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Emissões de carbono do Brasil em 2023 tiveram maior queda em 15 anos

Em 2023, o Brasil emitiu 2,29 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa (GtCOe#8322;e), queda de 12% na comparação com o ano anterior, quando foram emitidas 2,6 GtCOe#8322;e. Os dados são da nova coleção do Seeg (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa), elaborada pelo Observatório do Clima e lançada nesta quinta-feira (7). O primeiro ano do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve a maior redução percentual desde 2009 (1,7 GtCOe#8322;e), quando ocorreu o menor patamar de emissões da série histórica da plataforma, que se inicia em 1990. A diminuição na poluição por gás carbônico e outros gases que provocam as mudanças climáticas foi causada pela contenção do desmatamento na amazônia. Na esteira da retomada de políticas para combater a devastação da floresta, as emissões por desmatamento na região caíram 37% endash;foram de 1,07 bilhão de toneladas de COe#8322;e para 687 milhões de toneladas (MtCOe#8322;e). Considerando todos os biomas brasileiros, a redução das emissões por desmatamento foi de 24%. Isso porque, com exceção da amazônia e do pampa (-15%), os índices aumentaram expressivamente: no pantanal cresceram 86%; no cerrado, segundo maior bioma do país, 23%; na caatinga, 11%; e na mata atlântica, 4%. As mudanças de uso da terra (basicamente, desmatamento) são a principal fonte de emissões brutas de gases de efeito estufa do Brasil, respondendo em 2023 por 46% do total (1,062 GtCOe#8322;e). Para comparação, se fosse um país, o desmate dos biomas brasileiros seria o oitavo maior emissor do planeta, considerando dados de 2021 compilados pela plataforma Climate Watch. "A queda nas emissões em 2023 certamente é uma boa notícia", diz o coordenador do Seeg, David Tsai. "Ao mesmo tempo, mostra que ainda estamos excessivamente dependentes do que acontece na amazônia, já que as políticas para os outros setores são tímidas ou inexistentes." Economia brasileira emitindo mais Todos os setores da economia tiveram aumento de emissões no ano passado. A alta mais expressiva, de 2,2%, ocorreu na agropecuária, que lançou na atmosfera 631 milhões de toneladas de gases de efeito estufa, contra 617 MtCOe#8322;e em 2022. O agro é a segunda maior fonte emissora do país (28% do total) e bateu seu próprio recorde de carbono pela quarta vez consecutiva. Somada às emissões por mudança de uso da terra, largamente associadas à abertura de pastagens e lavouras, a atividade agropecuária segue sendo a maior emissora do país, respondendo por 74% da poluição climática em território nacional. Segundo o Seeg, o incremento no setor foi provocado principalmente pela expansão do rebanho bovino, que em 2023 chegou a 238,6 milhões de cabeças de gado. Isso se reflete, principalmente, no crescimento da fermentação entérica (o "arroto" do boi), nome dado à digestão de celulose por animais ruminantes, que emite metano, um poderoso gás de efeito estufa. Estima-se que o metano aqueça o planeta cerca de 80 vezes mais do que o dióxido de carbono. O metano, porém, se dissipa ao longo de décadas, enquanto o COe#8322; (responsável por 64% do aquecimento do planeta) pode levar centenas de anos para desaparecer. Cientistas defendem que