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As pautas que Magda Chambriard terá pela frente no gás natural

Magda Chambriard assume Petrobras com desafios e pressões políticas a administrar no gás. Redução da reinjeção tende a voltar à pauta. Mas a nova CEO da estatal também terá de dar respostas sobre fertilizantes, Sergipe, gás da Argentina e novas fronteiras. ANP sinaliza modelo mais brando de desverticalização nas infraestruturas essenciais. 3R e Enauta encaminham fusão. Edge estreia no mercado livre. New Fortress prepara IPO para impulsionar negócios no Brasil e mais. Confira: NO COLO DA MAGDA Ter a Petrobras como aliada na redução da reinjeção de gás natural é uma das expectativas de alas do governo que miram a troca do comando da estatal como uma oportunidade de destravar pautas que não encontraram respaldo em Jean Paul Prates. Magda Chambriard assumirá a presidência da petroleira com o desafio de administrar pressões políticas por um protagonismo maior da Petrobras na busca por soluções (nenhuma delas simples) para aumentar a oferta de gás a preços competitivos para a indústria. São assuntos pendentes da gestão Prates que tendem a cair, agora, no colo da ex-diretora-geral da ANP: reduzir a reinjeção; voltar a investir em fertilizantes; viabilizar a produção de Sergipe; buscar gás na Argentina; desbravar novas fronteiras; rever compromissos com o Cade para abertura do mercadoehellip; Conforme antecipado pelo político epbr, serviço de assinatura exclusivo para empresas (teste grátis por 7 dias), Magda se reuniu esta semana com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e se mostrou aberta a buscar soluções (e investir em infraestrutura) para elevar a oferta de gás. Vem aí uma mudança de postura da estatal sobre a reinjeção? A seguir, a gas week navega por algumas das principais pautas que a nova CEO da Petrobras terá pela frente na indústria do gás. REINJEÇÃO DE VOLTA À PAUTA? O tema não é novo na trajetória política de Magda. Num passado não tão remoto, a ex-diretora-geral da ANP, vestindo o chapéu de diretora da Assessoria Fiscal da Alerj, ajudou a CPI dos Royalties (2021) a fazer oposição ao excesso de reinjeção no pré-sal endash; que, no limite, afeta a capacidade de arrecadação do Rio de Janeiro. Saiu em defesa, inclusive, da construção de um projeto estruturante de gás para o Rio: o hub de gás da Baixada Fluminense (leia na íntegra o estudo) Uma tentativa de atrair investimentos para o Rota 4B (gasoduto de escoamento até Itaguaí), associado ao desenvolvimento de mercado consumidor local baseado em condomínios industriais, plantas de fertilizantes e beneficiamento de minérios, gás-químicaehellip; Em parte, é a bandeira do gás como matéria-prima. Tema caro à Coalizão pela Competitividade Gás Natural endash; grupos empresariais liderados pela Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi) que tentam emplacar junto ao governo uma política de gás a preços competitivos, em especial para fertilizantes e química. O combate aos elevados índices de reinjeção conta com a simpatia de Silveira e foi uma rotas de colisão públicas entre o ministro e Jean Paul Prates endash; que resistiu às pressões para rever os projetos do pré-sal que injetam 100% do gás. Relembrandoehellip; nos últimos anos, houve uma mudança no perfil de reinjeção do gás nos campos do pré-sal. Os FPSOs mais recentes passaram a ser planejados com capacidades cada vez maiores de produção de petróleo. Ao menos quatro das plataformas mais recentes, contratadas pela Petrobras, preveem a reinjeção total do gás e uma produção de 225 mil barris/dia endash; ante os patamares usuais, até então, de 180 mil barris/dia. CAMINHOS PARA REDUZIR A REINJEÇÃO Rever projetos já contratados é uma solução que conta com a oposição das petroleiras endash; a Petrobras, inclusive, nas gestões passadas endash; porque significa mudar os planos de desenvolvimento já aprovados que sustentaram decisões de investimentos. Os produtores argumentam que otimizar a produção de óleo resulta em mais participações governamentais para os cofres públicos. E que, por isso, não se deve falar em eldquo;desperdício de gáserdquo; com a reinjeção. Nas discussões do Gás para Empregar, a Coalizão, por exemplo, tentou pressionar para que os projetos contratados e ainda não entregues fossem revistos, para inclusão de plantas de