidos a diesel que circulam pela USP fossem hoje substituídos por versões abastecidas com hidrogênio, a universidade deixaria de emitir quase 3 mil toneladas de CO2 [dióxido de carbono] por anoerdquo;, disse Julio Meneghini, diretor do RCGI. Os pesquisadores pretendem avaliar a eficiência desses ônibus urbanos movidos a hidrogênio. eldquo;Teremos as condições, agora, de avaliar esses veículos em um ciclo real. Isso é muito importante para aplicação, porque na indústria automobilística, para chegar a uma produção em série de um veículo, é preciso ter os números muito bem determinados e definidos em operações reaiserdquo;, acrescentou Meneghini. Tecnologia A tecnologia empregada na planta-piloto para a conversão de hidrogênio a partir do etanol é baseada no uso de um reator desenvolvido pela startup paulista Hytron com apoio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), da FAPESP. Dentro do equipamento, chamado reformador, o etanol e a água são aquecidos a 750°C com o intuito de desencadear reações químicas que resultam na quebra das moléculas de etanol endash; constituídas por átomos de carbono e de hidrogênio endash; e, consequentemente, na produção de hidrogênio e monóxido de carbono biogênico, ou seja, que não é de origem fóssil. eldquo;No início da reação é utilizado o próprio etanol para chegar a essa temperatura de 750°C. Depois, subprodutos, como o metano e o CO, para manter essa temperaturaerdquo;, detalhou Meneghini. Por meio de uma tecnologia desenvolvida pela Raízen, foi possível integrar todo esse processo e utilizar 7 litros de etanol para a produção de 1 kg de hidrogênio. Também são utilizados 2,5 quilowatts-hora (kWh) para manter os sistemas com pressão e a parte elétrica. eldquo;Mas, se avaliarmos todos esses números, é possível verificar que o hidrogênio produzido na estação vai chegar a um valor extremamente competitivo, inclusive para uso nesses quatro ônibus aqui na USPerdquo;, avaliou Meneghini.

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Silveira entra em rota de colisão com Senado enquanto confia futuro a Lula

