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Mercado vê estouro da meta de inflação em 2022 e 2023, mostra Focus

O mercado calcula a taxa básica de juros Selic em 13,75% ao final deste ano e em 10,50% em 2023, com a inflação estourando o teto da meta em ambos os períodos, de acordo com a pesquisa Focus que o Banco Central divulgou nesta sexta-feira (8), ao retomar a publicação com o fim, nesta semana, da greve dos servidores. O BC voltou a publicar o Focus depois de um hiato de mais de um mês. A última vez que a pesquisa completa foi publicada foi em 2 de maio, e, em 6 de junho, foi divulgada uma atualização parcial do levantamento. Nesta sexta, a autoridade monetária publicou a atualização dos relatórios semanais de 6 de maio a 1º de julho, e, na próxima segunda-feira (11), o calendário de divulgação volta ao normal. O levantamento, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, apontou que a expectativa mais recente para a taxa básica de juros Selic ao final deste ano permaneceu em 13,75% pela segunda semana seguida. Mas para o próximo ano a previsão de aperto monetário se intensificou, uma vez que o cálculo na semana anterior era de taxa de 10,25%. As contas para a alta do IPCA tiveram movimentos divergentes. O cálculo da inflação prevista para 2022 passou de 8,27% para 7,96% em 1° de julho, enquanto para 2023 a conta subiu de 4,91% na semana anterior para 5,01%, na 13ª elevação seguida. Ambas permanecem acima do teto de seus respectivos objetivos emdash;o centro da meta oficial para a inflação em 2022 é de 3,5% e, para 2023, é de 3,25%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. Para o PIB (Produto Interno Bruto), a estimativa de crescimento este ano é de 1,51%, tendo sofrido um ajuste para cima de 0,01 ponto percentual de uma semana para outra. Já para 2023 a projeção de expansão de 0,50% da economia permanece a mesma pela segunda vez.

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Inflação sobe 0,67% em junho com alta de alimentos fora de casa e plano de saúde

