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Vendas do varejo sobem 0,5% em fevereiro e alcançam patamar recorde

O comércio varejista brasileiro engatou uma trajetória positiva neste início de 2025, após um período de festas de fim de ano de pouco fôlego. O volume vendido cresceu 0,5% em fevereiro ante janeiro, após já ter aumentado 0,2% no mês imediatamente anterior. As vendas subiram assim a novo patamar recorde em fevereiro deste ano, resultado 0,3% superior ao ápice anterior, registrado em outubro de 2024. Os dados são Pesquisa Mensal do Comércio, divulgados nesta quarta-feira, 9, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). eldquo;O varejo volta a ter crescimento tímido, muito próximo da estabilidade, mas que renova patamar recorde da sérieerdquo;, frisou Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE. Quatro das oito atividades que integram o comércio varejista registraram crescimento nas vendas em fevereiro ante janeiro: supermercados (1,1%), móveis e eletrodomésticos (0,9%), artigos farmacêuticos e de perfumaria (0,3%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,1%). Segundo Santos, a alta nas vendas dos supermercados foi o que impulsionou o desempenho positivo do varejo em fevereiro. eldquo;Esse protagonismo de hipermercados e supermercados é que faz com esse indicador fique mais no campo positivoerdquo;, disse ele. O pesquisador lembra que houve uma aceleração na inflação oficial no País na passagem de janeiro para fevereiro, mas que os preços da alimentação no domicílio registraram movimento contrário, com arrefecimento no ritmo de altas, beneficiando assim o segmento de supermercados. Além disso, ele acrescentou que o mercado de trabalho também vem mostrando sinais de perda de fôlego, com queda no número de ocupados e estabilidade na massa de salários, o que contribuiria para o redirecionamento da renda familiar à aquisição de bens essenciais. eldquo;Isso também explica essa tendência de voltar ao consumo de produtos mais básicoserdquo;, sugeriu Santos. A taxa de desemprego permanece em patamar historicamente baixo, enquanto a criação de vagas formais segue acima da média histórica, lembrou Rafael Perez, economista da Suno Research, em comentário. eldquo;Esse cenário favorece setores mais dependentes da renda e do consumo das famílias e deve continuar beneficiando o varejo nos próximos meseserdquo;, estimou Perez, em comentário. Em fevereiro, as atividades varejistas com retração nas vendas foram livros e papelaria (-7,8%), equipamentos de informática e comunicação (-4,2%), vestuário e calçados (-0,1%) e combustíveis (-0,1%). No comércio varejista ampliado - que inclui as atividades de veículos, material de construção e atacado alimentício - houve queda de 0,4% em fevereiro ante janeiro. O segmento de veículos registrou retração de 2,6%, e material de construção subiu 1,1%. O ramo de atacado alimentício não teve as informações divulgadas, por ter uma série histórica ainda curta para a metodologia de dessazonalização. O varejo ampliado operava em fevereiro em patamar 1,3% aquém do recorde na série histórica, alcançado em outubro de 2024. O resultado da pesquisa reforça o cenário de desaceleração gradual do consumo das famílias, avaliou o economista Rodolfo Margato, da gestora de recursos XP Investimentos. eldquo;O ritmo de crescimento da maioria das atividades do varejo é inferior ao observado em grande parte de 2024. No entanto, os sinais são predominantemente positivos, o que respalda o crescimento do PIB ainda em um bom ritmo, a 2,3% no anoerdquo;, previu Margato. Revisões em dados anteriores Uma correção nos dados fornecidos por um grande informante do setor de artigos farmacêuticos na Pesquisa Mensal de Comércio levou a uma revisão na série histórica da pesquisa retroativa a fevereiro de 2024. Os novos dados mudaram o desempenho tanto do comércio varejista quanto do comércio varejista ampliado no fechamento do ano de 2024, explicou Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE. eldquo;Essa correção afeta a série desde fevereiro de 2024erdquo;, reforçou Santos. eldquo;Puxou para baixo, mas não houve nenhum tipo de mudança de interpretação (sobre o desempenho do varejo como um todo)erdquo;, esclareceu. Com a entrada dos novos dados do informante, o volume vendido pela atividade farmacêutica no acumulado do ano de 2024 passou de uma alta de 14,2% para um aumento de 7,4%. Como consequência, o desempenho do varejo restrito no ano saiu de uma elevação de 4,7% para 4,1%, e o do varejo ampliado, de elevação de 4,1% para 3,7%. eldquo;Foi uma revisão extraordinária de dados, decorrente de dados corrigidos encaminhados diretamente para a pesquisa, dentro da atividade de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, recebidos em marçoerdquo;, disse Santos. eldquo;Foi um informante só.erdquo; Além da revisão pontual de dados do informante em questão, o IBGE também conduziu na PMC referente a fevereiro a atualização dos modelos e dos fatores de ajuste sazonal. eldquo;É um procedimento de rotina da pesquisa, é procedimento que é feito a cada dois anoserdquo;, lembrou Santos. Segundo ele, o procedimento é feito com transparência e eldquo;muitas das vezes praticamente não altera os dados ajustadoserdquo;. Na série com ajuste sazonal, o IBGE revisou o resultado das vendas no varejo em janeiro de 2025 ante dezembro de 2024, de uma queda de 0,1% para uma elevação de 0,2%. No varejo ampliado, a taxa de janeiro ante dezembro foi revista de um aumento de 2,3% para alta de 2,7%.

