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Setor de combustíveis vê aumento de fraudes e quer suspensão de mistura de biodiesel

Alvo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em busca de redução do preço dos alimentos, o biodiesel é questionado pelo setor de combustíveis, que vê aumento das fraudes e discute pedir a suspensão da mistura obrigatória no diesel de petróleo. Produtores de biodiesel criticam a proposta, alegando que a adição obrigatória de biocombustíveis é política pública que beneficia o país e sua suspensão prejudicaria investimentos e levaria a mais importações de diesel. O preço do biodiesel disparou em 2024, saindo da casa dos R$ 4 por litro no início do ano até bater R$ 6,53 em novembro. Depois, arrefeceu um pouco, para R$ 6,08 por litro, na primeira semana de fevereiro, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis). Na mesma semana, segundo a ANP, o diesel de petróleo saía das refinarias brasileiras, em média, a R$ 4 por litro. A elevada diferença tem pressionado o preço do produto nas bombas e, segundo distribuidoras de combustíveis, encorajado fraudes na mistura. Atualmente, distribuidoras são obrigadas a misturar 14% de biodiesel ao diesel antes de vender aos postos. A mistura será elevada para 15% em março. O setor afirma que, no cenário atual, o ganho por vender diesel sem o combustível pode chegar a quase R$ 0,30 por litro. Em 2024, o programa de monitoramento da qualidade da ANP detectou 1.339 amostras de diesel fora das especificações relacionadas à adição de biodiesel, mais do que o dobro das 577 verificadas no ano anterior. Por meio de um programa chamado Cliente Misterioso, o ICL (Instituto Combustível Legal) diz ter testado o diesel de 507 postos em seis estados durante o ano. Deste total, 179 (35%) apresentaram teor de biodiesel diferente da faixa de 13,5% a 14,5% estabelecida pela ANP. Na Bahia e no Paraná, cerca de metade das amostras estava fora do padrão. Em São Paulo, o percentual de diesel com teor de biodiesel fora das especificações foi de 30%. A Ipiranga, segunda maior distribuidora de combustíveis do Brasil, fez um levantamento próprio em sua rede e encontrou diesel fora da especificação em 48 de 104 postos pesquisados. Também nesse caso, o Paraná esteve com índices acima de 50%. O presidente da Ubrabio (União Brasileira do Biodiesel e do Bioquerosene), Juan Diego Ferrès, diz que o crescimento das fraudes também é motivo de preocupações no agronegócio, mas que a solução deveria passar por reforço na fiscalização e em políticas de segurança pública. Ele defende que a suspensão da mistura obrigatória causaria impactos negativos em toda a cadeia produtiva, que vem investindo no aumento da capacidade ao longo dos anos. Além disso, depende de ajustes na programação de importações de diesel de petróleo. "O programa do biodiesel, que levou 20 anos para chegarmos aos 14%, é uma conquista tremenda para o país", afirmou. Sobre os altos preços, alega que o óleo de soja, matéria-prima para o biocombustível, é atrelado ao dólar, que disparou no fim de 2024. O setor de combustíveis chegou a pedir reforço na fiscalização, mas a ANP alegou que cortes no orçamento promovidos pelo governo dificultavam a compra de passagens para fiscais. Em maio, a agência já havia anunciado que o programa de monitoramento da qualidade seria afetado. O setor diz que o cronograma de aumento da mistura estabelecido pela Lei do Combustível do Futuro, que prevê aumento de um ponto percentual ao ano até o máximo de 20% em 2030 tende a ampliar a vantagem para fraudadores e evidencia a necessidade de fiscalização nos postos.

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Pix via aproximação estreia com nova função do sistema do BC e deve impulsionar comércio