Puxada por alimentação fora de casa e planos de saúde, a inflação oficial do Brasil subiu 0,67% em junho, informou nesta sexta-feira (8) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). É a maior alta do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) para o mês desde 2018. Em maio, o índice havia subido menos: 0,47%. Apesar da aceleração, o resultado de junho veio abaixo das expectativas do mercado financeiro. Na mediana, analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam alta de 0,71%. Com a entrada dos novos dados, a inflação chegou a 11,89% no acumulado de 12 meses. Nessa base de comparação, a alta havia sido de 11,73% até maio. O IPCA acumulado está em dois dígitos, acima de 10%, há 10 meses. Ou seja, desde setembro do ano passado. Uma sequência tão longa não ocorria desde o intervalo de 2002 a 2003. À época, o índice ficou em dois dígitos por 13 meses consecutivos, informou o IBGE. O resultado de junho foi influenciado pelo aumento nos preços dos alimentos para consumo fora do domicílio (1,26%), com destaques para a refeição (0,95%) e o lanche (2,21%), apontou o gerente da pesquisa do IPCA, Pedro Kislanov. "Nos últimos meses, esses itens não acompanharam a alta de alimentos nos domicílios, como a cenoura e o tomate, e ficaram estáveis. Assim como outros serviços que tiveram a demanda reprimida na pandemia, há também uma retomada na busca pela refeição fora de casa. Isso é refletido nos preços", afirmou. Outro fator que influenciou o resultado de junho foi o aumento nos planos de saúde (2,99%). Em maio, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) autorizou o reajuste de até 15,50% nas modalidades individuais, destacou o IBGE. O plano de saúde foi o maior impacto individual (0,10 ponto percentual) no IPCA do mês passado. Assim, impulsionou a alta de 1,24% no grupo de saúde e cuidados pessoais. Os outros oito segmentos de produtos e serviços pesquisados também tiveram altas de preços em junho. A maior variação foi do grupo de vestuário, de 1,67%. O segmento teve 0,07 ponto percentual de contribuição. O maior impacto entre os grupos (0,17 ponto percentual) veio de alimentação e bebidas. A alta foi de 0,80%. Dentro do grupo, os alimentos para consumo no domicílio subiram 0,63%. O leite longa vida disparou 10,72%. O feijão-carioca avançou 9,74%. Esses avanços foram compensados por quedas de outros alimentos tradicionais. Os preços da cenoura, que já haviam caído em maio (-24,07%), recuaram 23,36% em junho. Cebola (-7,06%), batata-inglesa (-3,47%) e tomate (-2,70%) também registraram variações negativas. GASOLINA RECUA 0,72% EM JUNHO O grupo de transportes subiu 0,57% em junho. O dado sinaliza uma desaceleração frente ao mês anterior (1,34%). A perda de fôlego foi impactada pela queda de 1,20% nos combustíveis. Os preços da gasolina, item de maior peso individual no IPCA, caíram 0,72% em junho, enquanto o etanol recuou 6,41%. O óleo diesel, por outro lado, subiu 3,82%. Segundo Kislanov, a baixa dos combustíveis pode ter refletido cortes de tributos anunciados por governos estaduais. Na reta final de junho, São Paulo e Goiás saíram na frente e reduziram alíquotas de ICMS, em linha com uma lei federal que estabeleceu um teto para o imposto. Outros estados também anunciaram cortes na passagem de junho para julho. Em transportes, a maior variação (11,32%) e o maior impacto positivo (0,06 ponto percentual) vieram