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'Não estou com uma espada na cabeça', diz Magda ao negar pressão para congelar preços na Petrobras

eldquo;Não estamos congelando nada.erdquo; Dessa forma categórica, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, defende o atual preço dos combustíveis praticados nas refinarias da estatal. O momento, afirma, está contaminado por uma volatilidade dentro e fora do Brasil, com especulações sobre pacote fiscal e incertezas sobre a chegada de Donald Trump a presidência dos EUA. Uma instabilidade que, segundo ela, já está arrefecendo. Ao Estadão/Broadcast, a executiva nega que sofra ingerência política para mexer nos preços: eldquo;Eu não estou com uma espada na cabeçaerdquo;. Sobre a licença para perfurar na Margem Equatorial, Magda lembra que o Brasil responde por apenas 1% das emissões mundiais de gases do efeito estufa. eldquo;Eu estou lá na elsquo;rabeirinha da cruzersquo;. Os americanos estão no elsquo;drill, baby, drillersquo; (perfure, bebê, perfure, em tradução livre). A China precisa de energia loucamente. A Índia está crescendo dizendo que vai comprar petróleo. Então, a minha Margem Equatorial que está desequilibrando essa balança?erdquo;, argumenta. Veja a seguir os principais trechos da entrevista: Há represamento de preços de combustíveis pela Petrobras? Os meses de janeiro e fevereiro são época de férias, em que os caminhões param, e as vendas caem. A gente vende menos combustível sempre. E, para tudo que fazemos com preço, a gente acompanha o mercado e evita a volatilidade de olho em market share. Janeiro e fevereiro são uma época em que estamos de olho nisso. A venda começa a aumentar de novo, provavelmente, em março. Então, a verdade é a seguinte: não estamos congelando nada. Estamos absolutamente dentro da nossa estratégia, a qual não posso contar. Se dissesse, estaria lesando o meu acionista. Então em março há mais espaço para mexer nos preços? Não. Não diga isso. Eu disse apenas que em março as vendas aumentam. Existe uma pressão para aumentar preços? Eu olho isso (preços) de 15 em 15 dias, ao longo de todo o ano. Inclusive, mostramos a efetividade disso periodicamente para o conselho e administração. O conselho não está reclamando. Fala-se muito em queixas de investidores privados... Olha, tenho 16 grandes bancos investidores da Petrobras, nacionais e estrangeiros. Treze deles têm recomendação de compra da ação e três são neutros. Ninguém está vendedor. Vocês não estão perdendo margem em relação ao mercado internacional? Não, a gente está indo bem. O resultado da venda de derivados do ano passado foi muito bom. Este ano mal começou. Janeiro e fevereiro são meses difíceis e (na virada do ano) houve movimentos especulativos, expectativas sobre o pacote fiscal do ministro (da Fazenda, Fernando) Haddad. O dólar está para lá e para cá. Todo dia tem uma coisa diferente, uma oscilação. E, agora, se o Trump falar qualquer coisa... Pois é. Fiquei muito surpresa com essa confusão toda de preços, quando todo mundo sabia que, no dia 20, o Trump assumiria, né? E que isso seria uma questão importantíssima e que estava gerando volatilidade. O que foi a primeira coisa que dissemos? Não vamos introduzir volatilidade no nosso mercado. Mas e se essa volatilidade não acabar? Como é que fica? Ah, mas ela acaba. Especulador não especula para sempre, não. De vez em quando eles dão uma arrefecida. Veja só, o Trump promoveu o acordo de paz entre Israel e Hamas. Isso atenua as coisas. Outra: no discurso, ele abrandou a pressão sobre a Rússia, o que também mexe com a gente (setor de petróleo). O que esperar do preço do petróleo com Trump no poder, então? Ele (Trump) vai estar o tempo todo gerindo os dois extremos da balança. Primeiro, a energia não pode ser cara, e o petróleo segue sendo a principal fonte deles. E, segundo, ele não pode desempregar o pessoal dessa indústria. Então vai equilibrar esses dois pratinhos, para que o petróleo seja o mais barato possível, desde que esse pessoal (indústria) sobreviva e siga produzindo. Vamos ter um preço equilibrado, entre US$ 70 e US$ 80? Não vou dizer números, mas vamos ter de entender que estávamos num momento de volatilidade alta e temos que saber onde é que isso vai se acomodar. Qual é o pior dos mundos? É o barril aumentar e eu correr para aumentar o preço do combustível. Depois, ele