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Metade do óleo da privatização da partilha sequer foi descoberto

Quase metade da produção futura de óleo da União na partilha, que o governo federal calcula valer R$ 1,57 trilhão em 30 anos e quer vender à vista, nem sequer foi descoberta. emdash; Essa é uma das incertezas em torno da privatização da parcela da União na partilha, projeto enviado pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) à Câmara dos Deputados, em junho. E demonstra o tamanho do desafio que é concluir que vale a pena para o contribuinte antecipar a receita do pré-sal. emdash; A conta que subsidia o projeto de lei considera que, para esse patrimônio de R$ 1,57 trilhão, a venda à vista por R$ 398 bilhões em 2022 é suficiente para valer a pena. emdash; Ao todo, 48% da projeção de óleo-lucro da União até 2052 vêm de campos sem declaração de comercialidade emdash; e com riscos de não se concretizarem. emdash; Sobretudo quando se considera que as campanhas exploratórias recentes no pré-sal têm frustrado as expectativas de petroleiras que investiram pesado nos leilões de partilha pós-2017. emdash; Além disso, a previsão de preço do barril considerada na simulação está desatualizada. É de 2021 e considera um Brent de US$ 61 em 2022, por exemplo emdash; uma realidade bem distante da média de US$ 104 no ano. A cotação usada não ultrapassa US$ 85 até 2052. As incertezas são um dos principais argumentos do governo para justificar a venda antecipada do óleo da União emdash; e, ao mesmo tempo, um dos pontos de ressalva para a precificação correta dos ativos. emdash; E elas começam no curto prazo. Em maio, a produção da União atingiu 26 mil barris de petróleo por dia, dos quais 3,4 mil barris por dia são dos campos de Atapu e Sépia, que passaram a ser partilhados com a contratação do excedente da cessão onerosa. emdash; Um elsquo;óleo novoersquo; a ser comercializado pela PPSA, que ainda precisa ser mais bem precificado, por se tratar de correntes de óleo pouco conhecidas pelo mercado. As primeiras ofertas devem ocorrer a partir deste terceiro trimestre. Para saber mais, clique aqui.

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Combustível do Futuro: SAF vai precisar de hidrogênio verde, não fóssil

A produção de combustíveis sustentáveis para aviação (SAF, sigla em inglês) vai precisar de hidrogênio verde como insumo, colocando essa indústria (que ainda não nasceu no Brasil) como mais uma potencial consumidora da nova energia (que também quer despontar por aqui). eldquo;Estamos falando da produção de um combustível que depende fundamentalmente, como uma de suas matérias-primas, de hidrogênio. Se quisermos reduzir a pegada de carbono, precisamos de um hidrogênio verdeerdquo;, disse na quarta (3/8) o diretor de Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), Fábio Vinhado. Fábio participou do encontro organizado pela Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) para discutir o mercado de hidrogênio verde no estado e as demandas regulatórias. Enquanto o governo federal discute estratégias para o hidrogênio emdash; sem uma opção de rota tecnológica endash;, o Ceará avança em acordos com a iniciativa privada para desenvolvimento de um hub no Porto do Pecém, com foco na tecnologia verde, que combina geração elétrica renovável e eletrólise. Até o momento, o governo estadual já assinou 18 memorandos de cooperação com diferentes agentes de mercado, com o objetivo de produzir e exportar hidrogênio verde a partir do complexo portuário. No MME, o hidrogênio é abordado em mais de uma frente. Uma delas é o programa Combustível do Futuro, onde a tecnologia aparece em pelo menos três subcomitês: o que trata da bioletrificação com células a combustível etanol, o de PDeI e o de SAF. Fábio explica que o hidrogênio é um importante insumo na fabricação do SAF pelo processo Fischer-Tropsch, que pode usar tanto biomassa tradicional, quanto capturar COe#8322; de fontes limpas e usar hidrogênio para produzir o gás de síntese que dá origem ao querosene sustentável. O produto, também conhecido como combustível sintético, tem um potencial significativo de redução de emissões, podendo chegar a uma pegada de carbono negativa emdash; mas, para isso, o insumo precisa ser verde. E é um dos focos da parceria Brasil-Alemanha no ProQR, projeto que aposta nos combustíveis produzidos com energia eólica e solar como uma solução possível para o transporte aéreo atingir suas metas de descarbonização. Em meados do ano que vem, a Agência Técnica de Cooperação Alemã GIZ e o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás) devem inaugurar no Paraná uma planta piloto para produção de SAF a partir de biogás e hidrogênio verde. eldquo;A gente precisa da geração de hidrogênio limpo e não de hidrogênio que venha de fontes fósseis, porque dessa maneira [a aviação] melhora sua participação, reduz emissões de carbono e fica mais aderente aos critérios internacionais de descarbonizaçãoerdquo;, disse Fábio.