cortes drásticos nas emissões de metano podem ser uma forma de resfriar o planeta rapidamente. No setor de energia, a elevação foi de 1,1%, indo de 420 MtCOe#8322;e em 2022 para 417 MtCOe#8322;e em 2023, enquanto o setor de processos industriais cresceu 0,9%, de 90 MtCOe#8322;e para 91 MtCOe#8322;e, e o de resíduos, 0,2%, variando de 91 MtCO2e em 2022 para 92 MtCO2e no ano passado. O setor de energia respondeu por 18% das emissões totais do Brasil no último ano, e os de resíduos e processos industriais, por 4% cada um. Nos quatro setores, aponta o relatório, o aumento das emissões acompanhou o aquecimento da economia, com alta de 2,9% no PIB (Produto Interno Bruto). "Isso indica que a economia brasileira está atrelada às emissões de gás de efeito estufa", explica Tsai, usando como exemplo o transporte da produção, muito dependente do modal rodoviário e do diesel de petróleo. "O Brasil precisa de um plano de descarbonização consistente e que faça de fato uma transformação na economia", afirma o pesquisador. Ele ressalta que a transição energética deve garantir que as necessidades sociais e econômicas dos países sejam atendidas com energia que venha de fontes limpas, como solar, eólica, hidrelétrica e biocombustíveis. "Não é só possível desassociar o crescimento econômico das emissões como é necessário." e#39;Migraçãoe#39; do desmate A amazônia é o bioma que historicamente mais tem emitido gases do efeito estufa, principalmente por causa do avanço da pecuária sobre a floresta. De acordo com o Seeg, em 2022, as emissões brutas do bioma foram cinco vezes maiores do que as do cerrado, em razão da maior extensão da área desmatada e da vegetação florestal, que acumula mais carbono. Mas, em 2023, essa distância diminuiu e as emissões brutas da amazônia foram 3,5 vezes maiores do que as do cerrado. Ainda que continue num patamar alto, a perda da vegetação nativa na amazônia vem diminuindo, enquanto no cerrado ocorre em uma velocidade proporcionalmente três vezes maior. "O aumento da devastação no cerrado num momento de queda na amazônia já ocorreu em outros momentos e provavelmente indica e#39;vazamentoe#39; do desmate entre biomas", diz o relatório do Seeg. O avanço do desmate na região fez o Maranhão entrar pela primeira vez no ranking dos cinco estados com mais emissões brutas do Brasil, atrás apenas de Pará e Mato Grosso. Emissões brutas representam o total emitido pelo país. Já no cálculo das emissões líquidas é descontada a remoção de carbono feita por florestas regeneradas, unidades de conservação e terras indígenas. As emissões líquidas brasileiras caíram 15% em 2023, indo de 1,956 GtCOe#8322;e em 2022 para 1,653 GtCOe#8322;e. Essa medida é a usada pelo governo federal na meta climática assumida no Acordo de Paris, conhecida como NDC. O compromisso brasileiro é de 1,3 GtCOe#8322;e de emissões líquidas em 2025 e de 1,2 GtCOe#8322;e em 2030. Em nível global, a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera bateu um novo recorde no ano passado, segundo a Organização Meteorológica Mundial, vinculada à ONU. A concentração de COe#8322; na atmosfera atingiu 420 partes por milhão (ppm) em 2023, um crescimento de 2,3 ppm em relação ao ano anterior. Esse foi o 12º ano consecutivo em que a concentração de dióxido de carbono cresceu acima de 2 ppm.

