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Petróleo tem forte queda e arrasta ações das empresas brasileiras do setor

A visão do mercado para o petróleo neste ano não projetava um teto muito alto para a commodity. A bem dizer: a maioria dos economistas via os preços andando de lado durante o ano. Então mesmo que, por um lado, o aumento das tensões geopolíticas e o anúncio de novos estímulos do governo da China ao seu mercado tenham puxado o preço nos contratos futuros, por outro lado, esses efeitos tendem a ser limitados. Isto porque ainda não saíram de cena as incertezas sobre a demanda global pelo produto em um ambiente de desaceleração do ritmo de crescimento das grandes economias. Por isso, depois da alta forte que a commodity registrou ontem, nesta quarta (25), é dia de os investidores embolsarem os lucros. O horizonte ainda é muito nebuloso para deixar essa chance passar, vamos dizer assim. Com esse fluxo vendedor, o valor no contrato do barril de Brent (referência global) para novembro caiu 2,32%, a US$ 73,46. Este cenário exerce pressão relevante sobre as juniores (como são chamadas as petroleiras privadas no Brasil, dado seu tamanho diante da Petrobras). As ações dessas companhias caíram praticamente em bloco, à exceção da estatal, que escapou por pouco do movimento negativo hoje graças à recomendação do J.P. Morgan. Assim, o papel da Prio recuou 3,72%, fechando a R$ 44,81, enquanto o da Brava Energia (resultado da fusão da 3R coma Enauta) cedeu 6,47%, a R$ 18,20, e a PetroReconcavo caiu 2,21%, fechando o dia cotado em R$ 18,14. O movimento pode ser também traduzido como "correção de excessos", no jargão do mercado. É quando os investidores entendem que as altas recentes fizeram os preços ultrapassarem as perspectivas que têm para o ativo. Isto provoca o movimento de venda. eldquo;As crescentes tensões geopolíticas e as medidas de estímulo chinesas fortalecem os otimistas com os preços do petróleo, mas o nível de US$ 72,85 por barril [do WTI, a referência para o mercado americano] ainda não foi tocado para fazer com que o preço do barril se consolide em um nível mais otimista de médio prazoerdquo;, diz a analista Ipek Ozkardeskaya, do Swissquote Bank, à agência internacional Dow Jones. Para ela, perspectivas de uma demanda global mais fraca e de ampla oferta de petróleo têm mantido o teto dos preços em nível mais baixo.

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A Petrobras precisa pensar no além do petróleo

Magda Chambriard, presidente da Petrobras, afirmou que o Brasil não pode deixar explorar a Margem Equatorial, ou seja, a área do Amapá, Rio Grande do Norte, o mar que circunda a Amazônia. O ministro Alexandre Silveira foi além, disse que se o Brasil não explorar essa área vai se tornar importador de petróleo. Esse é um discurso esperado quando se está num evento tradicional de petróleo, ROG.e (antiga Rio Oil eamp; Gas). Mas o que eles estão fazendo é ameaçar o país com uma escassez de petróleo, quando o que precisa ser feito é explicar onde está a diferença de opinião e o cumprimento de exigências ambientais que ainda impedem a exploração na região. É preciso mais diálogo dentro do governo para que a Petrobras cumpra todas as exigências feitas pelo órgão ambiental, afinal não são determinadas por idiossincrasia, mas pela legislação. Cada órgão tem a sua preocupação, a do Ibama é proteger o meio ambiente. E é preciso se cercar de toda a proteção possível, de toda a segurança para que não haja desastre ambiental naquela área. O que não deveria é apostar na atitude de pressão. A Petrobras precisa de um projeto para além de petróleo. Em algum momento, a exploração de petróleo terá que ser reduzida. Esse é um compromisso internacional que o Brasil assumiu. Aliás, todos os países que assinaram o Acordo de Paris se comprometeram com a redução das emissões de gás de efeito estufa, a redução do uso de combustível fóssil. Na última reunião da COP, a COP28, foi firmado um novo compromisso de redução do uso do petróleo nas economias. E o Brasil assinou também esse compromisso. Isso exige que a Petrobras pense para além do petróleo, e isso a empresa não consegue fazer. A Petrobras ainda não conseguiu sair da caixa. A fóssil. Outro dia o presidente Lula disse que a Petrobras não é uma empresa de petróleo, é uma empresa de energia. Sim, é o que ela deveria ser, uma empresa de energia, mas não é. Ainda. Ela só pensa fóssil, quer fazer o mesmo que sempre fez. O ministro Alexandre Silveira disse que o Brasil tem muitas fontes de energia e não pode deixar de explorar todas elas. Não é verdade. Certas fontes são tão emissoras que deveriam sim ser abandonadas, como o carvão, que é altamente poluente. O Brasil tem ainda subsídio, o que estimula para essa fonte. Em reportagem de Bruno Rosa, publicada no GLOBO, nesta terça-feira, Rodolfo Saboia, diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP), disse que a agência pretende, até o fim do ano, avançar na agenda de fontes renováveis com o desenvolvimento de regras do hidrogênio e baixo carbono. Fala-se muito e pouco é feito nessa área. A transição energética virou uma daquelas placas usadas para não dizer nada. É fundamental dar substância ao que é exatamente a transição energética, o que precisa ser feito para buscar esse futuro com menos petróleo. Para abrir essa nova frente de exploração de petróleo, o da na Margem Equatorial, o país precisa ter a segurança de que não é um risco para a própria Amazônia. E é a Petrobras é que tem que dar essa garantia, ao mesmo tempo, em que se prepara para continuar existindo mundo além do petróleo.