separação de CO2. Mas há o que fazer mirando-se projetos futuros. Dentro da alçada da Petrobras, isso passa por mudanças no escopo das plataformas e mais investimentos em infraestrutura emdash; o governo espera encontrar eco em Magda. Do ponto de vista regulatório, há espaço para aprimoramentos. Como dar mais transparência nas definições das estratégias de injeção do gás, nas discussões sobre os planos de desenvolvimento dos campos endash; etapa em que são traçadas as perspectivas de oferta de gás. Há também espaço para se negociar com os agentes do mercado formas de se reduzir a reinjeção de campos já em produção, a partir da otimização da infraestrutura existente, se houver os incentivos corretos, defende a diretora de Estudos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Heloísa Borges. A MISSÃO NOS FERTILIZANTES Outra pauta que Magda herdará de Prates é a retomada dos investimentos em fertilizantes. Historicamente, um desafio do ponto de vista econômico, no Brasil, por exigir preços bastante competitivos para o gás natural. Destravar as fafens é uma encomenda do governo Lula 3. Pouco antes de ser demitido, Prates havia estimado ser possível estabelecer uma holding para a companhia atuar no setor de fertilizantes somente em 2025. Magda terá de acelerar o passo. E o cenário é desafiador: o projeto de Três Lagoas (MS) é uma obra abandonada; e falta chegar a uma solução para retomada das operações das unidades de Sergipe e Bahia, arrendadas à Unigel. Sob a gestão de Prates, a Petrobras avançou num acordo temporário de tolling com a empresa do setor químico, para retomar as operações, mas esbarrou em questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU). Magda terá de desatar esse nó endash; politicamente sensível, caro ao ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT/BA), por envolver a geração de emprego e renda em seu estado. MAIS OFERTA, COM SERGIPE Tirar do papel o projeto de Sergipe Águas Profundas também será uma tarefa para a nova CEO da Petrobras. A estatal vem tendo dificuldades nas primeiras licitações para o afretamento das plataformas, devido em parte à inflação de custos da cadeia fornecedora. A empresa, inclusive, iniciou a análise sobre a possibilidade de optar pela construção de unidades próprias, no lugar do afretamento. O atraso do projeto, previsto para o fim da década, tem gerado queixas por parte de autoridades sergipanas endash; o senador Laércio Oliveira (PP/SE) tem sido vocal endash; e consumidores de gás que enxergam no aumento da oferta uma perspectiva de redução de preços. O projeto deve trazer até 18 milhões de m3/dia a mais para o mercado. É a principal fonte de gás novo da estatal no planejamento estratégico emdash; junto com o projeto Raia, operado pela Equinor. E A ABERTURA DO MERCADO? As sinalizações mais recentes do governo, após conclusão dos estudos do Gás para Empregar, têm sido na direção de tirar os obstáculos que o domínio da Petrobras representa, em especial no acesso às infraestruturas de escoamento e processamento. Mas qual será, afinal, o papel que a petroleira, sob nova administração, desempenhará nos planos do governo de aumentar a competitividade do gás para a indústria? Inicialmente, a proposta do governo era usar a PPSA (e não a Petrobras) como indutora da política de gás mais barato para a indústria endash; sobretudo a partir do mecanismo de swap do óleo da União nos contratos de partilha por mais gás. O plano travou, o que tende a aumentar a pressão sobre a Petrobras de Magda, para que a petroleira dê as respostas. Em seus suspiros finais, a gestão Prates anunciou uma redução nos preços do gás. Uma nova política de preços, na tentativa de frear a concorrência, sobretudo no mercado livre. Os novos agentes do mercado acompanham com atenção emdash; e receio emdash; os movimentos da Petrobras. A estatal já vinha dando sinalizações de retomada de market share: baixou preços, freou as vendas de ativos, começa a se aproximar da Argentina, para não ficar de fora das oportunidades de importação de gás de Vaca Muertaehellip; E pediu ao Cade a revisão do TCC assinado em 2019, com compromissos para abertura do mercado. O que será, por exemplo, da regra que veta a estatal de comprar gás de seus sócios na cabeça do poço? NOVAS FRONTEIRAS Chambriard também assume a Petrobras num momento em que o tema da abertura de