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Lula defende exploração na Foz do Amazonas e diz que país precisa de petróleo para transição

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu, nesta quarta-feira (5), a exploração de petróleo na Bacia Foz do Amazonas, na margem equatorial do país, e disse que isso pode ser feito sem prejuízos ao meio ambiente. "Queremos o petróleo, porque ele ainda via existir muito tempo. Temos que utilizar o petróleo para fazer a nossa transição energética, que vai precisar de muito dinheiro. A gente tem perto de nós a Guiana e o Suriname pesquisando o petróleo muito próximo a nossa margem equatorial", disse Lula, durante entrevista a rádios de Minas Gerais. "Precisamos fazer um acordo e encontrar uma solução em que a gente dê garantia ao país, ao mundo e ao povo da margem equatorial que a gente não vai detonar nenhuma árvore, nada do rio Amazonas, nada do oceano Atlântico". O governo tem a expectativa de que o Ibama conceda a autorização para exploração ainda no primeiro semestre deste ano. Um dos argumentos do Palácio do Planalto para acelerar essa liberação é a proximidade da COP30, conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre mudanças climáticas que acontece em novembro em Belém. O governo gostaria de evitar que a conferência, em que o país tenta se posicionar como um líder na luta contra as mudanças climáticas, seja contaminada pela imagem de uma nação que continua a ampliar a exploração de combustíveis fósseis. Em outubro do ano passado, técnicos do Ibama rejeitaram estudos complementares que já tinham sido apresentados pela Petrobras e recomendaram o arquivamento do pedido feito pela petroleira. O documento com a negativa foi assinado por 26 técnicos do órgão ambiental. O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, no entanto, decidiu dar novo espaço para que a companhia apresentasse informações e medidas. Há duas semanas, a diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia Anjos, disse que a estatal concluirá neste primeiro trimestre o que acredita ser a última exigência para a licença ambiental do poço no chamado bloco 59. Trata-se da construção de um centro de despetrolização de animais em Oiapoque (AP), cidade mais próxima ao poço que a estatal encara como prioritário para repor suas reservas de petróleo a partir da próxima década. A estrutura de resgate, que seria usada em caso de acidente, foi questionada no último parecer da área técnica do Ibama, que rejeitou a concessão de licença para o poço. A autorização para explorar petróleo na Foz do Amazonas é vista como etapa crucial pela Petrobras para ampliar suas reservas. O plano é defendido pessoalmente pelo presidente Lula, e ficou com Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, a missão de acelerar o processo. Ainda na entrevista desta quarta, Lula disse que há uma tentativa de jogar sobre a ministra Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) a responsabilidade pela demora na aprovação do plano de exploração. "A Marina não é a responsável", disse Lula. "Não é a companheira Marina. Vamos ter que encontrar uma solução para que a gente explore essa riqueza, se é que ela existe, em benefício do povo brasileiro", declarou. A região já teve 95 poços petrolíferos perfurados, com apenas uma descoberta comercial de gás natural e alto índice de abandono por dificuldades operacionais, que o setor diz serem reflexos da tecnologia ultrapassada quando a região teve seu pico de exploração, nos anos 1970. Ocupando uma área de cerca de 350 mil km², equivalente ao estado de Goiás, a bacia se estende entre a baía de Marajó, no Pará, e a fronteira com a Guiana Francesa, e teve seu primeiro poço petrolífero perfurado em 1970, sem a descoberta de petróleo. Dos 95 poços perfurados na região, 31 foram abandonados por dificuldades operacionais. Na última tentativa, em 2011, por exemplo, a Petrobras suspendeu a perfuração devido a fortes correntezas. Pelo comportamento agudo das marés na região e seu isolamento, ambientalistas temem que o tempo de resposta em caso de acidentes com vazamento de petróleo seria muito longo. A região, além de ambientalmente sensível, ainda foi pouco estudada, argumentam. Além da preocupação com espalhamento de óleo, ambientalistas apontam que o país não deveria abrir novas fronteiras de combustíveis fósseis, movimento que vai na contramão do consenso científico para o combate às mudanças climáticas.

