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Etanol é mais competitivo em relação à gasolina em 7 estados e no DF, afirma ANP

O etanol mostrou-se mais competitivo em relação à gasolina em 7 estados e no Distrito Federal (DF) na semana de 12 a 18 de janeiro. Na média dos postos pesquisados no país, o etanol tinha paridade de 67,8% ante a gasolina no período, portanto, favorável em comparação com o derivado do petróleo, conforme levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) compilado pelo AE-Taxas. Executivos do setor observam que o etanol pode ser competitivo mesmo com paridade maior do que 70%, a depender do veículo em que o biocombustível é utilizado. O etanol era mais competitivo em relação à gasolina nos seguintes estados: Acre (68,49%), Mato Grosso (64,94%); Mato Grosso do Sul (65,61%); Minas Gerais (69,62%); Paraíba (69,84%); Paraná (69,43%) e São Paulo (66,56%), além do Distrito Federal (66,78%). Nas capitais, o comportamento foi semelhante, onde o destaque também ficou por conta da elevação de R$ 0,03 no preço médio do etanol hidratado (proporcionalmente, +0,62%) e de R$ 0,01 no caso do diesel S-10 (que correspondeu ao acréscimo proporcional de +0,12%). Em contraste, o preço médio da gasolina comum apresentou um recuo marginal de R$ 0,01 nas capitais, o que correspondeu a um ajuste de menos 0,09% em relação ao valor médio apurado pelo levantamento ao final de dezembro. Petrobras evita repassar volatilidade A Petrobras reiterou na segunda-feira (13/1), ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que evita o repasse da volatilidade externa para os preços internos de combustíveis, conferindo assim períodos de estabilidade para os clientes. O preço médio da gasolina ficou estável na primeira quinzena de janeiro, registrando uma ligeira queda de 0,02% na comparação com a última semana de dezembro, segundo o Panorama Veloe de Indicadores de Mobilidade, desenvolvido em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Já o etanol registrou alta de 0,71% e o diesel S-10 subiu 0,22%. eldquo;Os resultados evidenciam um cenário de relativa estabilidade nos preços cobrados nos postos brasileiros na abertura do anoerdquo;, avaliou o Veloe, hub de mobilidade e gestão de frota. O preço médio da gasolina na segunda semana de janeiro no território nacional ficou estável em R$ 6,24 o litro, o mesmo do fechamento de dezembro, enquanto o etanol registrou preço médio de R$ 4,21 o litro, e o diesel S-10, o menos poluente e mais vendido, foi encontrado a R$ 6,23 o litro. eldquo;Dessa forma, a companhia segue observando os fundamentos de mercado e, por questões concorrenciais, não pode antecipar suas decisõeserdquo;, disse a estatal, em resposta ao questionamento da reportagem sobre o impacto da alta do petróleo nos preços da gasolina e do diesel refinados pela empresa. A defasagem dos preços nas refinarias da Petrobras em relação ao mercado internacional atingiu 22% no diesel e 13% na gasolina na última sexta-feira (10/1), reabrindo a expectativa do mercado para reajustes por parte da estatal. Na segunda (13), a commodity continuava em alta, assim como o câmbio, o que aumentou a pressão nos preços. A empresa informou que, em 2024, o único reajuste no preço de venda de gasolina A da Petrobras para as distribuidoras ocorreu em julho, e foi equivalente a R$ 0,15 a cada litro vendido nas bombas. Atualmente, em média, a parcela do preço de venda da Petrobras para as distribuidoras é equivalente R$ 2,21 a cada litro abastecido nas bombas. Sobre o diesel, o último aumento nos preços de venda da Petrobras para as distribuidoras ocorreu em outubro de 2023. Depois disso, a Petrobras ainda fez duas reduções de preços em dezembro de 2023. E, em 2024, não fez nenhum reajuste nos seus preços de venda para as distribuidoras. Hoje, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor é, em média, R$ 3,03 a cada litro vendido na bomba, informou.