Uma nova função do Pix vai permitir a partir do dia 28 pagamentos por aproximação ou biometria, sem que seja necessário acessar o aplicativo do banco. A expectativa é que o recurso, que facilita as transações, abra caminho para um crescimento maior no comércio físico e on-line e na prestação de serviços, rivalizando ainda mais com os cartões e com dinheiro vivo. Agora, será possível incluir o Pix em carteiras digitais nos celulares e pagar as compras encostando o aparelho nas maquininhas, como já ocorre no débito e no crédito. Nos pagamentos pela internet, a finalização das compras com o Pix dependerá de apenas um clique, sem precisar captar o QR Code ou usar o Pix Copia e Cola e ir até o aplicativo do banco para cada operação. Tudo será feito dentro do site da empresa que está vendendo o produto ou serviço. A novidade vem sendo testada desde novembro com um público restrito. Participam do piloto os maiores bancos e instituições de pagamento do país, algumas "maquininhas" e iniciadoras de transação de pagamento (ITP), as empresas facilitadoras que fazem a ponte entre os lojistas e os bancos, como as carteiras digitais. A partir do dia 28, os bancos terão de "liberar" as transações iniciadas por uma ITP. A oferta do Pix por aproximação em aplicativos bancários ou carteiras digitais, contudo, é facultativa, assim como a aceitação por maquininhas. Mas a própria competição deve incentivar a participação de variados players. O BC aconselha que o cliente verifique junto à sua instituição de relacionamento se a funcionalidade já está disponível. Acordo entre Google e maquininhas Usuários de celulares Android poderão ter acesso ao serviço no Google Pay, carteira digital do gigante da tecnologia. O Google Pay, que é uma ITP, já vem testando a nova função com um público selecionado desde novembro por meio de parceiros específicos: C6, PicPay e Itaú (e sua maquininha, a Rede). Outras 11 "maquininhas" já firmaram parceria com a Google e devem estar prontas nos próximos dias para receber pagamentos do Pix por aproximação a partir do lançamento oficial: Cielo, Getnet, Pagbank, Stone, Sumup, Fiserv, Safra Pay, Sicredi, Azulzinha, Mercado Pago e Bin. Já a Apple não tem registro de iniciador de pagamentos nem solicitou a licença ao BC. Até pouco tempo atrás, a empresa, inclusive, impedia o uso de outras carteiras digitais pelos usuários do Iphone. Após enfrentar um processo na União Europeia, abriu sua loja de aplicativos para serviços de pagamento rivais ao Apple Pay, mas por enquanto não há opções disponíveis para os usuários. Procurada, a empresa não quis comentar o assunto. Segurança Para usar o recurso, os consumidores só terão de cadastrar previamente as chaves Pix na carteira digital ou nos aplicativos e sites de lojas e prestadores de serviços. Essa ação demandará uma autorização junto ao banco emdash; também feita de forma simultânea no ambiente de e-commerce ou na carteira digital. Por fim, a cada operação, será obrigatória a confirmação via biometria, reconhecimento facial, senha ou chave de segurança, uma camada de proteção adicional. emdash; O Pix por biometria vai trazer mais segurança para o usuário final, tanto físico quanto digital, porque tem uma camada adicional antifraude. É uma oportunidade de diminuir notícias de fraudes emdash; diz Gustavo Lino, presidente da Associação dos Iniciadores de Transação de Pagamento (Init). Natacha Litvinov, chefe de Parcerias de Pagamentos do Google Pay, destaca ainda que a nova função traz mais praticidade em pagamentos on-line e até nas transferências entre pessoas. emdash; Quando a gente pergunta para os usuários onde estão vendo valor, as respostas que mais voltam são: a facilidade de agregar diversos meios de pagamento, a agilidade de fazer o pagamento por aproximação e o fato de que se consegue controlar em que momento quer entrar no aplicativo da sua conta. Tem gente que fica mais segura de em público não abrir a conta do banco emdash; destaca. O diretor-geral da plataforma de pagamentos Belvo, Albert Morales, destaca que os usuários poderão até excluir o aplicativo do banco do celular, caso queiram. Expansão no comércio Com a nova função do Pix, a tendência é o crescimento de sua presença em