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Empresas de outras áreas apostam nas oportunidades do mercado livre de energia

A abertura do mercado livre de energia para que todos os consumidores de alta tensão possam escolher seu próprio produtor de eletricidade tem chamado a atenção de empresas de fora do setor. Nos últimos meses, comercializadoras e companhias de várias áreas têm firmando parcerias para criar novos negócios. Até dezembro de 2023, apenas consumidores atendidos em alta tensão com consumo superior a 500 quilowatts (kW), com contas estimadas em R$ 150 mil, podiam participar do mercado livre, enquanto os demais eram atendidos pelas distribuidoras locais e pagavam pelo serviço de acordo com a tarifa definida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Agora, os clientes cuja tensão é superior a 2,3 quilovolts (kV), independentemente do consumo, podem fazer essa escolha, o que resulta num mercado potencial de 164 mil novos entrantes, segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). De olho nesse potencial, companhias com forte atuação entre consumidores deste perfil endash; com contas de luz na casa dos R$ 10 mil e menos especialização em energia elétrica endash; se movimentaram, como é o caso das companhias de telecomunicações. A Vivo, por exemplo, anunciou em dezembro a criação de uma joint venture com a Auren Energia. Na ocasião, o vice-presidente Financeiro e Novos Negócios da empresa de energia, Mario Bertoncini, afirmou que a parceria permitirá à companhia, que já atua com comercialização de energia para clientes maiores, ganhar eldquo;mais escalaerdquo; ao adicionar eldquo;capilaridade e acesso aos canais de relacionamento já estabelecidoserdquo; pelo parceiro. Dois meses antes, a Oi e a comercializadora de energia 2W também informaram uma parceria para atuação neste mercado. O formato, porém, é diferente e é chamado de white label, no qual a empresa de telecomunicações atua na frente de vendas e a 2W oferece os serviços de energia. Integração de clientes Um dos negócios mais relevantes do mercado de comercialização de energia nos últimos anos considerou justamente a atuação da empresa junto aos clientes como um dos diferenciais competitivos. Em 2021, a Vibra (ex-BR Distribuidora) anunciou a compra de parte da Comerc Energia, num acordo de R$ 3,25 bilhões, apostando que a sua rede de clientes poderia ser uma fonte para oferecer soluções de energia renovável. De acordo com o fundador e presidente do conselho da Comerc, Kiko Vlavianos, para este ano, o objetivo é que 25% da meta de aquisição de clientes da empresa venha da Vibra. No ano passado, a meta era de 20% e foi atingida. São considerados clientes da Vibra e potenciais eldquo;alvoserdquo; da Comerc as 18 mil empresas atendidas com combustível, além dos 8,3 mil postos e os 30 milhões de consumidores que passam pelos estabelecimentos. eldquo;Hoje a gente não tem um produto específico para esse cliente que passa pelo posto, mas a geração distribuída (GD, que é a produção de energia por placas solares no telhado ou próximo ao ponto de consumo) é uma opçãoerdquo;, afirma em referência à modalidade de geração própria de energia, sobretudo, solar, na qual a companhia também atua. eldquo;A gente não tem hoje uma extensão de parques que possam atender todos os clientes da Vibra em todos os Estados. Por enquanto, eles estão concentrados em Minas Gerais, mas o nosso plano de expansão da GD visa aumentar essa oportunidade e conseguir trazer também de outras áreas de distribuição.erdquo; Ele pontua que outras questões como a facilitação da captação de recursos no mercado e a percepção de risco também foram relevantes para a efetivação do negócio. Agora, de olho na abertura de mercado, a comercializadora anunciou parceria com o banco Itaú, que prevê a oferta da migração para o mercado livre para os clientes da instituição por meio de seu canal de relacionamento. Autossuficiência No caso da Tereos, multinacional francesa que atua no mercado de açúcar, a entrada no mercado de energia elétrica no Brasil atacou, inicialmente, duas pontas: a demanda necessária para consumo próprio e a destinação do bagaço da cana-de-açúcar que, há cerca de 20 anos, passou a ser usada pela empresa para geração de energia por meio da biomassa. Depois de passar também por uma temporada vendendo energia para as distribuidoras por meio de leilões, a companhia decidiu entrar na comercialização. eldquo;Vários dos nossos clientes estavam entrando no mercado livre e demandando esse produto e a gente entendeu que havia uma sinergia com a nossa abordagem comercialerdquo;, explicou o diretor comercial da Tereos, Gustavo Segantini. Atualmente, a empresa consome 30% da energia que gera e um quarto do excedente é vendido no mercado livre. Agora a empresa vai atuar também como comercializadora varejista endash; responsável por fazer a ponte entre o consumidor que tem consumo inferior a 500 kW e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), responsável pelo registro e contabilização dos contratos no mercado livre. Diferencial Outras grandes comercializadoras têm investido em tecnologia como meio para se diferenciar no mercado. É o caso da Delta Energia, que há dois anos comprou a BestDeal Technologies (que hoje opera com o nome Wysebite) para desenvolver serviços baseados em inteligência artificial e medidores para monitoramento em tempo real do consumo de cada aparelho. Para o vice-presidente institucional do Grupo Delta, Luiz Fernando Vianna, a medição sem custos adicionais é um eldquo;diferencialerdquo; porque permite analisar onde estão os desvios de consumo dos clientes, permitindo economia nas contas de luz.