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Atropelo no diesel

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse que bateu o martelo sobre o reajuste do diesel na sexta-feira (31), mas a sequência de acontecimentos durante a semana não deixa dúvida de que o governo mais uma vez atropelou a governança da estatal. Já na segunda (3), fontes próximas vazaram para a imprensa que a estatal tinha um reajuste engatilhado. Depois, o governo iniciou uma estratégia de comunicação para reforçar que, mesmo com aumento, a estatal ainda venderia diesel mais barato do que sob Bolsonaro. A estratégia foi usada pelo presidente Lula e pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em entrevistas na quinta (30). Silveira chegou a entregar à Folha possíveis cifras para um aumento que ainda não havia sido anunciado pela estatal. A política comercial da Petrobras diz que os reajustes são definidos por um trio de executivos formado pela presidente da empresa e pelos diretores responsáveis pela área financeira e de comercialização de combustíveis emdash;hoje, Magda Chambriard, Fernando Melgarejo e Claudio Schlosser. Esse grupo tem autonomia para tomar as decisões, sem necessidade de aval do Conselho de Administração. Os anúncios de reajustes costumam ser feitos em comunicados ao mercado no fim da manhã do dia anterior ao início da vigência. O sigilo é importante para evitar especulações de mercado emdash;tanto o financeiro, negociando ações da empresa com informação privilegiada, quanto o de combustíveis, que poderia antecipar movimentos com estoques para lucrar mais com os novos preços. Na ânsia de se desculpar antecipadamente pelo aumento, o governo desconsiderou o rito. Não foi a primeira vez: a crise dos dividendos em 2024, que culminou com a demissão do ex-presidente Jean Paul Prates, foi pródiga em declarações antecipadas sobre assuntos estratégicos da empresa. As ações da Petrobras ainda não se recuperaram totalmente do tombo daquela ocasião. E seu Conselho de Administração, domesticado pela maioria aliada ao governo, vem se mantendo calado diante dos atropelos. (Coluna por Nicola Pamplona)

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Petrobras diversifica clientes ao exportar petróleo e reduz fatia da China

Há mais de uma década na posição de maior importador de petróleo da Petrobras, a China repetiu o feito em 2024, mas perdeu a posição para o conjunto de países europeus no quarto trimestre do ano. De outubro a dezembro, a estatal brasileira vendeu 508 mil barris de petróleo por dia ao exterior, dos quais 38% foram para a Europa e apenas 30% foram para a China. Como comparação, em todo o ano de 2019, o país asiático chegou a comprar 72% do total vendido pela Petrobras. A inversão, que pode se tornar mais frequente daqui para frente, só foi registrada no momento mais agudo da guerra da Ucrânia, no segundo trimestre de 2022 (Europa com 39% e China com 15%). Corre por fora a região chamada de eldquo;Ásia exceto Chinaerdquo;, que inclui Índia e Coreia do Sul, e das exportações da Petrobras no fim de 2024 respondeu por 17%, o maior porcentual desde que os volumes por país foram abertos em balanço, a partir de 2019. Estratégia Embora a guerra na Ucrânia ainda sustente o rearranjo global das cargas de petróleo emdash; com cargas russas indo à Ásia, enquanto o petróleo do Oriente Médio e de regiões como Brasil passaram a suprir mais a Europa emdash;, a mudança no topo da lista de compradores da Petrobras também se deve à estratégia de diversificação da base de clientes da companhia para maximização de margens, diz o diretor de comercialização e logística, Claudio Schlosser. eldquo;O que a gente tem feito muito na área internacional é ampliar a nossa base de clientes. Nossa cesta tem renovado praticamente 19 clientes de petróleo por ano, o que é uma evolução muito grande em relação aos níveis históricoserdquo;, diz Schlosser. Segundo o executivo, não se trata de reduzir a exposição à China, que vai seguir como destino forte do produto da Petrobras podendo retomar a primeira posição. eldquo;A estratégia é ter o maior grau de cobertura e clientes possível. Não trabalhamos observando dependência daqui ou dali. O objetivo é que a cesta de