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O retorno do fantasma da defasagem

* Adriano Pires - O ano de 2025 começa com a volta de um velho conhecido de planejadores e analistas do setor de energia: a alta defasagem dos combustíveis. Depois de um ano de calmaria, em que os preços de combustíveis no mercado doméstico ficaram praticamente inalterados, em função de um cenário externo favorável, o tom agora é outro. No fim de 2024, o mercado nacional viu a cotação do dólar alcançar recordes sucessivos e o preço do barril de petróleo no exterior apresentar sinais de um novo ciclo de alta. Desde maio de 2023, a estratégia comercial da Petrobras para a precificação do diesel e da gasolina em suas refinarias leva em conta 2 elementos centrais: o custo alternativo do cliente como prioridade; o valor marginal para a companhia. De acordo com o anúncio oficial da empresa, o custo alternativo do cliente contempla alternativas de suprimento por fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos. Já o custo marginal da Petrobras se baseia no custo das diversas alternativas para a empresa, dentre elas a produção, a importação e a exportação do produto. Quando a nova política de preços foi adotada, o objetivo principal declarado pelo então presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, era eldquo;abrasileirarerdquo; os preços de combustíveis, sob a premissa de que o Brasil é autossuficiente no setor. Essa percepção, entretanto, não corresponde à realidade. O abastecimento da demanda doméstica por combustíveis depende da importação desses produtos, cerca de 30% no caso do diesel e 10% quando se trata da gasolina. Ao longo de 2024, essa pauta virou pano de fundo do setor graças à estabilidade da taxa de câmbio (R$/USS) e do barril de petróleo. No fim do ano, entretanto, uma crise de confiança do mercado em relação à atual gestão do governo federal levou a moeda norte-americana a quebrar recordes consecutivos, ultrapassando o patamar de R$ 6,00 pela 1ª vez na história. A maior influência para esse movimento veio da incerteza de agentes privados, quanto ao cumprimento dos compromissos fiscais e a efetividade do pacote de corte de gastos apresentado pela base governista. Nesse contexto, o dólar elevado se tornou uma fonte de pressão indireta, ao contribuir para uma defasagem mais acentuada entre o preço na refinaria nacional e a referência internacional. Quando a diferença entre o preço praticado pela Petrobras no mercado doméstico e aquele observado no mercado internacional, corrigido pelo câmbio, fica restritiva para a atividade de importadores privados, há inerentemente uma maior pressão para que a petroleira promova um reajuste de seus preços de refinaria. Outra importante influência se deu na 2ª quinzena de dezembro de 2024, quando o Tesouro dos EUA aprovou uma lista de 35 entidades e embarcações que serão embargadas em função de sua participação no transporte de óleo iraniano ilícito. Na época, a leitura de agentes do mercado foi de que a medida teria um reflexo imediato e significativo no nível da oferta global, alterando sua percepção quanto aos movimentos de curto prazo. Em 2025, logo nas primeiras semanas do ano, o preço do barril de petróleo sofre novo impacto por causa do anúncio de diversas sanções norte-americanas contra companhias de Oeamp;G (Óleo e Gás) da Rússia. O pacote deve mirar as atividades da Gazprom Neft e da Surgutneftegas, que, segundo análise do Barchart, empresa de acompanhamento de dados do setor, juntas exportaram cerca de 1 milhão de barris por dia (b/d) de óleo russo nos primeiros 10 meses de 2024, representando cerca de 30% do volume carregado por tanqueiros saindo