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Queda no preço do petróleo 'assusta', mas não afeta projetos da Petrobras: 'Na pandemia foi pior'

A diretora de Produção e Exploração da Petrobras, Sylvia dos Anjos, disse nesta quarta-feira, 9, que a queda da cotação internacional do petróleo do tipo Brent eldquo;assustaerdquo; a indústria, mas garantiu que os projetos da Petrobras são resilientes até um preço de US$ 28 por barril, valor bem inferior ao nível atual. Em uma semana, o preço do Brent despencou da casa dos US$ 75 por barril para a casa dos US$ 60, na esteira das tarifas do governo Donald Trump nos Estados Unidos. eldquo;Vemos o Brent caindo e isso assusta. Mas todos os nossos projetos são resilientes a um Brent a US$ 28 por barril. Temos projetos resilientes para passar por altos e baixos. E quem é da indústria sabe que crises não são exceções, crise é regra, e temos momentos de calmaria entre elas. Não é para quem tem coração fracoerdquo;, disse Anjos. A executiva reiterou que todas as carteiras de projetos da Petrobras são eldquo;resilienteserdquo; aos preços atuais e a eldquo;todas as questõeserdquo; da conjuntura. eldquo;Tudo é de longo prazo. Aprovamos os projetos resilientes, projetos que vão ser instalados daqui a dois, três, quatro, cinco anoserdquo;, disse após participar do Fórum Brasileiro de Líderes de Energia Óleo e Gás, na Fundação Getúlio Vargas. eldquo;Eu sou otimista, mas se você olhar, depois do que passamos em 2020 (pandemia de covid-19), isso aqui é brincadeiraerdquo;, avaliou a executiva, referindo-se à queda do preço do petróleo devido à guerra comercial. Questionada sobre uma possível redução do preço dos combustíveis pela estatal, como vem pleiteando o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a executiva evitou comentar, por não ser decisão da sua área. Ela destacou, porém, que o aumento da produção de gás natural, outra demanda do governo, está sendo cumprida. Silveira estava previsto para o evento, mas ficou em Brasília de eldquo;stand byerdquo; para uma possível reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, informaram os organizadores do encontro. Reposição de reservas A diretora da Petrobras voltou a dizer que a companhia tem de repor reservas de óleo e gás, indo à Margem Equatorial, no Norte do País, para repetir o movimento que fez no Sudeste ao descobrir o pré-sal, que na prática repôs os ativos decadentes da Bacia de Campos, cujo auge foi em 2009. eldquo;Hoje esse é o nosso desafio: manter essa produção crescente, e ter reposição de reserva. Se não, perdemos a garantia de segurança energética que o País precisa. Na década de 1970, houve falta de combustíveis. Sábado e domingo não tinha combustível nas bombas. De 2006 para cá, somos autossuficientes e não podemos deixar de sererdquo;, disse. eldquo;Precisamos de fronteiras exploratórias novas e, nesse sentido, é fundamental a Margem Equatorial Brasileiraerdquo;, continuou, defendendo a operação da estatal na região, que aguarda licença ambiental do Ibama. Anjos lembrou que a região de interesse da Petrobras no momento, no litoral do Amapá, tem alto fluxo de navios cargueiros e que a Margem Equatorial como um todo já teve mais de 600 poços perfurados em águas rasas sem implicações ambientais. eldquo;O modelo que queremos testar na Margem Equatorial é o de águas profundas e ultraprofundas, e temos garantias que não vai ter nenhum problema ambientalerdquo;, disse.

