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Petrobras (PETR4) descola da cotação do petróleo e fecha em baixa 0,52%

As ações preferenciais da Petrobras (PETR4) fecharam com queda de 0,52%, aos R$ 38,42, apesar da alta dos preços do petróleo no mercado internacional, com questões locais, do controlador, ainda pesando. Lá fora, o WTI subiu 0,58%, cotado a US$ 85,65 o barril, e o Brent teve alta de 0,48%, a US$ 89,35. O movimento de alta commodity foi impulsionado após o Comitê Conjunto de Monitoramento Ministerial (JMMC, na sigla em inglês) da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) cobrar dos participantes que compensem eventuais excessos de oferta ocorridos no primeiro trimestre, em relação aos níveis de produção recomendados. Na nota, o JMMC expressou satisfação com a promessa do Iraque e do Casaquistão de se comprometer com a conformidade da política de restrição de produção, bem como de compensar pelos excessos cometidos. O comitê também reconheceu o anúncio da Rússia de que seus cortes voluntários no segundo trimestre de 2024 serão na produção, em vez de nas exportações.

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Preço do gás natural no Brasil deve cair 13,8% em 2024, projeta Cbie

O preço do gás natural no Brasil deve cair 13,8% em 2024 na comparação com o ano passado. O valor médio neste ano deve ser de US$ 10,92 por milhão de BTUs, medida que equivale 26,8 m³ (metros cúbicos). A projeção é do Cbie (Centro Brasileiro de Infraestrutura) e consta na nova edição do relatório eldquo;Perspectivas para o Setor Energéticoerdquo;, lançado nesta 4ª feira (3.abr.2024). Eis a apresentação com os destaques do estudo (PDF endash; 2 MB). A queda deve ser puxada pelos preços internacionais. Na Europa, o gás deve ficar em US$ 9 por milhão de BTUs, valor 38% inferior à média de 2023. De acordo com Brun... No Brasil, foram considerados os novos contratos de fornecimento firmados pela Petrobras, o custo da importação da Bolívia e a demanda interna. A estimativa do Cbie considerando esses fatores é a de que o preço médio do gás natural siga em trajetória de queda e saia da casa dos 2 dígitos a partir de 2027 e 2028. eldquo;Aqui no Brasil não vemos uma pressão de preços muito grande. O que vai ditar o ritmo de preços é o cenário sobretudo na Europa e Ásia, além da forma que a Petrobras precifica isso no país. No mercado interno a demanda está estável, sem grande despacho de térmicaserdquo;, afirmou Pascon.... O grande desafio para o mercado interno, segundo Pascon, é o aumento da oferta. A maior abundância de gás no Brasil poderia reduzir os preços nacionais, mas isso esbarra em 2 problemas: a alta reinjeção do gás natural nos poços e a falta de estrutura para escoamento da produção, sobretudo no pré-sal. Para ler esta notícia, clique aqui.

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Petróleo perto dos US$ 90 amplia pressão por reajustes dos combustíveis

