Ano:
Mês:
article

Evolua, de Copersucar e Vibra, lucra após safra de problemas

A forte demanda por etanol hidratado (que compete com a gasolina) na safra passada (2024/25) e a melhora da curva de preços do biocombustível, que ficou mais previsível ao longo da temporada, permitiram à Evolua Etanol voltar a encerrar um ano com resultado no azul. A empresa, a maior trading do biocombustível no país, havia tido prejuízo na safra 2023/24, mas fechou o ciclo passado com lucro até acima do previsto. A companhia, uma joint venture entre Copersucar e Vibra, teve lucro líquido de R$ 187,8 milhões na safra 2024/25; no ciclo anterior, ela registrou perda de R$ 91,8 milhões. A empresa teve um retorno sobre o capital investido (ROIC) de 42% emdash; eldquo;um dos maiores do setorerdquo;, disse Pedro Paranhos, CEO da Evolua, à reportagem. Diferentemente do que ocorreu na safra 2023/24, quando as condições das plantações de cana foram melhorando mês a mês, o que fez com que os preços do etanol caíssem constantemente naquela temporada, em 2024/25, a perspectiva para a oferta ficou estável. Com isso, os preços tiveram um comportamento mais convencional, com valores menores na colheita de cana e maiores na entressafra. Isso garantiu o sucesso da estratégia de carrego do produto para os meses sem produção de etanol de cana-de-açúcar. Além disso, com uma oferta elevada, o etanol hidratado ficou mais competitivo em relação à gasolina ao longo de praticamente toda a safra, o que elevou consumo do biocombustível. O aumento do consumo em relação à temporada anterior foi de 18%. O faturamento gerencial (receita bruta) da joint venture cresceu 15%, para R$ 12 bilhões, e o volume de movimentação de etanol ficou estável, somando 9,6 bilhões de litros. Isso corresponde a uma participação de 25% no mercado nacional de etanol. Mais fornecedores Metade do volume ainda é das usinas associadas à Copersucar, mas a Evolua quer ampliar sua participação no mercado nacional. Para isso, a empresa começou na safra passada a buscar parcerias com usinas que não integram a cooperativa. Em fevereiro, fechou sua primeira e única parceira até agora, com a Usina Agro Serra, de São Raimundo das Mangabeiras (MA), que responde por 80% da oferta de etanol anidro do Maranhão. eldquo;Nosso principal pilar estratégico é avançar à medida que estabelecemos novas parcerias com outros produtoreserdquo;, disse Paranhos. Segundo ele, a Evolua tem hoje eldquo;várias conversas em andamento para ampliar sua base de suprimento com outros produtoreserdquo;. A trading quer priorizar usinas que atuam onde ela ainda tem presença limitada, como Centro-Oeste, Norte e Nordeste, e também plantas de etanol de milho. Em sua base da Copersucar, a empresa não tem unidades do gênero. Enquanto ainda não amplia sua base de fornecimento, a Evolua espera acompanhar o crescimento do mercado nesta safra 2025/26. A projeção de Paranhos é de que as vendas de combustível do ciclo Otto cresçam 2% neste ciclo emdash; na safra passada, o aumento foi de 2,6% emdash;, o que deve puxar o volume de comercialização de etanol, seja com mais vendas de anidro (aditivo da gasolina) ou de hidratado. E30 No mercado do biocombustível, acredita-se que, em julho, o governo oficializará o aumento da mistura de etanol anidro na gasolina, que passará de 27% para 30%. As perspectivas no início do ano eram de que a autorização ocorreria entre abril e maio, quando as distribuidoras fecham contrato de compra do anidro. Mas, ainda que tenha atrasado, o aumento da mistura já está eldquo;precificadoerdquo;, afirma o executivo. Paranhos avalia que a diminuição da produção de etanol hidratado vai abrir caminho para o aumento de produção de anidro que será necessário para atender a nova obrigação. Para ele, as usinas de cana não deixarão de produzir açúcar para elevar a oferta de etanol anidro, uma vez que o açúcar segue mais vantajoso do que o biocombustível. O executivo estima que a demanda total por etanol (anidro e hidratado) ficará perto de 35 bilhões de litros. O volume é similar ao da safra passada. Paranhos espera ainda manter a fatia da Evolua na exportação de etanol, que foi de 17% na safra passada.