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Petrobras lucra R$ 32,5 bilhões no 3º trimestre e anuncia R$ 17,1 bilhões em dividendos

A Petrobras fechou o terceiro trimestre de 2024 com lucro de R$ 32,5 bilhões. O resultado é 22,3% maior que o registrado no mesmo período do ano anterior e reverte o prejuízo de R$ 2,6 bilhões no segundo trimestre, provocado principalmente por efeitos contábeis. Nesta quinta-feira (7), a empresa aprovou a distribuição de R$ 17,1 bilhões em dividendos a seus acionistas, como antecipação dos resultados fechados do ano de 2024. Os valores serão pagos em fevereiro e março de 2025. "Apresentamos um lucro líquido expressivo no trimestre, com uma forte geração de caixa e redução tanto da dívida financeira quanto da dívida bruta. Tudo isso em um cenário desafiador, de queda no preço do petróleo Brent", afirmou, em nota, a presidente da estatal, Magda Chambriard. Em 2024, a Petrobras acumula lucro de R$ 53,6 bilhões, queda de 42,7% em relação ao mesmo período do ano passado. No ano, a empresa já anunciou um total de R$ 44,1 bilhões em dividendos emdash;segundo ela, valores "compatíveis com sua sustentabilidade financeira". Analistas esperavam, porém, a distribuição de parte dos dividendos extraordinários retidos no início do ano, em um conturbado processo que culminou com a demissão do ex-presidente da estatal Jean Paul Prates, mas a expectativa não se concretizou. No trimestre, a receita da Petrobras subiu 3,8%, em comparação com o mesmo período do ano anterior, para R$ 129,5 bilhões. O Ebitda, indicador que mede a geração de caixa de uma empresa, ficou 3,8% menor, em R$ 63,6 bilhões. Foi um período de queda na produção de petróleo da companhia (menos 6,6%, para 2,69 milhões de barris de óleo equivalente por dia) e no preço do petróleo Brent, usado como referência para suas vendas (7,6%, para US$ 80,18 por barril). A Petrobras afirmou, porém, que a queda nos dois indicadores foi compensada pela desvalorização de 6,3% no câmbio, que fechou o trimestre em R$ 5,5 por dólar, e pelo aumento nas vendas de petróleo de derivados. A empresa vendeu seus combustíveis por um preço médio de R$ 488,57 por barril, alta de 5,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, em valores nominais. Considerando a inflação do período, o preço ficou alinhado ao do terceiro trimestre de 2023. No texto que acompanha o balanço, o diretor Financeiro da Petrobras, Fernando Melgarejo, ressaltou que a empresa não registrou impacto relevante de itens não recorrentes, como ocorreu no segundo trimestre, quando acordo para a quitação de dívida tributária com a União levou a prejuízo. A estatal destacou ainda que atingiu no fim de setembro a menor dívida financeira desde 2008: US$ 25,8 bilhões (R$ 147 bilhões pela cotação atual). Somando arrendamentos, a dívida bruta somou US$ 59,1 bilhões (R$ 336 bilhões). O volume de investimentos da companhia subiu 31,3% em relação ao trimestre anterior, para US$ 4,5 bilhões (R$ 25 bilhões). No acumulado do ano, os investimentos somam US$ 10,9 bilhões (R$ 62 bilhões). Os principais aportes foram feitos na área de exploração e produção de petróleo, principal atividade da empresa, responsável por 84% do investimento no trimestre. Magda disse que são projetos "que garantirão o futuro da companhia". O mercado espera agora a definição sobre o novo plano de investimentos para os próximos cinco anos, que deve ser divulgado no próximo dia 21, e indicará o potencial de distribuição de dividendos no período, incluindo os valores retidos. A estatal já deu algumas pistas sobre estudos para reduzir o caixa mínimo e ampliar o limite de endividamento, o que poderia gerar sobra de recursos para remunerar acionistas. Por outro lado, existe a possibilidade de aumento dos investimentos em áreas abandonadas por gestões bolsonaristas. Um passo nesse sentido foi dado no fim de outubro, com a aprovação da retomada das obras da fábrica de fertilizantes de Três Lagoas (MS), paralisada desde 2015, que consumirá cerca de R$ 3,5 bilhões. O projeto será incluído no orçamento para os próximos cinco anos.

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Projetos de biocombustíves para aviação e navegação superam expectativa do BNDES