petróleos seja monetizada da melhor maneira possível, e isso acontece quando ampliamos o interesse e a briga pelo produto vemerdquo;, afirma. Com relação às refinarias europeias, mais exigentes quanto à qualidade do petróleo, a geopolítica de momento deu oportunidade para a Petrobras apresentar seu produto, um petróleo de densidade baixa ou média e com baixo teor de enxofre e carbono. eldquo;É um produto excepcional, com demanda, mas ainda pouco conhecido. Quando a janela se abriu, passamos a vender mais para Grécia, Itália e outros países que entraram na base de clientes com um apetite crescenteerdquo;, continua. Índia e África Além da Europa, Schlosser cita compradores asiáticos, sobretudo da Índia, e novos clientes africanos. Como o Estadão/Broadcast noticiou na terça-feira, 4, a Petrobras está em vias de assinar um contrato de 24 milhões de barris de óleo cru para a Bharat Petroleum Corporation, uma das quatro estatais indianas de refino. Já existem contratos com a Indian Oil Corporation (IOC) e a intenção de fornecer a outras empresas do país, que já é o terceiro maior importador de petróleo do mundo. O executivo da Petrobras cita, também, um potencial mais forte de entrada na África, citando o fornecimento à refinaria Dangote, inaugurada em maio de 2023 na Nigéria, com capacidade para 650 mil barris por dia. Em 2024, a Petrobras exportou uma média de 798 mil barris por dia de petróleo, 1% a menos do que em 2023. A frente de refino da própria companhia é um competidor das exportações, porque só é vendido ao exterior a parcela de óleo cru não aproveitada para fabricação de derivados pela estatal, em alta nos últimos anos. China Apesar da guinada à Europa, novas taxações dos Estados Unidos à China podem reforçar ainda mais o fluxo de petróleo brasileiro para a maior economia da Ásia. Até por isso, Schlosser define a redução do porcentual à China como conjuntural e não estrutural. Em 2024, as importações totais de petróleo da China encolheram 1,9% na comparação com 2023, no que foi o primeiro declínio anual em décadas, desconsiderando a pandemia. O presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), Roberto Ardenghy, reconhece os efeitos da desaceleração da economia chinesa e do seu processo de eletrificação massiva na demanda pela commodity, mas minimiza a estatística. Ele explica que os chineses reduziram importações, mas não consumo de petróleo, porque usaram volumes estocados, comprados em momentos de cotação mais baixa, de anos anteriores. Ardenghy lembra que 43% da matriz energética da China ainda vem do carvão mineral e que, portanto, parte importante da transição não será direta, passando pelo petróleo. Isso deve garantir a China como protagonista da pauta de exportações por eldquo;bons anoserdquo;, afirma.

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Franquias em postos de gasolina: Veja opções, faturamento e quanto custa para ter um negócio em 2025

O setor de franquias em postos de gasolina está em crescimento acelerado no Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), o segmento mais que dobrou sua participação, passando de 5,2% das franquais em 2023 para 11,7% em 2024. Como destaca Vinicius Barreto, vice-presidente da vertical Scale-Up do Ecossistema 300 Franchising, a inclusão de franquias em postos de gasolina, especialmente os de maior porte, visa otimizar o espaço e aumentar a rentabilidade, aproveitando áreas subutilizadas. eldquo;Para os franqueados, essa localização estratégica garante um fluxo constante de clientes, semelhante ao de shoppings ou supermercados, sem grandes custos de aquisição.erdquo; O especialista ainda destaca que, ao diversificar os serviços, com opções como alimentação e lavagem de roupas, o posto se torna mais atrativo e conveniente. eldquo;Franquias de marcas reconhecidas atraem seu público fiel, elevando o fluxo de pessoas e impulsionando as vendas de combustível, além de agregar valor à imagem do posto, transmitindo modernidade e sofisticação. O posto também pode se beneficiar de parcerias estratégicas com as franquias.erdquo; eldquo;Em postos menores, a limitação de espaço geralmente leva à escolha de uma única franquia, como as lojas de conveniência, que oferecem variedade