O repique das cotações internacionais do petróleo nos últimos dias joga ainda mais pressão sobre a Petrobras. A petroleira opera desde o início do ano com elevadas defasagens nos preços da gasolina e do diesel. Nesta quarta-feira (3), o barril do tipo Brent, referência internacional negociada em Londres, opera perto dos US$ 90 por barril, patamar atingido pela última vez em outubro de 2023. A alta reflete o aumento das tensões no Oriente Médio e melhores perspectivas para a economia global. "A fotografia hoje é de uma pressão grande para reajuste [no preço dos combustíveis]", diz Bruno Pascon, sócio da consultoria CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura). O governo, por outro lado, vem enfrentando problemas de popularidade, com mais brasileiros considerando que a economia brasileira e sua situação econômica pessoal pioraram, cenário que poderia ser agravado com o efeito inflacionário do aumento no preço da gasolina. A Petrobras está prestes a completar seis meses sem mexer no preço da gasolina em suas refinarias. A última alteração foi um corte de R$ 0,12 por litro no dia 20 de outubro de 2023, acompanhando queda da cotação internacional do petróleo. Na abertura do mercado desta quarta, o preço da gasolina nas refinarias da estatal estava R$ 0,62 por litro abaixo da paridade de importação calculada pela Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis). Já são quase três semanas com defasagem acima dos R$ 0,50 por litro, de acordo com esse indicador. Na média nacional, a defasagem bateu R$ 0,58 por litro nesta quarta. A Petrobras diz em sua nova política de preços que não segue mais de perto o conceito de paridade de importação, mas que não se afastará totalmente do mercado internacional. Em 2024, a cotação do Brent subiu quase 18%, considerando o fechamento desta terça-feira (2), ou US$ 13 por barril. O mercado de combustíveis está ainda mais pressionado, com estoques em baixa diante de paradas para manutenção em refinarias ao longo do mundo. O mercado de gasolina entra ainda em um período de alta com a proximidade do verão no hemisfério Norte, quando o consumo é impulsionado pela temporada de viagens de carro nos Estados Unidos. No caso do diesel, o preço das refinarias da Petrobras está R$ 0,44 por litro abaixo da paridade calculada pela Abicom emdash;na média nacional, a diferença é de R$ 0,43 por litro. O último reajuste foi promovido no fim de dezembro, com corte de preço na véspera da retomada da cobrança de impostos federais. "A expectativa é que em algum momento a Petrobras tenha de revisar os preços no mercado doméstico", diz Pascon, do CBIE. A consultoria estima que, na média do ano, os preços da gasolina e do diesel subirão 3,2% no país, em comparação à média de 2023. Em um comunicado padrão sobre o tema, a Petrobras diz que segue "acompanhando com atenção os fundamentos do mercado internacional e nacional". "Por questões concorrenciais, não podemos antecipar as nossas decisões de reajuste", afirma a empresa. O texto diz que a nova estratégia comercial da empresa considera, além da paridade de importação, "as nossas melhores condições de refino e logística para a prática de preços competitivos e mitigação da volatilidade externa, proporcionando períodos de estabilidade de preços aos nossos clientes".

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Cade retira decisão do ar e cogita atender Shell em caso de postos delatores

Depois de negar à Raízen (Shell) o acesso a informações de postos que a delataram por sugerir ou determinar os preços cobrados do consumidor final, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) avalia agora atender a empresa parcialmente. A ideia é entregar à distribuidora dados agregados, que, em tese, não permitam identificar os varejistas denunciantes. O que interessa a Shell é um anexo sigiloso de um inquérito que apura se ela adota práticas abusivas, entre elas a de indicar aos revendedores de sua rede qual preço devem praticar nas bombas. Para essa investigação, o Cade ouviu de 144 postos consultados relatos da suposta conduta. Entre eles, 40 informaram ainda que a empresa retalia aqueles que não seguem sua indicação, aumentando o valor de custo do combustível fornecido. A companhia tentou acesso às informações sigilosas duas vezes, sob o argumento de que isso seria necessário para exercer seu direito de defesa. Primeiro, pediu para recebê-las integralmente, o que incluiria as respostas dadas pelos comerciantes e sua identificação. O Cade negou, ante o risco potencial de os denunciantes serem retaliados. Diante da negativa, a Shell pediu que lhe fosse entregue o mesmo conteúdo, mas sem a lista dos varejistas delatores, constando apenas os municípios em que estão instalados. Foi quando se deu o recuo no Cade. Em petição anexada ao processo, a Associação Brasileira de Revendedores de Combustíveis Independentes e Livres (Abrilivres) alertou que a empresa poderia chegar aos nomes dos revendedores sabendo apenas seus municípios, por meio de cruzamento de dados. Na última quinta (28), o superintendente-geral do Cade, Alexandre Barreto, negou o segundo pedido feito pela distribuidora. O despacho foi publicado no sistema e mantido até a última segunda (1), quando foi cancelado e retirado do processo por "erro material". Segundo pessoas com acesso ao processo, ouvidas pela coluna reservadamente, a negativa será mantida, mas o órgão avalia uma forma de entregar as informações sem que seja possível identificar algum posto. A situação é delicada para o próprio Cade, uma vez que eventual descoberta dos nomes descredibiliza o órgão em futuras consultas a integrantes do mercado que possam contribuir com investigações. Os relatos dos postos foram feitos em resposta a questionários enviados pelo Departamento de Estudos Econômicos (DEE) do Cade a postos da rede Shell em nove estados. O processo ainda não tem prazo para ser julgado. Na quarta (3), a Shell apresentou defesa ao Cade, pediu o arquivamento do caso e reiterou seu interesse nas informações sigilosas do processo. "A negativa de acesso a tais informações, além de ferir direitos constitucionais, limita a habilidade da Raízen de apresentar outras justificativas para os fatos narrados e de afastar equívocos e interpretações enviesadas que possam estar prejudicando o esclarecimento desta autoridade sobre os fatos e o funcionamento do mercado", escreveu. Consultada, a Raízen não quis comentar o caso.