article

Etanol: hidratado ritmo de negócios caiu 46%

Na última semana, a quantidade de etanol hidratado negociada e captada pelo Cepea caiu 46% em relação ao período anterior. Segundo o Centro de Pesquisas, a postura de demandantes foi de cautela. Entre os compradores ativos, o avanço da moagem de cana e o consequente aumento da oferta levaram esses agentes a tentar fechar negócios a preços menores endash; com algum sucesso. Do lado da usina, pesquisadores do Cepea explicam que algumas unidades cederam e ofertaram o etanol a valores mais baixos. Assim, entre 19 e 23 de maio, o Indicador CEPEA/ESALQ do hidratado fechou em R$ 2,6860/litro (líquido de ICMS e PIS/Cofins), recuo de 0,81% sobre o da semana anterior. Para o anidro, o Indicador CEPEA/ESALQ caiu 0,79% em igual comparativo, a R$ 3,1067/litro, valor líquido de impostos (sem PIS/Cofins). Por outro lado, na semana anterior (de 12 a 16 de maio), o volume de etanol hidratado negociado pelas usinas de São Paulo cresceu 12,3% em relação à semana anterior, atingindo o maior nível desde o final de janeiro. Levantamentos do Cepea apontam que compradores de pequeno, médio e grande porte estiveram ativos no mercado spot, fechando negócios diariamente, com o objetivo de abastecer bases paulistas e também de outros estados, especialmente após o feriado de Dia das Mães. Do lado da usina, o Cepea observou que alguns lotes ainda foram vendidos a preços inferiores à maioria dos negócios, enquanto outros vendedores estavam mais firmes nas pedidas, atentos aos estoques baixos de etanol e à menor pressão sobre os preços da gasolina. Nesse período, o Indicador CEPEA/ESALQ do etanol hidratado fechou em R$ 2,7080/litro (líquido de ICMS e PIS/Cofins), registrando uma queda de 0,57% sobre a semana anterior. Para o anidro, o Indicador CEPEA/ESALQ foi de R$ 3,1314/litro, valor líquido de impostos (sem PIS/Cofins), apresentando uma ligeira elevação de 0,27%.

article

Distribuidoras ampliam lucro e combustíveis disparam em Mato Grosso do Sul

Mesmo com poucos reajustes nas refinarias no último ano, os combustíveis ficaram mais caros para os consumidores em Mato Grosso do Sul. Levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP) mostra que, entre maio de 2023 e maio de 2024, o litro da gasolina subiu R$ 0,36, o diesel comum, R$ 0,24, e o etanol, R$ 0,29. A principal justificativa para a alta é o aumento da margem de lucro das distribuidoras e a elevação do ICMS sobre os combustíveis em fevereiro. Segundo a ANP, o litro da gasolina passou de R$ 5,69 para R$ 6,05 no período de um ano emdash; alta de 6,32%. O diesel comum subiu de R$ 5,89 para R$ 6,13, enquanto o diesel S10 passou de R$ 5,96 para R$ 6,11. No mesmo intervalo, o etanol foi de R$ 3,69 para R$ 3,98, aumento de 7,43%. A Petrobras reajustou o valor da gasolina apenas uma vez no período e reduziu o preço do diesel em R$ 0,45 por litro, mas os consumidores não sentiram esse alívio nas bombas. O economista Eduardo Matos afirma que o aumento de preços está ligado à concentração de mercado entre as distribuidoras. eldquo;Houve redução da competição após a desestatização da BR Distribuidora, e isso abriu espaço para maior margem de lucro. É um caso clássico de oligopólio, em que poucos agentes controlam os preçoserdquo;, explicou. Segundo ele, mesmo com a inflação acumulada de 9,46% em dois anos, os combustíveis subiram mais do que isso. A Petrobras também reconheceu a discrepância entre o preço praticado nas refinarias e o valor cobrado nos postos. eldquo;Reduzimos R$ 0,45 no litro do diesel, mas esse valor não está sendo percebido pelo consumidor finalerdquo;, afirmou Claudio Romeo Schlosser, diretor de Logística e Comercialização da estatal. Ele explicou que a Petrobras não tem controle sobre os repasses feitos por distribuidoras e revendedores. Completando dois anos, a política de preços da Petrobras deixou de seguir rigidamente o mercado internacional. Ainda assim, segundo o economista Eugênio Pavão, os preços seguem próximos à paridade internacional. eldquo;A empresa busca equilibrar lucro e preço, mas o consumidor ainda paga mais do que o esperadoerdquo;, destacou. Em dois anos, a gasolina subiu 16,73%, enquanto o preço internacional do petróleo caiu 21,7%.