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Os próximos passos do biometano no Combustível do Futuro

Sancionada em outubro de 2024, a lei do Combustível do Futuro inaugura no Brasil um mercado cativo para o biometano, a partir de um mandato de redução de emissões que deve entrar em vigor já em 1º de janeiro de 2026. O mandato pode ser cumprido tanto com a utilização da molécula quanto com a compra de certificados de rastreabilidade que também estão sendo criados a partir do marco legal, os CGOB (Certificado de Garantia de Origem de Biometano). Há, no entanto, um longo caminho regulatório a ser percorrido para colocar esse mandato de pé. E o prazo é curto. eldquo;Temos um mandato a cumprir e a regulamentação para que tudo esteja operando a partir de 2026. É um desafio gigantesco. A gente não quer ser mais um elemento complicador do mercado de gás natural. O mandato para o biometano não pode ser algo que vá atrapalhar esse mercado e onerar o consumidorerdquo;, comenta Marlon Arraes, diretor do Departamento de Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME). Segundo Arraes, a visão da pasta é que o biometano deve ser uma solução para o mercado de gás, atraindo novos consumidores para a molécula que carrega o atributo da descarbonização. Ele participou, na terça (8/4) de uma mesa redonda promovida pela gas week com representantes da ANP, Petrobras e Marquise Ambiental sobre a agenda regulatória pós-Combustível do Futuro. Oferta para atender a demanda obrigatória, cálculo da meta e do atributo ambiental, além da harmonização do CGOB com outros certificados existentes são algumas questões que ainda precisam de uma resposta endash; antes de 1º de janeiro. No final de 2024, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) instituiu o Comitê Técnico Permanente do Combustível do Futuro, que terá um subcomitê dedicado ao tema. Arraes conta que a reunião inaugural deve ocorrer ainda em abril. Além de um decreto regulamentador, o colegiado deve orientar atos infralegais como resoluções da ANP, para regulamentar o CGOB e a fiscalização do mandato. Revisão de resoluções eldquo;O biometano não é uma novidade na vida da ANP. Já temos resoluções como a que regula o exercício da atividade e duas que já trazem a especificação sobre o biometanoerdquo;, observa Fernando Moura, diretor da ANP. Ele citou também a autorização especial concedida à GNR Fortaleza em 2024 para injeção de biometano na rede da Cegás como uma experiência que se alinha às discussões sobre os próximos passos para introdução do biocombustível na matriz. A organização dos trabalhos na ANP é semelhante à do MME: um grupo de trabalho formado em 2024 pela Superintendência de Biocombustíveis e Qualidade de Produtos está analisando se será preciso rever as resoluções existentes, especialmente em termos de especificação. Além, claro, de como será feita a certificação do CGOB. eldquo;Já temos achados importantes e temos feito também um esforço com o mercado para entender o que cada um tem a contribuir. É importantíssimo que a ANP ouça e consiga internalizar, na medida do possível, essas expectativas para que a gente consiga sair com um modelo mais equilibrado possívelerdquo;, afirma. Cuidado com a dupla contagem Talvez uma das questões mais sensíveis neste novo mercado, a harmonização do mandato de biometano e a emissão dos CGOBs com o RenovaBio e os créditos de descarbonização (CBIOs) ainda deve render muito debate. eldquo;A gente tem um limite legal que é o da não dupla contagem. Não pode ter nada que dê margem a uma dupla contagem do atributo ambientalerdquo;, destaca Arraes. Ele explica que o CGOB é um dos instrumentos para cumprir a lei, e a intenção é permitir transações do título no mercado, de forma transparente e com liquidez. Para isso, irá buscar referências no Renovabio. Petrobras testa o mercado Em janeiro deste ano, a Petrobras lançou seu primeiro edital de compra de biometano, o que pode ajudar a responder a uma outra pergunta: vai ter oferta? A chamada recebeu propostas até 31 de março e a expectativa é chegar ao final do ano com contratos assinados para cumprir o mandato que será estabelecido pelo CNPE. eldquo;A gente já vinha olhando o biometano há bastante tempo com duas frentes. Uma frente seria a descarbonização das nossas operações, com uma entrega eventualmente em alguma das nossas unidades, isso está na nossa chamada de propostas, como uma possibilidadeerdquo;, conta Gabriela Damasceno, gerente Gestão de Contratos e Orçamentação da Petrobras. eldquo;A outra frente seria o biometano para compor o nosso portfólio de ofertas. A gente opera com as ofertas nacionais, importação por gasoduto, importação de GNL. O biometano entraria para reduzir a pegada de carbono do nosso portfólio e também atender as necessidades dos clientes, mas sempre com a visão da competitividadeerdquo;. Gabriela afirma que a petroleira já vinha estudando o mercado e mapeando possibilidades de prazos, volume e condições comerciais. Mas a chegada da lei trouxe um novo sentido de urgência. eldquo;Com a lei, efetivamente, com o estabelecimento desse prazo, que concordamos é um prazo curto, desafiador, entendemos que era preciso dar um passo adicional. O passo adicional foi a chamada de propostaserdquo;.Atenção à demanda e ao mercado livre. Para Hugo Nery, presidente da Marquise Ambiental, que opera a usina de biometano GNR Fortaleza, é preciso também entender a demanda para desenhar os investimentos. eldquo;Há toda uma dificuldade no Brasil para que se possa entregar o gás de petróleo a um preço competitivo onde precisa. Seja de caminhão, seja de tubulação, é um desafio porque toda a nossa estrutura de distribuição, diferente da Europa, não é baseada em gás, é baseada em granéis líquidoserdquo;. Com a expansão do mercado de biometano, mais pulverizado que o de gás natural, essa infraestrutura precisará de nova escala, o que significa altos investimentos. Na visão do executivo, se a decisão do país é pela descarbonização, será preciso encontrar soluções criativas para escalar a distribuição de gás de forma competitiva. eldquo;É importante conhecer a demanda para saber o quanto vale o investimento em tubulação ou em caminhão para que a gente possa fazer uma distribuição adequadaerdquo;. Ele aponta que há um grande potencial em aterros sanitários pelo Brasil ainda pouco explorado e que precisa de decisões políticas para viabilizar projetos. eldquo;Eu enxergo a necessidade da gente ter, por exemplo, uma parceria forte com o Ministério da Indústria e Comércio. O mercado livre tem que ser pensado sob a ótica de uma política de Estado no sentido de onde é que estão os pólos de desenvolvimento? Nesses polos de desenvolvimento, tem possibilidade de oferta de biogás? Essa oferta pode ser montada dentro do processo regulatório e de classificação adequada para aquele cliente?erdquo;, questiona.