das passagens aéreas. Os bilhetes acumularam alta de 122,40% em 12 meses. CHOQUES NA PANDEMIA E EFEITO POLÍTICO A escalada da inflação ganhou forma ao longo da pandemia devido a uma combinação de fatores. Houve aumentos em preços administrados, como combustíveis e energia elétrica, carestia de alimentos e ruptura de cadeias globais de insumos da indústria. A pressão inflacionária no Brasil foi intensificada pela desvalorização do real em meio a turbulências na área política. No primeiro semestre de 2022, o cenário teve o impacto adicional da Guerra da Ucrânia. O conflito pressionou ainda mais o petróleo e parte das commodities agrícolas no mercado internacional. Em meio a esse contexto, a Petrobras promoveu reajustes na gasolina e no óleo diesel nas refinarias em 18 de junho, gerando reflexos sobre os preços ao longo da cadeia produtiva. O aumento fez o presidente Jair Bolsonaro (PL) intensificar os ataques contra a estatal às vésperas das eleições. A inflação é vista por membros da campanha de Bolsonaro como principal obstáculo para a reeleição. De acordo com economistas, cortes de tributos estaduais e federais já anunciados trazem um viés de baixa para as projeções do IPCA neste ano, mas há risco de a perda de receitas gerar uma espécie de bomba fiscal, com impactos negativos sobre a inflação mais à frente. O BC (Banco Central) vem aumentando os juros devido à escalada dos preços. O efeito colateral é a dificuldade adicional para a recuperação do consumo das famílias e dos investimentos produtivos das empresas. O IPCA caminha para estourar a meta de inflação perseguida pelo BC pelo segundo ano consecutivo. Em 2022, o centro da medida de referência é de 3,50%. O teto é de 5%. Por ora, economistas enxergam o índice abaixo de 10% até dezembro, mas ainda distante da meta.

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Abicom estima que preço do diesel precisaria de reajuste de 5% para paridade

A Petrobras teria que aplicar um reajuste médio de 5% nos preços do óleo diesel para zerar a defasagem em relação aos preços internacionais, de acordo com a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom). Já a gasolina não precisaria de reajuste, de acordo com os dados da Abicom divulgados hoje, com base no fechamento do mercado de ontem. A volatilidade vem marcando o mercado, diante da variação dos preços do barril do petróleo no mercado externo, girando na casa dos US$ 100, apesar da cotação do dólar seguir em trajetória de alta nos últimos dias. Pelos cálculos de ontem feitos pela Abicom, seria necessário um reajuste de 3% nos preços do diesel e de 2% nos da gasolina. Na mesma linha, estimativas da StoneX, com base nas cotações às 14 horas, indicam que a Petrobras teria que reduzir os preços do óleo diesel em média em R$ 0,10 por litro para alinhar os preços com o mercado internacional. Já a gasolina não precisaria de um reajuste -- na prática, seria preciso aplicar um aumento de R$ 0,01 por litro. No fechamento de ontem, de acordo com a StoneX, o diesel precisaria de um reajuste para baixo de R$ 0,41 por litro, enquanto a gasolina teria uma redução de R$ 0,08 por litro, para alinhar-se aos preços internacionais. Ontem, a cotação da moeda americana fechou a R$ 5,43. Ao longo do dia de hoje, porém, o dólar vem operando em queda, girando na casa de R$ 5,34 pouco depois das 14 horas. Fonte: Texto retirado do portal Agência UDOP

