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A busca pela sustentabilidade no transporte

Adriano Pires - A partir da assinatura do Protocolo de Kyoto em 1997, intensificado com a assinatura do Acordo de Paris em 2015, o mundo vem buscando alternativas mais sustentáveis visando a redução das emissões de gases poluentes. No setor de transportes, a eletrificação entrou na moda e essa tese vem sendo cada vez mais apontada como uma solução viável e promissora por parte da indústria interessada em vender e desenvolver veículos elétricos. No entanto, é importante reconhecer as alternativas já existentes, consolidadas, viáveis e igualmente propícias no quesito ambiental, como o caso do etanol. Isso é evidente especialmente em economias agroexportadoras, em que culturas de alto potencial energético, como a da cana-de-açúcar ou do milho, são prevalecentes. Em nações como o Brasil, os Estados Unidos e a Índia, o etanol tem se destacado como uma das melhores alternativas no setor de transporte em termos de redução de emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa) e independência energética. No Brasil, o etanol tem um papel de vanguarda como alternativa aos combustíveis fósseis. O 1º automóvel movido a etanol do país foi lançado no fim dos anos 1970. E, há 20 anos, os carros flex endash;ou seja, movidos a gasolina ou a etanolendash; continuam impulsionando a produção do biocombustível, ampliando a liberdade de escolha dos consumidores, e contribuindo para um ar mais limpo. Hoje, segundo informações do Ministério de Minas e Energia, cerca de 80% da frota de veículos leves brasileira é composta por modelos flex fuel. Em cerca de 4 décadas, o uso do etanol proporcionou uma economia de mais de 2,5 bilhões de barris equivalentes de petróleo, ou mais de 2 anos da produção atual de petróleo no país. Calculado nos preços de hoje, esse volume representa uma economia de mais de US$ 200 bilhões. Além disso, a adoção do biocombustível proporcionou a redução de mais de 1,5 bilhão de toneladas de CO2 equivalente, contribuindo significativamente para a mitigação das emissões de GEE no país.Além do Brasil (o 2º maior produtor global), os EUA (o 1º do ranking) e a Índia (produtora emergente que já ocupa a 3ª colocação) são os principais advogados dos biocombustíveis como alternativa sustentável no transporte. Com um setor agropecuário robusto, esses países têm a capacidade de produzir quantidades substanciais de etanol a partir dos substratos de suas plantações tradicionais ou, até mesmo, de fomentar culturas dedicadas à produção do insumo, chamadas de power crops. O potencial é evidente não apenas na redução de emissões, mas também no incentivo da economia rural e na criação de empregos.Para ler esta notícia, clique aqui. Sócio-fundador e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE)

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Mais de 30 postos de combustíveis são autuados por aumento antecipado do preço da gasolina

Trinta e um postos de gasolina foram notificados por antecipar o aumento do preço da gasolina, que sofreu um reajuste de 7,11% que está em vigor desde a última terça-feira (9). A notificação foi realizada pela Secretaria Municipal de Proteção e Defesa do Consumidor de João Pessoa (Procon-JP). O aumento antecipado dos valores foi descoberto através da inspeção feita pelo Procon nos postos de gasolina, que solicita as últimas notas fiscais de compra e venda da gasolina e as examina para detectar se o aumento dos preços é irregular. O Procon-JP também está inspecionando o preço do álcool, que também sofreu reajuste (2,72%). Levantamento de preços de combustíveis do Procon-JP O levantamento de preços mais recente do Procon-JP para combustíveis foi realizado na última quarta-feira (10), em 106 postos da Capital, e registrou que os preços do litro da gasolina comum para pagamento à vista estavam oscilando entre R$ 5,730 e R$ 6,090. O Procon-JP vai analisar as notas fiscais e comparar com os preços coletados nas pesquisas comparativas realizadas nas semanas anteriores. eldquo;Como o aumento da Petrobras está em vigor desde o último dia 9 e alguns postos começaram a vender a gasolina com reajuste já na quarta-feira passada, um dia depois, estamos averiguando se a comercialização nas bombas é de estoque antigoerdquo;, explica o secretário Rougger Guerra. Pesquisa de preços dos combustíveis antecipada O Procon-JP vai antecipar a coleta da pesquisa de preço dos combustíveis para esta terça-feira (16), para continuar verificando se os índices de reajuste estão chegando de forma correta ao consumidor, que é de cerca de R$ 0,20. eldquo;Estamos atentos aos preços praticados no mercado de combustíveis e agiremos com o rigor da lei para punir quem aplicar aumento extemporâneo e/ou abusivoerdquo;, esclarece o titular do Procon-JP. O gás de cozinha também sofreu reajuste oficial na última terça-feira (9), em torno de R$ 3. Também para monitorar o mercado desse produto, a Secretaria está realizando pesquisa comparativa esta semana. eldquo;O gás de cozinha é outro produto que monitoramos através dos levantamentos de preços, com coletas mensais. Caso seja detectado que está havendo aumento indevido nos preços do botijão de 13 quilos do produto, autuaremos a empresa no atoerdquo;, pontua Rougger Guerra.