A demanda por recursos para desenvolver biorrefinarias no Brasil excedeu as expectativas do BNDES. À Coluna do Broadcast, o diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior, José Luís Gordon, revela que a demanda para projetos envolvendo biocombustíveis, como o Combustível Sustentável de Aviação (SAF, na sigla em inglês) e o eldquo;bunker verdeerdquo; para navegação, atingiu quase 30 vezes o anunciado na chamada pública feita pelo BNDES e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o que mostra o potencial do negócio no Brasil. Com um orçamento inicial de R$ 6 bilhões para o programa, divididos igualmente entre BNDES e Finep, que acenam com taxas diferenciadas, a demanda chegou a R$ 167 bilhões em 76 projetos, sendo que 43 propostas têm como interesse principal a produção de combustíveis de aviação, no total de R$ 120 bilhões, e 33 propostas, ou R$ 47 bilhões, visam desenvolver combustíveis para navegação. Agora, o banco vai avaliar os projetos e decidir, até o final do ano, quais serão elegíveis e quais instrumentos de financiamento serão utilizados. eldquo;Nós vimos o tamanho da demanda e, obviamente, a gente vai depurar isso até o final do ano, ver o que é viável e buscar a solução financeira. Imagino que vai ter mais de R$ 6 bilhões, mas isso mostra o potencial do Brasil para essa agendaerdquo;, disse Gordon, informando que empresas multinacionais estão vindo para o Brasil em função da chamada pública e outras estão antecipando investimentos. eldquo;O fato de haver recursos com a Taxa Referencial para inovação, recursos do Fundo Clima, recursos não reembolsáveis da Finep, ajuda a deslocar os investimentos para essa agenda, e tanto atrair quanto antecipar investimentos para o temaerdquo;, complementou. Tendência é que empresas se juntem De acordo com o diretor, uma planta de SAF custa em torno de US$ 1 bilhão e a tendência é de que empresas se juntem para desenvolver os projetos, que na chamada não tiveram a tecnologia especificada. eldquo;Isso é muito interessante, porque a gente não determinou qual é a tecnologia, a gente quer apoiar os projetos bons. Aí recebemos projetos com etanol, projetos de biometano, projetos com outras tecnologias variadaserdquo;, informou Gordon. Ele explicou que, após avaliar as propostas, o banco pode decidir trazer outros bancos para apoiar os projetos ou mesmo captar recursos. eldquo;Ou seja, vamos tentar construir a partir de agora as soluções financeiras para apoiar o máximo possível de bons projetos que conseguirmos. Então a gente quer que o Brasil seja a referência nessa agenda de SAF e de combustível marítimoerdquo;, explicou. Para o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, eldquo;a quantidade e a qualidade das propostas recebidas demonstram que o Brasil tem, de fato, todas as condições para se tonar líder global na produção de combustíveis sustentáveis para aviação e para a navegação. No mundo, a aviação e a navegação contribuem, conjuntamente, com cerca de 5% das emissões globais de CO2. Biocombustíveis podem reduzir em até 94% essas emissõeserdquo;. Adoção será progressiva Com implementação progressiva até 2050, obedecendo a uma regulamentação internacional, o uso de uma parcela de 2% de SAF já começará a ser exigido a partir do ano que vem para aeronaves que decolarem da União Europeia. A ideia é aumentar a adição para 5% em 2030 e atingir 63% em 2050. Já a Organização Marítima Internacional (IMO) estabeleceu metas para reduzir as emissões de gases efeito estufa em pelo menos 50% até 2050, comparado às emissões de 2008, o que deve ser conseguido com o uso de biodiesel, diesel verde (HVO), etanol, biometano, entre outros.

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Petróleo fecha em alta com dólar enfraquecido, Fed e furacão Rafael fazendo preço

O petróleo fechou em alta nesta quinta-feira, 7, em dia de queda do dólar, enquanto investidores avaliavam possíveis efeitos do furacão Rafael da região do Golfo do México e se atentavam à decisão de juros do Federal Reserve (Fed). Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para dezembro fechou em alta de 0,93% (US$ 0,67), a US$ 72,36 o barril, enquanto o Brent para janeiro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), teve ganhos de 0,94% (US$ 0,71), a US$ 75,63 o barril. O recuo do dólar após o avanço de ontem, conforme investidores avaliam os impactos da volta de Donald Trump à Casa Branca, abriu espaço para que o petróleo se recuperasse das perdas da sessão passada. Investidores também aguardavam a decisão do Fed, que cortou o juro básico americano em 0,25 ponto porcentual. Kathleen Brooks, da XTB, diz que o BC americano pode deixar de se comprometer com movimentos de política monetária à frente, dado o avanço das taxas de empréstimos e do mercado de ações, bem como perspectivas de maior pressão inflacionária por conta da presidência de Trump. Essa postura pressionaria a moeda americana e, por consequência, as commodities. Apesar da perspectiva, e de se afastarem das máximas depois da decisão do Fed, os preços da matéria-prima encontraram suporte no avanço dos riscos de fornecimento, conforme a aproximação do furacão Rafael interrompe cerca de 17% da produção de petróleo bruto e 7% da produção de gás natural no Golfo do México. Para o ING, a perspectiva para o mercado é pessimista em 2025, com superávit de petróleo ao longo do ano. No entanto, a principal suposição por trás disso é que Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) seguirá em frente com a redução gradual dos seus cortes voluntários de produção. "Se o cartel decidir continuar a rolar esses cortes até 2025, o balanço global de petróleo será muito diferente."