do país. A expectativa do mercado é de que a medida tenha como consequência uma oferta mais restrita e uma maior competição por entregas na região, ao menos até que o volume embargado encontre demanda a preços mais baixos ou fora do eixo aliado aos EUA. Enquanto as dúvidas sobre o efeito das sanções pairam sobre as negociações da commodity, o risco associado a diversos conflitos em regiões estratégicas ao redor do mundo continuam faturando na avaliação de traders. A possibilidade de novos choques, de oferta ou demanda, vindos da esfera geopolítica continua alta, contribuindo para a predominância de uma avaliação mais pessimista quanto ao equilíbrio de curto prazo. Para ler esta notícia, clique aqui. *Sócio-fundador e diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura)

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Combustíveis com viés de alta

Os preços dos combustíveis começaram 2025 com novos aumentos, segundo o Índice de Preços Edenred Ticket Log (IPTL). Na primeira quinzena de janeiro, a gasolina teve alta de 0,16% no preço médio nacional, em relação ao mesmo período de dezembro. Passou a ser vendida, em média, a R$ 6,30 por litro. O etanol, por sua vez, apresentou um aumento maior: 0,47%, alcançando o preço médio de R$ 4,28/litro. De acordo com Douglas Pina, diretor-geral de Mobilidade da Edenred Brasil, os reajustes estão ligados a fatores econômicos e estruturais emdash; como a alta do dólar, que encarece a importação de combustíveis e insumos, e os custos logísticos, que variam conforme a infraestrutura e as distâncias percorridas em cada região. "Somados, todos esses fatores exercem pressão sobre os preços, consolidando a tendência de alta iniciada no fim do ano anterior", explicou. O Norte registrou os preços mais altos entre todas as regiões do país: o litro da gasolina chegou a R$ 6,81 e o do etanol alcançou R$ 5,00. Por outro lado, o Sudeste teve os valores mais baixos, com médias de R$ 6,16 para a gasolina e R$ 4,21 para o álcool, mesmo após altas de 0,16% e 0,72%, respectivamente. O Centro-Oeste liderou os aumentos: o preço do etanol subiu 1,20%, alcançando R$ 4,23, enquanto a gasolina teve reajuste de 0,96%, chegando a R$ 6,34. O Sul manteve-se estável nos preços, em comparação com a primeira quinzena de dezembro. A gasolina na região está custando, em média, R$ 6,21, ao passo que o etanol, R$ 4,48. Estados e DF Entre as unidades da Federação, a maior queda no preço médio da gasolina foi registrada em Alagoas emdash; redução de 0,61%, resultando em um valor médio de R$ 6,53. No entanto, o Distrito Federal liderou as altas, apresentando um aumento de 2,30%, que fez com que o combustível alcancasse R$ 6,24/litro. O preço mais baixo da gasolina no Brasil foi encontrado na Paraíba. No estado, o litro custa R$ 6,08, sem variação em relação a dezembro. O maior valor foi registrado no Acre emdash; R$ 7,44, após alta de 0,81%. No caso do etanol, a maior queda ocorreu na Paraíba, com redução de 1,43%, o que levou o preço do combustível a cair para R$ 4,15. Goiás teve o maior aumento, de 3,37%, com o valor médio atingindo R$ 4,30. O etanol mais caro é encontrado no Amapá e custa R$ 5,39. São Paulo, por sua vezs, apresenta o preço mais barato, de R$ 4,07, mesmo depois de um reajuste de 0,74%. Apesar das altas, o etanol continua sendo uma alternativa mais econômica em grande parte do Brasil. Além do custo-benefício, o combustível tem menor impacto ambiental, pois contribui para a redução das emissões de poluentes e para uma mobilidade mais sustentável. "Mesmo com os dois combustíveis em alta, o etanol atrai motoristas que estão em busca de economia e de vantagens ambientais", destaca Pina.