pagamentos no comércio e pela prestação de serviços. O Pix já é o meio de pagamento favorito dos brasileiros, mas as transferências entre pessoas ainda respondem pela maioria das operações (45%). No comércio, fazer um Pix ainda não é tão fácil. A quantidade de passos necessários para finalizar uma compra é um desestímulo à escolha do meio de pagamento, na comparação com a praticidade disponibilizada pelos cartões. É preciso abrir o aplicativo do banco, entrar na área do Pix, copiar um código ou usar um QR Code, pagar e então ainda esperar para ver se a compra foi finalizada com sucesso. É comum no comércio on-line, por exemplo, o "abandono do carrinho". emdash; Fazer uma transação com o Pix no mundo eletrônico vai ficar melhor. Em uma loja física, no transporte público, em uma feira, é ainda um exercício de paciência usar o Pix. São muitas etapas que atrapalham o processo, exigem atenção e concentração. Imagina isso em uma fila de caixa de supermercado. Era uma deficiência do Pix emdash; avalia Boanerges Freire, presidente Boanerges eamp; Cia Consultoria, especializada em serviços financeiros. O Banco Central, responsável pelo Pix, destaca que a utilização de pagamentos por aproximação já é amplamente disseminada no mercado brasileiro e que a novidade deve aumentar a presença do Pix. Dados da indústria de cartões mostram que a modalidade já representava 65% de todas as transações presenciais em setembro de 2024. "Com a obrigatoriedade de adesão das instituições detentoras de conta, esperamos que a oferta de pagamentos no comércio utilizando esse serviço cresça", disse o BC, em nota. De bets a doações Morales, da Belvo, afirma que a fase de testes mostra que o novo recurso aumenta substancialmente o sucesso dos pagamentos iniciados por uma ITP. Dados compilados pelos participantes do Open Finance mostram, por exemplo, que 96% das operações iniciadas na carteira do Google e que envolviam o Itaú foram concluídas com sucesso, segundo a última informação disponível, de 3 de janeiro. A média no mesmo período foi de 38%. emdash; O lojista perde menos vendas emdash; destaca Morales. Ele cita ainda a procura pelo serviço de casas de apostas on-line, onde o Pix já é a principal forma de pagamento - os cartões de crédito são proibidos. Há aplicações ainda para facilitar o pagamento em aplicativos de refeições, transportes, de postos de combustíveis. Marcelo Martins, presidente do Iniciador, acrescenta que sua empresa está desenvolvendo uma solução para fazer doações a ONGs por Pix por biometria. emdash; Vamos ver o volume e as quantidades de Pix no mundo on-line aumentando exponencialmente e a mesma coisa no mundo físico. A tendência é do pagamento em dinheiro cair ainda mais, e o cartão cair ainda mais emdash; diz Marcelo Martins. Custo reduzido Murilo Rabusky, diretor de Negócios na fintech Lina Open X, diz que o Pix por aproximação não deve representar cobranças adicionais para empresas e comerciantes, além dos custos de processamento de pagamentos já praticados atualmente por seus provedores. emdash; O diferencial do Pix está no custo reduzido para os comerciantes, sendo uma alternativa mais econômica em relação às taxas cobradas por cartões de crédito e outros meios de pagamento. Morales, da Belvo, acrescenta que, devido aos custos mais baixos, os lojistas podem dar descontos nos pagamentos com Pix. emdash; O débito não vai fazer mais sentido. Em relação ao crédito, vai depender muito dos incentivos dos estabelecimentos, em forma de descontos, por exemplo. Em número de operações, o Pix já é, de longe, o meio de pagamento mais usado do País, com mais de 16 bilhões de transações no terceiro trimestre de 2024, último dado disponível, contra 5 bilhões do cartão de crédito. A Associação Brasileira das Empresas de Cartões (Abecs) entende que o pagamento por aproximação é um caso de sucesso no Brasil, que se consolidou e continuará se expandindo junto ao consumidor brasileiro graças à usabilidade e segurança. "Por sua vez, a tendência é que o Pix por aproximação, apesar de hoje estar limitado à tecnologia embarcada em smartphones, pode também ajudar a ampliar a digitalização da economia, o que gera benefícios para todo o mercadoerdquo;, disse, em nota.