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Brasil vai explorar petróleo até ter nível de país desenvolvido, diz ministro de Energia

Mesmo após o Brasil ter se comprometido no debate internacional com a transição para uma economia global longe de combustíveis fósseis, o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) diz que o país deve continuar a exploração de petróleo até alcançar os mesmos indicadores sociais de economias desenvolvidas. "Na minha opinião, [o país vai explorar petróleo e gás] até quando o Brasil conseguir alcançar IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] à altura do que atingiram os países industrializados, que hoje podem contribuir muito pouco com a questão ambiental porque se industrializaram muito antes de nós", afirma Silveira em entrevista à Folha. Ele também reconhece que há um conflito entre seu papel e o do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, mas diz ver as divergências como salutares e não pessoais. "Sempre tive debates acalorados, verdadeiros. Mas debates transparentes sobre o que eu, como governo, defendo na Petrobras; e o presidente da Petrobras, naturalmente, [defende] como presidente de uma empresa. Os papéis são diferentes. Por isso há um conflito", afirmou. A secretária do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni, disse à Folha que ainda não viu um plano para o petróleo financiar a transição energética. Esse plano existe? Quando vi a entrevista, com o maior respeito à colega do Meio Ambiente, entendi que nós brasileiros temos que nos afastar do complexo de vira-lata. Nós temos primeiro que falar das nossas qualidades. E uma das coisas que o Brasil deve se orgulhar muito é de ser o líder da transição energética global. Eu só queria relembrar que boa parte do nosso petróleo, tanto dos impostos quanto da parte da partilha que foi estabelecida no pré-sal, [gera] recursos que são destinados à saúde e à educação do povo brasileiro. Por meio do Fundo Social do Pré-sal. Mas esse fundo inclui outras áreas, não é exatamente para a transição. Primeiro, vamos falar um pouco sobre transição energética. Nenhum país do mundo tem mais autoridade para discutir o tema do que o Brasil. Agora, em quanto tempo e de que forma a transição energética deve se dar, é [sobre isso] que questiono a colega. Em nenhum lugar do mundo podem afirmar em quanto tempo nós vamos poder abrir mão das fontes energéticas fósseis. Então até quando o Brasil vai explorar combustíveis fósseis? Até quando o Brasil conseguir alcançar IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] à altura dos países industrializados. O petróleo é uma fonte energética importante para combater desigualdade. O Brasil pode, sim, falar em quanto tempo ele vai descarbonizar sua matriz interna. Na próxima década vamos ter uma matriz praticamente limpa e renovável. Até 2040. O que não é sinônimo de abrir mão dos fósseis. Mas, ministro, não é importante que o país tenha também um plano nacional para aplicação destes recursos do petróleo? Vou me permitir concordar com você, apontando um grande equívoco que comete o mercado, o mercado financeiro em especial. Todo mundo fala: como nós vamos aplicar o recurso do petróleo na transição energética? Eu te pergunto: o recurso do petróleo, hoje, vai para onde? Superávit primário. Para fazer o quê? Pagar o juros da dívida. Nós vivemos um duro arrocho fiscal no Brasil. Um país que tem necessidade de combater fome e miséria não pode ser um país que se identifica com a política ultraliberal do Paulo Guedes. Ele tem que ser um Estado necessário. Nem um Estado exageradamente controlador e nem um Estado ultraliberal. E qual a sua posição no debate sobre taxar os combustíveis fósseis, como proposto no Imposto Seletivo? Mais uma vez o governo Lula demonstra sua sensibilidade com a salvaguarda do planeta. Mais uma vez o povo brasileiro paga pela transição energética global. Agora, fazer todo esse esforço sem cobrar contrapartida internacional não é justo. Não é cumprir com o que preconiza o grande objetivo do nosso governo, que é combater a desigualdade. Mas tudo isso precisa de dinheiro... Eu sou a favor. Tudo isso precisa de dinheiro. Não é admissível que não nos deem direito de debater sobre como nós vamos valorar nossa matriz energética. Nós decidimos apostar na economia verde. Sou a favor de tudo aquilo que tiver dentro das possibilidades. E aí quem pode dizer se o imposto seletivo é possível, dentro das contas públicas atuais, é o ministro da economia [na verdade, da Fazenda]. O que o ministro de Minas e Energia sempre repudia é a tentativa de criminalizar a adequada e ambientalmente correta exploração das nossas riquezas. Isso é inadmissível, é hipocrisia. Alguém pode defender, em sã consciência, a transição energética sem nióbio? Os minerais críticos são imprescindíveis para a transição energética. Agora, como que se conseguem os minerais críticos? Através da mineração, que muitas vezes, simplesmente ideologicamente, é criminalizada. No momento em que o Brasil e o mundo acordaram, na COP28, a saída gradual dos combustíveis fósseis, como conciliar esses discursos? Eu estava na COP, e me preocupou muito o documento aprovado no final que apontou para o caminho de triplicar a produção de energia renovável. Me pareceu uma decisão politicamente correta, mas completamente desconectada da realidade do financiamento dos países industrializados comprometidos com o Acordo de Paris em 2009. Porque o número para se triplicar a produção de energia limpa e