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Petróleo fecha em alta de 4%, com estoques dos EUA e apetite por risco

Os contratos futuros do petróleo fecharam em alta nesta quinta-feira (7) com avanços em torno de 4%, após as perdas vistas recentemente. Dados sobre estoques nos Estados Unidos impulsionaram a negociação dos ativos, em meio ao maior apetite por risco na sessão de hoje. O petróleo WTI para agosto fechou em alta de 4,27% (US$ 4,20), a US$ 102,73 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para setembro subiu 3,93% (US$ 3,96), a US$ 104,65 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). Os preços seguem entre 3% e 4% mais baixos do que há uma semana, porém. A menor cautela nos mercados internacionais deu apoio à negociação da commodity. Em evento, o presidente do Federal Reserve (Fed) de St. Louis, James Bullard, disse ainda esperar um "pouso suave" para a economia americana. Os dados de estoques nos Estados Unidos vieram mistos. Por um lado, os de petróleo surpreenderam com alta de 8,234 milhões de barris, contrariando a expectativa de queda, enquanto os de gasolina caíram 2,496 milhões, em um recuo mais profundo do que o esperado. Diretor da divisão de futuros na Mizuho Americas, Robert Yawger diz que as movimentações de hoje tiram um pouco da pressão sobre as dinâmicas de armazenamento. "Embora o consumo de gasolina e destilados implique que as refinarias do país terão que queimar muito petróleo bruto nos próximos meses", prevê.

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Se petróleo seguir em queda, Petrobras poderá reduzir preços em breve, prevê UBS

A Petrobras poderá, em breve, reduzir os preços dos combustíveis no Brasil se a tendência de queda continuar. A avaliação foi feita pelos analistas do banco suíço UBS. Em relatório aos clientes, a instituição argumenta que, diante da recente queda do petróleo, a estatal teria espaço especialmente no diesel. Ontem, a Acelen, refinaria privada concorrente da Petrobras, reduziu preços da refinaria na Bahia em até 9% e já vende diesel mais barato que a média nacional da estatal. "Se os preços (do petróleo) permanecerem nessa tendência, acreditamos que a Petrobras poderá reduzir os preços em breve", citam os analistas liderados por Luiz Carvalho, em São Paulo. Nos seis primeiros dias de julho, o barril do tipo brent no mercado internacional caiu mais de 15% diante do temor de recessão nos EUA. Assim, passou do patamar próximo de US$ 120 no fim de junho para valor próximo de US$ 100 ontem, no menor patamar desde abril. O UBS usa dados de ontem, quarta-feira -- portanto, antes da alta observada nesta quinta-feira (leia sobre o mercado hoje abaixo). Com os dados até a quarta, o banco suíço calcula que o preço praticado pela Petrobras em Paulínia (SP) e Itaqui (MA) estaria cerca de 5% acima da paridade internacional. Ou seja, é mais caro comprar da Petrobras que importar das empresas que seguem os valores praticados nos Estados Unidos. Para a gasolina, o UBS estima que os preços ainda estariam defasados em cerca de 15% ---ou seja, abaixo da paridade internacional. Mas os analistas do banco reconhecem que a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis, a Abicom, estima que a gasolina da Petrobras estaria 2% mais cara que a paridade. Ontem, a concorrente da Petrobras na Bahia, a petroleira Acelen, anunciou redução do preço na refinaria de 9% para o diesel e queda de 5,2% para a gasolina. Com essa atualização, a concorrente privada passa a vender o litro do diesel tipo S10 por R$ 5,26 na Bahia, valor inferior à média nacional anunciada no mês passado pela Petrobras, de R$ 5,61. No caso da gasolina, a Acelen reduziu o litro para R$ 4,32, ainda acima da média nacional da Petrobras, de R$ 4,06. A Acelen é controlada pelo fundo Mubadala, de Abu Dhabi, e comprou da Petobras a então refinaria Landulpho Alves nos arredores de Salvador. A instalação foi rebatizada de refinaria de Mataripe. Petróleo sobe nesta quinta Nesta quinta-feira, 7 de julho, o mercado do petróleo opera em firme tendência alta no início desta tarde, com subida superior a 5% no barril do tipo brent, que volta a ser negociado próximo a US$ 105. Em um mercado bastante volátil, a commodity sobe diante da notícia publicada pela agência Bloomberg de que a China estaria preparando um novo megapacote de incentivo à economia de US$ 220 bilhões. A iniciativa, segundo a Bloomberg, seria através da autorização para que governos locais emitam dívida ainda no 2º semestre deste ano para financiar novos projetos de infraestrutura -- o que poderia acelerar a segunda maior economia do mundo. O petróleo também sobe diante da volta do temor de que a Rússia possa voltar a reduzir a oferta de energia a países vizinhos, especialmente na região do Mar Cáspio.