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Etanol em alta na entressafra na região Centro-Sul do Brasil

Os preços dos etanóis hidratado e anidro seguem em alta na entressafra no Centro-Sul brasileiro. Dados do Cepea indicam que, no estado de São Paulo, o avanço nos valores do etanol hidratado vem desde a segunda quinzena de dezembro, enquanto o etanol anidro mostra elevação desde a virada do ano. Segundo pesquisadores do Cepea, o suporte vem da demanda aquecida e da postura firme do vendedor. Agentes de usinas têm conseguido comercializar o biocombustível a preços mais altos, especialmente no mercado spot paulista, onde a oferta está menor e a demanda, aquecida. Nos dias 3 e 7 de fevereiro, o Indicador CEPEA/ESALQ do etanol hidratado fechou em R$ 2,8337 por litro (líquido de ICMS e PIS/Cofins), uma elevação de 0,39% em relação à semana anterior. Já o etanol anidro, com valor líquido de impostos (sem PIS/Cofins), atingiu R$ 3,2882 por litro, apresentando um aumento de 2,09% no mesmo comparativo.

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RenovaBio: ANP tira dúvidas sobre nova funcionalidade da Plataforma CBIO

A ANP realizou ontem (10/2) o eldquo;Workshop nova funcionalidade da Plataforma CBIOerdquo;, no âmbito do RenovaBio. O evento foi virtual e contou com cerca de 160 pessoas, principalmente distribuidores e empresas comercializadoras de etanol (ECEs). O objetivo foi apresentar e dirimir dúvidas sobre a nova funcionalidade para cadastramento, na Plataforma CBIO, de contratos de aquisição de biocombustíveis de longo prazo, firmados entre distribuidores e ECEs. Essa opção está disponível desde 17/12/2024 e os contratos firmados antes dessa data têm prazo até 17/02/2025 para serem cadastrados. Em função da proximidade da data, a ANP decidiu realizar workshop para identificar possíveis dificuldades que os agentes tenham no uso da plataforma, para o cadastramento desse tipo de contrato. Um exemplo de possível dificuldade identificada pela Agência foi a confirmação dos contratos pelas empresas comercializadoras de etanol. Isso porque a legislação prevê que o contrato deve ser registrado pelo distribuidor e confirmado pela ECE em um prazo de até 15 dias. Os contratos já cadastrados na plataforma não tiveram essa confirmação pela ECE no prazo e, consequentemente, estão expirados. A opção de uso dos contratos de aquisição de biocombustíveis de longo prazo, firmados entre distribuidores e ECEs, para contabilização das metas do RenovaBio, foi incluída na Resolução ANP nº 791, de 2019, por meio da Resolução ANP nº 974, de 2024, com base na Lei nº 14.592, de 30 de maio de 2023. No workshop, foram realizadas apresentações da ANP e do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), órgão responsável pelo desenvolvimento da Plataforma CBIO. O Serpro demonstrou, em tempo real, a navegação na plataforma e como realizar o cadastro e confirmação dos contratos de longo prazo. Outras dúvidas dos agentes econômicos podem ser enviadas para o e-mail sbq_renovabio@anp.gov.br. Como funciona o RenovaBio O RenovaBio é a Política Nacional de Biocombustíveis. Um de seus principais instrumentos é o estabelecimento de metas nacionais anuais de descarbonização para o setor de combustíveis, de forma a incentivar o aumento da produção e da participação de biocombustíveis na matriz energética de transportes do país. As metas nacionais são estabelecidas pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e são anualmente desdobradas, pela ANP, em metas individuais compulsórias para os distribuidores de combustíveis, conforme suas participações no mercado de combustíveis fósseis. As distribuidoras de combustíveis deverão comprovar o cumprimento de metas individuais compulsórias por meio da compra de Créditos de Descarbonização (CBIOs), ativo financeiro negociável em bolsa, derivado da certificação do processo produtivo de biocombustíveis com base nos respectivos níveis de eficiência alcançados em relação a suas emissões. A Plataforma CBIO é uma ferramenta disponibilizada pelo Serpro para a prestação de serviços de informática relativos à geração das informações necessárias para emissão de CBIOs.

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ANP dá início ao 5º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão

Hoje (11/02/2025) foi publicado no Diário Oficial da União o cronograma do 5º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão (OPC), com sessão pública a ser realizada em 17/06/2025. Para a sessão pública do 5º Ciclo, estão disponíveis 332 blocos exploratórios, localizados nos diversos setores constantes na versão vigente do edital da OPC. Atualmente são 89 empresas inscritas na Oferta Permanente sob o regime de concessão, e somente poderão participar de um ciclo as licitantes constantes dessa relação, observadas as disposições da Resolução ANP nº 969/2024. A relação completa pode ser consultada acessandoe#8239;aqui. Empresas interessadas em participar do 5º Ciclo da OPC poderão se inscrever ou atualizar os documentos de inscrição até a data limite de 17/02/2025. Em 07/03/2025 será divulgada a relação de licitantes inscritas aptas a participar do 5º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão. As empresas inscritas que tenham interesse em participar dos ciclos terão até o dia 31/03/2025 para apresentar declaração de interesse, acompanhada de garantia de oferta, em relação aos objetos em oferta no edital. Os setores que estarão em oferta na sessão pública do 5º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão serão divulgados em 14/04/2025. Veja a página do 5º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão. Manifestações conjuntas do MME e MMA Conforme divulgado pela ANP em janeiro, havia 156 blocos no edital cujas manifestações conjuntas dos Ministérios de Minas e Energia (MME) e Meio Ambiente e do Clima (MMA) tinham validade expirando em junho de 2025. Esse número foi reduzido para 145 blocos, uma vez que 11 deles tiveram suas manifestações conjuntas renovadas. Esses 145 blocos estão disponíveis para declaração de interesse no 5º Ciclo, uma vez que a data prevista para a sessão pública é anterior à data de expiração de suas manifestações conjuntas. Caso não recebam declaração de interesse para este ciclo e suas manifestações conjuntas não sejam renovadas, eles serão retirados, posteriormente, do edital. O mesmo ocorrerá se seus setores compuserem o 5º Ciclo, mas não recebam ofertas no dia da sessão pública. O que é a Oferta Permanente de Concessão (OPC) A Oferta Permanente de Concessão consiste na oferta contínua de blocos exploratórios e áreas com acumulações marginais localizados em quaisquer bacias terrestres ou marítimas. De acordo com essa modalidade, as licitantes inscritas podem manifestar interesse para quaisquer blocos ou áreas, desde que apresentem declarações de setores de interesse, acompanhadas de garantia de oferta, nos termos do edital vigente. Apresentada uma ou mais declarações, e aprovada toda a documentação, a Comissão Especial de Licitação (CEL) da Oferta Permanente de Concessão divulga cronograma para realização de um ciclo.e#8239; Mais informações sobre a Oferta Permanente de Concessão (OPC) podem ser obtidas nesta página.