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Petrobras não vai baixar preço dos combustíveis no canetaço para ajudar companhia aérea, diz Prates

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou que a companhia está disposta a colaborar com o debate sobre a situação do setor aéreo no Brasil, mas que não vai baixar o preço com um eldquo;canetaçoerdquo;. Desde o ano passado, o preço do querosene de aviação (QAV) já baixou quase 41%, segundo ele. eldquo;A gente vai expor ao governo, no mínimo, no aspecto instrutivo. Nada de baixar mais preçoerdquo;, disse Prates, em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast, no intervalo do segundo dia do eldquo;Deep Diveerdquo;, evento para investidores estrangeiros, realizado pela Petrobras, em Nova York. eldquo;Abaixar artificialmente o preço representaria a Petrobras subsidiar um setorerdquo;, alertou. Segundo ele, a principal dúvida que intriga o investidor estrangeiro hoje é o risco de interferência estatal no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas ele não vê exagero. Para Prates, é natural que políticos vejam as empresas estatais como eldquo;tentáculos do Estadoerdquo;. eldquo;Agora, também é preciso entender que, do outro lado, tem gestores e pessoas que têm que argumentar o contrárioerdquo;. Abaixo, os principais trechos da entrevista: Como foi a receptividade dos investidores estrangeiros? Quais as principais preocupações? A receptividade foi muito boa. Foram dois dias depurando a empresa, passando todas as dúvidas, deixamos os investidores e analistas à vontade para perguntar, se tem influência política, qual é o relacionamento com o ministro, com o presidente, com o que quiser, se a gente está errando ou acertando uma determinada tecnologia, tudo o que não fosse segredo absolutamente industrial, estratégico, a gente abriria. E o que mais preocupa? Teve muita pergunta sobre eventual influência política, o fato de conviver com o governo, como é que é, se a gente recebe ordem direta ou não. Eu respondi claramente, incisivamente, expressamente, que não existe isso e que, do outro lado, existe gente que argumenta, que sou eu e os diretores. Principalmente o presidente Lula tem extremo respeito e compreensão do processo que tem que ser seguido para mandar na empresa, ou seja, utilizar a influência e os votos do Conselho de Administração e não ordens diretas ou, pior ainda, pela imprensa. O risco de interferência política foi um temor que sempre rondou as gestões petistas e que impacta a própria Petrobras. Mais recentemente, tivemos o imbróglio envolvendo a Vale. Como o senhor vê essa questão? Eu vejo com naturalidade. Eu também fui agente político e considero que ainda sou um agente político em uma missão específica. É natural que as pessoas, quando não são devidamente alertadas, tentem, ensaiem (algum tipo de interferência). Acho que é válido e compreensível. Não considero um escorregão, uma tentativa de má-fé. É natural que as pessoas pensem que essas estatais, não só a Petrobras, são espécies de eldquo;longa manuserdquo; (executor de ordens), tentáculos do Estado. Agora, também é preciso entender que, do outro lado, tem gestores e pessoas que têm que argumentar o contrário. Aos poucos, as pessoas vão se acostumando que a forma de acionar esses tentáculos do Estado é outra que não a administração direta. E o investidor? A compreensão do outro lado também precisa existir. A gente fez várias digressões nesse sentido, lembrando que o governo manda na Petrobras via o Conselho de Administração, mas que a empresa é diferente da Shell, da IBM, de um hotel, de um restaurante, de uma sapataria. A Petrobras é uma empresa do Estado, que vai ao mercado buscar acionistas minoritários que acreditem na sua gestão. A nossa missão é provar que há mais vantagens do que desvantagens. E que a gente pode ser gestor sendo nomeado pelo governo. Tem uma imagem muito martelada na mente das pessoas que se é estatal, é ineficiente. Se é estatal, vão roubar. Não é verdade isso. O TCU (Tribunal de Contas da União) tem acesso aos nossos números online. Isso foi depois da Lava Jato? A gente está implementando um sistema agora que o TCU vai ter acesso aos nossos números na hora que o gestor inserir uma planilha. É como se o TCU estivesse dentro da empresa, em tempo real. Para nós, é bom. Eu não vejo isso como coisa ruim. Tem de ter controle mesmo. Mas o senhor que já esteve dos dois lados, não vê exagero na intervenção no governo Lula? Não vejo porque não está havendo intervenção estatal. Veja bem, sobre o negócio da Vale, ninguém confirmou que o ministro ligou a mando do presidente. Foi misterioso isso. Saiu um negócio dizendo que o ministro... E eu não tenho aqui nenhuma procuração para defender o ministro. Mas o ministro admitiu que estava trabalhando nesse sentido... Trabalhar é uma coisa, outra coisa é ligar e dizer o presidente mandou botar, que foi uma matéria que saiu. Aquela matéria assustou todo mundo e criou um ápice de compreensão do problema que, na verdade, talvez nunca tenha chegado a tanto. O ministro tem o direito de articular, de conversar com a gestão, como tem na Eletrobras, privada também, e ele também conversa. Nos Estados Unidos aconteceria isso, na França, na Itália. É natural. Eu não vejo isso como intervenção. Então, eu não vi esse processo. A Petrobras foi convocada a participar no plano de ajuda do governo às empresas aéreas? Como será isso? Convocada não, foi convidada a participar. A gente tem que estar toda hora educando todo mundo, porque fica um negócio que parece que está mandando. Não, chamaram a gente pra ir lá, porque somos o principal fornecedor, para entender a base do processo. Dentro da tarifa de passagem aérea, tem várias coisas e uma delas é o combustível que, por sua vez, tem vários componentes e aí entra a Petrobras. As empresas aéreas citam o combustível como a razão para o elevado preço das passagens... A Gol é uma das empresas mais tranquilas de trabalhar. Ela não vai para o jornal reclamar, não vai acusar a Petrobras, não faz nada disso. A TAM tem um contrato