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Deputado do PL propõe CPI dos combustíveis

O deputado João Carlos Bacelar (PL/BA) apresentou um requerimento de instalação de CPI para investigar crimes relacionados ao mercado de combustíveis em associação com o crime organizado. Até o momento, somente 12 parlamentares assinaram o documento. São necessários 171 (um terço da composição da Câmara). Dado o fato de o calendário do Congresso estar pressionado por pautas prioritárias, e a proximidade do fim do mandato de Arthur Lira (PP/AL), há chances remotas de que o pedido saia do papel em 2024. eldquo;A crescente infiltração do crime organizado no setor de combustíveis do Brasil, incluindo a distribuição de gasolina e etanol, demanda uma investigação ampla e urgenteerdquo;, diz João Carlos Bacelar no requerimento. Atuação do PCC A proposta vem na esteira das investigações, principalmente no âmbito do Ministério Público de São Paulo, sobre indícios de atuação de facções criminosas na adulteração de combustíveis e lavagem de dinheiro por meio de postos de revenda. O assunto também tem ganhado força dentro da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Em julho, a agência revogou a outorga da Copape endash; posteriormente, a inscrição estadual da empresa foi cassada pela Secretaria de Fazenda de São Paulo. A formuladora paulista é apontada pelo deputado Júlio Lopes (PP/RJ) como um dos braços do PCC na indústria de combustíveis. O congressista cita ainda as declarações do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) durante reunião com o presidente Lula, ministros e outras autoridades, no Palácio do Planalto, na última quinta-feira (31/10). Na ocasião, o chefe do Executivo paulista ratificou que há suspeitas de envolvimento do PCC com a produção, distribuição e revenda de combustíveis, inclusive etanol, no estado. eldquo;Conforme apontado, há uma evidência clara de que o PCC e outras organizações criminosas estão comprando postos de combustível e usinas de etanol, o que não apenas facilita a lavagem de capital ilegal, mas também acarreta em perdas significativas de arrecadação fiscal e em um impacto negativo na segurança públicaerdquo;, argumenta João Carlos Bacelar. Bandeira branca O autor do pedido de CPI afirma que eldquo;há um crescimento alarmante de postos de bandeira brancaerdquo;, sem associação com as grandes distribuidoras (juntas, três empresas concentram mais da metade do mercado). Os postos de bandeira branca também estão no radar do ministro do STF Flávio Dino. Na quinta-feira (31/10), em complementação às falas de Tarcísio durante a reunião no Planalto, o membro da Corte alertou para a necessidade de revisão das normas da ANP. eldquo;[A resolução da agência reguladora] permite os postos de bandeira branca e que têm sido utilizados pelas duas principais quadrilhas. Então, mudando a resolução já melhora muito a instalação desses postos de fachada, que são lavanderias, na verdade.erdquo; Eixos temáticos Ao requerer a instalação da CPI, Bacelar diz que a situação exige uma resposta eldquo;sistêmica e coordenadaerdquo; entre os entes públicos, e a comissão parlamentar viria para ajudar a eldquo;elucidar as práticas ilegais, identificar falhas regulatórias e propor medidas de controle e regulação mais rigorosaserdquo;. O deputado elenca cinco temas de investigação: A atuação do crime organizado na aquisição e operação de distribuidoras, usinas de etanol e postos revendedores; A eventual prática de adulteração de combustíveis, bem como a sonegação e inadimplência de tributos, e seus impactos na arrecadação; Os esquemas de lavagem de dinheiro através da produção, distribuição e revenda de combustíveis; As falhas regulatórias e/ou falhas de governo que facilitam a ação de organizações criminosas, incluindo as normas da ANP e o funcionamento dos postos de bandeira branca; A necessidade de aprimoramento da legislação e/ou de Law Enforcement para combater o uso do setor de combustíveis pelo crime organizado, incluindo roubo, furto, receptação, movimentação e armazenagem de produtos. eldquo;Dessa forma, a instalação de CPI se justifica pela urgência e pela complexidade das práticas criminosas no setor de combustíveis, que afetam a economia nacional, prejudicam os consumidores e representam uma grave ameaça à segurança pública. O envolvimento de usinas de etanol e distribuidoras em práticas de adulteração e lavagem de dinheiro evidencia a amplitude do problema, que exige uma investigação rigorosa e coordenadaerdquo;, conclui João Carlos Bacelar.