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Com bônus de Itaipu, inflação desacelera para 0,16% em janeiro

A inflação desacelerou em janeiro, apontam dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados nesta terça-feira (11). O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 0,16% em relação a dezembro, levemente abaixo da mediana da expectativa de economistas consultados pela Bloomberg, de 0,17%. Esta é a menor marca para um mês de janeiro desde o início do Plano Real, em 1994. Em dezembro, o índice teve alta de 0,52%, o que representa uma desaceleração de 0,36 ponto percentual do IPCA. Nos últimos 12 meses, a inflação acumulada é de 4,56%, ainda acima do teto da meta do Banco Central, de 4,5%, mas abaixo da expectativa de 4,58% do mercado. O que mais contribuiu para a desaceleração do índice foi a queda de 14,21% nos preços da energia elétrica residencial, o que teve um impacto negativo de 0,55 ponto percentual sobre o IPCA de janeiro. Essa é a maior redução mensal na energia desde fevereiro de 2013, quando houve queda de 15,17%. "Essa queda foi decorrência da incorporação do bônus de Itaipu, creditado nas faturas emitidas em janeiro", diz Fernando Gonçalves, gerente do IPCA. BÔNUS DE ITAIPU O bônus é um desconto na conta de luz de quem consumiu menos que 350 quilowatts-hora (kWh) em ao menos um mês de 2023. Segundo o governo, foram 78,3 milhões de consumidores beneficiados com a dedução, o que representa 97% do total de unidades residenciais e rurais no país ao fim de 2023. Uma lei de 2002 estabelece que uma parcela do resultado da renda de energia de Itaipu será transformada em crédito nas contas de energia. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) liberou R$ 1,3 bilhão para a concessão do desconto que é proporcional aos quilowatts-hora consumidos, com o valor de R$ 0,011648844 por kWh. O alor descontado é equivalente à multiplicação deste valor pré-estabelecido pelo quantitativo em kWh informado na fatura de energia em cada mês de 2023 em que o consumo tenha sido inferior a 350 kWh. Se o consumo foi exatos 100 kWh por mês nos 12 meses de 2023, se multiplica R$ 0,011648844 por 100 (consumo mensal em kWh) por 12 (meses), totalizando R$ 13,98 de desconto na conta de luz em janeiro de 2025. Como a média de consumo em 2023 entre os 78,3 milhões de unidades beneficiadas foi de 119 kWh por mês, uma família com esse consumo receberia o bônus de R$ 16,66. Na máxima, o desconto chegou a R$ 48,92. "Esse cenário sugere que a redução observada em janeiro pode mascarar a persistência de pressões inflacionárias estruturais. Com o retorno dos preços normais da energia nos meses seguintes, é possível que o índice volte a subir, exigindo um monitoramento contínuo dos componentes que compõem o IPCA", afirma Ricardo Trevisan Gallo, CEO da assessoria de investimento Gravus Capital. A energia elétrica residencial é um subitem que integra o grupo da Habitação do índice, que registrou queda de 3,08% com impacto de -0,46 p.p. sobre o IPCA de janeiro. Já a categoria Transportes teve alta de 1,30%, com um impacto positivo de 0,27 p.p., por influência das altas em passagens aéreas (10,42%) e ônibus urbano (3,84%). O segundo maior impacto positivo foi do grupo alimentação e bebidas, que teve seu quinto aumento consecutivo (0,96%) e contribuiu com 0,21 p.p. para o índice do mês. Nesse grupo, a alimentação no domicílio subiu 1,07%, influenciado pelas altas da cenoura (36,14%), do tomate (20,27%), e do café moído (8,56%). Por outro lado, os preços da batata-inglesa (-9,12%) e do leite longa vida (-1,53%) recuaram. "São questões de produção, pelo impacto climático mais acentuado, com La Niña trazendo chuvas mais fortes, o que reduz a oferta", diz Gonçalves. A alimentação fora do domicílio desacelerou de 1,19% em dezembro para 0,67% em janeiro. Tanto