renovável até 2030, quando deve-se cumprir o Acordo de Paris, é US$ 4,2 trilhões. Os países industrializados se comprometeram a aplicar US$ 100 bilhões de dólares através do investimento nos fundos de clima, e não fizeram. Nós precisamos criar uma governança global para a transição energética. Qual foi a posição do sr. na discussão dos dividendos da Petrobras? Não houve uma discussão específica sobre os dividendos da Petrobras. Houve uma discussão natural sobre a melhor destinação dos dividendos extraordinários. Os extraordinários, quando perguntado ao conselho, ele entendeu e nos convenceu de que o mais prudente naquele momento era primeiro ter acesso ao plano aprovado de investimento da Petrobras, para que ele tivesse seguro para distribuir os demais dividendos. Por isso ele destinou aqueles dividendos a uma conta que pode ser exclusivamente utilizada para distribuição de dividendos no momento oportuno. Foi um barulho. Foi você sentar em cima de um pacote de biscoito de polvilho. Você fez barulho e depois comeu o farelo, que é gostoso para caramba, até mais gostoso do que comer o biscoito. Na época da decisão já se sabia que os recursos reservados ficariam nessa conta? E, se sim, por que isso afetaria o plano de investimentos? Sabia. O plano de investimentos da Petrobras, aprovado, não depende desse recurso para ser executado, mas depende do nível de endividamento da empresa, nível de contratação de empréstimo, nível de poder de contratação de empréstimo nacional e internacional. Se o presidente da empresa, naquele momento, tivesse votado com o conselho, não teria tido barulho. Ele ficou contrariado nessa discussão? A pergunta tem que ser feita para ele. E como está a relação entre o sr. e ele? Pessoal, muito boa. E profissional? Historicamente, há um salutar debate entre o ministro de Minas e Energia e o presidente da Petrobras. A ministra Dilma [Rousseff] tinha conflitos com o presidente [Sergio] Gabrielli. Sempre houve conflitos. Não houve no governo Bolsonaro, porque o Paulo Guedes não deixava o ministro Bento [Albuquerque] ter acesso ao presidente da Petrobras [Caio Mário Paes de Andrade, na reta final do governo]. O presidente Lula nunca promoveu uma reunião com o presidente da Petrobras na minha ausência. Sempre tive debates acalorados, verdadeiros, mas transparentes sobre o que eu, como governo, defendo na Petrobras, e o que presidente da Petrobras [defende] como presidente de uma empresa. Os papéis são diferentes, por isso há um conflito. Por que eu chamo de salutar? Porque muitas vezes não é salutar querer personalizar a disputa. Eu não indiquei diretor da Petrobras. Tive a oportunidade de indicar, confesso. Não tem nenhuma disputa minha com relação a espaço político na Petrobras, nem do meu partido. É possível o presidente de empresa, igual à Petrobras, convergir o interesse do acionista com o do controlador? Plenamente possível. Requer humildade, discrição e competência. O Prates reúne essas qualidades? Não vou rotular ninguém, muito menos o presidente da Petrobras. Mas estou dizendo que é possível, desde que você preze, trabalhe e tenha essas qualidades. Quais as divergências entre vocês? Hoje, nesse momento, nenhuma. Amanhã de manhã pode ser queehellip; tomara que o humor dele amanheça bem. Vocês conversam com que frequência? É difícil uma semana que não tenha alguma coisa assim que seja rotineira. Agora, questões mais estratégicas, todas, absolutamente todas, são discutidas com participação mais do Conselho. A diretoria da Petrobras tem que ser uma figura sempre muito reverenciada e respeitada por todos nós. Faço isso com o presidente da Petrobras. Só que aprendi com o [ex-vice-presidente da República] José Alencar [que] o dia em que você abre mão por um segundo da sua autoridade você nunca mais recupera. Então, a autoridade que me é delegada emdash;e autoridade não é arrogânciaemdash; eu não transigirei em executar. E o sr. acha que Prates está fazendo um bom trabalho? A avaliação deixo a cargo do presidente da República. O sr. defende que os dividendos extraordinários sejam pagos? No momento que a governança da Petrobras, através dos seus conselheiros, achar oportuno. Já foram representados novos dados sobre investimentos? Não e acho que não tem pressa. Não tem pressa? Por que teria pressa? É garantido, é dos acionistas. Está rendendo. Se um dia alguém for lá e tirar um centavo para poder aplicar em outra coisa que não seja lucro, aí eu acho que vai ser justo qualquer barulho. O resto foi marola desnecessária. O sr. falou que a Petrobras não pode ter como único objetivo o lucro exorbitante. Qual seria a definição disso? Um lucro que não cumpra com as missões que estão na Constituição e estão na Lei das Estatais. Que ela não dilapide o seu patrimônio, como vinha sendo feito no governo anterior, vendendo ativos, distribuindo com dividendos. Sabe o que causou barulho? Os acionistas minoritários, de referência, estavam mal acostumados. Estavam recebendo distribuição de dividendos que não era lucro, que era venda de ativos. Estava uma delícia, estavam lambendo os beiços. Entendemos que a Petrobras tem que ser uma empresa perene. Primeiro, na exploração de petróleo e gás. Segundo, refino. E, terceiro, vai ser uma empresa fortemente e altamente especializada em transição energética. Nenhuma empresa no mundo tem mais expertise em plataforma que a Petrobras. E, no médio prazo, a eólica offshore vai ser a grande geradora de hidrogênio verde para descarbonizar o planeta. O Brasil será o grande protagonista.