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Sem petróleo na Margem Equatorial, Brasil deixa de arrecadar R$ 3 trilhões, diz ministério

Sem novas frentes de exploração petrolífera, o Brasil deixará de arrecadar quase R$ 3 trilhões em participações governamentais emdash; impostos e royalties emdash; no período entre 2032 e 2055. A estimativa consta de documento, preparado em julho pelo Ministério de Minas e Energia, intitulado eldquo;Ações do MME sobre Questões Ambientais para a Segurança Energéticaerdquo;. Conforme projeções da pasta, a produção brasileira de petróleo vai atingir um pico de 5,3 milhões de barris/dia em 2030. A partir daí, sem novas frentes, a produção cairia para 2,5 milhões de barris/dia em 2040. Em 2052, chegaria a apenas 700 mil. Para que esse cenário não ocorra, o documento cita fronteiras exploratórias em diversas bacias, como a Potiguar e de Pelotas. O destaque, no entanto, é a Margem Equatorial emdash; região em que nenhum poço foi perfurado até agora, por razões ambientais, em dez anos de contrato. As áreas foram licitadas pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em 2013. Ambientalistas criticaram nesta terça-feira (24) o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na abertura da Assembleia-Geral da ONU, por ter ressaltado ações contra as mudanças climáticas, mas sem mencionar o desejo do governo brasileiro de explorar petróleo na Margem Equatorial emdash; o que consideram uma contradição. No documento formulado pelo Ministério de Minas e Energia, há sugestões de iniciativas para lidar com as questões ambientais envolvendo novas áreas de petróleo: um arcabouço legal para o licenciamento prévio da perfuração de poços; estudos de eldquo;caracterização regionalerdquo; reconhecidos pelo Ibama; elaboração de um manual de boas práticas de licenciamento ambiental; e aprimoramentos da Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS). O pedido do Ibama para realização de AAAS emdash; um estudo mais aprofundado de toda a Margem Equatorial emdash; é um dos pontos que têm travado a licença para a perfuração de um poço pioneiro da Petrobras na Bacia da Foz do Amazonas.

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Bioverde investirá R$ 1,3 bilhão em usina de etanol de milho em MT

A empresa Bioverde vai investir R$ 1,3 bilhão para construir uma usina de etanol de milho no município de Alto Araguaia (MT). O governo de Mato Grosso anunciou o projeto nesta quarta-feira (25/9). Segundo o governo mato-grossense, a usina produzirá mais de 1 milhão de metros cúbicos de etanol de milho por ano, além de 727 mil toneladas de farelo de milho seco (DDG). O projeto da empresa prevê a contratação de 250 funcionários na fase de operação. A fábrica ficará às margens da BR-364 e terá conexão com a Ferronorte (Ferrovia Norte Brasil), o que vai facilitar o escoamento do farelo e do etanol. Mato Grosso é o maior produtor nacional de etanol de milho do país emdash; o Estado respondeu por 73% da produção brasileira do biocombustível no ano passado. Somadas, as 11 usinas de etanol de milho de Mato Grosso produziram 4,43 bilhões de litros em 2023. Há outras dez em construção, distribuídas pelas cidades de Sorriso, Ipiranga do Norte, Campo Novo do Parecis, Tabaporã e Vera, além de Alto Araguaia, onde a 3Tentos já começou a erguer uma unidade. E, na lista de cidades têm plantas já anunciadas, mas que ainda não estão em obras, figuram Porto Alegre do Norte, Sorriso, Campo Novo do Parecis e Canarana.