novas fronteiras exploratórias divide o governo. A ex-diretora-geral da ANP tem partilhado da visão da indústria, que enxerga a transição energética como um processo longo e durante o qual ainda haverá consumo de combustíveis fósseis por muito tempo. Ela é uma defensora histórica da exploração e produção de óleo e gás na Margem Equatorial e foi a responsável por viabilizar a concessão de blocos na região quando foi diretora-geral da ANP. A EPE acredita que a Bacia da Foz do Amazonas tem potencial para se tornar um polo importante de produção de gás natural no futuro. Barreirinhas também tem histórico de descobertas de indícios de gás. A nova presidente da Petrobras terá a missão de executar um plano de recuperação de reservas num ambiente hostil endash; de oposição do Ministério do Meio Ambiente. E que exigirá a busca de alternativas para além da Margem Equatorial. O MME vem defendendo, por exemplo, a ampliação da exploração de gás onshore endash; tanto nas bacias mais maduras do Nordeste quanto em novas fronteiras no interior do país. Magda pode esbarrar aí em mais uma disputa com ambientalistas endash; que resistem ao desenvolvimento de áreas com potencial para gás não convencional. Também não é um tema novo na trajetória de Magda. Foi na administração dela à frente da ANP que a 12ª Rodada de Concessões, em 2013, ofertou ao mercado uma série de blocos com potencial para gás não convencional. Na ocasião, Magda dizia que o leilão seria uma espécie de eldquo;pilotoerdquo; para que o Brasil entrasse no gás não convencional. As petroleiras sofreram com moratórias e obstáculos judiciais que travaram a exploração dessas concessões. Áreas como a Bacia do São Francisco, em Minas Gerais e no Centro-Oeste, têm potencial para produção de gás natural não convencional, com reservas de tight gas. O Poço Transparente, projeto piloto para monitoramento e estudos sobre a segurança do fraturamento hidráulico no Brasil, incluído no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) no fim de 2021, ainda no governo de Jair Bolsonaro (PL), MAS nunca saiu do papel.

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Rachado, setor de cana tenta acordo sobre CBIOs entre usineiros e plantadores; entenda

Indústrias de etanol do Centro-Sul representadas pela Unica (União da Indústria de Cana-de-açúcar e Bioenergia) chegaram a um acordo com parte dos produtores de cana de açúcar para divisão da receita líquida gerada pelos Créditos de Descarbonização (CBIOs) do RenovaBio. Em nota (.pdf) divulgada na terça (14/5), a associação afirma que o acordo setorial será apresentado ao Congresso Nacional para discussão no projeto de lei 3149/20. Pela proposta, o produtor rural incluído na certificação da unidade produtora com dado padrão receberá pelo menos 60% da receita líquida da venda de CBIOs pela indústria. Já para os produtores de cana que se certificarem com dados primários, o patamar mínimo é de 85%. A nota é assinada por fornecedores de cana-de-açúcar representados pela Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana), Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida), Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan PB) e Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP). E recebeu apoio do deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania/SP), vice-presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) na Câmara. Orplana não assina Conforme antecipado pelo político epbr, serviço de assinatura exclusivo para empresas (teste grátis por 7 dias), a Orplana (Organização das Associações de Produtores de Cana do Brasil) não assina o documento. Para o grupo que representa aproximadamente 11 mil fornecedores de cana da região, e é um dos articuladores da discussão no Congresso, ainda não está claro como será a divisão. eldquo;Para nós, não ficou claro o que as usinas estão propondo em termos de valores, e precisamos de mais clareza para assinar. Esse cálculo, em relação à participação dos CBIOs pode ser bom ou ruim, mas mostra em primeiro momento um valor menor do que vários produtores têm conseguido com as usinaserdquo;, comenta o CEO da Orplana, José Guilherme Nogueira. Hoje, os produtores independentes fornecem cerca de 120 milhões de toneladas de matéria prima para o etanol de cana. Desse total, 70 milhões de toneladas são de associações vinculadas à Orplana, que