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O que esperar dos preços do petróleo e combustíveis no segundo semestre de 2024?

Os preços do barril de petróleo no mercado internacional podem ter um alívio de pressões no segundo semestre de 2024, mas isso não deve levar a uma redução significativa nos preços dos combustíveis, apontam analistas. Isso ocorre porque o mercado de refino está vivendo riscos mais acentuados, relacionados à redução da capacidade de processamento. Na sexta-feira (10/7), o preço do Brent, principal referência internacional, fechou em US$ 85,27. Nas últimas semanas, os preços chegaram a apresentar um leve aumento, devido a reduções pontuais nas exportações da Opep, sobretudo da Rússia, e à expectativa de um corte de juros na economia dos Estados Unidos. eldquo;A redução das exportações de petróleo bruto da Opep e da Rússia, num momento em que as operações nas refinarias aumentam para atender ao pico do verão [no Hemisfério Norte], estão contribuindo para um mercado mais restritivo do que o esperado, e os preços estão reagindoerdquo;, explica o diretor de Análise do Mercado Global da Rystad Energy, Claudio Galimberti. Ainda assim, as cotações do óleo bruto têm sofrido maior influência da demanda, que está menor do que o esperado. A demanda global deve continuar a subir este ano, mas em patamares menores do que os previstos antes. O maior propulsor global do consumo é a China e, em 2024, o país não aumentou as importações na comparação anual, até meados do ano. eldquo;Países asiáticos, especialmente a China, têm acumulado bastante estoque nos últimos meses, o que também limita o déficit no balanço globalerdquo;, diz a analista de Inteligência de Mercado da StoneX, Isabela Garcia. Além disso, os Estados Unidos também têm apresentado um consumo de petróleo bruto abaixo do esperado, devido à desaceleração da atividade industrial e ao aumento do uso de combustíveis alternativos, como biocombustíveis e eletrificação. Com isso, uma alta firme nos preços é um cenário menos provável para o segundo semestre, conforme analistas. Do mesmo modo, uma queda mais acentuada dos preços também é improvável, sobretudo depois da decisão da Opep e aliados de manter as restrições à produção este ano. Há ainda os riscos relacionados a fatores geopolíticos, ligados à guerra entre Rússia e Ucrânia e a um possível envolvimento do Irã no conflito no Oriente Médio. Uma eventual redução das exportações iranianas tenderia a elevar os preços do barril no ambiente internacional. Esse cenário, no entanto, parece improvável no momento, segundo o analista de Energia e Macroeconomia da Hedgepoint Global Markets, Victor Arduin. eldquo;Por mais que os riscos geopolíticos estejam presentes, eles não estão ganhando forças nem pressionando preçoserdquo;, afirma Arduin. Os riscos para os combustíveis, no entanto, estão mais severos. Há ameaças à oferta relacionadas sobretudo à temporada de furacões na América do Norte, que vai de agosto a outubro. O ano de 2024 deve ter uma temporada de furacões mais forte que a média, com a interrupção da produção em diversas refinarias nos Estados Unidos. O impacto começou no início de julho, com a passagem do furacão Beryl. Apesar de não ter levado a grandes restrições nas plantas de refino, diversos portos precisaram ser fechados no