À frente do cargo desde o começo do governo, o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) fez movimentos recentes para expandir sua influência na administração pública que não ganharam respaldo de antigos aliados no Senado Federal. Ao mesmo tempo, aproximou-se de Lula (PT) a ponto de confiar ao presidente até mesmo a definição sobre seu futuro político. As discordâncias entre Silveira, que é filiado ao PSD, e parlamentares já haviam sido observadas na época da demissão, em maio, do então presidente da Petrobras, o petista Jean Paul Prates, mas receberam novos contornos diante da disputa pelas agências reguladoras. O plano de Silveira de colocar nomes de sua confiança nas autarquias gerou divergência até mesmo com um de seus principais aliados políticos, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O presidente do Senado se vê em outra posição, a de costurar nomes que sejam de fato aprovados pela Casa emdash;que é quem, legalmente, aprova os indicados após sabatina. O clima levou ao surgimento de boatos sobre a permanência de Silveira à frente do ministério emdash;o que é encarado com descrença por integrantes do governo, devido à proximidade que ele garantiu com o presidente. Pessoas próximas a Silveira minimizam o distanciamento do Senado e afirmam que ele virou alvo por ter tentado devolver o controle das indicações das agências ao governo, após a gestão de Jair Bolsonaro (PL) ter dado mais poder aos parlamentares no processo. De qualquer forma, Silveira vem aumentando a presença e a influência junto ao presidente da República nos últimos meses, integrando comitivas oficiais, sendo constantemente chamado para reuniões e mantendo canal de diálogo direto com o mandatário. Aliados do ministro dizem que ele tem gostado tanto de trabalhar para Lula a ponto de ficar satisfeito com a possibilidade de ocupar qualquer cargo escolhido pelo presidente, caso seja necessária uma movimentação no governo endash;embora afirmem que o tema nunca foi discutido. De acordo com essa visão, até mesmo o papel a ser desempenhado por Silveira em 2026 seria definido pelo presidente. Ainda é incerto se Silveira vai disputar eleições em Minas ou seguir um caminho alternativo, como se dedicar a uma eventual campanha à reeleição de Lula. O PSD de Silveira, ao mesmo tempo em que faz parte do governo Lula, é presidido por Gilberto Kassab, secretário e aliado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicados), também cotado ao Planalto em 2026. O partido saiu fortalecido nas eleições deste ano ao liderar o número de prefeituras conquistadas pelo país (887). Interlocutores no governo apontam que Lula gosta do jeito combativo de Silveira emdash;e o ministro estaria explorando essa característica. Inicialmente, por exemplo, fazia questão de fazer chegar ao presidente as notícias sobre seus ataques ao governador de Minas, Romeu Zema (Novo), seu desafeto político. Na sequência, demonstrou o mesmo ímpeto nas críticas a Prates, de quem o presidente não gostava. E, mais recentemente, ganhou pontos com os petistas e, em particular com Lula, ao entrar no bate-boca público com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), por causa dos problemas de energia na capital paulista. Também lembrado por sempre levar a carne aos churrascos promovidos por Lula no Alvorada ou na Granja do Torto, dividindo a responsabilidade com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), Silveira teria aderido a um dos polos de força dentro do governo, em uma parceria com o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT). Mais desenvolvimentista, essa parceria contraria a visão da equipe econômica em determinados momentos. Além disso, os dois estão lado a lado na defesa da prospecção de petróleo na margem equatorial, em uma disputa direta com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede). Interlocutores do ministro negam rusgas com aliados e dizem, por exemplo, que ele e Pacheco seguem amigos e se falam praticamente toda semana. Uma pessoa próxima ao presidente do Senado diz que agora os dois têm papeis institucionais diferentes e acabam divergindo em alguns assuntos. O senador de Minas expressou ainda no primeiro semestre o descontentamento da Casa em relação ao processo de fritura de Prates endash;que foi senador na legislatura passada. Na ocasião, Silveira rebateu as críticas dizendo defender os interesses do ministério. Atualmente, o cerne da desavença envolve as indicações para as agências reguladoras emdash;alvo de influência não só de Pacheco, mas também do senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), favorito para voltar à presidência do Senado a partir do ano que vem. O parlamentar do Amapá tem defendido que todas as vagas em aberto sejam decididas em um "pacote fechado", com o Senado obtendo a primazia sobre as indicações, como ocorreu no governo Bolsonaro. Oficialmente, os próprios senadores buscam amenizar a questão, mas reconhecem o interesse em influenciar nas indicações, considerando que a Casa legislativa é responsável por sabatinar e aprovar os nomes. Diante do cenário, senadores e integrantes do governo têm a leitura de que Silveira tem resistido às demandas de aliados responsáveis por alçá-lo ao cargo de ministro das Minas e Energia. Depois de muito imbróglio, no governo não se descarta a possibilidade de mudança dos nomes para os cargos em aberto. Silveira já enviou para o Palácio do Planalto a indicação do quinto membro da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Ele defende para o cargo o nome do seu secretário nacional de Energia Elétrica, Gentil Nogueira de Sá. Alcolumbre, no entanto, é resistente. Em outra disputa com o Senado, o governo planeja indicar o secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Pietro Mendes, para comandar a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), como a Folha revelou. O nome é visto como um sinal da força de Silveira dentro do governo, mas, novamente, entra em rota de colisão com os antigos aliados no Senado. E há uma segunda vaga na ANP em disputa. Mas, nesse caso, integrantes do governo afirmam que há consenso para abraçar a indicação do senador Otto Alencar (PSD-BA), o procurador da AGU (Advocacia-Geral da União), Artur Watt Neto. Ações de Silveira que agradaram Lula Ataques a Zema O ministro de Minas e Energia tem dado ênfase a Lula sobre seus ataques ao governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), seu desafeto político e expoente da direita para o pleito de 2026, o que tem agradado o presidente Bate-boca com Nunes Silveira também esteve em entrevero com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), sobre os problemas de energia na capital paulista e a atuação da concessionária na região, a Enel, durante a eleição municipal, e ganhou pontos com os petistas Aliança com Rui Costa Alexandre Silveira também investiu em aliança com o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), com uma visão mais desenvolvimentista; ambos estão lado a lado na defesa da exploração de petróleo na margem equatorial Confiança ao presidente Silveira diz estar satisfeito em trabalhar com Lula e não tem problemas, segundo aliados, de ocupar qualquer outro cargo caso seja necessária uma movimentação no governo

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Brasil continuará a 'importar carbono' por dependência de diesel