diminuir e eu reduzir os preços. E, aí, você sabe que para cima todo mundo reajusta, mas, para baixo, ninguém reajusta. No Brasil há o componente da inflação, com o combustível sendo primordial na equação. Você se sente pressionada? De jeito nenhum. Eu lia jornal como todo mundo, e quando vim para a Petrobras, achei que teria uma espada na cabeça. Eu não estou com uma espada na cabeça. Não posso falar da experiência alheia. Mas fui diretora-geral da ANP no governo Dilma. Tive, talvez, o período de maior independência numa agência reguladora. Duvido que outra agência, em outro tempo qualquer, tenha tido tanta independência quanto eu tinha. Acho que eu dou sorte. A senhora, então, acha que essa volatilidade uma hora vai passar? Já está acalmando. Não dava pra fazer nada, para ter ideia nenhuma antes do dia 20 (posse de Trump). Fico vendo os analistas. Um analista fala uma coisa, um segundo fala outra coisa, diferente do terceiro. Mas ninguém citou que no dia 20 o Trump iria tomar posse. Há rumores de que o conselho se reúne no dia 29 para discutir preços. Isso não é decidido por um trio da diretoria? Sim, sou eu, (o diretor de Logística e Comercialização, Claudio) Schlosser e (o diretor Financeiro, Fernando) Melgarejo que decidimos. Isso (rumores) é conversa fiada. Eles querem dizer: eldquo;Olha, o conselho disse que ela está vilipendiando a empresaerdquo;. Não é verdade. Por que há tanta diferença na leitura sobre preços da Petrobras e outras entidades, como Abicom e consultorias? Adoro bolsa de grife. Se eu for comprar uma aqui embaixo, ela vai ser, talvez, 5% do valor (da bolsa de grife). O vendedor vai perder dinheiro? Então, cada um tem seu nicho, seu volume de vendas, capacidade de negociação, e logística. A gente tem uma logística instalada e depreciada. O que esperar do volume de vendas de combustível em 2025? Quero que o Brasil cresça, então acho que as vendas vão ser maiores em 2025. A curva de vendas de diesel às distribuidoras acompanha muito pari passu (no mesmo ritmo) a curva de crescimento da economia. Se há crescimento, vende-se diesel. É quase instantâneo. A Petrobras vai continuar distribuindo dividendos extraordinários? Sabe aquelas revistinhas do Tio Patinhas do Walt Disney? A Petrobras não está interessada em fazer um armazém de dinheiro, não está interessada em ter uma sala de preocupação de dinheiro, não está interessada em empilhar dinheiro nem em tomar banho de dinheiro. Sobrou, a gente distribui. As regras estão postas. E se ultrapassar e tiver dividendos extraordinários será distribuído também. Garantida a financiabilidade do Plano Estratégico (2025-2029), o resto ninguém vai empilhar dinheiro. Já existe alguma luz no fim do túnel para a exploração da Margem Equatorial? A gente comprou essa área em 2013. Eu licitei essa área (quando era diretora-geral da ANP). A 11ª rodada de (licitação) foi espetacular. Esses blocos (da Margem Equatorial) tiveram, juntos, metade dos bônus de assinatura de toda a rodada, e teve aval do ministério. Mas o Ibama não tem essa sensibilidade... Essa parte eu não vou comentar. Quando se olha para 2030, a gente está dizendo assim: eu estou em ramp-up (escalada), continuando a desenvolver o pré-sal. Campo de Búzios vai ter 12 plataformas. Aí vai chegar lá na frente e eu estou produzindo 900 milhões de barris por ano. Minha reserva é 11 bilhões (de barris). O que vai acontecer em 2035? O País está querendo ser importador de novo? Essa é a pergunta que tem que ser feita. O pessoal topa perder 1,5 milhão de barris? Reduzir os impostos apurados pela metade? E não ter essa contribuição na balança comercial? O governo estaria esperando a COP-30, que será realizada no Brasil, passar? A gente emite 1% das emissões mundiais, e a energia é 24% desse 1%. E petróleo é uma parte desses 24%. Então é disso que estamos falando. O primeiro emissor do planeta são os Estados Unidos, que acabaram de sair do Acordo de Paris e vão perfurar. O segundo maior poluidor do planeta é a China. Já bem distante desses, tem a Europa. Estou lá na elsquo;rabeirinha da cruzersquo;. Os americanos estão no eldquo;drill, baby, drillerdquo; (perfure, bebê, perfure, em tradução livre). A China precisa de energia loucamente. A Índia está crescendo dizendo que vai comprar petróleo. Então, a minha Margem Equatorial que está desequilibrando essa balança?