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Petróleo sobe 4% após Trump declarar pausa em tarifas e elevar taxa à China

Os preços do petróleo fecharam com alta de mais de 4% nesta quarta-feira, recuperando-se das mínimas de quatro anos registradas no início da sessão, depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que aumentaria ainda mais as tarifas sobre a China, mas faria uma pausa nos aumentos de tarifas que anunciou na semana passada para a maioria dos outros países. Trump autorizou uma pausa de 90 dias como parte de seu plano tarifário, mas também aumentou a taxa tarifária para a China para 125%, com vigência imediata. A tarifa de 104% sobre a China, anunciada anteriormente, havia entrado em vigor mais cedo nesta quarta-feira. Os contratos futuros do Brent LCOc1 fecharam com alta de US$ 2,66, ou 4,23%, a US$ 65,48 por barril. Os contratos futuros do petróleo West Texas Intermediate dos EUA (WTI) fecharam em alta de US$2,77, ou 4,65%, a US$62,35. eldquo;Chegamos a um ponto de inflexão no conflito comercial, com Trump dando aos países que demonstraram desejo de trabalhar em um acordo para se livrar das tarifas algum tempo para resolvê-loerdquo;, disse Phil Flynn, analista sênior do Price Futures Group. eldquo;O que Trump está fazendo é colocar a China em uma ilha econômica sozinhaerdquo;, disse Flynn. A China anunciou tarifas adicionais sobre os produtos americanos, impondo tarifas de 84% sobre os produtos americanos a partir de quinta-feira, em retaliação à política tarifária do presidente Donald Trump. No entanto, a escalada da guerra comercial entre a China e os EUA continuou a pressionar os preços do petróleo. O conflito comercial está alimentando os temores de uma recessão global, disse o analista do UBS Giovanni Staunovo. eldquo;Embora a demanda de petróleo provavelmente ainda não tenha sido afetada, as crescentes preocupações com uma demanda de petróleo mais fraca nos próximos meses exigem preços mais baixos para desencadear ajustes na oferta e evitar um mercado com excesso de ofertaerdquo;, acrescentou Staunovo. (Reuters)