exclusivo com a Vibra, também tem a vida dela resolvida. Quem reclama é a Azul, que não faz parte da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) e usa a Iata (Associação Internacional de Transportes Aéreos) como porta-voz. Quanto o preço do QAV baixou? A gente baixou 30% no ano passado, e 10% neste, e mais 0,5% a partir de amanhã. Então, são quase 41% de redução. Mas, por que as passagens subiram de 80% a 140%? Se existe uma correlação entre uma coisa e outra, no mínimo tinha que estar parado ou baixando 20%. Ou existe a correlação, e isso é importante, ou não existe a correlação, ou não é tão importante assim, e o problema está em outros lugares. E aí não cabe à Petrobras, não é a nossa função. A Petrobras foi convidada, vai participar da reunião. Tudo bem, a gente sempre colabora. E como poderia ser essa colaboração? A gente vai expor ao governo, no mínimo, no aspecto instrutivo. Nada de baixar mais preço. Como é que funciona o preço. E aí, na reunião, normalmente o que acontece é que o pessoal diz, não, está bom como está. E aí o assunto sai, a gente meio que sai da berlinda. Abaixar artificialmente o preço representaria a Petrobras subsidiar um setor. Para isso, eu teria de ter uma ordem direta cumprindo todos os trâmites e a devida compensação financeira segundo a lei das estatais. E isso foi solicitado? Não, jamais foi solicitado isso. A gente vai até o limite. Mas simplesmente ir lá no canetaço e dizer vamos agora baixar 15% o QAV porque a Azul pediu, a gente não pode fazer. Até porque as empresas aéreas vão ter um lucro bastante expressivo em 2023 em relação ao ano anterior. Mas a Gol acaba de entrar com pedido de recuperação judicial... A TAM (atual Latam) também já passou por isso e se recuperou. Então, são arranjos que dizem respeito ao negócio da companhia aérea e não necessariamente a tentar espremer a Petrobras, o governo apertar para dar um subsídio por meio da empresa. O subsídio se dá diretamente como governo, mas como empresa estatal mista, eu acho difícil. E venda direta do QAV é possível? É uma coisa que a gente não pode recomendar, porque as distribuidoras são os nossos clientes. Isso não cabe a nós propor isso, jamais. A Vibra é nossa compradora, ela tem uma função, foi dado pela lei do petróleo uma função às distribuidoras. Todo mundo tem o direito de ir lá na ANP (Agência Nacional do Petróleo) pedir uma autorização para ter uma distribuidora. Mas não somos nós que temos que dar esse tipo de recomendação. Quanto à Braskem, já há alguma decisão? Como estão essas conversas? A nossa parte nessa história é acompanhar o processo para se certificar que quem vai entrar seja alguém que acompanha o nosso investimento, que tenha sinergias conosco. A gente pode exercer nossa voz ao final todo o processo exercendo o direito de referência. Se a gente não estiver feliz com quem está fazendo oferta, a gente vai lá e oferece, cobre a proposta e fica o dono da Braskem. Isso é uma hipótese, que é a primeira que a gente vai seguir? Não. A gente quer, de fato, seja uma coisa compartilhada dentro de uma política de que esses novos negócios, de transição energética, mesmo petroquímica e fertilizante, vai se dar com sócios congêneres, gente do mesmo tamanho, que pode nos acompanhar, mas que tem coisas a aportar, não só dinheiro, mas sinergias mesmo. Mas em que temperatura está isso? Estão fazendo diligência agora. Me parece que a Adnoc está no final, mas não é uma negociação exclusiva, talvez, empresas chinesas, europeias. A gente fez a nossa diligência, fomos ao México, aos Estados Unidos, visitar as plantas do lado da Alemanha, foi ver tudo. As plantas do Brasil a gente já conhece. Estamos acompanhando o processo. E a situação da mina da Braskem em Maceió? Para esse assunto da venda das ações, eu diria que afeta pouco, pelo menos os (investidores) que estão interessados hoje. A empresa é um monstro e tem um passivo ambiental que foi gerado por uma operação mal fadada lá com a causa das cavernas de sal-gema. Isso impede a gente de comprar? Espanta alguém? Não. Vai se lidar com o que a justiça mandar fazer. Não vejo um reflexo tão grande. O que fez foi um pouco, talvez, adiar o cronograma, porque ficou aquela coisa de ia ter CPI ou não. E a gente, então, teve um pouco mais de cuidado, nós mesmos, a própria Novonor também, de abrir um pouco mais a possibilidade de propostas, esticar mais os prazos. Qual a expectativa para a chegada do novo sócio na Braskem? Gostaria muito que acontecesse nesse primeiro semestre, para a gente começar já o segundo semestre com um sócio definido. A Petrobras mencionou a investidores em Nova York realizar uma cooperação internacional para exploração de novas fronteiras. Como seria, com quem, onde? A gente está entrando em coisas novas, em petróleo e em fronteiras novas no Brasil. Queremos talvez juntar isso com algumas potenciais explorações em outras áreas, complementares às nossas, similares em ambiente operacional. A nossa casa é o Atlântico. Esse é o ambiente operacional que a gente sente em casa, a nossa praia, literalmente. Então, tudo que é costa africana, golfe do México, parte aqui do Caribe e tal, Suriname, Guiana, e até Mar do Norte, ainda é nossa casa. Mas é prioridade ir pra qualquer lugar fora em relação ao Brasil? Não. Qual é a prioridade? A prioridade continua ser pagar royalties e atuar no Brasil, onde a gente se sente melhor, onde a gente se sente em casa, literalmente. Agora, havendo parcerias a se fazer, trocas, etc, a gente pode estar analisando outras áreas. São basicamente três blocos. Quais? Os países escandinavos e ainda Holanda e Inglaterra, até por conta da Shell e Equinor, que são parceiros importantes, fora a experiência de offshore eólico nessa região. O segundo bloco são países do Golfo porque têm empresas estatais, dependentes do petróleo. Estamos nos aproximando cada vez mais e temos algo para aprender com eles. E, por fim, China e outros países que vierem junto como Coreia, Cingapura, que a gente já interage muito e quer começar a trazer mais para perto do Brasil, fazer trocas mais inteligentes.