país. A redução das margens de refino nos últimos anos e a redução da capacidade de processamento global também ampliam os riscos para a oferta global de derivados, segundo o Goldman Sachs. Essa alta dos derivados deve ter impacto sobretudo para mercados com moedas desvalorizadas em relação ao dólar. eldquo;Quando o dólar está fortalecido em relação a outras moedas, o petróleo fica mais caro para países com outras moedas, e isso acaba afetando a demandaerdquo;, lembra Arduin, da Hedgepoint. O que isso significa para os preços de combustíveis no Brasil? No Brasil, os preços dos combustíveis sofrem influência sobretudo da política de preços da Petrobras, que opera a maior parte das refinarias nacionais. Desde maio de 2023, a estatal implementou uma nova política de precificação, que incorpora os preços internacionais e o dólar, mas também visa suavizar a volatilidade e garantir a fatia de mercado da estatal. A companhia concorre com os produtos importados, principalmente no caso do diesel, e com o etanol, no caso da gasolina. No começo de julho, a estatal fez o primeiro reajuste da gasolina desde outubro de 2023. Na segunda-feira (8/7), a estatal alterou o preço de venda da gasolina nas refinarias, em média, em R$ 0,20 por litro, num aumento de 7,1%. Com isso, o preço médio de venda passou a ser de R$ 3,01 por litro. O diesel permanece sem alterações desde 8 de dezembro, quando houve um corte de 6,66% e o combustível passou a ser vendido nas refinarias a R$ 3,78 por litro em média. A pressão pelo reajuste está alta, pelo menos, desde maio e se ampliou depois que o dólar teve forte alta frente ao real nas últimas semanas. Segundo analistas, o mercado nacional está bem abastecido para o segundo semestre, depois de um aumento no volume processado nas refinarias nos primeiros meses do ano, assim como por importações. Por isso, o câmbio e a competição dos produtos da Petrobras com as alternativas de mercado devem ser os principais fatores a influenciar os preços domésticos no segundo semestre. Dados da StoneX mostram que o país continua a comprar o diesel da Rússia, país que foi responsável por 72% do volume desse derivado no ano até o momento. Com isso, os importadores se aproveitam das sanções aos produtos russos na América do Norte e na Europa para garantir melhores condições. eldquo;A Rússia deve seguir sendo uma importante fornecedora de diesel para o Brasil, exatamente por esses preços mais competitivos frente a outras referências no mercado internacionalerdquo;, diz Garcia. Um levantamento feito pela Argus junto com empresas importadoras de combustíveis mostrou que no dia 28 de junho o preço do diesel importado proveniente da Rússia era de R$0,22 por litro acima do preço de R$3,39 por litro da Petrobras em vigor no seu terminal de São Luís, no Maranhão. No mercado de revenda para distribuidores, que inclui custos portuários e de tancagem, a diferença foi de R$ 0,45 por litro. Além disso, a melhor paridade de preços do etanol em relação à gasolina nos últimos meses também fez com que o combustível fóssil tivesse uma queda de 7,2% no consumo entre janeiro e maio deste ano na comparação anual, segundo a StoneX.

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Postos de combustíveis são fiscalizados pelo Procon-AM após preço da gasolina subir em Manaus