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Defasagem do preço da gasolina está em 5%, diz Abicom; diesel fica em 4%

A defasagem dos combustíveis permanece em alta. Segundo dados do boletim de hoje divulgado pela Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem da gasolina está em 5%, enquanto a defasagem média do óleo diesel ficou em 4%. Segundo a associação, os preços de referência da gasolina e do óleo diesel apresentaram uma pequena desvalorização no mercado internacional no fechamento desta terça-feira, 8. Em relação aos preços, o preço de paridade de importação (PPI) do óleo diesel acumula redução de 0,33 reais por litro, enquanto o PPI da gasolina tipo A acumula redução de 0,55 reais por litro desde o último reajuste nos preços da Petrobras. Clique aqui para continuar a leitura.

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Governo brasileiro vê risco de recessão global e possível alívio na inflação, com queda do petróleo

A escalada da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China preocupa a equipe econômica do governo Luiz Inácio Lula da Silva diante de um tombo praticamente contratado na economia mundial e da possibilidade de que um eventual acordo entre os dois países afete o Brasil. Por outro lado, há um cálculo sobre o alívio na inflação causado pela queda no preço dos combustíveis. Sylvia Anjos, diretora de Exploração eamp; Produção da Petrobras disse na manhã desta quarta-feira que a queda do preço do barril de petróleo assusta. O barril do tipo Brent, referência no mercado internacional, caiu abaixo de US$ 60, menor nível em quatro anos. A China decidiu elevar ainda mais as tarifas de importação sobre produtos americanos, em resposta a Donald Trump, nesta quarta-feira. O Ministério das Finanças chinês afirmou que vai aumentar para 84% as taxas sobre importações dos Estados Unidos a partir de amanhã, depois de os americanos imporem uma tarifa total de 104% à China. Integrantes do governo Lula medem os impactos dessa crise, mas avaliam que são grandes as chances de uma recessão nos Estados Unidos emdash; e no mundo emdash; por conta do cenário de incertezas. Um cenário extremo, com a manutenção desse patamar de tarifas com a China faria a economia dos EUA cair 3% neste ano, calculam membros do governo brasileiro, com efeitos no mundo inteiro. Porém, um acordo entre americanos e asiáticos é o cenário mais provável com o qual negociadores brasileiros trabalham. Apesar disso, mesmo se houver um alívio nas taxas, não haveria motivos para investidores colocarem recursos na economia real sem qualquer previsibilidade sobre os desdobramentos da guerra comercial, segundo essa análise. No Brasil, isso afetaria principalmente petróleo e minérios emdash; estes últimos dependendo de como a China reagir com incentivos internos. Apenas em abril, o barril do Brent já acumula uma baixa de cerca de 18%. A cotação de minérios como cobre e minério de ferro também está em queda. No caso do petróleo, o cálculo é que a redução da cotação da commodity vai aliviar os preços dos combustíveis no mercado brasileiro, o que pode ser disseminado no restante da economia. Uma inflação mais baixa poderia aliviar o trabalho do BC e antecipar o fim da alta da Selic. O efeito colateral da queda do petróleo, porém, é menor receita via royalties. Governo chinês responde com força, mas dá sinais de abertura para o diálogo, avalia especialista em Ásia Um outro impacto calculado são possíveis efeitos colaterais no Brasil de um eventual acordo entre EUA e China. Uma negociação que aumente a venda de produtos agrícolas americanos para os chineses poderia afetar as vendas brasileiras no médio prazo, porque o país é concorrente dos Estados Unidos nesses produtos. Um ponto positivo, destacou um negociador brasileiro, é que existe um canal aberto para o diálogo com os EUA. Por isso, pelo menos por enquanto, a ideia é não repetir o que outros países têm feito, adotando as mesmas tarifas impostas pela Casa Branca. O Brasil quer cotas para exportar aço sem a tarifa de 25% adotada por Trump e tenta convencer os americanos a reduzirem a alíquota de 10% que passou a incidir nas importações de todos os produtos brasileiros.

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