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Votação da PEC dos Benefícios é adiada por temor de derrubada do estado de emergência

Com a desmobilização da base governista no plenário da Câmara, o Palácio do Planalto passou a temer que a oposição conseguisse derrubar a decretação do estado de emergência durante a análise dos destaques à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Benefícios, que concede uma série de benesses sociais às vésperas da eleição. Diante do quórum baixo, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), adiou a votação para a próxima terça-feira, 12. De acordo com uma fonte, o governo foi avisado que havia, em determinado momento, apenas 307 governistas presentes no plenário. Quando Lira suspendeu a sessão no plenário, 427 deputados marcavam presença. Mais de 100 eram da oposição. Antes de a votação ser adiada, um requerimento para encerrar a discussão da proposta em primeiro turno, defendido pela base, foi aprovado com 303 votos favoráveis e 91 contrários. Para passar uma PEC na Câmara, são necessários 308 votos em dois turnos. A oposição apostava nos destaques -- sugestões de mudanças no texto -- para conseguir influenciar a redação final da PEC. "A base do governo não compareceu na votação. O presidente Arthur Lira não tinha votos para ganhar nos nossos destaques", disse o líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG). Lira chegou a dizer que os deputados ausentes teriam falta administrativa (com desconto no contracheque), mas os parlamentares preferiram enfrentar a ameaça. A poucos meses da eleição, muitos já haviam comprado passagem de avião para voltar a suas bases eleitorais e fazer campanha. "É natural, depois de um dia de discussão bem exaustivo, seis horas e meia de discussão na comissão. Eu acho que já tem um esgotamento natural porque, durante todo o tempo, você fica com uma expectativa de realizar a sessão. Isso causa uma desmobilização em uma sessão que é mista [presencial e virtual]", disse o relator da proposta no plenário, deputado Christino Áureo (Progressistas-RJ), que é aliado do governo. Apesar do placar largo na comissão especial, 36 votos favoráveis contra apenas um contrário (orientação do partido Novo), foram necessárias mais de seis horas de discussão para que o texto fosse aprovado. Para Áureo, não há na base governista uma discussão sobre o teor da proposta. "Eu acho que é muito mais a ideia de que, no fluxo, no respeito de você ter também legitimidade para aprovar duas PECs importantes [também poderia ser votada a PEC do piso salarial da enfermagem] em um dia desafiador que é uma quinta-feira. Eu acho que a gente tem condições de reagrupar e tratar disso na terça-feira", declarou. Na visão do líder da minoria, Alencar Santana Braga (PT-SP), o adiamento demonstra um enfraquecimento de Bolsonaro. "Essa não votação simboliza, de fato, a derrocada do presidente. Se é algo importante eleitoralmente para ele e a base não está engajada nisso, significa que depois de 2 de julho, que já passou, a tendência é o presidente perder adesão", afirmou. Os oposicionistas agora vão continuar a ofensiva para retirar da PEC a decretação do estado de emergência e deixar permanente o valor de R$ 600 do Auxílio Brasil. Articulada pelo Palácio do Planalto com a base governista no Congresso, a PEC aumenta o Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 por mês e concede uma bolsa-caminhoneiro de R$ 1 mil mensais, entre outras benesses, com um custo total de R$ 41,25 bilhões fora do teto de gastos -- a regra que limita o crescimento das despesas do governo à inflação do ano anterior. Aprovada no Senado na última quinta-feira, 30 de junho, a PEC teve sua tramitação acelerada na Câmara por meio de manobras regimentais. O governo tem pressa para pagar as benesses, a pouco menos de três meses do primeiro turno da eleição. A Câmara chegou a fazer hoje uma sessão deliberativa que durou um minuto. O objetivo foi contar o prazo necessário para abrir a reunião da comissão especial, que aprovou a PEC antes de a matéria ir ao plenário. O relator na comissão, deputado Danilo Forte (União Brasil-CE), leu seu relatório final na noite de terça-feira, 5, mas um pedido de vistas adiou a deliberação. Como houve pedido de adiamento de votação, foi preciso contar duas sessões do plenário da Câmara para que a PEC voltasse para análise do colegiado. A primeira sessão foi realizada na quarta-feira. A segunda foi a de hoje de manhã, que começou às 6h30 e terminou às 6h31. Antes disso, a proposta foi apensada a outra PEC, que trata de biocombustíveis e cuja análise já estava avançada na comissão especial. Dessa forma, a PEC dos Benefícios "pegou carona" e teve tramitação rápida. Após uma pressão do Palácio do Planalto, o relator manteve o texto do Senado. Em entrevista ao Estadão publicada na segunda-feira, 4, Forte chegou a dizer que negociava incluir na proposta um auxílio-gasolina a motoristas de aplicativo, como o Uber, e retirar a decretação do estado de emergência no país. No entanto, após o governo entrar em campo para impedir qualquer mudança na PEC, o relator recuou e manteve o texto aprovado pelos senadores, com apenas um ajuste de redação para evitar, segundo ele, possível ambiguidade e garantir o Auxílio Brasil de R$ 600. Durante a votação na comissão especial, a proposta foi criticada por oposicionistas, que, apesar disso, votaram a favor. "O que nós estamos vendo aqui é um crime eleitoral do Bolsonaro", disse Reginaldo Lopes, em referência ao estado de emergência colocado no texto para blindar o presidente de punições da Lei Eleitoral. A legislação proíbe a concessão de benesses às vésperas da eleição, exceto em caso de emergência ou calamidade. "Nós estamos fissurando o arcabouço eleitoral que busca garantir equilíbrio no processo democrático eleitoral. Nós estamos avacalhando o processo legislativo", disse o deputado Marcelo Ramos (PSD-AM), ex-vice-presidente da Câmara. "O que nós estamos fazendo é distribuição de renda", disse, por outro lado, Danilo Forte. Além do aumento do Auxílio Brasil a R$ 600 e da concessão da "bolsa-caminhoneiro" de R$ 1 mil mensais, a PEC prevê auxílio-gasolina a taxistas de R$ 200 mensais, a ampliação do vale-gás a famílias de baixa renda e recursos para o programa Alimenta Brasil e para subsidiar a gratuidade a idosos nos transportes públicos urbanos e metropolitanos. Todas as medidas valem somente até o final do ano. Como mostrou o Estadão, com o aumento do risco fiscal derivado da aprovação da PEC, o mercado financeiro está exigindo taxas de juros para comprar os títulos do governo de longo prazo iguais aos que cobrava no final do primeiro do primeiro mandato Dilma Rousseff, quando a ex-presidente buscava a reeleição, assim como o presidente Jair Bolsonaro tenta agora nas eleições deste ano. As taxas de juros dos títulos longos estão hoje no maior patamar do governo Bolsonaro.

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