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Ministro de Lula defende estudar exploração de gás por 'fracking' no Brasil

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defende que o país discuta o começo da exploração do gás de "fracking" emdash;ou fraturamento hidráulico, técnica que usa água com areia e químicos para quebrar rochas profundas, em terra, e extrair o insumo. A técnica é criticada por ambientalistas, que veem diferentes problemas no processo: contaminação do lençol freático por substâncias químicas, uso intensivo de água, degradação do meio ambiente e riscos para a saúde. Além disso, o gás natural é um combustível altamente poluente e abrir uma nova frente de seu uso vai na contramão do acordado na COP28, a conferência do clima da ONU (Organização das Nações Unidas) do ano passado. Na resolução final da cúpula, os países aprovaram a orientação para abrir mão gradualmente da exploração dos combustíveis fósseis. O ministro reconhece que há impactos ambientais, mas defende que o país ao menos analise a possibilidade de autorizar a atividade adicionando a obrigação de compensações ambientais. "Acho que é possível se estudar", diz Silveira à Folha. "No mínimo, é necessário que a gente conheça os nossos potenciais para buscar soberanamente, em cada momento da história, saber o que a gente precisa para matar o frio, produzir alimento, matar fome. Todas as riquezas e potenciais naturais devem ser passíveis de estudo", afirma. O Brasil hoje não explora o "fracking" (também conhecido popularmente como gás de xisto), em contraste com o que acontece em países como os Estados Unidos emdash;onde a atividade passa, inclusive, por um ressurgimentoemdash; ou na Argentina, na conhecida região de Vaca Muerta emdash;por lá, indígenas denunciam seus impactos negativos. "É um debate. Defendo que esse tema tem que voltar a ser discutido no Brasil. Tem impactos ambientais, mas, em algumas regiões do país, são passíveis de serem compensados ambientalmente. É simples: 82% do gás americano é gás de fracking, 70% do gás argentino. Por que o Brasil é diferente?", questiona. Ambientalistas criticam as falas de Silveira, apontando que o tema já foi bastante debatido no país. "O ministro não pode ignorar que esta discussão já está sendo feita no Brasil há mais de uma década. Das 753 cidades que têm reservas de xisto para exploração não convencional, 478 já aprovaram leis municipais impedindo que a exploração de e#39;frackinge#39; aconteça em seus territórios", afirma Nicole de Oliveira, diretora-executiva do Instituto Arayara, focado no tema dos combustíveis fósseis. Ela afirma que já aconteceram dezenas de audiências públicas sobre esse tema no Congresso e centenas de outras audiências em estados e municípios brasileiros. "Milhões de pessoas já disseram que são contra o e#39;frackinge#39;", acrescenta. "A aventura exploratória que o ministro está propondo é um contrassenso." O método é banido em alguns países europeus, como Espanha, França e Reino Unido. Além disso, os estados de Paraná e Santa Catarina, onde fica uma das maiores bacias potenciais de gás de xisto do Brasil, têm leis proibindo a prática. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética, também há reservas potenciais no Maranhão, Piauí, Amazonas e Pará. Ilan Zugman, diretor da ONG 350.org na América Latina e gestor ambiental, ressalta que falar em compensar os efeitos ambientais do "fracking" é utópico. "Os principais impactos do e#39;frackinge#39; estão nos vazamentos de metano, que é um gás muito mais potente que o dióxido de carbono [para as mudanças climáticas]", diz ele. Segundo estimativas da AIE (Agência Internacional de Energia), o metano é responsável por cerca de 30% do aumento da temperatura do planeta. "Os químicos utilizados na exploração por e#39;frackinge#39; têm um grande potencial de contaminar aquíferos. A gente tem casos documentados nos Estados Unidos de pessoas que se contaminaram, tiveram doenças como câncer, [e viviam] próximas da área de postos de e#39;frackinge#39;. Na Argentina, também tem casos terríveis de pessoas que ficaram doentes", conta Zugman. A discussão lançada por Silveira é estimulada por empresas e associações nacionais como a Abegás (Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado) e a Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química), além de governos estaduais (como o do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, estado do ministro). Segundo Silveira, o governo está desenvolvendo uma série de políticas voltadas para a expansão da disponibilidade de gás natural no país como parte de um esforço mais amplo para tornar a indústria brasileira mais competitiva. "Temos pouca oferta de gás e, consequentemente, altos preços de gás no Brasil, nos tornando pouco competitivos para fazer aquilo que nós temos de mais importante, e é o grande propósito do nosso governo, gerar emprego, gerar oportunidade e gerar renda", afirma. Uma das iniciativas que o ministro já coloca em prática é tentar convencer companhias petrolíferas a cortar a reinjeção de gás nos poços de petróleo. Esse método, usado para empurrar o petróleo para cima no momento da extração, é defendido pela diretoria da Petrobras como uma forma prender no subsolo parte do carbono associado ao óleo e, com isso, reduzir emissões de gases estufa emdash;mas tem sido questionado por Silveira. A ampliação do uso de gás no Brasil vai na contramão da transição energética, já que pode sujar a matriz energética nacional, que é muito mais limpa do que a média mundial. "Começar a utilizar o e#39;frackinge#39;, que é uma das técnicas mais devastadoras para se extrair combustíveis fósseis, neste momento de crise climática e em que o Brasil quer ser uma vitrine de soluções climáticas para o mundo, com G20, com COP30, seria um enorme tiro no pé na questão reputacional", avalia Zugman. De acordo com a AIE, para zerar as emissões líquidas de carbono até 2050, é essencial que não sejam feitos investimentos em novos projetos de combustíveis fósseis. A meta é um dos passos para cumprir o Acordo de Paris e limitar o aquecimento global em 1,5°C. ENTENDA COMO FUNCIONA O e#39;FRACKINGe#39; Todo petróleo e gás existente fica distribuído em pequenas gotas ou pequenos bolsões de gás debaixo da superfície. No caso dos poços chamados de convencionais, as reservas ficam em solo de mais fácil acesso, como areia ou argila. Mas algumas reservas, chamadas de não convencionais, estão em rochas muito duras, onde nem o petróleo nem o gás conseguem se movimentar. Essas rochas de baixa permeabilidade ocorrem em diferentes formações, como folhelho (ou xisto, como é mais conhecido), além de reservatórios de arenitos ou carbonatos "fechados" que contêm petróleo e gás. A extração dos combustíveis dessas reservas é feita por meio do "fracking", ou fraturamento hidráulico. A técnica fratura a rocha usando água em altíssima pressão, misturada com reagentes químicos e areia. Com as fissuras, o óleo e o gás escoam para um tubo e são levados para a superfície. Como rejeito, há milhões de litros do fluido usado no fraturamento, que são reinseridos no subsolo ou descartados em outros lugares emdash;em reservatórios ou, quando feito de maneira irregular, na beira de estradas, em rios e em plantações.

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