O Brasil deve permanecer como um importador líquido de derivados de petróleo pelos próximos anos, segundo as projeções do Plano Decenal de Expansão de Energia 2034 (PDE 2034). O documento, desenvolvido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), revela que, embora a projeção aponte para o aumento da produção de derivados, a demanda crescente e a capacidade limitada de refino continuarão a exigir a complementação com importações. Entre os derivados mais deficitários, destaca-se o óleo diesel A, amplamente consumido no transporte rodoviário. Há também um crescente consumo de gasolina, por sua vez com queda nas importações. A dependência externa é atenuada pela oferta de etanol e biodiesel, projetados para alcançar 48,5 bilhões e 13,6 bilhões de litros, respectivamente, em 2034. O PDE elaborado este ano já reflete novas políticas aprovadas no Combustível do Futuro, que prevê aumento da mistura dos biocombustíveis, a partir de análises técnicas e econômicas que deverão ser aprovadas pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). O PDE 2034 entrou em consulta pública, quando agentes do mercado, terceiro setor e demais interessados podem sugerir mudanças nas premissas do planejamento. De um ponto de vista climático, portanto, o PDE mostra a persistência da eldquo;importação de carbonoerdquo; para o consumo interno, independente da produção de óleo, em razão de gargalos no refino e da rigidez da demanda, seja para redução ou substituição por outros combustíveis de menor emissão. O documento traz a previsão já conhecida que, sem aumento da exploração de petróleo, o Brasil vai produzir menos petróleo. Dado o prazo entre novas descobertas e o início da produção, a queda está contratada para 2031, após o pico de 5,3 milhões de barris por dia em 2030. Técnicos do Ibama se manifestaram recentemente pelo arquivamento do licenciamento da Petrobras na bacia da Foz do Amazonas. Ambientalistas fora do governo também advogam para que a área seja considerada inviável para exploração de petróleo. O licenciamento continua e um eventual sucesso da companhia vai representar a abertura da fronteira, inclusive para outras empresas. Estima-se que a exploração na Foz aumente a produção em magnitude similar aos das bacias vizinhas na Guiana e Suriname, cujas reservas ultrapassam os 11 bilhões de barris. Um quarto do mercado de diesel depende de importações O déficit nas importações líquidas de óleo diesel deve alcançar 48 mil m³/dia até 2034, o que representa uma dependência de 25% do mercado externo. Esse aumento se dá, em parte, pela capacidade doméstica de refino insuficiente e pela falta de novos projetos que priorizem a produção de diesel. Mesmo com maior processamento e sem redução suficiente demanda, não observada nos cenários, o risco migra para a importação de óleo cru, caso haja realmente uma queda irreversível na produção nacional. Isto é, os investimentos previstos no setor de refino não acompanham o ritmo de crescimento da demanda interna. Os cenários de expansão consideram a expansão das unidades existentes e dois projetos novos, no Pecém (100 mil b/d) e em Sergipe (30 mil b/d), em desenvolvimento pela Noxis Energy. No caso da gasolina, embora as importações possam diminuir ao longo dos próximos anos, o Brasil ainda precisará importar volumes significativos até o final da década. A dependência é de 2,6 milhões de litros em 2034, cerca de 3% do mercado. A gasolina deve perder importância na demanda total, visto que o mercado brasileiro de automóveis avança em ritmo acelerado na eletrificação e mudanças nos percentuais de etanol anidro na gasolina C. O programa Combustível do Futuro autorizou a parcela de etanol no combustível vendido nos postos para até 35%. Assim, a participação da gasolina C cai de 34% para 26% em dez anos. Outro produto que deve continuar em déficit é o querosene de aviação (QAV), cujo consumo tende a crescer devido ao aumento do tráfego aéreo. Segundo o PDE 2034, a importação líquida de QAV alcançará 4,6 mil metros cúbicos diários em 2034, representando 19% da demanda total do ano. Gás natural indica virada no GLP O gás liquefeito de petróleo (GLP) deverá ver um aumento significativo na produção doméstica, especialmente com a entrada em operação do Polo Gaslub. Entre 2024 e 2034, a produção de GLP deverá crescer em ritmo mais acelerado (+42%) do que a demanda (+8%), reduzindo gradualmente as importações e, mais à frente, levando ao superávit. A expansão da infraestrutura para o processamento de gás natural, especialmente com novas Unidades de Processamento de Gás Natural (UPGN), será fundamental para reduzir a dependência de GNL importado. O estudo pontua, contudo, que a dependência continuará até que essas infraestruturas estejam plenamente operacionais.

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