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Petrobras não vai baixar preço dos combustíveis no canetaço para ajudar companhia aérea, diz Prates

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou que a companhia está disposta a colaborar com o debate sobre a situação do setor aéreo no Brasil, mas que não vai baixar o preço com um eldquo;canetaçoerdquo;. Desde o ano passado, o preço do querosene de aviação (QAV) já baixou quase 41%, segundo ele. eldquo;A gente vai expor ao governo, no mínimo, no aspecto instrutivo. Nada de baixar mais preçoerdquo;, disse Prates, em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast, no intervalo do segundo dia do eldquo;Deep Diveerdquo;, evento para investidores estrangeiros, realizado pela Petrobras, em Nova York. eldquo;Abaixar artificialmente o preço representaria a Petrobras subsidiar um setorerdquo;, alertou. Segundo ele, a principal dúvida que intriga o investidor estrangeiro hoje é o risco de interferência estatal no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas ele não vê exagero. Para Prates, é natural que políticos vejam as empresas estatais como eldquo;tentáculos do Estadoerdquo;. eldquo;Agora, também é preciso entender que, do outro lado, tem gestores e pessoas que têm que argumentar o contrárioerdquo;. Abaixo, os principais trechos da entrevista: Como foi a receptividade dos investidores estrangeiros? Quais as principais preocupações? A receptividade foi muito boa. Foram dois dias depurando a empresa, passando todas as dúvidas, deixamos os investidores e analistas à vontade para perguntar, se tem influência política, qual é o relacionamento com o ministro, com o presidente, com o que quiser, se a gente está errando ou acertando uma determinada tecnologia, tudo o que não fosse segredo absolutamente industrial, estratégico, a gente abriria. E o que mais preocupa? Teve muita pergunta sobre eventual influência política, o fato de conviver com o governo, como é que é, se a gente recebe ordem direta ou não. Eu respondi claramente, incisivamente, expressamente, que não existe isso e que, do outro lado, existe gente que argumenta, que sou eu e os diretores. Principalmente o presidente Lula tem extremo respeito e compreensão do processo que tem que ser seguido para mandar na empresa, ou seja, utilizar a influência e os votos do Conselho de Administração e não ordens diretas ou, pior ainda, pela imprensa. O risco de interferência política foi um temor que sempre rondou as gestões petistas e que impacta a própria Petrobras. Mais recentemente, tivemos o imbróglio envolvendo a Vale. Como o senhor vê essa questão? Eu vejo com naturalidade. Eu também fui agente político e considero que ainda sou um agente político em uma missão específica. É natural que as pessoas, quando não são devidamente alertadas, tentem, ensaiem (algum tipo de interferência). Acho que é válido e compreensível. Não considero um escorregão, uma tentativa de má-fé. É natural que as pessoas pensem que essas estatais, não só a Petrobras, são espécies de eldquo;longa manuserdquo; (executor de ordens), tentáculos do Estado. Agora, também é preciso entender que, do outro lado, tem gestores e pessoas que têm que argumentar o contrário. Aos poucos, as pessoas vão se acostumando que a forma de acionar esses tentáculos do Estado é outra que não a administração direta. E o investidor? A compreensão do outro lado também precisa existir. A gente fez várias digressões nesse sentido, lembrando que o governo manda na Petrobras via o Conselho de Administração, mas que a empresa é diferente da Shell, da IBM, de um hotel, de um restaurante, de uma sapataria. A Petrobras é uma empresa do Estado, que vai ao mercado buscar acionistas minoritários que acreditem na sua gestão. A nossa missão é provar que há mais vantagens do que desvantagens. E que a gente pode ser gestor sendo nomeado pelo governo. Tem uma imagem muito martelada na mente das pessoas que se é estatal, é ineficiente. Se é estatal, vão roubar. Não é verdade isso. O TCU (Tribunal de Contas da União) tem acesso aos nossos números online. Isso foi depois da Lava Jato? A gente está implementando um sistema agora que o TCU vai ter acesso aos nossos números na hora que o gestor inserir uma planilha. É como se o TCU estivesse dentro da empresa, em tempo real. Para nós, é bom. Eu não vejo isso como coisa ruim. Tem de ter controle mesmo. Mas o senhor que já esteve dos dois lados, não vê exagero na intervenção no governo Lula? Não vejo porque não está havendo intervenção estatal. Veja bem, sobre o negócio da Vale, ninguém confirmou que o ministro ligou a mando do presidente. Foi misterioso isso. Saiu um negócio dizendo que o ministro... E eu não tenho aqui nenhuma procuração para defender o ministro. Mas o ministro admitiu que estava trabalhando nesse sentido... Trabalhar é uma coisa, outra coisa é ligar e dizer o presidente mandou botar, que foi uma matéria que saiu. Aquela matéria assustou todo mundo e criou um ápice de compreensão do problema que, na verdade, talvez nunca tenha chegado a tanto. O ministro tem o direito de articular, de conversar com a gestão, como tem na Eletrobras, privada também, e ele também conversa. Nos Estados Unidos aconteceria isso, na França, na Itália. É natural. Eu não vejo isso como intervenção. Então, eu não vi esse processo. A Petrobras foi convocada a participar no plano de ajuda do governo às empresas aéreas? Como será isso? Convocada