article

Petrobras considera potencial emissão de até R$ 3 bilhões em debêntures incentivadas

A Petrobras informou na última segunda-feira (27) que está considerando uma "potencial emissão de debêntures incentivadas" de até R$ 3 bilhões, de acordo com fato relevante ao mercado. "A emissão ainda está em discussão e está sujeita, nos termos e nas hipóteses do Estatuto da Companhia, às aprovações internas competentes", acrescentou a estatal. No mesmo dia, a presidente da empresa, Magda Chambriard, afirmou que avalia que os preços dos combustíveis a distribuidoras no Brasil estão abaixo da paridade de importação e podem cair mais, dependendo da cotação do petróleo. Ela observou que os preços da Petrobras estão em patamares "confortáveis" neste momento e que a empresa avalia o mercado a cada 15 dias. (Com Reuters)

article

Royalties: valores referentes à produção de março foram distribuídos hoje a estados e municípios

Foram concluídas hoje (27/5) todas as etapas da operacionalização da distribuição de royalties pela ANP, relativos à produção de março de 2025, para os contratos de partilha de produção. O valor de partilha repassado diretamente aos estados foi de R$ 590.979.888,44, enquanto os municípios receberam R$ 781.651.446,87. Em termos de número de beneficiários, os repasses foram feitos a 537 municípios e 2 estados. Com isso, nessa data, encerram-se os repasses totais diretamente aos entes beneficiários referentes aos contratos tanto de partilha de produção, quanto de concessão e cessão onerosa (ocorrido no dia 22/05), relativos à produção de março de 2025. O montante total de royalties da produção de março de 2025 dos regimes de concessão, cessão onerosa e partilha destinados aos municípios, estados e União foi de R$ 5,44 bilhões. Os valores detalhados de royalties por beneficiário, incluindo os dados históricos, estão disponíveis na página Royalties. Os dados relativos ao mês corrente estão sendo consolidados e serão publicados em breve na mesma página. A atribuição da ANP na distribuição de royalties A ANP é responsável por calcular, apurar e distribuir os royalties aos entes beneficiários (União, Estados e Municípios). Os royalties são distribuídos aos beneficiários segundo diversos critérios estabelecidos na Lei nº 7.990/1989 e Decreto nº 1/1991 (distribuição da parcela de 5% dos Royalties), e Lei nº 9.478/1997 e Decreto nº 2.705/1998 (distribuição da parcela acima de 5% dos Royalties). A Agência preza pela ampla transparência quanto aos recursos distribuídos aos entes beneficiários, bem como pela execução criteriosa das etapas operacionais intrínsecas à complexa atividade de distribuição de royalties, em âmbito nacional, à União, estados e municípios, conforme competências estabelecidas na legislação vigente. Não há data estabelecida para o pagamento dos valores referentes aos royalties, de acordo com a legislação aplicável. Apesar disso, a ANP está empenhada em fazer que as receitas decorrentes dos royalties cheguem aos beneficiários no menor tempo possível. Os valores e datas dos depósitos, bem como respectivos beneficiários, podem ser consultados no sítio eletrônico do Banco do Brasil. Para Royalties, no campo Fundo, selecione eldquo;ANP endash; ROYALTIES DA ANPerdquo;.