Postos de combustíveis começaram a ser fiscalizados pelo Instituto de Defesa do Consumidor (Procon-AM), após preço da gasolina subir em Manaus, nesta segunda-feira (15). O órgão informou que estabelecimentos começaram a aplicar um aumento significativo no preço da gasolina, sem justa causa, elevando o valor de R$ 6,29 para R$ 6,89. Esse reajuste substancial, de R$ 0,60 centavos, despertou a atenção do Procon-AM, que mobilizou equipes para intensificar a fiscalização dos postos e questionar o aumento repentino do valor da gasolina. Segundo o Procon, esse acréscimo contrasta com a redução no preço de refino da gasolina anunciada pela Refinaria da Amazônia (Ream) na sexta-feira (12/07), que baixou de R$ 3,51 para R$ 3,46. Jalil lembrou que, dia 8 de julho, a Petrobras anunciou um aumento de R$ 0,20 por litro da gasolina. Entretanto, esse acréscimo não deveria impactar diretamente os preços em Manaus, pois a Refinaria da Amazônia (Ream) adota uma política de preços independente desde sua aquisição em dezembro de 2022. A refinaria no Amazonas segue a paridade internacional como política de preços para os derivados do petróleo, o que significa que o preço dos combustíveis é baseado no preço internacional do barril de petróleo, calculado em dólares. eldquo;O Procon-AM está nas ruas realizando as ações de fiscalização, solicitando as notas de compras e notas de saída para avaliar se está havendo abuso nas margens de preçoerdquo;, disse o chefe de Fiscalização do Procon-AM, Pedro Malta. Consumidores que identificarem qualquer irregularidade ou desrespeito aos seus direitos podem registrar denúncias através dos canais de atendimento do Procon-AM: (92) 3215-4009 ou 0800 092 1512, site do órgão ou correio eletrônico: fiscalizacaoprocon@procon.am.gov.br.

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Petrobrás: Recebemos autorização para comercializar combustível marítimo com conteúdo renovável

Somos pioneiros na comercialização de combustível mais sustentável para o setor marítimo Em nossa jornada por uma transição energética justa, gradual e inclusiva, o desenvolvimento de produtos mais sustentáveis é prioridade. A autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para a comercialização de combustível marítimo com conteúdo renovável, concedida no dia 11/07, é mais um marco nessa caminhada. A companhia é a primeira no país a receber a autorização para entregar ao mercado um bunker com 24% de biodiesel, que permite uma redução de emissões de gases de efeito estufa, em comparação ao bunker 100% mineral. O VLS (Very Low Sulfur) B24, produzido pela companhia, é resultado da mistura de bunker de origem mineral com biodiesel certificado pela ISCC EU RED, uma das mais tradicionais certificações existentes no mercado, aplicável para rastreabilidade e cálculo das emissões de gases de efeito estufa de matérias-primas e de bioprodutos sustentáveis. Combustível com baixa pegada de carbono e maior valor agregado A partir do início desta comercialização, contribuiremos para a transição energética no transporte marítimo e para as metas de descarbonização de nossos clientes, cumprindo mais uma etapa do nosso objetivo de ampliar a comercialização de produtos com maior valor agregado e baixa pegada de carbono. Durante meses, foram realizados testes do produto em situações reais de navegação e acompanhamento de dados de navios, como consumo, potência desenvolvida, distância percorrida, além do desempenho do combustível em filtros e sistemas de purificação. Os resultados indicaram que não houve ocorrência atípica no funcionamento dos motores das embarcações, tampouco nos sistemas de tratamento do combustível (centrífugas e filtros), confirmando as viabilidades operacionais e comerciais do bunker com conteúdo renovável. A autorização da ANP reforça nossa