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A COP29 e debate em torno do uso de combustíveis fósseis

Pelo terceiro ano consecutivo, a Conferência do Clima desembarca num país cuja vocação econômica é baseada na exploração de combustíveis fósseis. A COP29 ocorre entre 11 e 22 de novembro, e será em Baku, a capital do Azerbaijão, um dos gigantes da exploração de petróleo e gás natural, criando condições para um debate mais aprofundado sobre o futuro do setor de energia fóssil. Desde que a escolha foi anunciada - fazendo a trinca de Egito, Emirados Árabes e agora Azerbaijão - olhares ressabiados colocavam uma interrogação sobre o avanço da agenda da transição energética. O período que sucedeu a escolha de Baku como sede da COP29 foi marcado por enchentes no Rio Grande do Sul, Áustria, República Tcheca, Hungria, Romênia, Eslováquia e, mais recentemente, na Espanha; a seca histórica na Amazônia; e o furacão Milton, que demonstrou voracidade deixando um rastro de destruição nos Estados Unidos, só para citar alguns exemplos. Os recados da natureza sobre o estágio da emergência climática colocam na COP de Baku um status maior. Até então o evento era considerado de transição para a COP30, que será na nossa casa, em Belém, em novembro de 2025. Dada a premência dos impactos que estão sendo já sentidos, precisamos ter uma perspectiva clara sobre a ambição dos agentes econômicos. Estes precisam começar a criar as condições para que os combustíveis fósseis comecem a ser eliminados da sociedade moderna e seja acelerado o processo de combate às mudanças climáticas. Ao Brasil não haverá momento mais adequado ou oportunidade maior do que essa para liderar o processo de virada de chave na discussão global sobre a diminuição endash; e até a eliminação endash; do uso de combustíveis fósseis. A COP de Belém se apresenta, portanto, como uma grande oportunidade para o Brasil liderar o debate dos combustíveis fosseis, pautando pelo exemplo, e abandonando a agenda de exploração de petróleo na margem equatorial do Amazonas. É preciso olhar a equação de causa e efeito: mais combustíveis - especialmente o fóssil -, maior impacto das mudanças climáticas, mais riscos para as florestas e a produção de alimentos. Tais impactos podem prejudicar substancialmente a produção e exportação do agronegócio brasileiro. A inspiração para mudança pode ser buscada nos países vizinhos. A Colômbia, o maior produtor de carvão da América do Sul, foi pioneiro na adesão ao Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis. Apesar de reconhecer o impacto na economia da nação, a decisão teve um propósito mais nobre: pensar nos benefícios para a população mundial como um todo. O Equador também agiu pelo exemplo: a população foi às urnas e num plebiscito decidiu por maioria proibir a exploração de petróleo no Parque Nacional Yasuni, um dos lugares mais biodiversos do mundo que fica na Amazônia equatoriana. O Brasil, como nação, não pode se ancorar no fácil discurso de que tem uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo e de que apenas com a redução do desmatamento da Amazônia consegue fazer uma contribuição substancial para redução das emissões de gases poluentes na atmosfera. Essa contribuição é louvável, sim, mas insuficiente. É preciso avançar na substituição gradual, mas rápida, das atividades econômicas dependentes de petróleo, gás natural e carvão mineral. Apenas no ano passado, na COP de Dubai, nos Emirados Árabes, foi aprovado, no chamada Balanço Global, um plano para eldquo;transição em direção ao fim dos combustíveis fósseiserdquo;. Foi preciso 28 COPs para a questão constar num documento oficial. Mas esse não pode ser um papel que ficará guardado nos escaninhos das Nações Unidas. Essa é uma agenda que não se esgota em si. Sabemos que a COP30, de Belém, será mais do que a COP da Floresta, como vem sendo propagada. É uma COP mais ampla e, talvez, uma das mais importantes da história. É a COP para consolidar os compromissos dos países no aumento de ambições climáticas, também para dar mais um passo adiante na questão dos combustíveis fósseis, terá que ser taxativa e determinante na questão do desmatamento, na questão de desenvolvimento sustentável, e na inclusão social. O mundo acelera o aquecimento muito além dos 1,5º C previstos no Acordo de Paris, há 10 anos, e as mudanças climáticas mandam o recado de que o tempo não espera. Não há espaço para petróleo nesta discussão. É preciso virar a chave de uma vez por todas.

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