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Nova diretora substituta assume na ANP, após atraso em indicações do governo

A superintendente de Desenvolvimento e Produção, Mariana Cavadinha, assumiu interinamente uma das cinco diretorias da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O cargo vinha sendo ocupado por Bruno Caselli, mas os diretores substitutos cumprem um prazo máximo de 180 dias, encerrado nesta sexta (24/1). Cavadinha assume a diretoria 4, que está sem um titular com mandato fixo desde a saída do diretor Cláudio Jorge de Souza, em dezembro de 2023. Desde então, Luiz Henrique Bispo, Patrícia Baran e Bruno Caselli exerceram a função. Com o fim do mandato de Rodolfo Saboia como diretor-geral da ANP, o governo indicou os nomes do advogado Artur Watt, consultor jurídico da Pré-sal Petróleo (PPSA) para a diretoria-geral e de Pietro Mendes endash; atual presidente do conselho da Petrobras e secretário Nacional de Petróleo do MME endash; como novo diretor. Patrícia Baran assumiu a diretoria-geral enquanto o Senado não avalia as indicações do governo. O presidente Lula (PT) enviou os nomes no fim de 2024, reta final do ano legislativo, e espera pela aprovação em fevereiro, após o retorno dos trabalhos no Congresso. Em meio à discussão sobre uma reforma ministerial, Lula enviou 14 indicações para as diretorias de agências reguladoras em dezembro de 2024. Sem acordo para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o governo recentemente publicou a lista dos diretores substitutos para a cadeira 5. A diretoria da Aneel foi alvo de fortes críticas do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), durante os apagões em São Paulo. Na época, Silveira chamou o quadro de eldquo;bolsonaristaerdquo;.

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Mercado livre de gás, biometano e renovação de concessões na agenda dos estados em 2025

Mercado livre O mercado livre começou a ganhar tração em 2024, com o início da abertura no Rio e em São Paulo, e entra em 2025 com perspectivas de crescimento no número de usuários e volumes contratados. Esse maior dinamismo tem provocado alguns ajustes nas regulações estaduais. No Espírito Santo, um dos estados com mercado livre mais desenvolvido do país, por exemplo, a ARSP espera revisitar este ano o atual modelo do Cusd (o contrato entre usuários livres e a concessionária pelo uso do sistema). O objetivo é dar mais flexibilidade à contratação da rede. Além disso, a ARSP também pretende se debruçar este ano sobre a regulamentação da contratação de suprimento de gás pela ES Gás para o mercado cativo; e avaliar aprimoramentos na fiscalização da prestação do serviço de distribuição. A definição de um modelo de Cusd flexível também está na agenda da Agrese, em Sergipe endash; que vive este ano as primeiras migrações para o mercado livre. A agência também pretende definir este ano um modelo de carta de intenção para migração dos usuários. E mais: regulamentar os gasodutos virtuais, definir o modelo de Acordo Operacional para movimentação de gás na rede; e os critérios para swap, dentre outros temas. No Paraná, a Agepar quer concluir este ano a regulamentação do mercado livre, bem como a configuração do Cusd. Outro tema na agenda do regulador paranaense para 2025 é a metodologia de aplicação do Fator K (mecanismo utilizado para corrigir diferenças entre os valores realizados e projetados referentes ao volume distribuído). Já no Rio de Janeiro, a Agenersa espera entregar em 2025 o modelo do Cusd para o setor termelétrico e atualizar a regulação do mercado livre endash; o que passa pelas regras da atividade de comercialização e a tarifa específica para o uso do sistema de distribuição para os agentes livres (a Tusd). Biometano A movimentação dos agentes, de olho no