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EUA saem do Acordo de Paris e acabam com política de incentivo a veículos elétricos

Os Estados Unidos vão sair novamente do Acordo de Paris, anunciou Donald Trump no discurso de posse como presidente nesta segunda (20/1). O país também vai declarar eldquo;emergência energética nacionalerdquo; para buscar ampliar as atividades de exploração e produção de petróleo e gás. Sob o primeiro governo de Trump, de 2017 a 2021, os EUA já haviam deixado o acordo, que prevê esforços para reduzir o aquecimento global. É um movimento significativo para as metas globais, dado que se trata do principal produtor de petróleo do planeta e segundo maior emissor de gases de efeito estufa. Em um aceno aos trabalhadores da indústria automobilística, Trump também anunciou que vai acabar com o mandato que limitava a poluição do escapamento de carros e que, na prática, incentiva a adoção de veículos elétricos. Prometeu também acabar com o eldquo;Green New Dealerdquo;, política que nunca chegou a ser implementada, mas que foi parcialmente acatada com o eldquo;Inflation Reduction Acterdquo; no governo de Joe Biden. eldquo;A América será uma nação manufatureira novamente e nós temos algo que nenhum outro país jamais terá: a maior reserva de petróleo e gás do mundo. Vamos usá-laerdquo;, disse. Trump atribuiu o crescimento da inflação ao aumento dos preços da energia. Prometeu, assim, ampliar as perfurações de poços de petróleo e gás para reduzir os preços, completar as reservas estratégicas do país e exportar. eldquo;Seremos uma nação rica novamente e esse elsquo;ouro líquidoersquo; abaixo dos nossos pés vai nos ajudar com issoerdquo;, afirmou. Preço do barril. Os contratos futuros de petróleo registraram queda na segunda-feira (20/1), em um dia marcado pela posse do presidente dos Estados Unidos. O petróleo WTI para março era negociado com recuo de 1,24%, cotado a US$ 76,43 o barril. Já o Brent para o mesmo mês caiu 0,79%, sendo negociado a US$ 80,15 o barril. ExxonMobil e Chevron. A Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos proibiu a ExxonMobil de nomear o ex-CEO da Pioneer, Scott Sheffield, para seu conselho de diretores ou equipe de gestão; e a Chevron de nomear o CEO da Hess, John Hess, para atuar no conselho da companhia. As ordens resolvem preocupações antitruste sobre as negociações da compra da Pioneer Natural Resources pela ExxonMobil por US$ 60 bilhões e a aquisição da Hess pela Chevron por US$ 53 bilhões. Hidrogênio branco. O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) publicou o primeiro mapa com prováveis áreas para exploração de hidrogênio natural, também chamado de geológico ou branco, no país. A representação cartográfica aponta que grande parte do território norteamericano reúne condições ideais para prospeção do gás. Opinião: O ano de 2024 consolidou bases para o hidrogênio de baixa emissão e projetou o Brasil como líder global na transição energética, escreve a diretora executiva da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV), Fernanda Delgado. Transmissão. A EPE e o Ibama firmaram um acordo de cooperação técnica para promover a integração técnica no planejamento e no licenciamento de linhas de transmissão. Combustíveis no Brasil. O etanol foi mais competitivo do que a gasolina em sete estados e no Distrito Federal na semana passada (12 a 18 de janeiro). Na média dos postos pesquisados no país, o etanol tinha paridade de 67,8% ante a gasolina no período, portanto, favorável em comparação com o derivado do petróleo, conforme levantamento da ANP compilado pelo AE-Taxas. Reidi. O MME aprovou o enquadramento no regime da planta de biometano do aterro sanitário de Igarassú, em Pernambuco. O aterro da ValorGás Energia Igarassu I tem capacidade para produzir 45,76 mil m³/dia do gás. A estimativa dos valores de bens e serviços isentos pelo Reidi é de R$ 91,94 milhões.