o lanche (0,94%) quanto a refeição (0,58%) tiveram variações inferiores às do mês anterior (0,96% e 1,42%, respectivamente). Serviços tiveram alta de 0,78%, acima do ganho de 0,66% observado em dezembro, marcado por uma alta de 3,14% em seguros de veículos. O encarecimento de de serviços veio acima da projeção de 0,72% de Lucas Barbosa, economista da AZ Quest. "Alguns itens, como aluguel e condomínio, já eram conhecidos do IPCA-15, mas outros surpreenderam para cima. Por exemplo, o conserto de automóveis registrou uma variação de 1,27% e vem acelerando fortemente, chegando a 6,5% em 12 meses. Outros serviços, como cabeleireiro, barbeiro, manicure e serviços médicos e odontológicos, também se mostraram bastante pressionados", afirma Barbosa. Ele calcula que o núcleo de serviços intensivos e mão de obra subiu 0,76% no mês e, em 12 meses, 5,77%, ante 5,52% em dezembro. "Outro ponto importante é o grupo de serviços de ociosidade, que são mais sensíveis ao nível de atividade econômica. Esses serviços também surpreenderam para cima, com variação de 0,83% frente à projeção de 0,68%. Em 12 meses, essa categoria acelerou de 5,15% para 5,58%", diz o economista. Barbosa lembra que a projeção do BC no Relatório de Inflação de dezembro era de uma queda de 0,08% no IPCA de janeiro. "Mesmo descontando o efeito de passagens aéreas e outros itens voláteis, a leitura de hoje ainda se caracteriza como uma surpresa altíssima em relação à projeção do Banco Central, surpresa que estimamos que vai continuar ocorrendo nas leituras de fevereiro e março", afirma Barbosa. Para Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital, a alta de serviços é uma "má notícia", já a redução de preço de 0,14% em vestuário e 0,09% em artigos de residência é uma "boa notícia". "A fotografia é de inflação pressionada, mas dentro do precificado, o que não deve impactar os preços do mercado de renda fixa. Mantemos nossa expectativa de alta de um ponto percentual da Selic em março e mais 0,75 p.p. em maio, trazendo a taxa para 15%", diz Tatiana. No mês passado, o Banco Central subiu a taxa básica de juros de 12,25% para 13,25% ao ano de modo a conter a inflação fora da meta. Outro ponto que reduziu a pressão sobre a alta dos preços foi a queda de 5,3% do dólar em janeiro, após disparar acima de R$ 6,20 em dezembro. "A recente valorização do câmbio pode ajudar, mas não é suficiente para eliminar todas as pressões subjacentes à inflação, pois outros fundamentos, como mercado de trabalho, renda e alimentos, continuam bastante pressionados", diz Barbosa, da AZ Quest. INFLAÇÃO NA BAIXA RENDA No recorte do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que mede a inflação das famílias com renda de até cinco salários mínimos, a variação foi nula (0,0%) em janeiro emdash; o IPCA abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos. O acumulado em 12 meses do INPC ficou em 4,17%, abaixo dos 4,77% dos 12 meses imediatamente anteriores. Em janeiro de 2024, o INPC havia sido de 0,57%. Dentro do INPC, os produtos alimentícios desaceleraram de dezembro (1,12%) para janeiro (0,99%), enquanto os não alimentícios recuaram de 0,27% em dezembro para -0,33% em janeiro. Para fevereiro, no entanto, devem pesar no IPCA o aumento de mais de 6% no preço do diesel nas refinarias da Petrobras e do ICMS sobre combustíveis, além da volta da conta de luz ao normal, sem o desconto do bônus de Itaipu. Com o aumento do ICMS, o preço médio do combustível no país chegou a R$ 6,35 na primeira semana de fevereiro, o maior valor desde o início do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em valores corrigidos pela inflação. De acordo com a última pesquisa Focus, economistas esperam que o IPCA suba 5,58% em 2025, mais de um ponto percentual acima do teto da meta.

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