article

Os desafios para colocar de pé o mandato do biometano em 2026

Em paralelo à regulamentação do mandato do biometano, cuja minuta de decreto (na íntegra) acaba de passar por consulta pública, o Ministério de Minas e Energia (MME) decidiu antecipar os trabalhos de Análise de Impacto Regulatório (AIR) do programa de incentivo ao biocombustível. A janela para colocar de pé o mandato em 2026, conforme prevê a lei do Combustível do Futuro, será apertada e o governo quer dar celeridade. O próprio decreto, aliás, está sendo desenhado para simplificar as complexidades inerentes ao programa e viabilizar a implementação da política pública a tempo, sinalizou na quarta (21/5) o secretário de Petróleo, Gás e Biocombustíveis do MME, Pietro Mendes. Para além da regulamentação endash; e da fixação do mandato pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) endash; caberá à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) uma agenda importante. Os desafios não são pequenos. As metas de descarbonização, que, ao fim, incentivarão o mercado de biometano, deverão considerar os efeitos sobre a competitividade do gás natural e serem calibradas com base na disponibilidade do biocombustível. O dimensionamento dessa oferta é um ponto controverso no mercado e deverá dialogar, por fim, com o novo Plano Nacional Integrado das Infraestruturas de Gás Natural e Biometano endash; que está no forno. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) encerra no próximo dia 31 de maio a chamada pública que visa identificar o potencial de oferta e demanda de gás e biometano e trabalha para publicar a primeira edição do planejamento no segundo semestre e subsidiar, assim, o CNPE na definição do mandato. Nesse contexto, agentes como o IBP, que representa os produtores de gás (a parte obrigada a cumprir o mandato) e a Abrace (grandes consumidores de energia), pedem um regime transitório para implementação do programa endash; com metas mais baixas e flexibilização das penalidades. A seguir, a gas week apresenta os próximos passos da regulamentação do programa de incentivo ao biometano e os desafios por trás deles. O papel (ou papéis) da ANP O superintende adjunto de Biocombustíveis e de Qualidade de Produtos da ANP, Fábio Vinhado, afirmou que a agência pretende trabalhar em duas resoluções este ano, para complementar a regulamentação: uma com os desdobramentos das metas de descarbonização definidas pelo CNPE: a ANP terá o papel de disciplinar a alocação das obrigações entre os agentes, com base na proporção da participação de mercado das empresas no gás natural; e uma sobre as certificações: a ANP regulamentará os procedimentos para credenciamento do agente responsável pela certificação do produtor de biometano, para emissão dos certificados de origem (os CGOBs); Segundo Vinhado, em princípio, a agência pensou em reunir nessa mesma resolução as questões de verificação de lastro para emissão dos CGOBs. eldquo;Até para diminuir o custo regulatório, ganhar prazoerdquo;, disse, durante a audiência pública do decreto, na quarta. Tudo isso deverá ser incorporado à nova agenda regulatória 2025/2026 da ANP, que promete vir mais enxuta, buscando um cronograma mais factível e alinhado à realidade operacional da agência, ante o ceticismo geral com a capacidade de entrega do regulador. O decreto atribui à agência mais um papel no desenho dessa política: a ANP poderá lançar chamadas públicas para contratação da molécula, com CGOBs associados, para atender às metas de aquisição dos agentes obrigados endash; e ofertar créditos retidos. Em que pé estamos Para que o CNPE chegue à definição da meta, em si, ainda há um caminho a ser percorrido. Concluída a consulta pública da minuta do decreto, o MME vai analisar as mais de 800 contribuições recebidas (de 60 agentes) para fechar a regulamentação, que seguirá então para a Casa Civil. Há também, nessa estrada, uma fase de avaliação do mercado endash; momento de alinhamento das perspectivas de oferta, com base na interação com o setor privado, os estudos da EPE e o resultado da chamada da Petrobras para aquisição de biometano. Etapa crucial para