defende um repasse de, no mínimo, 80% da remuneração obtida com a venda de CBIOs do etanol, inclusive para os plantadores com dado padrão. Guilherme, pontua, no entanto, que a associação não se furta de negociar o percentual para dado padrão, mas a negociação precisa ser eldquo;clara e justaerdquo;. eldquo;Buscamos defender o produtor de forma clara e justa, e não está claro para nós esse acordoerdquo;, diz. A discussão ganhou novo fôlego em abril, com uma tentativa de inclusão extrapauta do 3149/20 na Comissão de Minas e Energia (CME) da Câmara dos Deputados. Na época, o deputado Arnaldo Jardim disse à agência epbr que estava em busca de um acordo entre usineiros e plantadores de cana para repasse dos créditos. E antecipou que a negociação poderia passar pela divisão entre quem consegue fornecer dados mais completos e quem fornece o básico. A seguir, entenda: O que é CBIO Quanto vale um CBIO Por que os fornecedores de cana querem uma parte A diferença entre dado padrão e dado primário O que é CBIO? Os CBIOs são a parte material da Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), criada por lei em 2017 e regulamentada em 2019. O RenovaBio define metas de descarbonização para distribuidores de combustíveis líquidos derivados de petróleo, e busca incentivar a produção de renováveis, como etanol, biodiesel e biometano. Para cumprir suas metas, distribuidoras de combustíveis precisam adquirir CBIOs que, por sua vez, são gerados pelas usinas certificadas para emissão. Quanto vale um CBIO? Cada CBIO equivale a uma tonelada de carbono que deixou de ser emitida no ciclo de vida de produção desses biocombustíveis. Só no último semestre de 2023, o mercado de CBIOs movimentou R$ 4,6 bilhões na B3, onde são negociados. No início desta semana, o título era negociado a um preço médio de R$ 95. Por que os fornecedores querem uma parte? Para emitir CBIOs, os usineiros precisam fornecer dados sobre a produção de etanol ao preencher a Renovacalc, uma ferramenta adotada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis(ANP), que calcula a intensidade de carbono para os biocombustíveis. Como a pegada de carbono é calculada desde o campo, os plantadores de cana que fornecem matéria-prima para o etanol entendem que sua contribuição para a receita extra da usina deve ser remunerada. Qual a diferença entre dado padrão e dado primário? Quando um produtor não consegue comprovar os custos e usos de todos os insumos da produção, eles adotam o dado padrão, que traz algumas penalidades e acaba reduzindo a quantidade de CBIOs que pode ser emitida. Já aqueles que conseguem fornecer informações mais precisas sobre os insumos usados na produção, como por exemplo, quantidade de diesel nas máquinas, quantidade de potássio nos fertilizantes, entram na tabela de dados primários, ou perfil específico, que acarreta uma nota maior para emissão dos títulos verdes. Segundo estimativas da Orplana, atualmente, apenas 12% dos plantadores independentes conseguem fornecer os dados primários da produção de cana, enquanto a maioria (88%) se enquadra nos dados padrão.

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Sob efeito de chuvas no RS, cenário oficial para inflação em 2024 piora

Com as primeiras informações sobre o impacto das enchentes no Rio Grande do Sul, o governo federal elevou de 3,5% para 3,7% sua estimativa para a inflação oficial em 2024, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Para o ano que vem, a estimativa é de 3,2%, ante projeção anterior de 3,1%. O aumento nas estimativas captura os efeitos tanto da depreciação cambial recente sobre os preços livres quanto das chuvas no Rio Grande do Sul sobre a oferta e nos preços de produtos in natura, arroz, carnes e aves. As projeções foram apresentadas ontem pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda no Boletim Macrofiscal. No documento, publicado a cada dois meses, a pasta divulga suas estimativas para variáveis como Produto Interno Bruto (PIB) e inflação. Neste momento, para conduzir a Selic, o Banco Central (BC) mira o ano de 2025, para variáveis como Produto Interno Bruto (PIB) e inflação. Neste momento, para conduzir a Selic, o Banco Central (BC) mira o ano de 2025, para o qual a meta de inflação é de 3% com intervalo de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Para ler esta notícia, clique aqui.