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Demanda por petróleo não atingirá pico tão cedo, diz diretor da Opep

A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) vê crescimento de 24% na demanda global por energia até 2050, em um cenário em que o petróleo mantém ainda papel relevante no abastecimento dos mercados. A organização, que reúne alguns dos maiores produtores globais, diz que não vê sinais de pico de consumo do combustível fóssil, apesar da corrida pelas renováveis. Pelo contrário, crê que o petróleo terá em 2050 a maior fatia histórica na matriz energética global. Foi a primeira vez em que a Opep divulgou seu documento de projeções anuais, chamado World Oil Outlook, fora de sua sede, em Viena, na Áustria. "O lançamento do nosso Outlook aqui é um sinal muito claro da importância do Brasil para o mundo energético. Não só para o petróleo, mas para a energia global", afirmou Haitham al-Ghais, secretário-geral da Opep, pouco antes de ser interrompido por ativistas do Greenpeace. Com faixas pedindo transição energética justa e falando sobre catástrofe climática, eles interromperam a apresentação e logo depois foram retirados por seguranças do evento, que reúne petroleiras e prestadores de serviços no Rio de Janeiro. A Opep prevê que energias renováveis responderão por 60% do crescimento da demanda global, mas o consumo de petróleo deve ultrapassar os 120 milhões de barris por dia em 2050, alta de 17 milhões de barris em relação ao cenário atual. Segundo a organização, a participação do petróleo e do gás na matriz energética em 2050 ficará acima dos 50%, com o petróleo em 29%, a maior fatia da história. "O mix de energia passará por grandes mudanças até 2050, mas petróleo e gás continuarão cruciais para o suprimento global", diz o documento. As projeções vão de encontro ao desejo da comunidade científica e de organizações ambientalistas, que pressionam governos a impor medidas restritivas à produção de combustíveis fósseis. "Não há sinal de pico da produção de petróleo tão cedo", disse Ayed Al Qahtani, diretor de pesquisa da organização. A organização diz que o suprimento global de petróleo demandará investimentos de US$ 17,4 trilhões no período, dos quais US$ 14,2 trilhões serão destinados a área de exploração e produção., que engloba a busca e a extração de novas reservas. As projeções são baseadas em um cenário de crescimento da população mundial para 9,7 bilhões de pessoas em 2050, com crescimento médio de 2,9% ao ano na economia global. Al Qahtani defendeu que, além das necessidades climáticas, a segurança energética e o desenvolvimento econômico também devem impactar estratégias de investimentos em energia.

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Maranhão terá primeiro corredor para caminhões a gás do país

A Yara Fertilizantes espera iniciar até janeiro as operações do primeiro corredor logístico para caminhos movidos a gás natural liquefeito do país, com redução de ao menos 20% nas emissões de gás carbônico por viagem. O projeto prevê inicialmente o uso de 150 caminhões, que farão o transporte de fertilizantes entre o porto de Itaqui, em São Luiz, e pontos de entrega para clientes do agronegócio, respondendo por cerca de 15% do fluxo comercial da empresa na região. O combustível será fornecido pela Eneva, que tem produção de gás no sul do Maranhão, por meio de dois pontos de carregamento instalados em Santo Antônio dos Lopes e Balsas. Os caminhões a gás natural liquefeito, conhecido como GNL, já são fabricados no país pela Scania. O GNL é obtido através do resfriamento do gás natural à temperatura aproximada de -160 ºC, reduzindo em cerca de 600 vezes o seu volume e possibilitando o transporte em longas distâncias. É nessa forma que ele é transportado entre continentes. O combustível é visto pelo setor como alternativa importante para descarbonizar o transporte de cargas em um país de dimensões continentais como o Brasil. Garante autonomia de 400 a 1.200 quilômetros, superior a de veículos elétricos, sem necessidade de baterias. Responsável pelo transporte, a VirtuGNL diz que os primeiros testes de viagens até Balsas indicam redução de 32% nas emissões de gás carbônico e ate 90% das emissões de particulados. A ideia é que os caminhões voltem a São Luiz com grãos produzidos na fronteira agrícola conhecida como Matopiba. "Parte do diesel brasileiro é hoje importada e acreditamos que criar essa reduz nível de emissões, a necessidade de importação de diesel e cria uma nova cadeia logística mais sustentável", diz o diretor executivo de Marketing, Comercialização e Novos Negócios da Eneva, Marcelo Lopes. "A adoção de uma matriz de transporte mais eficiente, de menor custo e impacto é fundamental para nos tornarmos uma empresa neutra em carbono até 2050", afirma Alberto Rodrigues, diretor de Logística da Yara Brasil. As parceiras já preveem a expansão da frota para 300 caminhões e buscam oportunidades para expandir as operações para outros locais do país, principalmente os mercados do Sudeste e Centro-Oeste, de olho na oferta adicional de gás do pré-sal e na expansão da produção e biometano. A assinatura do contrato de transporte foi feita nesta terça-feira (24), na feira ROG.e, com presença do ministro dos Transportes, Renan Filho. Ele disse que parte da receita de concessionárias de rodovias pode ser usada para incentivar a instalação de pontos de carregamento de GNL. Ele questionou os elevados preços do gás natural do país, pregando maior abertura do setor, hoje concentrado nas mãos da Petrobras. "Num país em que tudo cresce, como está estagnada a demanda por gás? Ocorre porque temos preço de gás muito caro", afirmou. "E a Petrobras que é a grande reguladora."

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