calibrar o mandato. A intenção do MME, segundo Pietro Mendes, é definir uma meta global indicativa para até cinco anos, para dar mais previsibilidade ao mercado. A primeira meta, a princípio, precisa ser definida até 1º de novembro. A AIR com a meta ainda passará por consulta pública (30 dias) antes de ir ao CNPE.Relembre: o mandato do biometano (saiba os principais pontos da lei), não é volumétrico endash; como ocorre, por exemplo, com a adição obrigatória do biodiesel no diesel. É uma meta de descarbonização ou seja, o CNPE ainda terá de definir uma meta volumétrica anual com base na equivalência entre o biometano e a emissão de carbono. A meta inicial, prevista em lei, é de 1% de descarbonização a partir de 2026. a lei diz que a meta pode ser atingida pela compra e uso de molécula de biometano ou aquisição dos CGOBs. O MME propõe que o CGOB seja único instrumento de comprovação das metas. E tem biometano no mercado? Um dos principais pontos de debate no mercado é sobre a real disponibilidade de biometano endash; afinal, a definição do mandato partirá desse diagnóstico. Uma meta de descarbonização de 1% implica numa meta volumétrica de 686 mil a 961 mil m³/dia de biometano. Depende das premissas adotadas (intensidade de carbono e Poder Calorífico Inferior do gás natural), estima um estudo recém-publicado pelo presidente da Associação Internacional de Economia da Energia (IAEE), Edmar Almeida, com os consultores da Prysma Eeamp;T, Felipe Freitas e Gustavo Soares (leia na íntegra) De acordo com dados da ANP, existem 12 plantas construídas e autorizadas a comercializar biometano no país. Elas somam uma capacidade instalada de 747 mil m³/dia endash; embora a produção nacional, efetiva, tenha sido de cerca de 226 mil m³/dia em 2024. A previsão, com base nos pedidos de autorização em análise na agência, é que essa capacidade atinja 1,5 milhão de m³/dia no primeiro semestre de 2026 e 1,96 milhão de m³/dia no primeiro semestre de 2027. Os números da ANP, porém, não traduzem a real capacidade instalada. Desconsideram, por exemplo, o biometano produzido hoje para autoconsumo. O Centro Internacional de Energias Renováveis e Biogás (CIBiogás) pretende publicar nos próximos dias a atualização desses números. O último relatório (na íntegra, em .pdf) apontava em 2023, por exemplo, a existência de 23 plantas em operação, mas não comerciais. Existe uma percepção no mercado, hoje, de que uma parte do mandato do biometano será atingido, nos primeiros anos, por essas unidades de autoconsumo endash; que, pelos termos do decreto, poderão emitir e vender CGOBs. Produtores que direcionam o biogás para geração elétrica também poderão ser incentivados, com o mandato, a destinar o gás renovável para produção de biometano (e comercializar CGOBs). Segundo o Cibiogás, em 2023 cerca de 1,2 mil plantas de biogás usavam o biogás para geração de energia elétrica. Capacidade não é disponibilidade Entre os produtores de biometano, o discurso é de que o mandato ajudará a dar tração ao mercado e atrair investimentos e que A Abiogás, que representa a indústria de biogás e biometano e uma das articuladoras da inclusão do mandato no Combustível do Futuro, estima que, até 2032, o mercado brasileiro terá pelo menos 200 plantas endash; com uma capacidade de produção de quase 8 milhões de m³/dia. O diretor de Engenharia e Implantação da Orizon VR, Jorge Elias, citou que existe uma rampa de crescimento esperada já a curto prazo. Só a empresa, segundo ele, espera colocar este ano mais duas plantas em operação (em Paulínia/SP, com a Edge, e em Jaboatão dos Guararapes/PE) e que adicionarão uma capacidade de produção total de 300 mil m³/dia. eldquo;Aqueles que têm a necessidade, ou que têm intenção de compra, tenham a certeza que é um mercado que está crescente. É um mercado que tem muito a ser desenvolvido, mas haverá entrega, haverá o produto, haverá capacidade produtivaerdquo;, disse. Não é um consenso. Há uma visão geral, entre investidores, de que não faltam projetos para que o mandato de até 10% previsto na lei seja alcançado na próxima década. Mas que o cenário macroeconômico, de taxas de juros