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Magda Chambriard vai enfrentar inflação na cadeia de suprimentos e atrasos em licenças ambientais

A nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, terá pela frente o desafio de acelerar os investimentos da estatal, como deseja o governo, em meio a um cenário de dificuldades de contratações e da execução do plano de negócios da empresa. Os obstáculos envolvem a inflação global do setor, as dificuldades de financiamento dos fornecedores que leva a atrasos na contratação de plataformas e a demora no recebimento da liberação ambiental para a perfuração de poços exploratórios e de desenvolvimento. Em conversas com o governo ao ser convidada para o cargo, Chambriard garantiu que vai buscar acelerar os desembolsos do plano de negócios, no qual estão previstos US$ 102 bilhões de 2024 a 2028. O planejamento foi anunciado por seu antecessor, Jean Paul Prates, em novembro do ano passado. Do valor total do plano, US$ 91 bilhões estão na carteira em implementação e US$ 11 bilhões são projetos em análise. A parte em avaliação inclui sobretudo investimentos em energias renováveis e uma possível ampliação de participação na Braskem. Analistas do mercado financeiro que acompanham a estatal já esperavam desde o início do ano dificuldades no cumprimento do valor total do plano, além de atrasos na execução dos projetos. Segundo eles, as contratações para atividades de exploração e produção estão aquecidas, o que tem levado a um aumento nos custos. Além disso, os analistas afirmam também que a cadeia de fornecimento global do setor está pressionada pela dificuldade de acesso a financiamento em meio aos esforços para a transição energética. No primeiro trimestre de 2024, a estatal investiu US$ 3 bilhões, queda de 14,5% em relação ao trimestre imediatamente anterior. Na comparação com o primeiro trimestre de 2023 endash; quando ainda estava em curso o plano de negócios anterior endash;, houve um aumento de 22,6%. Em teleconferência sobre os resultados na terça-feira (14/5) pela manhã, antes das demissões, o então diretor financeiro, Sérgio Leite, afirmou que o nível de entrega da estatal nem sempre está ligado aos valores desembolsados, já que há esforços para redução de custos. eldquo;A Petrobras é medida muitas vezes pela execução do investimento dela, mas não se deve fazer investimento a qualquer custo. Não é assim que se apresenta a disciplina de capitalerdquo;, disse. Ainda assim, o executivo admitiu que os fornecedores da empresa estão tendo dificuldades de acompanhar a demanda e que isso impacta a execução dos projetos. eldquo;A cadeia de suprimentos de óleo e gás no mundo está muito pressionada, lida com dificuldades de acompanhar o ritmo de demanda das empresas, dificuldades de liquidez, de estrutura de financiamentoerdquo;, afirmou. Sérgio Leite foi demitido ontem pelo conselho de administração da estatal, na mesma reunião que selou o fim da gestão de Prates. Durante a conferência, o diretor de Engenharia, Carlos Travassos, disse que a expectativa é que nos próximos trimestres a empresa consiga ampliar os investimentos na comparação anual. eldquo;Os sistemas de produção que a gente tem para colocar esse ano e ano que vem estão absolutamente em linha com o planejado, mas, sim, nós temos desafios no que diz respeito à realização integral do capexerdquo;, admitiu. O executivo listou entre os obstáculos as dificuldades na obtenção de licenciamento ambiental, a redução nas atividades do Ibama, alterações na mobilização de sondas, além de questões relacionadas aos FPSOs. eldquo;Mais importante do que o que a gente vai gastar é o que a gente vai realizarerdquo;, ressaltou. Outra questão crucial a ser enfrentada pela nova presidente da estatal é a contratação das plataformas restantes previstas para entrar em operação nos próximos anos. As