estratégia no desenvolvimento de produtos mais sustentáveis, contribuindo para um futuro de baixo carbono. Aderimos ao Pacto Brasil pela Integridade Empresarial No início deste mês, demos mais um passo para nos tornar referência em conformidade corporativa: aderimos ao Pacto Brasil pela Integridade Empresarial, uma iniciativa da Controladoria-Geral da União (CGU), que tem o objetivo de fomentar a integridade no cenário corporativo brasileiro e estimular empresas a assumirem compromisso voluntário com a integridade empresarial. A adesão ao pacto é mais uma medida para, por exemplo, proteger e aumentar a reputação empresarial, incrementar oportunidades comerciais, reduzir a ocorrência de fraudes e atrair e reter funcionários que prezam pela ética e pela integridade. Em adição à assinatura do compromisso, realizamos uma autoavaliação, definida pela CGU, das nossas medidas de integridade para identificar o seu grau de maturidade e a necessidade de aperfeiçoamento. Estamos empenhados em aprimorar continuamente nossas ações de governança e compliance Nossa companhia atingiu nota máxima nos critérios, considerando o conjunto de ações que visa prevenir, detectar e sanar desvios, fraudes e atos de corrupção praticados contra a administração pública; mitigar os riscos social e ambiental decorrentes de suas atividades, zelando pela proteção dos direitos humanos, e fomentar e manter uma cultura de integridade no ambiente organizacional. Estamos empenhados em aprimorar continuamente nossas ações de governança e compliance expressas em nosso Planejamento Estratégico 2024-2028+. A adesão ao Pacto reforça nossa ambição de ser referência em ética, integridade e transparência em todas as nossas operações. Já plantamos mais de 1,4 milhão de mudas em Urucu, na Amazônia Quando, na década de 1980, foi iniciada a exploração de petróleo no meio da Floresta Amazônica, firmamos o compromisso de gerir a atividade de forma transparente, limpa, sustentável e ecologicamente segura. Todo o trabalho realizado pela companhia nesses mais de 35 anos de atuação na Província Petrolífera de Urucu, em Coari, a cerca de 650 km de Manaus (AM), comprova que é possível produzir petróleo com respeito ao meio ambiente e redução dos impactos sobre a região. Entre as diversas ações, um recorde: mais de 1,4 milhão de mudas foram plantadas na recuperação ambiental. Desde o início do projeto, as áreas afetadas pelas atividades da empresa são recompostas e, dessa forma, poucas intervenções demonstram que existem equipamentos na floresta. É um trabalho minucioso de recomposição da cobertura vegetal e de catalogação das espécies retiradas das áreas de extração de óleo, entre outras medidas ambientais. Viveiros abrigam dezenas de milhares de mudas de cerca de 80 espécies nativas da Amazônia para viabilizar o programa de replantio intensivo, à medida que poços são perfurados. O resultado torna Urucu uma referência internacional no setor. As técnicas de manejo utilizadas incluem etapas, como preparo do solo, descompactação, correção de acidez de solo, adubação verde, implantação de drenagem, plantio de espécies nativas, adubação de base, aplicação de cobertura morta, além de manutenções periódicas e monitoramento constante dos resultados. Compromisso em promover a biodiversidade e a preservação ambiental As práticas de recomposição ambiental incluem o plantio de diversas espécies nativas, com destaque para o ingá-de-metro, ingá-de-macaco, pau-de-balsa, munguba, açaí-solitário, pacotê, buriti, taperebá e lacre. Além disso, são produzidas mudas de espécies ameaçadas de extinção, como a seringueira, castanheira, copaíba e andiroba. A abordagem é um dos nossos compromissos em promover a biodiversidade e a preservação ambiental, contribuindo para a restauração de ecossistemas impactados pela atividade.