em áreas compactas. Para o franqueado, isso significa um ponto de venda com alto tráfego e visibilidade, e custos operacionais potencialmente menores. A escolha da franquia ideal depende de fatores como espaço disponível, perfil do público, localização e estratégia do posto e do franqueadoerdquo;, explicou. As opções abaixo são apenas sugestões de mercado e não constituem uma recomendação da reportagem. Avaliar os modelos e buscar informações adicionais sobre o suporte e a estrutura da franqueadora é fundamental antes de tomar uma decisão. Confira opções de franquias para operar em postos de gasolina. Os dados são das empresas. 1. Mundo Di Chocolate Tem fondue express, produtos à base de cacau sustentável, gelato natural, milkshake, sorvete, açaí e salada de frutas. A rede oferece franquias nos formatos de quiosques para shoppings ou carrinhos móveis para deslocamento, ideais para atrair um público variado. Modelo Carrinho Investimento inicial total estimado: A partir de R$ 69 mil Faturamento médio mensal: R$ 30 mil Lucro médio mensal: 25% a 35% do faturamento bruto Prazo de retorno: A partir de 12 meses Prazo de contrato: 5 anos Royalties/mês: R$ 1.450 Unidades em operação: 50 Modelo Quiosque Investimento inicial total estimado: A partir de R$ 119 mil Faturamento médio mensal: R$ 45 mil Lucro médio mensal: 25% a 30% do faturamento bruto Prazo de retorno: A partir de 12 meses Prazo de contrato: 5 anos Royalties/mês: R$ 2.250 ou 5% Unidades em operação: 50 2. Lubrax+ Rede de franquias de troca de óleo e serviços automotivos dos postos Petrobras. Investimento inicial total estimado: A partir de R$ 160 mil Faturamento médio mensal: R$ 65 mil Lucro médio mensal: R$ 16 mil Prazo de retorno: Até 24 meses Prazo de contrato: Média de 5 anos, mas pode variar de acordo com contrato do posto Royalties/mês: 5% Unidades em operação: 1.685 ativas + 52 em implantação 3. Maria Açaí Especializada em açaí artesanal, tem diferentes formatos de franquia, como o Container Pocket e o Container Padrão, ideais para espaços abertos como centros comerciais, estacionamentos, postos de gasolina e praias. Investimento inicial total estimado: A partir de R$ 170 mil (Pocket) Faturamento médio mensal: R$ 80 mil a 100 mil Lucro médio mensal: 25% a 30% do faturamento bruto Prazo de retorno: 24 meses Prazo de contrato: 5 anos Royalties/mês: R$ 1.500 Unidades em operação: 70 4. Açaí do Rão A franquia tem dois modelos de negócios: loja de shopping e quiosque. Investimento inicial total estimado: A partir de R$ 180 mil (quiosque) Faturamento médio mensal: R$ 65 mil Prazo de retorno: 18 a 24 meses Prazo de contrato: 5 anos Royalties/mês: 6% Unidades em operação: 12 5. Milky Moo Especializada em milkshakes, tem três formatos de franquia: quiosques, lojas de rua e lojas em shopping. Investimento inicial total estimado: R$ 190 mil (quiosque) Faturamento médio mensal: R$ 70 mil (quiosque) Lucro médio mensal: 15% a 20% do faturamento bruto Prazo de retorno: 18 a 24 meses Prazo de contrato: 5 anos Royalties/mês: 5% Unidades em operação: 422 6. BR Mania Lojas de conveniência dos postos Petrobras. Investimento inicial total estimado: a partir de R$ 200 mil Faturamento médio mensal: R$ 120 mil Lucro médio mensal: 10% a 12% Prazo de retorno: 36 meses Prazo de contrato: 5 anos Royalties/mês: 5% em cima do faturamento bruto, exceto para a categoria tabaco que é 2% em cima do faturamento bruto. Unidades em operação: 1.402 7. Lavô Lavanderias self-service. Investimento inicial: a partir de R$ 230 mil (incluindo taxa de franquia, máquinas e mobiliário) Faturamento médio mensal: entre R$ 20 mil e R$ 30 mil Lucro médio mensal: cerca de 60% Prazo de retorno do investimento: em média, 18 meses Prazo de contrato: 5 anos Royalties: 5% Unidades em operação: mais de 600 8. Sal e Brasa Grill Express Especialista em grelhados. Investimento inicial total estimado: R$ 350 mil a R$ 700 mil Faturamento médio mensal: R$ 217 mil Lucro médio mensal: Não informado Prazo de retorno: 36 meses Prazo de contrato: 5 anos Royalties/mês: 5% Unidades em operação: 43 9. Croasonho Especializada em croissants recheados, doces e salgados, com opções de pratos executivos e sobremesas. Tem diferentes modelos, incluindo lojas