últimas licitações abertas pela empresa para esses projetos fracassaram, por causa sobretudo das dificuldades de financiamento dos proponentes. O planejamento da companhia prevê a entrada em produção de 14 novas plataformas até 2028, das quais dez estão contratadas. As unidades ainda não contratadas são as duas plataformas previstas para a produção em águas profundas em Sergipe-Alagoas, a plataforma de Albacora e o FPSO previsto para o projeto de Barracuda e Caratinga. No caso de Sergipe-Alagoas e de Albacora, as primeiras licitações para o afretamento fracassaram e tiveram que ser reformuladas. Está em análise na empresa, inclusive, a possibilidade de optar pela construção de unidades próprias, no lugar do afretamento. Para Sergipe-Alagoas, os diretores da companhia afirmam que além das questões de financiamento dos fornecedores, também teve impacto a alta taxa de conteúdo local exigida no contrato. Os processos de contratação já precisaram ser estendidos duas vezes, com ajustes nos pedidos. A previsão é de apresentação de propostas em junho. Em paralelo, a empresa já começou o desenho da engenharia para uma eventual unidade própria. Já a licitação para o FPSO de Albacora está sendo rediscutida. A empresa abriu salas de colaboração com o mercado para recolher sugestões e melhorar a proposta para a plataforma. Licenciamento atrasa mesmo sem conflitos com meio ambiente A Petrobras estima que a produção projetada para o ano de 2024 pode ter um impacto de até 2% com a redução das atividades no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Segundo o diretor executivo de Exploração e Produção da Petrobras, Joelson Mendes, o impacto pode ser da grandeza de 60 mil barris por dia na extração média anual. Ao todo, a estatal planejava encerrar 2024 com uma média de 2,8 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/dia). eldquo;Tudo isso está dentro do nosso nível de risco e a gente deve entregar uma produção bem consistente com o planejadoerdquo;, afirmou na teleconferência com analistas. O diretor disse que a estatal tem conseguido dialogar com o Ibama para seguir com projetos prioritários. Os impactos ocorrem sobretudo na emissão de licenças ambientais para perfuração de poços e para campanhas de levantamento sísmico. Os servidores do Ibama estão em operação padrão desde janeiro, o que atrasa o calendário de perfuração de poços de desenvolvimento e campanhas de levantamento de dados sísmicos. O movimento busca a valorização das carreiras ambientais. Servidores afirmam que foram preteridos nas negociações e rejeitaram as propostas feitas pelo governo até o momento. Eles buscam equiparação com Agência Nacional de Águas (ANA). Magda Chambriard assume com o papel de expandir a fronteira exploratória de petróleo e gás no país, o que vai além da Margem Equatorial, centro das discussões. O histórico da executiva, que fez carreira na Petrobras e na ANP em áreas ligadas à exploração e produção, levou a críticas de ambientalistas ao governo, por sinalizar um compromisso com a indústria de óleo. A ex-diretora da ANP assumirá a companhia com um orçamento de US$ 3,1 bilhões para exploração apenas na Margem Equatorial de 2024 a 2028, com a perfuração de 16 poços. A companhia concluiu dois poços na Bacia Potiguar este ano, cujos resultados ainda estão em análise. E tem questionado a legalidade das ações do Ibama e da Funai, que querem mudanças no termo de referência da campanha na Foz do Amazonas endash; é a etapa inicial de um processo de licenciamento.

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Recap lança campanha contra às fraudes de combustíveis na Câmara Municipal de Campinas

O Recal, sindicato representante da Revenda de Combustíveis de Campinas e Região, lançou a campanha Um Basta Contra as Fraudes na Câmara Municipal de Campinas. Assista à cobertura completa, clique aqui.