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Aval a petróleo na margem equatorial vence em 2025, e ala ambiental quer barrar renovação

O fim da validade de autorização ambiental pode levar o governo a retirar do cardápio quase metade das novas áreas disponíveis para exploração e produção de petróleo no país, incluindo todas aquelas localizadas na chamada margem equatorial, principal aposta das petroleiras em busca de novas reservas. A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) corre para tentar licitar os blocos antes de junho, quando expiram manifestações conjuntas do MME (Ministério de Minas e Energia) e do MMA (Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima) que permitem a oferta das áreas. O imbróglio afeta não só a margem equatorial, mas também as bacias de Pelotas, Espírito Santo, Paraná, Parecis e Tucano. Se as manifestações perderem a validade, a oferta das áreas dependerá de nova autorização, cada vez mais difícil diante de resistência da área ambiental para licenciar blocos em áreas consideradas sensíveis. Um grupo de trabalho formado por MMA, Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) concluiu neste mês, por exemplo, que 31 blocos da bacia Potiguar, no Rio Grande do Norte, precisam sair da oferta permanente, independente das autorizações antigas. O motivo é a preocupação com o ecossistema da região, considerado de extrema sensibilidade ambiental e com sobreposição a áreas de conservação com espécies ameaçadas de extinção e com áreas relevantes para a pesca, incluindo o arquipélago de Fernando de Noronha. A bacia Potiguar está incluída na chamada margem equatorial, alvo de embate entre as áreas energética e ambiental do governo, intensificado após sucessivas negativas a pedido de licenciamento ambiental para um poço da Petrobras na costa do Amapá. Essa região é vista com grande interesse pelas petroleiras após descobertas gigantes de petróleo na Guiana e no Suriname, que teriam características geológicas semelhantes. Mas o Ibama ainda não se convenceu dos planos da Petrobras para mitigar danos de eventual vazamento. A oferta permanente de áreas para exploração de petróleo no país é uma espécie de prateleira com os blocos disponíveis, que são levados a leilão pela ANP após manifestações de interesse das petroleiras. O quinto ciclo da oferta permanente de áreas de concessão (fora do pré-sal) tem 332 blocos disponíveis, 69 deles na margem equatorial: 47 na bacia da Foz do Amazonas, considerada a mais promissora; 17 na bacia Potiguar; 4 na bacia Pernambuco-Paraíba; e 1 na bacia do Ceará. Nesta segunda-feira (14), a ANP divulgou nota dizendo que manifestações de interesse para 156 deles devem ser feitas até o dia 6 de fevereiro, para garantir tempo hábil para a licitação antes do fim da validade das manifestações conjuntas que autorizam a oferta. Caso contrário, diz, esses blocos "serão retirados do edital". "Neste caso, para serem incluídos novamente, precisariam retornar ao processo de obtenção de diretrizes ambientais", disse a agência reguladora. O setor de petróleo vê esse risco com grande preocupação, já que o prazo necessário para a obtenção das novas diretrizes poderia impactar a atividade de exploração de petróleo no país por anos. "De fato, caso não sejam emitidas novas manifestações ou prorrogada a atual, a margem equatorial ficará sem blocos disponíveis para oferta", disse, em nota, o IBP (Instituto Brasileiro do Petróleo), que representa as grandes petroleiras com operações no Brasil. O instituto ressalta, porém, que a dificuldade para obter licenças para perfuração na margem vem impactando o apetite das empresas pela região. "É preciso haver confiança que, uma vez arrematados os blocos, as empresas poderão pôr em prática seus programas exploratórios, perfurando poços." E pode ter efeitos sobre o esforço da ANP para agilizar licitações. "O fato de as licenças ambientais para perfuração de poços na Margem Equatorial ainda não terem sido concedidas constitui um fator que abala a confiança do setor e pode desestimular as empresas a manifestarem interesse pelos blocos em oferta." Procurado, o MME não havia respondido a pedido de entrevista até a publicação deste texto. O MMA disse que a proposta de retirada dos 31 blocos da bacia Potiguar responde a resolução do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) que determina análise ambiental antes de inclusão de blocos na oferta permanente. "Tal processo de análise técnica é realizado em estreita colaboração entre o MMA e o MME, sendo parte comum das atividades previstas para garantir que as decisões sejam baseadas em critérios técnicos sólidos", afirmou.