não, foi convidada a participar. A gente tem que estar toda hora educando todo mundo, porque fica um negócio que parece que está mandando. Não, chamaram a gente pra ir lá, porque somos o principal fornecedor, para entender a base do processo. Dentro da tarifa de passagem aérea, tem várias coisas e uma delas é o combustível que, por sua vez, tem vários componentes e aí entra a Petrobras. As empresas aéreas citam o combustível como a razão para o elevado preço das passagens... A Gol é uma das empresas mais tranquilas de trabalhar. Ela não vai para o jornal reclamar, não vai acusar a Petrobras, não faz nada disso. A TAM tem um contrato exclusivo com a Vibra, também tem a vida dela resolvida. Quem reclama é a Azul, que não faz parte da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) e usa a Iata (Associação Internacional de Transportes Aéreos) como porta-voz. Quanto o preço do QAV baixou? A gente baixou 30% no ano passado, e 10% neste, e mais 0,5% a partir de amanhã. Então, são quase 41% de redução. Mas, por que as passagens subiram de 80% a 140%? Se existe uma correlação entre uma coisa e outra, no mínimo tinha que estar parado ou baixando 20%. Ou existe a correlação, e isso é importante, ou não existe a correlação, ou não é tão importante assim, e o problema está em outros lugares. E aí não cabe à Petrobras, não é a nossa função. A Petrobras foi convidada, vai participar da reunião. Tudo bem, a gente sempre colabora. E como poderia ser essa colaboração? A gente vai expor ao governo, no mínimo, no aspecto instrutivo. Nada de baixar mais preço. Como é que funciona o preço. E aí, na reunião, normalmente o que acontece é que o pessoal diz, não, está bom como está. E aí o assunto sai, a gente meio que sai da berlinda. Abaixar artificialmente o preço representaria a Petrobras subsidiar um setor. Para isso, eu teria de ter uma ordem direta cumprindo todos os trâmites e a devida compensação financeira segundo a lei das estatais. E isso foi solicitado? Não, jamais foi solicitado isso. A gente vai até o limite. Mas simplesmente ir lá no canetaço e dizer vamos agora baixar 15% o QAV porque a Azul pediu, a gente não pode fazer. Até porque as empresas aéreas vão ter um lucro bastante expressivo em 2023 em relação ao ano anterior. Mas a Gol acaba de entrar com pedido de recuperação judicial... A TAM (atual Latam) também já passou por isso e se recuperou. Então, são arranjos que dizem respeito ao negócio da companhia aérea e não necessariamente a tentar espremer a Petrobras, o governo apertar para dar um subsídio por meio da empresa. O subsídio se dá diretamente como governo, mas como empresa estatal mista, eu acho difícil. E venda direta do QAV é possível? É uma coisa que a gente não pode recomendar, porque as distribuidoras são os nossos clientes. Isso não cabe a nós propor isso, jamais. A Vibra é nossa compradora, ela tem uma função, foi dado pela lei do petróleo uma função às distribuidoras. Todo mundo tem o direito de ir lá na ANP (Agência Nacional do Petróleo) pedir uma autorização para ter uma distribuidora. Mas não somos nós que temos que dar esse tipo de recomendação. Quanto à Braskem, já há alguma decisão? Como estão essas conversas? A nossa parte nessa história é acompanhar o processo para se certificar que quem vai entrar seja alguém que acompanha o nosso investimento, que tenha sinergias conosco. A gente pode exercer nossa voz ao final todo o processo exercendo o direito de referência. Se a gente não estiver feliz com quem está fazendo oferta, a gente vai lá e oferece, cobre a proposta e fica o dono da Braskem. Isso é uma hipótese, que é a primeira que a gente vai seguir? Não. A gente quer, de fato, seja uma coisa compartilhada dentro de uma política de que esses novos negócios, de transição energética, mesmo petroquímica e fertilizante, vai se dar com sócios congêneres, gente do mesmo tamanho, que pode nos acompanhar, mas que tem coisas a aportar, não só dinheiro, mas sinergias mesmo. Mas em que temperatura está isso? Estão fazendo diligência agora. Me parece que a Adnoc está no final, mas não é uma negociação exclusiva, talvez, empresas chinesas, europeias. A gente fez a nossa diligência, fomos ao México, aos Estados Unidos, visitar as plantas do lado da Alemanha, foi ver tudo. As plantas do Brasil a gente já conhece. Estamos acompanhando o processo. E a situação da mina da Braskem em Maceió? Para esse assunto da venda das ações, eu diria que afeta pouco, pelo menos os (investidores) que estão interessados hoje. A empresa é um monstro e tem um passivo ambiental que foi gerado por uma operação mal fadada lá com a causa das cavernas de sal-gema. Isso impede a gente de comprar? Espanta alguém? Não. Vai se lidar com o que a justiça mandar fazer. Não vejo um reflexo tão grande. O que fez foi um pouco, talvez, adiar o cronograma, porque ficou aquela coisa de ia ter CPI ou não. E a gente, então, teve um pouco mais de cuidado, nós mesmos, a própria Novonor também, de abrir um pouco mais a possibilidade de propostas, esticar mais os prazos. Qual a expectativa para a chegada do novo sócio na Braskem? Gostaria muito que acontecesse nesse primeiro semestre, para a gente começar já o segundo semestre com um sócio definido. A Petrobras mencionou a investidores em Nova York realizar uma cooperação internacional para exploração de novas fronteiras. Como seria, com quem, onde? A gente está entrando em coisas novas, em petróleo e em fronteiras novas