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Intervenção na Petrobras existe há pelo menos 50 anos, diz Roberto Castello Branco

Em oito anos, já são oito trocas de presidentes da Petrobras, e o mais longevo nesse período foi o economista Roberto Castello Branco. A demissão dele da estatal durante o governo Jair Bolsonaro (PL), em 2021, em meio a um temor de interferência política nos preços dos combustíveis levou a uma queda de 21% da ação da petroleira em uma única sessão. Em entrevista à Folha, Castello Branco observa que as demissões na Petrobras nunca ocorreram por desempenho do gestor, mas unicamente por razões políticas, porque o presidente da estatal desobedecer o governo ou não agradou politicamente. "Foi isso que aconteceu comigo. O presidente queria subsidiar preços. Eu não queria, pronto. Não me rendi até o último dia." Castello Branco diz que as trocas constantes de presidentes da companhia são negativas porque com a substituição dos CEOs ocorrem mudanças de todo corpo executivo junto, o que leva também a alterações nas prioridades da empresa. "É uma pena, porque a Petrobras tem técnicos muito bons. Tem alguns dos engenheiros de petróleo e biólogos melhores do mundo. Tem excelência em tecnologia, você vê os prêmios internacionais que a empresa ganha. Mas tudo é desfeito pelas gestões", afirma. Ele analisa que a Lei das Estatais, criada em 2016 em meio aos escândalos de corrupção envolvendo a Petrobras, não foi suficiente para mudar esse quadro de intervenção política, já que se criaram vários caminhos que enfraquecem a legislação, como a manutenção da maioria das cadeiras nos conselhos de administração indicadas pelo governo. Para ele, esses conselheiros acabam atuando mais como delegados do governo do que se guiando por aspectos técnicos. Castello Branco defende a privatização da petroleira como remédio para colocar fim às intervenções políticas na companhia, que ocorrem pelo menos desde a ditadura militar, segundo ele. "É algo que não é só neste governo, é algo que vem de muito tempo", diz. "Quando era presidente da Petrobras, [Ernesto] Geisel reclamava do então ministro da Fazenda [Antônio] Delfim Netto por ter subsidiado preços de combustíveis. Então, há 50 anos já existia esse tipo de coisa", afirma. Para o economista, o mercado respondeu em peso à sua demissão em 2021 porque ele implementou um programa na estatal semelhante ao de uma empresa privada, com redução de custos, privatização de subsidiárias, transformação digital, ausência de nomes ligados à política no conselho de administração e estabelecimento de meritocracia dentro da companhia. Castello Branco diz acreditar que o ideal para a Petrobras é que ela seja uma empresa privada que se guie pelos parâmetros de mercado, com baixo custo, foco nos negócios nos quais tem vantagens competitivas, geração de lucro, pagamento de dividendos e de impostos ao governo. "O ideal é que a empresa saísse das páginas de política na mídia para ficar só nas páginas de economia e finanças, e ponto. Isso é ser uma empresa normal", afirma. O economista diz acreditar que os governos têm grande fixação na Petrobras por questões históricas e culturais de que o petróleo e a empresa são dos brasileiros e de que esses são os motores de desenvolvimento do país. Mas ele afirma que a realidade atual é diferente, já que mais da metade das ações da estatal hoje está nas mãos de acionistas, inclusive estrangeiros. Questionado sobre o nome de Magda Chambriard, indicada pelo governo para substituir Jean Paul Prates na presidência da estatal, Castello Branco diz que prefere não fazer críticas e dar oportunidade a ela mostrar o seu trabalho, mas avalia ser um ponto negativo seu "alinhamento total" com o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele acrescentou ainda que as experiências técnicas de Chambriard na Petrobras e na ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) não são suficientes para assumir a função de gestora. "Eu tenho visto ao longo da minha carreira, não só no setor de petróleo como em outros setores da atividade econômica, como mineração, que muitas vezes um técnico excelente dá um péssimo executivo", diz. O economista também vê como negativo o fato de ela nunca ter trabalhado na iniciativa privada. "Trabalhar em uma empresa privada é muito diferente de ser funcionário de uma estatal ou de uma agência de regulação do governo. São situações muito distintas", afirma.

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