mandato do Combustível do Futuro, tende a demandar a conexão dos produtores às redes de distribuição. Em São Paulo, a nova agenda regulatória da Arsesp, publicada este mês, reservou para 2025 os estudos sobre a regulação e a modelagem dos projetos para inserção de biometano nas redes de gás canalizado. A agência paulista também espera iniciar este ano endash; e concluir em 2026 endash; a definição do modelo padrão de Termo de Utilização de Interconexão (TUI) endash; instrumento celebrado entre o fornecedor de biometano e as concessionárias de gás para conexão das plantas de produção do gás renovável na rede. Desde 2023, a Arsesp já aprovou a celebração de quatro desses termos: dois deles entre a Comgás e Raízen-Geo Biogás; uma entre Comgás e Paulínia Verde; e uma entre a Necta e a Bioenergia Santa Cruz. O biometano também está na agenda regulatória da Agepar/PR (condições de referência para o fornecimento no sistema de distribuição) e da Agrese/SE (revisar as condições e os critérios para comercialização). E no Rio, o governo espera publicar o novo decreto que regulamenta a Política Estadual de Gás Natural Renovável, assunto pendente nos últimos anos. Inicialmente, a ideia do governo de Cláudio Castro (PL) era publicar uma regulamentação mais ampla, mas que acabou esbarrando em questionamentos legais. A nova versão, na Casa Civil, deve se limitar a derrubar o preço teto vigente (de R$ 1,20 por m³), encarado como entrave para a execução da política. Herança do governo Sérgio Cabral, a Política Estadual de Gás Natural Renovável obriga as distribuidoras (CEG e CEG Rio) a adquirir todo o biometano produzido no estado endash; até o limite de 10% do volume de gás distribuído. Revisões tarifárias O ano de 2025 será o ano da 5ª Revisão Tarifária das distribuidoras paulistas. O processo, que atrasou alguns meses no caso da Comgás e Necta, vai definir os planos de investimentos das companhias para os próximos cinco anos, tendo como pano de fundo um ambiente de negócios bem modificado em relação ao último ciclo regulatório. Uma nova dinâmica de mercado ditada pelo crescimento da migração de clientes livres e pela conexão das plantas de biometano às redes. No Rio, a expectativa da Agenersa é que a 5ª Revisão Tarifária da CEG e CEG Rio ocorra, enfim, após dois anos de atraso. O processo vai se debruçar sobre o ciclo regulatório 2023-2027 endash; o último do atual contrato de concessão das distribuidoras. No fim do ano passado, o regulador estadual abriu o caminho para a RT, ao encerrar o imbróglio com a Naturgy sobre a 4ª Revisão Tarifária da CEG e CEG Rio endash; processo que era para ter sido concluído em 2018, mas que esbarrou numa controvérsia sobre o reconhecimento de investimentos na tarifa e que foi judicializado. O governo do Rio e a Naturgy chegaram a um acordo extrajudicial para encerrar o impasse que se arrastava há anos endash; e cujo teor foi criticado por representantes dos consumidores. Além das revisões tarifárias quinquenais de São Paulo, Rio e Espírito Santo, a agenda de 2025 também passa pelas revisões tarifárias anuais das distribuidoras de muitos estados. Os olhares devem se voltar com mais atenção para esses processos depois que a Agergs, no Rio Grande do Sul, mudou em 2024 alguns entendimentos sobre a metodologia de cálculo das margens de distribuição da Sulgás. Será um caso isolado ou as mudanças na concessão gaúcha podem abrir o caminho para rediscussão das metodologias em outros estados? Para ficar de olho. Rediscussão das concessões Alguns estados devem se debruçar em 2025 sobre o futuro de suas concessões. No Mato Grosso do Sul, o governo de Eduardo Riedel (PSDB) espera concluir a discussão sobre a renovação antecipada do contrato da MSGás, que vence em 2028. Os estudos contam com a consultoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A concessionária é controlada pelo Estado (51%), em sociedade com a Commit (49%). No Rio, o governo estadual também espera entregar este ano a modelagem dos novos contratos de concessão da CEG e CEG Rio. A Naturgy apresentou, no ano passado, o pedido formal de prorrogação dos contratos, que vencem em 2027. Caberá ao governo estadual definir se as concessões serão renovadas ou se haverá uma nova licitação. Outro estado que deve se dedicar à rediscussão da concessão este ano é Sergipe, que decidiu abrir em 2024 um debate sobre a atualização do contrato de concessão da Sergas e redução da taxa de retorno dos investimentos. A Agrese, agência reguladora estadual, recomendou que o governo relicite a Sergas ou até mesmo crie uma 2ª área de concessão de gás, caso não chegue a um acordo com a Mitsui sobre a revisão do contrato da distribuidora. Créditos na conta A Arsesp adiou de 2024 para o 1º semestre de 2025 a discussão sobre o que fazer com os créditos tributários de quase R$ 2 bilhões que o órgão propõe devolver integralmente aos consumidores paulistas endash; um efeito da retirada do ICMS da base de cálculo de PIS/Cofins. Entidades ligadas ao setor industrial, como a Abrace e Abividro, pedem uma definição antes da 5ª Revisão Tarifária das concessionárias endash; que, por sua vez, contestam a proposta de devolução integral. A Naturgy sugeriu, na consulta pública aberta sobre o assunto, em 2022, que a Arsesp aguarde o desfecho das discussões sobre a devolução no setor elétrico no Supremo Tribunal Federal (STF) endash; onde o debate também foi adiado recentemente. A agenda da Arsesp para 2025 tem mais: a agência espera entregar este ano o estudo sobre a interligação das áreas de concessão; a metodologia de cálculo do compartilhamento de ganhos de eficiência (Fator X) das concessionárias; e os estudos para a definição e o delineamento dos tipos de swap.

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Percentual maior de etanol pode baratear gasolina, mas consumo de combustível deve subir

Em meio aos testes realizados no Brasil para aumentar o percentual de mistura do etanol, dos atuais 27,5% para 30%, na gasolina, o setor sucroenergético calcula que a mudança poderia baratear o preço do combustível derivado de petróleo no país. A alteração é prevista na Lei Combustível do Futuro (14.993/ 2024) e, caso aprovada, deve representar um aumento de 1,3 bilhão de litros na produção do biocombustível no Brasil. O cálculo é feito levando em consideração apenas o etanol anidro, mais puro, e utilizado na composição com a gasolina. O etanol hidratado, utilizado para abastecimento dos veículos nos postos, não entra na conta. O presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig Bioenergia), Mário Campos, afirma que a possibilidade de queda no valor pago pelos motoristas se dá em função da carga tributária menor sobre o etanol anidro, em comparação à gasolina pura. eldquo;E aí nós estamos falando da carga tributária federal, do PIS e Cofins, e na gasolina tipo A ainda tem a Cide, que no etanol não tem. Então, o balanço para o consumidor é positivoerdquo;, contabiliza. Campos destaca, entretanto, que há uma possibilidade, a depender das especificações do motor de cada veículo, de um crescimento do consumo com o aumento da mistura de etanol sobre o produto. eldquo;Você vai ter sim um menor rendimento, essa variação vai ser pouco perceptível e vai ser definida em testes de consumo. Mas você tem um aumento de consumo, que vai ser compensado por uma redução de preçoerdquo;, frisa o presidente da Siamig. Com a previsão de expansão de 1,3 bilhão de litros na produção de etanol anidro, Mário Campos garante que o setor já tem capacidade produtiva para absorver a demanda adicional. O Brasil vivencia um crescimento