no Brasil. Queremos talvez juntar isso com algumas potenciais explorações em outras áreas, complementares às nossas, similares em ambiente operacional. A nossa casa é o Atlântico. Esse é o ambiente operacional que a gente sente em casa, a nossa praia, literalmente. Então, tudo que é costa africana, golfe do México, parte aqui do Caribe e tal, Suriname, Guiana, e até Mar do Norte, ainda é nossa casa. Mas é prioridade ir pra qualquer lugar fora em relação ao Brasil? Não. Qual é a prioridade? A prioridade continua ser pagar royalties e atuar no Brasil, onde a gente se sente melhor, onde a gente se sente em casa, literalmente. Agora, havendo parcerias a se fazer, trocas, etc, a gente pode estar analisando outras áreas. São basicamente três blocos. Quais? Os países escandinavos e ainda Holanda e Inglaterra, até por conta da Shell e Equinor, que são parceiros importantes, fora a experiência de offshore eólico nessa região. O segundo bloco são países do Golfo porque têm empresas estatais, dependentes do petróleo. Estamos nos aproximando cada vez mais e temos algo para aprender com eles. E, por fim, China e outros países que vierem junto como Coreia, Cingapura, que a gente já interage muito e quer começar a trazer mais para perto do Brasil, fazer trocas mais inteligentes.

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BC reduz taxa de juros em meio ponto pela 5ª vez, para 11,25% ao ano, e indica manter ritmo de corte

Na primeira reunião de 2024, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central seguiu o plano de voo e reduziu pela quinta vez seguida a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto porcentual, de 11,75% para 11,25% ao ano, em decisão unânime e amplamente esperada pelo mercado. O colegiado, no primeiro encontro que reúne quatro membros da diretoria indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mantém a projeção de um corte eldquo;de mesma magnitudeerdquo; endash; ou seja, de 0,5 ponto endash; nas próximas reuniões e avaliam que eldquo;esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionárioerdquo;. Ao justificar a decisão de hoje, o BC disse entender que a decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta em 2024 e, em grau maior, em 2025. eldquo;Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno empregoerdquo;, diz o comunicado. O Copom reafirmou no comunicado a importância de perseguir as eldquo;metas fiscais estabelecidas para a ancoragem (convergência para a meta) das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetáriaerdquo;. Como mostrou o Estadão, a equipe econômica criou um eldquo;plano de guerraerdquo; de curto prazo para tentar reduzir o bloqueio no Orçamento em março e manter a meta de déficit zero nas contas públicas em 2024, desacreditada pelo mercado. Ao repetir a mensagem de eldquo;cautela e moderaçãoerdquo;, o Copom reafirmou que a conjuntura atual é caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, com um cenário global desafiador. eldquo;O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metaserdquo;, repetiu o BC. Este foi o primeiro encontro do Copom com a participação dos novos diretores do BC indicados pelo presidente Lula: Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira, que tomaram posse no último dia 2. Já haviam sido indicados pelo presidente Gabriel Galípolo e Ailton de Aquino Santos. Riscos na mira Entre os riscos de alta para as expectativas de inflação, seguem uma maior persistência das pressões inflacionárias globais e uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada. Já entre os riscos de baixa para as projeções inflacionárias, permanecem uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada e a possibilidade de os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.eldquo;O Comitê avalia que a conjuntura, em particular devido ao cenário internacional, segue incerta e exige cautela na condução da política monetáriaerdquo;, repetiu o BC. Conforme a sinalização dada no encontro anterior, em dezembro, a queda da Selic nesse ritmo já era amplamente esperada. Conforme pesquisa do Projeções Broadcast, 63 das 64 instituições financeiras consultadas acreditavam que o Copom iria decidir por mais um corte de 0,50 ponto. A expectativa de inflação do Boletim Focus deste ano variou para baixo entre os dois encontros do Comitê, mas as estimativas de prazos mais longos seguiram desancoradas. A mediana para a inflação de 2024 passou de 3,93% no último Copom, em meados de dezembro, para 3,81% na última divulgação, ontem. Já para 2025 e 2026, as estimativas ficaram estacionadas em 3,50%, também acima da meta contínua de 3%. Juro real Mesmo com a nova baixa, o País segue em segundo lugar no ranking mundial dos juros reais (descontada a inflação à frente). Segundo levantamento do site MoneyYou com 40 economias, o Brasil passa a ter uma taxa de juros real de 5,95% e continua apenas atrás do México (6,49%). Em terceiro, aparece a Colômbia (4,81%). A média das 40 economias pesquisadas é de 0,69%. Até o Copom de dezembro, o juro neutro brasileiro, que não estimula nem contrai a economia endash; e, consequentemente, não acelera nem alivia a inflação brasileira endash;era estimado pelo BC em 4,5%, embora o mercado já considerasse uma taxa maior, de 5,0%. Inflação As projeções oficiais do BC para a inflação foram mantidas, conforme o comunicado. No cenário de referência, que utiliza câmbio variando conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC) e juros do Relatório de Mercado Focus, o BC manteve a projeção do IPCA de 2024 em 3,5% e, para 2025, em 3,2%. No cenário de referência, a autarquia atualizou no Copom as projeções para os preços administrados. Em 2024, a estimativa passou de 4,5% para 4,2%. Já em 2025, variou de 3,6% para 3,8%. Nesse cenário, o BC considera ainda que o preço do petróleo deve seguir aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e passar a aumentar 2% ao ano na sequência. Também adota a hipótese de bandeira tarifária eldquo;verdeerdquo; em dezembro de 2024 e 2025. Cenário externo O Copom avaliou que o ambiente externo se manteve volátil desde a última reunião, o que impõe cautela por parte de países emergentes. eldquo;O ambiente externo segue volátil, marcado pelo debate sobre o início da flexibilização de política monetária nas principais economias e por sinais de queda dos núcleos de inflação, que ainda permanecem em níveis elevados em diversos paíseserdquo;, diz o texto. De acordo com o Copom, os bancos centrais das principais economias permanecem determinados a promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. Mais cedo, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, disse que março ainda é cedo demais para promover corte de juros na maior economia do globo, o que levou cautela às bolsas em Nova York. Avaliação do mercado O comunicado da reunião trouxe poucas novidades, em linha com o esperado, afirma o economista Álvaro Frasson, do BTG Pactual. Após o documento, que manteve as sinalizações do Banco Central de comunicações anteriores e não trouxe mudanças significativas no cenário, o economista reiterou a projeção de Selic em 9,5% no fim do atual ciclo de cortes. Na avaliação do economista-chefe da XP, Caio Megale, há espaço para quedas graduais de juros e, portanto, de manutenção do tom do BC. eldquo;Não vemos nenhuma razão para BC mudar seu guidance de corte devagarerdquo;, afirmou. eldquo;O BC pode, de forma gradual e tranquila, ter mais segurança de que o juro vai de fato cair ao longo do tempo.erdquo; Megale ressaltou ainda que a autoridade monetária tem de ficar de olho nos preços de serviços e em eventuais impactos na inflação de custo da pressão sobre valores de fretes devido à tensão no Oriente Médio.

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BC reduz taxa de juros em meio ponto pela 5ª vez, para 11,25% ao ano, e indica manter ritmo de corte

Na primeira reunião de 2024, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central seguiu o plano de voo e reduziu pela quinta vez seguida a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto porcentual, de 11,75% para 11,25% ao ano, em decisão unânime e amplamente esperada pelo mercado. O colegiado, no primeiro encontro que reúne quatro membros da diretoria indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mantém a projeção de um corte eldquo;de mesma magnitudeerdquo; endash; ou seja, de 0,5 ponto endash; nas próximas reuniões e avaliam que eldquo;esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionárioerdquo;. Ao justificar a decisão de hoje, o BC disse entender que a decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta em 2024 e, em grau maior, em 2025. eldquo;Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno empregoerdquo;, diz o comunicado. O Copom reafirmou no comunicado a importância de perseguir as eldquo;metas fiscais estabelecidas para a ancoragem (convergência para a meta) das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetáriaerdquo;. Como mostrou o Estadão, a equipe econômica criou um eldquo;plano de guerraerdquo; de curto prazo para tentar reduzir o bloqueio no Orçamento em março e manter a meta de déficit zero nas contas públicas em 2024, desacreditada pelo mercado. Ao repetir a mensagem de eldquo;cautela e moderaçãoerdquo;, o Copom reafirmou que a conjuntura atual é caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, com um cenário global desafiador. eldquo;O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metaserdquo;, repetiu o BC. Este foi o primeiro encontro do Copom com a participação dos novos diretores do BC indicados pelo presidente Lula: Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira, que tomaram posse no último dia 2. Já haviam sido indicados pelo presidente Gabriel Galípolo e Ailton de Aquino Santos. Riscos na mira Entre os riscos de alta para as expectativas de inflação, seguem uma maior persistência das pressões inflacionárias globais e uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada. Já entre os riscos de baixa para as projeções inflacionárias, permanecem uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada e a possibilidade de os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.eldquo;O Comitê avalia que a conjuntura, em particular devido ao cenário internacional, segue incerta e exige cautela na condução da política monetáriaerdquo;, repetiu o BC. Conforme a sinalização dada no encontro anterior, em dezembro, a queda da Selic nesse ritmo já era amplamente esperada. Conforme pesquisa do Projeções Broadcast, 63 das 64 instituições financeiras consultadas acreditavam que o Copom iria decidir por mais um corte de 0,50 ponto. A expectativa de inflação do Boletim Focus deste ano variou para baixo entre os dois encontros do Comitê, mas as estimativas de prazos mais longos seguiram desancoradas. A mediana para a inflação de 2024 passou