de rua e shopping. Investimento inicial total estimado: A partir de R$ 350 mil Faturamento médio mensal: R$ 130 mil Lucro médio mensal: Não informado Prazo de retorno: A partir de 30 meses Prazo de contrato: 5 anos Royalties/mês: 2% do faturamento bruto Unidades em operação: 53 10. Griletto Especialista em grelhados e parmegianas. Investimento inicial total estimado: A partir de R$ 450 mil Faturamento médio mensal: R$ 150 mil Lucro médio mensal: Não informado Prazo de retorno: A partir de 30 meses Prazo de contrato: 5 anos Royalties/mês: 4% do faturamento bruto Unidades em operação: 150 11. Montana Grill Especializada em carne. Investimento inicial total estimado: A partir de R$ 540 mil Faturamento médio mensal: R$ 160 mil Lucro médio mensal: Não informado Prazo de retorno: A partir de 30 meses Prazo de contrato: 5 anos Royalties/mês: 5% do faturamento bruto Unidades em operação: 120 12. Jin Jin Rede de culinária asiática fast-food. Investimento inicial total estimado: A partir de R$ 540 mil Faturamento médio mensal: R$ 160 mil Lucro médio mensal: Não informado Prazo de retorno: A partir de 30 meses Prazo de contrato: 5 anos Royalties/mês: 5% do faturamento bruto Unidades em operação: 70 13. Oliverersquo;s Pizza A pizzaria tem dois modelos de negócios voltados para postos de gasolina. Investimento inicial total estimado: R$ 700 mil (Modelo Premium) a R$ 820 mil (Modelo Oliverersquo;s House) Faturamento médio mensal: R$ 225 mil a R$ 515 mil Lucro médio mensal: 14% a 16% do faturamento bruto Prazo de retorno: 12 a 18 meses Prazo de contrato: 5 anos Royalties/mês: 5% + 2,5% para marketing Unidades em operação: 8

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Óleo de soja na mira de Lula: alta de 30% faz governo cobrar informações sobre biocombustíveis

Diante da crescente preocupação do governo Lula com a alta no preço dos alimentos, auxiliares do presidente buscam informações que ajudem a explicar os motivos que levaram o óleo de soja a escalar quase 30% no ano passado. Querem saber ainda se o aumento da produção de etanol pode estar influenciando os preços do milho. Em entrevista na semana passada, Lula reclamou que o preço do litro do óleo de soja tinha chegado a R$ 4 quando ele chegou à Presidência e que, agora, estava perto de R$ 10. eldquo;Eu quero saber se a soja para o biodiesel está criando problema; quero saber se o milho para o etanol está criando problema. Só posso saber disso se chamar os empresários da área para conversar, ao invés de ficar falando da coisa sem ter conhecimentoerdquo;, disse o presidente. Representantes empresariais relataram ao Estadão que estão respondendo a pedidos de informação enviados por emissários de Lula. Procurado, o Palácio do Planalto não se manifestou. eldquo;Passei informações ao Ministério de Minas e Energia e ao BNDES, que está investindo em usinas de etanol de milho. Levantamos dados mostrando o que está acontecendo no mercado internacional, o aumento da área plantada e a contribuição do etanol de milho para a segurança alimentar e para a segurança energéticaerdquo;, disse Guilherme Nolasco, presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem). Os produtores de óleo de soja também foram contatados. Os dois segmentos estão reunindo informações para mostrar, via Frente Parlamentar do Agronegócio, que o aumento da oferta de biocombustíveis não tem culpa na alta dos preços dos alimentos. O motivo de preocupação dos auxiliares de Lula é que a mistura dos biocombustíveis aos combustíveis de origem fóssil vai subir em abril. No caso do biodiesel adicionado ao diesel, o porcentual subirá de 14% para 15%, em um cronograma que foi acelerado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). O biodiesel é majoritariamente fabricado com óleo de soja, mas também tem sebo bovino em sua composição. Os dois tipos de óleo subiram em 2024. Até 2030, a fração do biodiesel deve chegar a 20% e, depois disso, poderá subir a 25%, de acordo com o projeto do Combustível do Futuro, aprovado no ano passado no Congresso e sancionado com o apoio de Lula. No caso do etanol misturado à gasolina, a fração deverá subir de 27,5% para 30% neste ano endash; a decisão dependerá de estudos de desempenho de motores