da produção do biocombustível a partir do milho, no Centro-Oeste do Brasil, se juntando ao produto derivado da cana-de-açúcar. Na safra de 2023/2024, a produção a partir do milho representou 18,7% do volume total de etanol no país, de acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (ÚNICA). eldquo;Não há nenhum tipo de perigo, o governo só vai estabelecer essa mistura desde que tenha viabilidade técnica e desde que tenha oferta do produto para assimilar esse aumento de demanda. Mas para os 30% temos um conforto muito grande, porque temos uma perspectiva de aumento da oferta do produtoerdquo;, complementa. Testes Os testes de aumento da mistura de etanol à gasolina são realizados pelo Instituto Mauá de Tecnologia, escolhido pelo Ministério de Minas e Energia. A fase para avaliações é realizada em janeiro e fevereiro e vai analisar aspectos como emissões de gases poluentes e impactos técnicos em veículos de diferentes anos e tecnologias. De acordo com o chefe da Divisão de Motores e Veículos do Instituto Mauá de Tecnologia, Renato Romio, o objetivo é garantir que a mudança na composição da gasolina não traga impactos mecânicos aos automóveis. Os resultados preliminares serão entregues ao Ministério de Minas e Energia ainda no primeiro trimestre de 2025. As informações serão utilizadas para subsidiar o estudo de impacto regulatório. Nesta etapa, sobretudo, os testes avaliam se os carros terão reações à mistura na ordem de 30%, mas que poderá chegar a 32%. Apenas carros com combustão a gasolina participam da fase, como o Gol fabricado em 1993, o Uno Mille e o Corolla fabricados em 2003 e 2006, e o BYD GWM, modelo mais recente. eldquo;A ideia é fazer primeiro um teste em pista, utilizando a gasolina E32, vamos testar em um limite superior, porque a legislação admite essa variação de 29% a 32%. eldquo;Você utilizar um veículo a etanol, você tem imensas vantagens em relação à parte ambiental. É possível ter uma redução da emissão de gases de efeito estufa, que a outra alternativa seria utilizar veículos elétricos, que é o caso da Europaerdquo;, explica Renato. eldquo;Se você pegar um veículo a etanol, híbrido, é uma tecnologia extremamente eficiente, recente, e que funciona muito bem com uma vantagem: não precisa ter uma rede de abastecimento de tomadas e o veículo não desvaloriza porque a bateria ficou velhaerdquo;, exemplifica. A expectativa é de que motores mais antigos, fabricados há mais de 15 anos, possam não ser compatíveis com a nova composição do combustível. A explicação é de que o etanol em excesso pode causar corrosão em componentes do motor e nas borrachas de vedação, além de provocar falhas na ignição. Em alguns casos, o veículo pode até parar de funcionar. A reportagem solicitou ao Ministério de Minas e Energia (MME) as próximas etapas realizadas até a oficialização da mudança do percentual de mistura do etanol à gasolina, mas nenhum posicionamento foi enviado até o fechamento desta edição. Postos falam em encarecimento Na contramão do que diz o setor sucroenergético, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro) vê espaço para preços mais altos sobre a gasolina com um índice maior de etanol. Em nota, a entidade afirmou que o anidro representa cerca de 14% do valor final da gasolina na bomba. eldquo;O preço da produção de etanol pode aumentar devido ao crescimento da demanda. Para se ter uma ideia, o valor por litro do anidro, subiu, em 2024, 41,5%, saindo de R$ 2,12 para R$ 3,00erdquo;, disse o sindicato, também reforçando a possibilidade de consumo maior nos veículos. eldquo;Além de estar comercializando um combustível que irá render menos no veículo do cliente, por se tratar de uma gasolina eldquo;menos puraerdquo;, a preocupação do Minaspetro é no âmbito comercial da produçãoerdquo;, salienta.