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Planta-piloto em Itaipu transforma biogás em óleo sintético

Com recursos do governo alemão, o CIBiogás (Centro Internacional de Energias Renováveis) instalou uma planta-piloto na Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu (PR), que é capaz de transformar biogás em óleo sintético, também conhecido como bio-syncrude ou petróleo verde. O investimento do Ministério Federal da Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha (BMZ) foi de 1,8 milhão de euros. A unidade inaugurada em junho é de pequeno porte endash;tem capacidade para gerar até 6 litros por diaemdash;, mas o plano é encontrar parceiros comerciais para ampliar a planta, o que permitiria o refino do óleo sintético em produtos como SAF (Sustainable Aviation Fuel) ou metanol verde, por exemplo. "Está caminhando bem [a busca por parceiros comerciais] porque combustível de origem renovável é uma discussão mundial, uma corrida contra o tempo. Quem se credencia para conhecer este cenário todo, antes de outros, acaba ganhando mais tração", diz o diretor-presidente do CIBiogás, Rafael Gonzalez, sem revelar os nomes dos possíveis investidores. Segundo ele, trata-se da primeira planta-piloto do país para produção de óleo sintético a partir do biogás. "Com a planta-piloto, queremos conhecer qual a escala possível de chegar a partir desta tecnologia para daí poder ter a comercialização de um produto final, que pode ser SAF ou metanol verde", antecipa ele, ao lembrar que o metanol hoje utilizado pela indústria brasileira é importado. "A produção de SAF no Brasil também está começando agora e entendo que a gente tem um mercado interno bastante robusto antes de pensar no mercado externo", continua. Gonzalez diz que o setor aposta na aprovação do projeto de lei em trâmite no Congresso Nacional que obrigaria companhias aéreas a atingir uma utilização mínima de combustível verde (SAF) até 2030. "Vamos continuar investindo nesta planta por muitos anos ainda, porque é um ativo. Mas o produto em si, a produção comercial, seria daqui 3 anos para frente", estima ele, que prefere não falar em valores ainda. "Toda ruptura de conhecimento tem risco do ponto de vista de investimento. Por isso a gente está trabalhando numa escala piloto, para administrar os riscos, e ter uma condição de planejar uma escala com visão comercial", resume Gonzalez. Criado pela Itaipu em 2013, o CIBiogás é uma associação privada, sem fins lucrativos, de desenvolvimento tecnológico com foco no mercado de biogás e de biometano. Além do CIBiogás, que captou os recursos junto ao governo alemão por intermédio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, outros parceiros atuaram na implantação da planta-piloto, como a UFPR (Universidade Federal do Paraná), a Fundação Araucária e a própria Itaipu. O lixo orgânico transformado em biogás pelo CIBiogás, por exemplo, vem dos restaurantes da usina hidrelétrica, e eventualmente de cargas apreendidas pela Receita Federal em operações de fiscalização na região. "São cerca de 150 kg de resíduos diários que são tratados nesta unidade de demonstração de biogás e biometano, que já funciona há sete anos. São sobras nos pratos dos restaurantes e o que sobra da preparação dos alimentos também", explica Rogério Meneghetti, superintendente de Energias Renováveis da Itaipu. "E como é uma região que tem muita apreensão de cargas, a gente tem uma parceria com a Receita Federal, para que os produtos não sigam para o aterro. Então é tudo triturado e colocado no biodigestor, que gera o biogás", continua ele. Um processo de purificação do biogás para chegar ao biometano (biogás sem o CO2, análogo renovável ao gás natural), também feito pelo CIBiogás, já é aproveitado hoje na Itaipu. "Temos frota de veículos com biometano. Agora estamos trabalhando para que o ônibus de turismo rode com biometano também", revela Meneghetti. UFPR DESENVOLVEU CATALISADORES A conversão do biogás no chamado gás de síntese e, depois, no óleo sintético, envolvem dois catalisadores, construídos no laboratório do professor Helton José Alves, da UFPR em Palotina, conforme explica o professor Luiz Pereira Ramos, que também participou da criação da planta-piloto em Foz. "Resíduos orgânicos das mais diversas origens são fermentados, gerando biogás. Esse biogás é impuro, tem uma série de contaminantes, e o que nos interessa no biogás é apenas o CO2 e o metano. Então esse biogás é refinado", inicia o professor, ao lembrar que tanto a produção do biogás quanto a purificação dele já são tecnologias operadas pelo CIBiogás antes mesmo da instalação da planta-piloto no mês passado. "Agora, a planta-piloto pega este biogás refinado para submetê-lo a uma reforma catalítica. O primeiro catalisador serve para converter o CO2 e o metano em CO (monóxido de carbono) e hidrogênio. Essa mistura de CO com hidrogênio é chamada de gás de síntese", continua ele. "Ou seja, é uma estratégia de produção de hidrogênio a partir do resíduo orgânico. Lixo gerando o combustível de maior sustentabilidade que se conhece, que é o hidrogênio", explica Ramos. O gás de síntese, continua o professor, segue para uma segunda etapa, que se chama síntese de Fischer-Tropsch. "Desse processo, que também é catalítico, é produzido o óleo bruto, o óleo sintético, que é uma mistura que pode ser fracionada. E essas frações teriam que ter suas propriedades ajustadas para atender as especificações do mercado", explica ele, em referência ao desenvolvimento de combustíveis verdes, como o SAF, por exemplo. "Essas etapas de fracionamento e beneficiamento ainda não chegaram", completa o professor.

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