que estão em andamento. No futuro, a mistura deverá alcançar 35%. Embora a maior parte do etanol seja feito da cana, é crescente a produção de etanol de milho no País endash; desde 2017, a área plantada de milho no Centro-Oeste aumentou 50% e o volume cresceu em 10 milhões de toneladas, segundo a Unem. O presidente Lula já disse mais de uma vez estar preocupado com a alta do preço dos alimentos endash; o que vem pesando sobre a sua popularidade, segundo pesquisa divulgada pela Quaest na semana passada. Oito em cada dez entrevistados disseram ter percebido o aumento nos preços da alimentação no último mês. No ano passado, no segundo semestre, os preços da soja e do óleo de soja no Brasil ficaram acima dos praticados no exterior. A discrepância disparou em setembro e só passou a dar trégua em meados de janeiro deste ano, com a perspectiva de entrada da nova safra no Brasil. Isso não havia ocorrido desde o início do atual mandato de Lula, em janeiro de 2023. Explicações do setor As informações repassadas pelo setor privado ao governo é de que os preços mais altos da soja e do óleo de soja no Brasil têm mais relação com o dólar e com a quebra da safra anterior (2023/2024) do que com os biocombustíveis. O primeiro fator eleva o estímulo à exportação, e o segundo cria um cenário interno de menor oferta para o esmagamento para a produção de óleo, o que impacta os preços. José Carlos Hausknecht, sócio da MB Agro Consultoria, cita os mesmos fatores e adiciona um terceiro. Na safra passada, talvez antevendo problemas comerciais com os Estados Unidos sob Donald Trump, a China ampliou a compra de soja do Brasil em cerca de 10%. O volume vendido para compradores chineses subiu de 66 milhões de toneladas para 79 milhões de toneladas. Já dos Estados Unidos, a China reduziu as compras de soja de 32 milhões de toneladas para 24 milhões de toneladas. eldquo;A safra vai ser maior neste ano, a projeção é de uma safra recorde, o que fará com que os prêmios caiam e fiquem negativos, como ocorre todo ano. Agora, o quanto vão cair e ficar negativos neste ano dependerá do efeito Trumperdquo;, diz Hausknecht. Produtores de óleo de soja relataram ao governo que o preço do óleo refinado caiu 3% na semana passada no atacado e a tendência é que siga em queda, em razão de um dólar mais baixo neste ano do que o verificado no fim do ano passado, acima de R$ 6,30, e do início da safra. Hoje, produtores afirmam que a capacidade produtiva instalada consegue suprir a demanda por óleo de soja para a produção de biodiesel. No entanto, a previsão é de que a mistura prevista no projeto do Combustível do Futuro fará dobrar a necessidade de esmagamento de soja nos próximos dez anos endash; o que demandará investimentos e financiamento via BNDES para a construção de unidades produtivas. Além do biodiesel, o óleo de soja deverá ser usado na produção de SAF (combustível para aviação) e no HVO (diesel verde). No caso do etanol de milho, Guilherme Nolasco afirma que o aumento da produção do grão para o etanol ocorre em áreas já plantadas de soja, no que se convencionou chamar de eldquo;segunda safraerdquo; brasileira, feita logo após a colheita da soja. Apenas 15% da produção de milho do País vira etanol. Ele afirma que, além de aumentar a produtividade da soja, o plantio de milho e seu esmagamento para a fabricação de etanol também vêm contribuindo para ampliar a oferta de farelo para ração animal, principalmente de bovinos, o que pode ajudar no preço da carne. eldquo;A produção de etanol de milho não é concorrente e não tem nada a ver com o preço dos alimentoserdquo;, afirma Nolasco. eldquo;Nosso desafio é mostrar ao mundo hoje que podemos produzir muitas coisas ao mesmo tempo, sem substituir uma cultura por outra e sem avançar sobre áreas não produtoras. É um sistema diferente de produção e de uso do soloerdquo;. elsquo;Prudente e comedidoersquo; O empresário afirma que Lula foi comedido ao fazer o comentário, ao sublinhar que pretende chamar empresários para entender o que está ocorrendo. eldquo;Ele foi prudente e comedido, não fez uma declaração com opinião formada. Foi responsável de dizer que precisa entender isso melhor; presidente não tem obrigação de entender tudoerdquo;, afirmou.