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Trump vai favorecer combustíveis fósseis, mas é improvável reviravolta em energia limpa

A resistência de Donald Trump às políticas climáticas de Joe Biden são bastante conhecidas, mas ninguém sabe ao certo se o novo presidente dos Estados Unidos terá, de fato, poder legal e político para caçar os incentivos fiscais da administração passada aos produtores de energia limpa. Por outro lado, é praticamente certo que o republicano impulsionará a produção de combustíveis fósseis no país. Trump disse nesta segunda-feira (20), durante seu discurso de posse, que vai declarar emergência nacional na área de energia devido aos custos crescentes no setor, que pressionam a inflação no país. O republicano afirmou também que aumentará as perfurações de poços de petróleo. Ele disse que os EUA "têm mais petróleo e gás do que qualquer nação no mundo, e nós vamos usar isso," "Vamos reduzir os preços, reabastecer nossas reservas estratégicas até o topo e exportar energia americana para todo o mundo." No fim do dia, o republicano revogou uma ordem de Biden que estabelecia que carros elétricos deveriam representar metade das vendas de veículos novos nos Estados Unidos até 2030. Quem monitora os avanços da transição energética no mundo se preocupa com potenciais alterações que Trump poderá fazer no IRA, a Lei de Redução da Inflação sancionada por Biden em 2022 e responsável por injetar US$ 400 bilhões em projetos de energia limpa nos EUA até o final da década. A lei prevê vários incentivos para a produção de combustíveis alternativos a petróleo, gás e carvão. Na lista, por exemplo, estão incentivos fiscais para cada três quilos de hidrogênio verde produzido nos EUA e créditos de US$ 15 para cada MWh (megawatt-hora) de energia nuclear e de até US$ 7.500 para a compra de veículos elétricos. Os aportes têm sido fundamentais para atrair empresas da indústria verde aos Estados Unidos, hoje bem atrás da China nesse segmento. De acordo com o grupo americano E2, fundado por empresários de vários setores, até agosto do ano passado, ao menos 334 grandes projetos já haviam sido aprovados a partir de benefícios da lei, movimentando US$ 126 bilhões e gerando quase 110 mil empregos. Esses números, aliás, são os fatores que fazem alguns analistas duvidarem de que Trump terá capital político suficiente para rever os incentivos da lei. Até porque, 60% dos projetos anunciados até então foram hospedados em estados comandados pelos republicanos endash;que também receberam 85% dos recursos investidos. Nas prioridades elencadas por Trump para o novo governo, conforme documento publicado no site da Casa Branca nesta segunda, um dos itens diz que o presidente irá libertar a produção de energia ao encerrar as políticas de "extremismo climático" de Biden. Assim, caso Trump opte por enviar ao Congresso americano proposições que impactem esses recursos, é provável que ele enfrente resistência dos próprios aliados na Câmara e no Senado endash;as duas casas são comandadas agora pelo Partido Republicano. "Acho muito difícil que o Trump consiga zerar os efeitos do IRA, até porque os projetos estão em operação. Ele pode dar uma roupagem nova, mas os investimentos vão continuar acontecendo", diz Patricia Ellen, especialista em descarbonização e cofundadora da AYA Earth Partners. Ela ressalta que desestímulos à legislação afetariam a cadeia global da indústria verde, gerando consequências para outros países. "O que nos confunde nesse novo momento é que tudo pode ser dito e isso deixa os investidores muito perdidos. Se sai um anúncio dizendo que isso foi congelado, há um efeito imediato nocivo no setor porque, mesmo que a regra não tenha saído, todo mundo para de se movimentar", acrescenta. Em uma análise divulgada no fim do ano passado, a consultoria Wood Mackenzie, especializada em transição energética, apontou ser inevitável que os EUA retrocedam em suas ambições climáticas, mas apontou eventuais dificuldades que Trump terá caso opte por suspender o IRA. Ainda assim, mesmo que o Congresso não acabe com os incentivos, Trump poderia modificar cronogramas de créditos fiscais, mecanismos de financiamento e bônus adicionais da lei endash;ou seja, a legislação não está totalmente imune às resistências do novo presidente. A Wood Mackenzie estima que esses possíveis ajustes e o aumento de taxas de importação prometidas por Trump têm potencial de reduzir em um terço as implantações de energias renováveis no país nos próximos anos. O maior impacto deve ser na indústria eólica, que Trump já criticou várias vezes; o presidente eleito comparou turbinas eólicas a lixos e disse, sem comprovação científica, que elas matam baleias. É provável que o novo governo desestimule os investimentos em energia eólica