de 3,93% no último Copom, em meados de dezembro, para 3,81% na última divulgação, ontem. Já para 2025 e 2026, as estimativas ficaram estacionadas em 3,50%, também acima da meta contínua de 3%. Juro real Mesmo com a nova baixa, o País segue em segundo lugar no ranking mundial dos juros reais (descontada a inflação à frente). Segundo levantamento do site MoneyYou com 40 economias, o Brasil passa a ter uma taxa de juros real de 5,95% e continua apenas atrás do México (6,49%). Em terceiro, aparece a Colômbia (4,81%). A média das 40 economias pesquisadas é de 0,69%. Até o Copom de dezembro, o juro neutro brasileiro, que não estimula nem contrai a economia endash; e, consequentemente, não acelera nem alivia a inflação brasileira endash;era estimado pelo BC em 4,5%, embora o mercado já considerasse uma taxa maior, de 5,0%. Inflação As projeções oficiais do BC para a inflação foram mantidas, conforme o comunicado. No cenário de referência, que utiliza câmbio variando conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC) e juros do Relatório de Mercado Focus, o BC manteve a projeção do IPCA de 2024 em 3,5% e, para 2025, em 3,2%. No cenário de referência, a autarquia atualizou no Copom as projeções para os preços administrados. Em 2024, a estimativa passou de 4,5% para 4,2%. Já em 2025, variou de 3,6% para 3,8%. Nesse cenário, o BC considera ainda que o preço do petróleo deve seguir aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e passar a aumentar 2% ao ano na sequência. Também adota a hipótese de bandeira tarifária eldquo;verdeerdquo; em dezembro de 2024 e 2025. Cenário externo O Copom avaliou que o ambiente externo se manteve volátil desde a última reunião, o que impõe cautela por parte de países emergentes. eldquo;O ambiente externo segue volátil, marcado pelo debate sobre o início da flexibilização de política monetária nas principais economias e por sinais de queda dos núcleos de inflação, que ainda permanecem em níveis elevados em diversos paíseserdquo;, diz o texto. De acordo com o Copom, os bancos centrais das principais economias permanecem determinados a promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. Mais cedo, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, disse que março ainda é cedo demais para promover corte de juros na maior economia do globo, o que levou cautela às bolsas em Nova York. Avaliação do mercado O comunicado da reunião trouxe poucas novidades, em linha com o esperado, afirma o economista Álvaro Frasson, do BTG Pactual. Após o documento, que manteve as sinalizações do Banco Central de comunicações anteriores e não trouxe mudanças significativas no cenário, o economista reiterou a projeção de Selic em 9,5% no fim do atual ciclo de cortes. Na avaliação do economista-chefe da XP, Caio Megale, há espaço para quedas graduais de juros e, portanto, de manutenção do tom do BC. eldquo;Não vemos nenhuma razão para BC mudar seu guidance de corte devagarerdquo;, afirmou. eldquo;O BC pode, de forma gradual e tranquila, ter mais segurança de que o juro vai de fato cair ao longo do tempo.erdquo; Megale ressaltou ainda que a autoridade monetária tem de ficar de olho nos preços de serviços e em eventuais impactos na inflação de custo da pressão sobre valores de fretes devido à tensão no Oriente Médio.

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Fatia do Brasil na oferta global de petróleo irá a 4% em 2030, diz AIE

O Brasil elevará sua participação no suprimento global de petróleo a 4% em 2030, ante 3% atualmente, e permanecerá em torno desse nível na década de 2040, afirmou nesta quarta-feira (31) o diretor-executivo da AIE (Agência Internacional de Energia), Fatih Birol. Para o cálculo, Birol considera que o país atingirá produção de petróleo de cerca de 4,5 milhões de barris por dia (bpd) ao fim desta década e início da próxima. A produção média de petróleo do Brasil em novembro bateu recorde de 3,678 milhões de bpd, com o desenvolvimento de importantes áreas do pré-sal, apontaram os dados mais recentes da reguladora ANP em dezembro. A expectativa no Brasil é que a produção doméstica continuará crescendo ao longo desta década com o pré-sal. "O mundo deveria estar grato ao Brasil por ser um fornecedor confiável", disse Birol, ao responder pergunta da Reuters durante coletiva de imprensa em Brasília, após a assinatura do Plano de Trabalho Conjunto com o Brasil para a Aceleração da Transição Energética. "Sabemos que a procura global de petróleo irá em algum momento no futuro atingir o pico e diminuir, mas a procura de petróleo não desaparecerá da noite para o dia." Durante o evento de assinatura do acordo, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou que a matriz energética brasileira já é fortemente renovável, e que o Brasil busca papel de protagonismo na transição energética global. "Com o esforço do nosso povo e das riquezas naturais do nosso país, já somos exemplo de como uma matriz energética diversificada, plural, limpa e renovável pode ser construída com sucesso", afirmou. O governo federal e a indústria de petróleo brasileira têm destacado que grande parte da produção de petróleo do país ocorre em alto mar, com baixos custos e baixas emissões e que por isso o Brasil se credencia para permanecer como um importante supridor por mais tempo que outros players no mundo, durante o processo de transição energética. (Reuters)

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