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Política de preços da Petrobras leva minirrefinaria SSOil a pisar no freio em expansão

Baixíssimo investimento e uma operação extremamente flexível foi a fórmula encontrada pelos sócios da SSOil, minirrefinaria concluída em 2022 no noroeste de São Paulo, para entrar em um mercado dominado pela Petrobras. O projeto nasceu após sinais dados pelo governo Bolsonaro, de que a estatal seguiria a política de paridade de importação (PPI). Mas, desde o último semestre do mesmo governo, os preços dos combustíveis se descolaram do mercado internacional, e o sinal amarelo foi acionado. eldquo;Nós fizemos um projeto simples já imaginando que ia dar tudo erradoerdquo;, disse ao Estadão/Broadcast o presidente da SSoil, Ricardo Moura Jr., também diretor da Refina Brasil, associação que reúne as refinarias privadas. eldquo;Eu queria ter um custo fixo baixíssimo, uma unidade com custo inicial de implantação muito baixo, para ter uma taxa de retorno mais rápida para os meus investidoreserdquo;, explicou. Desde o segundo semestre de 2022, a unidade luta para fechar as contas no azul. Os planos de dobrar a capacidade atual de processamento de 12,5 mil barris de petróleo por dia emdash; atingida no segundo semestre do ano passado emdash;, um investimento de R$ 270 milhões, foi colocado em modo de espera, apesar do processo de licenciamento ter sido iniciado. A ideia de construir mais duas unidades do Rio Grande do Norte e Espírito Santo, além de uma biorrefinaria para HVO (diesel verde) e SAF (combustível de aviação sustentável, na sigla em inglês), também entrou em banho-maria. A saída da Starboard Partners do capital da empresa, eldquo;por já prever o que estava por virerdquo;, segundo Moura, foi outro fator que afetou os planos dos dois sócios remanescentes, Moura, com origem no setor sucrooalcoleiro, e Rafael Rocha Miranda, ex-Raízen e sócio da Mercúria Trading. O lado positivo, afirmou Moura, é a agilidade que uma administração menos complexa permite, como a flexibilidade com fornecedores para aproveitar oportunidades do mercado. Ele conta ainda com a experiência dos chamados eldquo;cabeças brancas do setor de petróleoerdquo;, aposentados do setor, que integram sua equipe. eldquo;Eu tinha que ter uma comercialização onde eu trabalhasse no mercado spot (à vista), onde eu não fosse um garantidor de abastecimento, mas um segundo fornecedor, complementar, de nicho, de oportunidadeerdquo;, disse, informando que com essa estrutura é possível tomar decisões diariamente. Olho no agro A SSoil compra petróleo da Argentina, Bolívia, Argélia, Houston e da própria Petrobras. Recentemente, recebeu um navio da Petrobras com o petróleo da província de Urucu, na Amazônia, e parte do diesel que vem da Rússia. eldquo;Eu estou aqui na fronteira com Mato Grosso do Sul, na fronteira com o noroeste do Paraná, Triângulo Mineiro e Mato Grosso lá em cima. Então, nós estamos aí no grande crescimento da atividade agrícola. Produção de diesel, produção de produtos especiais como aguarrás para a indústria de tinta, gasolina, tudo isso você tem um consumo sempre crescente aqui na região, que é uma região de expansão agrícolaerdquo;, informou. Segundo Moura, a SSoil consegue ser competitiva, mas a margem de lucro desaparece quando a Petrobras começa a trabalhar com PPI muito abaixo do mercado internacional, como vem ocorrendo. O diesel da estatal ficou mais de um ano sem reajuste e mantém uma defasagem de cerca de 6%, apesar da alta do último dia 1º, o mesmo índice da gasolina, há 211 dias sem reajuste. Para ele, o governo tem que definir uma política para o setor de uma forma clara, e não eldquo;ficar ordenando a Petrobras a empurrar o PIBerdquo;, disse, em referência à declaração feita esta semana pela presidente da Petrobras, Magda Chambriard. Segundo Moura, se o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conseguir reduzir o preço do petróleo a US$ 45 o barril, como vem apregoando, a Petrobras não teria mais capacidade financeira de vender petróleo a esse preço, e isso poderia beneficiar o refino privado. Mas Moura ressaltou que não tem como apostar que o governante norte-americano vai conseguir êxito nessa redução. eldquo;O que a gente aposta é manter o nosso custo o mais baixo possível, sobreviver a essa agressão de mercado que a Petrobras está fazendo de operar constantemente a níveis muito abaixo do preço do mercado internacionalerdquo;, avaliou. Mas, se o preço cair, eldquo;a Petrobras não vai poder mais subsidiar preço aqui no mercado local e vai fazer exatamente o que aconteceu no final do governo Dilma (Rousseff) e no final do governo de (Michel) Temer. Ela vai operar acima do PPI (para recuperar margem), e não desejo isso. Eu gostaria que o mercado fosse baseado em um preço de mercadoerdquo;, concluiu.

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