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Gasolina mais cara a partir de fevereiro: aumento do ICMS e impacto nos preços

O preço dos combustíveis sofrerá mais uma alta a partir de 1º de fevereiro de 2025, em virtude do reajuste do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). A medida foi aprovada pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) e impactará diretamente os consumidores em todo o Brasil. A alíquota do ICMS sobre a gasolina será reajustada em R$ 0,10 por litro, passando de R$ 1,37 para R$ 1,47, enquanto o diesel e o biodiesel terão aumento de R$ 0,06, alcançando R$ 1,12 por litro. O reajuste, publicado no Diário Oficial da União, busca ajustar as receitas estaduais, mas coloca pressão adicional sobre a economia já afetada pela defasagem nos preços praticados internamente. O impacto no bolso dos consumidores será significativo, especialmente em um cenário de inflação elevada e custos de vida crescentes. Além do efeito direto no preço dos combustíveis, o aumento terá repercussões em outros setores, como transporte e logística, gerando um efeito cascata que tende a elevar o preço de produtos e serviços. Essa dinâmica pressiona ainda mais o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), dificultando o controle da inflação. O cenário de defasagem entre os preços internos e o mercado internacional adiciona outro elemento ao desafio. A Petrobras, que há meses não reajusta o preço dos combustíveis, acumula perdas significativas, enquanto o barril de petróleo Brent ultrapassa os 80 dólares e o câmbio se mantém acima de R$ 6 por dólar. Essa discrepância força a empresa e o governo a lidarem com a difícil decisão de equilibrar os preços internos e manter a competitividade no mercado global. Entenda o impacto do ICMS no preço dos combustíveis O ICMS é um dos tributos mais significativos na composição do preço dos combustíveis no Brasil. Ele incide sobre a circulação de mercadorias e serviços, variando conforme a alíquota definida por cada estado. No caso dos combustíveis, o imposto é responsável por uma parcela expressiva do preço final na bomba, sendo frequentemente alvo de debates sobre sua adequação e impacto na economia. Historicamente, o ICMS tem sido uma das principais fontes de arrecadação para os estados, financiando áreas essenciais como saúde, educação e segurança pública. O aumento aprovado pelo Confaz reflete a necessidade dos estados de ajustar suas receitas em meio a um cenário fiscal desafiador. Entretanto, essa medida coloca uma carga adicional sobre os consumidores, especialmente em um momento de recuperação econômica instável. A defasagem nos preços e os desafios para a Petrobras A política de preços da Petrobras, baseada na paridade de importação, busca alinhar os valores internos aos do mercado internacional, considerando o câmbio e as cotações do petróleo. No entanto, a defasagem atual entre os preços internos e internacionais criou um cenário de prejuízos acumulados para a estatal, que soma R$ 9,3 bilhões nos últimos 11 meses. Enquanto a gasolina está sem reajuste há seis meses, o diesel permanece inalterado há mais de um ano, apesar das oscilações no mercado externo. Essa defasagem é resultado de uma combinação de fatores, incluindo a alta volatilidade nos preços do petróleo e as restrições de governança corporativa impostas à Petrobras após a Operação Lava Jato. Essas regras limitam a interferência direta do governo na definição de preços, mas aumentam a pressão sobre a empresa para buscar um equilíbrio entre manter sua saúde financeira e evitar impactos severos aos consumidores. Efeitos do aumento sobre o consumidor e a economia O reajuste do ICMS terá impactos imediatos e de longo prazo no bolso dos consumidores. Com o aumento de R$ 0,10 na gasolina e no etanol, e de R$ 0,06 no diesel e biodiesel, os motoristas já podem esperar custos mais altos para abastecer seus veículos. Além disso, o impacto não se restringe às bombas: o aumento nos combustíveis tende a gerar um efeito cascata, elevando os custos de transporte e, consequentemente, os preços de diversos produtos e serviços. O setor de transporte e logística, altamente dependente do diesel, será particularmente afetado. Empresas de transporte rodoviário de cargas, que representam a maior parte do modal logístico brasileiro, já enfrentam margens reduzidas e dificuldades para repassar os aumentos de custos. Esse cenário pode levar a aumentos nos preços ao consumidor, pressionando ainda mais a inflação. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), utilizado como principal medida da inflação no Brasil, é sensível às variações nos preços dos combustíveis. A gasolina, por exemplo, tem um peso significativo no cálculo do índice. A alta dos combustíveis, portanto, pode dificultar os esforços do governo para controlar a inflação, afetando o poder de compra da população e os índices de confiança econômica. Alternativas buscadas por consumidores Diante do aumento nos preços dos combustíveis, muitos consumidores têm procurado alternativas para economizar. O etanol, frequentemente mais barato que a gasolina em algumas regiões, pode ser uma opção viável, dependendo da relação de preços entre os dois combustíveis. No entanto, sua viabilidade varia de estado para estado, dependendo da produção local e da tributação. Além disso, há um aumento na procura por combustíveis alternativos e meios de transporte mais econômicos, como transporte público, caronas compartilhadas e bicicletas elétricas. Embora essas opções sejam atrativas para muitos, elas nem sempre estão disponíveis ou são acessíveis a todas as faixas da população, especialmente em regiões com infraestrutura limitada. Impactos no setor produtivo e na inflação O aumento no preço dos combustíveis afeta não apenas os consumidores finais, mas também toda a cadeia produtiva. Com custos de transporte mais elevados, empresas de diversos setores enfrentam o desafio de absorver ou repassar os aumentos aos preços finais de seus produtos. Essa dinâmica cria um efeito cascata, elevando os custos em toda a economia e pressionando a inflação. Os setores mais sensíveis a essas variações incluem alimentos, materiais de construção e bens de consumo, que dependem fortemente do transporte rodoviário. Pequenas e médias empresas, que muitas vezes operam com margens de lucro menores, enfrentam maiores dificuldades para lidar com esses aumentos, afetando sua competitividade e sustentabilidade no mercado. Dados e estatísticas sobre combustíveis no Brasil A alíquota do ICMS sobre a gasolina será ajustada de R$ 1,37 para R$ 1,47 por litro. O diesel e o biodiesel terão aumento de R$ 0,06 por litro, passando para R$ 1,12. O barril de petróleo Brent ultrapassou os 80 dólares, com o câmbio acima de R$ 6 por dólar. A Petrobras acumula prejuízos de R$ 9,3 bilhões nos últimos 11 meses devido à defasagem nos preços. Histórico de reajustes e impacto fiscal O ICMS, criado na década de 1960, é um dos pilares do sistema tributário brasileiro. Com alíquotas definidas por cada estado, ele financia grande parte das despesas estaduais, incluindo saúde, educação e segurança. Reajustes nas alíquotas, como o anunciado para fevereiro, refletem a necessidade de equilibrar as contas públicas, mas frequentemente geram debates sobre sua eficácia e impacto social. Nos últimos anos, o Brasil enfrentou um aumento na volatilidade dos preços dos combustíveis, impulsionado por fatores como oscilações no mercado internacional de petróleo, variações cambiais e mudanças na política de preços da Petrobras. Esses fatores tornaram os reajustes no ICMS uma medida controversa, com impactos amplamente discutidos entre economistas, empresários e consumidores.

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São Martinho capta US$ 165 mi para implementar primeira fábrica de biometano

A São Martinho garantiu um financiamento de US$ 165 milhões junto à International Finance Corporation (IFC), membro do Grupo Banco Mundial. O recurso, com prazo de dez anos, será destinado à construção da primeira planta de biometano da companhia, localizada na Unidade Santa Cruz, em Américo Brasiliense (SP). A fábrica utilizará a vinhaça da cana-de-açúcar para produzir o gás renovável, com capacidade inicial de 15 milhões de metros cúbicos por safra. Em nota, a companhia afirmou que isso contribuirá para a redução de até 32 mil toneladas de emissões de gases de efeito estufa por ano. A planta, com previsão de início de operações no segundo semestre de 2025, é parte de um plano estratégico para explorar o potencial de biometano nas quatro unidades da empresa. eldquo;Essa iniciativa marca nossa entrada no mercado de gás natural renovável, alinhando-nos à transição para uma economia de baixo carbonoerdquo;, destacou, na nota, o CEO da São Martinho, Fabio Venturelli. O financiamento também apoiará tratos culturais nas lavouras de cana destinadas à produção de biometano e o projeto Formação de Agentes Locais, que visa à capacitação profissional e à inclusão social da comunidade local. eldquo;Essa nova operação reforça nossa parceria com a IFC e demonstra a confiança da instituição no nosso modelo de negócio sustentável, que promove crescimento econômico e preservação ambientalerdquo;, afirmou, na nota, o CFO da São Martinho, Felipe Vicchiato.

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