offshore, quando as turbinas eólicas são instaladas em alto mar. Segundo a Wood Mackenzie, no entanto, esses impactos não mudarão o cenário de longo prazo, já que quase 25 GW (gigawatts) de projetos em desenvolvimento já estão licenciados ou em estágios finais de licenciamento. Já a energia solar deve continuar a todo vapor, à medida que é improvável que a demanda por painéis solares diminua endash;ao menos no curto prazo. "Com investimentos em manufatura concentrados em estados republicanos, acreditamos que os créditos para manufatura avançada permanecerão intactos e cerca de 7 GW de manufatura solar provavelmente avançarão", diz David Brown, diretor do serviço de transição energética da Wood Mackenzie em uma análise divulgada no final do ano passado. Na indústria automotiva, espera-se que o governo Trump revise as metas estipuladas por Biden no ano passado para os fabricantes de veículos reduzirem suas emissões. A legislação de Biden tem o objetivo de diminuir pela metade as emissões de dióxido de carbono de veículos leves em 2032, em comparação com 2026, empurrando as empresas em direção aos veículos elétricos. A lei começaria a valer a partir de 2027, mas é provável que Trump a suspenda. Apoiador da indústria de combustíveis fósseis, o republicano deve incentivar a produção de petróleo, gás natural e carvão endash;justamente os três maiores emissores de poluentes, responsáveis pelo aquecimento global. Trump deve, por exemplo, suspender a legislação de Biden que estipulava metas de emissões para as usinas termelétricas. Ele também prometeu encerrar a pausa da administração de Biden na concessão de novas licenças para exportar GNL para países sem um acordo de livre comércio com os EUA. Trump ainda deve facilitar os requerimentos de exploração de petróleo e dar mais segurança aos investidores dessa indústria. "No discurso, a gente vai ver um crescimento muito grande de retomada da energia fóssil, inclusive porque manter uso de combustível fóssil cria uma saída fácil para as empresas de inteligência artificial, que estavam num desafio muito grande de lidar com a necessidade desproporcional e crescente que eles têm hoje de energia e água", diz Ellen. Já no cenário global, a entrada de Trump na Casa Branca deve diminuir os recursos transferidos do governo americano para bancos multilaterais dedicados à pauta ambiental. Quando Trump estava no poder, os Estados Unidos gastavam cerca de US$ 600 milhões em alocações financeiras internacionais para projetos climáticos, bem menos do que os US$ 11 bilhões anuais do governo Biden. O republicano, inclusive, já prometeu sair do Acordo de Paris, que obriga os países a reportar suas emissões anualmente. Isso sem falar na influência da pauta do republicano no direcionamento dos investimentos privados. Nas últimas semanas, por exemplo, os maiores bancos americanos anunciaram a saída de alianças globais ambientais endash;o que não necessariamente afeta as alocações em projetos climáticos, mas dificulta a criação de padrões internacionais de financiamento. Ainda assim, apesar de toda a retórica de Trump, é difícil cravar qual será o novo contexto da transição energética sob o governo do republicano. Principalmente porque os democratas, com Biden, conseguiram fazer da pauta algo benéfico para a economia americana. "O Acordo de Paris é uma crença na questão climática, mas a transição energética é algo posto. E se o Trump excluir essa temática, ele corre o risco de tirar ainda mais a competitividade americana na transição energética. E quem está indo muito bem nisso é a China; não existe painel solar tão barato quanto o da China, não existe bateria tão barata quanto a da China e não existe carro elétrico tão barato quanto o da China", diz Luciana Antonini Ribeiro, fundadora da eB Capital. "O Trump é louco, pero no mucho", brinca ela. QUAIS INCENTIVOS E RESTRIÇÕES ESTÃO NA MIRA DE TRUMP Eletricidade limpa Trump deve desestimular a energia eólica offshore ao restringir recursos e limitar novos arrendamentos. Além disso, ele pode rever créditos fiscais e mecanismos do IRA que incentivam fontes limpas. Veículo elétrico É provável que o republicano revise as metas de redução de emissões dos veículos criadas por Biden. Petróleo e gás Trump vai suspender os limites de emissões impostos por Biden para termelétricas e voltará a permitir a exportação de GNL para países sem acordo de livre comércio com os EUA. Também deverá simplificar a concessão de poços de petróleo em terras federais. Bancos multilaterais Se seguir o último mandato, é provável que Trump diminua os recursos destinados para bancos multilaterais compromissados com a pauta climática. Acordo de Paris Trump deverá retirar, mais uma vez, os EUA do Acordo de Paris.

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