elevadas, por exemplo, impõe seus desafios. Entidades como o IBP e Abrace, que se opuseram ao mandato, porém, têm manifestado a preocupação quanto à real disponibilidade do gás renovável e de certificados no mercado, sobretudo, no primeiro ano. eldquo;Temos no biometano uma escala pequena, uma dispersão geográfica, uma logística mais complicada. Estamos preocupados com o timing da ofertaerdquo; eldquo;Porque tem muito potencial, nós sabemos disso, mas potencial não é capacidade produtiva. E capacidade produtiva não é produçãoerdquo;, disse a diretora de gás natural do IBP, Sylvie Dersquo;Apote, na audiência pública. Como tratar o mercado voluntário Um ponto a ser pacificado na definição das primeiras metas será como tratar o mercado voluntário existente de biometano endash; isto é, aquele fruto de negociações bilaterais entre agentes, por fora do mandato. o decreto diz que a estimativa de CGOBs aposentados pelos agentes do mercado voluntário será descontada da meta de descarbonização. A proposta do MME gerou críticas por parte dos consumidores industriais, potenciais compradores de CGOBs. A Abrace entende que há riscos de que o mercado voluntário existente não seja devidamente reconhecido. E, ao cabo, isso pode distorcer a fixação do mandato. O diretor de gás natural da Abrace, Adrianno Lorenzon, pondera que existe um desafio posto de como mensurar esse mercado voluntário existente. Ele cita que já há um volume de biometano comercializado, sobretudo fora da rede de gasodutos, por caminhões e sem a emissão de certificados, necessariamente. E que, da forma como está sendo proposta a regulamentação, esse volume não vai ser contabilizado. eldquo;Por isso a gente tem que ser muito cauteloso, principalmente nesse início de obrigação. Talvez estabelecer um período transitório de teste para que a gente não dê um passo maior do que a pernaerdquo;, comentou Lorenzon na audiência. A Abrace defende que a ANP, como órgão que autoriza a operação das plantas de biometano e tem acesso aos contratos de comercialização, deveria assumir o papel de mapear os volumes movimentados hoje no mercado voluntário, para fins de abatimento da meta endash; desvinculando essa contabilização dos CGOBs emitidos e declarados, como propõe o MME. O assunto também reverberou no setor sucroalcooleiro, representado pela Unica. Os usineiros são a favor do mandato e do modelo mais simplificado desenhado pelo MME. Mas o diretor de Inteligência Setorial da entidade, Luciano Rodrigues, ponderou que existe, na proposta, um risco de desestímulo à participação de agentes não obrigados na compra dos certificados. eldquo;O entendimento de quem está no mercado voluntário é de que, se estou comprando o CGOB, estou tirando esse custo de alguém que já teria que descarbonizar. Então não estou tendo uma descarbonização adicionalerdquo;. O debate envolve o princípio da adicionalidade. No mercado de carbono, os projetos, para gerar créditos, devem garantir uma redução adicional de emissões endash; algo que não teria ocorrido de forma natural ou por outros meios. Pietro Mendes justificou o desenho do modelo de funcionamento do mandato: a adoção do CGOB como único instrumento para comprovar a meta de descarbonização do novo programa de incentivo ao biometano e a obrigação de o produtor de gás aposentar o certificado para cumprir suas metas. Segundo o secretário, a ideia do modelo proposto é mitigar a complexidade do novo mandato e a preocupação com a dupla contagem endash; isto é, o risco da descarbonização ser computada mais de uma vez pela mesma molécula. Ainda segundo Pietro, o modelo adotado evita concentrar a comercialização dos certificados no produtor de gás (elo concentrado, por sua vez, na Petrobras). eldquo;Porque em alguma medida acabaríamos forçando a passar tudo pelo produtor de gás natural e limitaremos as comercializações diretas [o mercado voluntário]erdquo;, comentou. O modelo de comprovação da meta somente via CGOB, portanto, foi o caminho encontrado para assegurar o início do mandato já em 2026, segundo ele, sem maiores complexidades na gestão desses fluxos do certificado.

Como posso te ajudar?