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Petrobras reduz preço do litro de diesel em 3,5%, de R$ 5,61 para R$ 5,41

A Petrobras anunciou nesta quinta-feira, 4, uma redução de 3,5% no preço de venda do óleo diesel nas refinarias. O valor cairá R$ 0,20 a partir desta sexta-feira, 5, indo de R$ 5,61 para R$ 5,41. O diesel estava sem reajuste havia quase 50 dias e estava sendo negociado em média no Brasil acima do preço internacional. eldquo;Essa redução acompanha a evolução dos preços de referência, que se estabilizaram em patamar inferior para o diesel, e é coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado global, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbioerdquo;, disse a empresa em nota. No mesmo momento em que a Petrobras anunciava a redução do preço, o presidente Jair Bolsonaro voltava a criticar a estatal. Em evento com membros da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), em Guarulhos, ele reclamou do lucro da estatal e prometeu, a pastores evangélicos, eldquo;boas notíciaserdquo; sobre os preços dos combustíveis. eldquo;Não vamos interferir, mas esse lucro está meio complicado de falar que nos orgulhamos da Petrobras. Nos orgulhamos da Petrobras pelo passado, pelo que representa para o País, mas o lucro está exageradoerdquo;, afirmou. Na sequência, o presidente disse que eldquo;espera ter boas notícias sobre combustíveis como estamos tendoerdquo;, referindo-se à queda nos preços dos combustíveis, tema que se tornou um entrave na campanha à reeleição. A questão dos preços dos combustíveis já provocou várias trocas no comando da Petrobras. A última delas no final de junho, quando Caio Paes de Andrade substituiu José Mauro Coelho, que ficou pouco mais de dois meses no cargo. Movimento de queda Em videoconferência com analistas na semana passada, o diretor de Comercialização e Logística da estatal, Claudio Mastella, havia indicado que ainda observava o movimento de queda do preço do diesel eldquo;com cautelaerdquo;, apesar das pressões do governo para que a estatal reduzisse o preço. Segundo a Petrobras, considerando a mistura obrigatória de 90% de diesel A e 10% de biodiesel para a composição do diesel comercializado nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 5,05, em média, para R$ 4,87 a cada litro vendido na bomba. A queda no preço dos combustíveis na refinaria tem sido possível pela redução das cotações do produto no mercado internacional. O preço do barril chegou a ser cotado a US$ 140 após o início da guerra na Ucrânia, mas recuou fortemente nas últimas semanas, com as perspectivas de recessão global. Na manhã desta quinta-feira, a cotação do barril do óleo tipo brent estava em US$ 93,61, abaixo do valor anterior ao início da guerra.

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Petróleo se aproxima dos US$ 90, com temores sobre recessão global

As previsões para as cotações do petróleo após o início da invasão russa à Ucrânia, em fevereiro, eram sombrias. O barril do óleo tipo brent era cotado à época por volta de US$ 96, e chegou rapidamente à casa dos US$ 140. Havia projeções indicando valores na casa dos US$ 200 ou até US$ 300. Mas as cotações não resistiram ao esfriamento da economia de vários países, incluindo a China, e aos temores relacionados a uma recessão global. Nesta quinta-feira, 4, o preço do barril recua mais de 3%, cotado a US$ 93,60, abaixo, portanto, de antes do início da guerra. Nesta quinta-feira, o Banco da Inglaterra (BoE) fez alertas relacionados à recessão global, o que ajuda o preço do petróleo a cair, enquanto nos Estados Unidos é observado o aumento da inversão na curva de juros e sinais pessimistas do setor varejista, à medida que o federal Reserve (Fed, o banco central americano) eleva os juros em um ritmo mais forte que o esperado, para tentar conter a inflação. Em meio a essa queda das cotações, a Opep+, cartel dos países exportadores de petróleo, resiste a pedidos para aumentar a produção - o que reduziria ainda mais os preços, ajudando a conter a inflação em vários países. Na quarta-feira, a Opep+ decidiu aumentar a sua oferta em 100 mil barris por dia (bpd) no mês de setembro, um número considerado baixo. eldquo;Parece que a Opep+ está resistindo aos pedidos para aumentar a produção porque as perspectivas de demanda de petróleo continuam sendo reduzidas. O mundo está lutando contra a atual crise global de energia e não receberá ajuda da Opep+erdquo;, destaca Edward Moya, analista da Oanda, em relatório enviado a clientes. Para Noah Barrett, analista na Janus Henderson Investors, os EUA provavelmente esperavam um aumento maior da produção, especialmente após a recente viagem do presidente Joe Biden ao Oriente Médio. eldquo;Em termos de gerenciamento geral de oferta/demanda, a decisão da Opep é lógica. Ainda há uma grande incerteza sobre a demanda de petróleo na metade deste ano, motivada por questões em torno da demanda chinesa e do potencial para uma recessão americana ou mesmo globalerdquo;, destacou Barret. A demanda por petróleo deve continuar sua recuperação, embora em um ritmo mais lento do que no início deste ano e no ano passado, disse o secretário-geral da Opep antes de reunião da quarta-feira. eldquo;Ainda estamos vendo um aumento na demanda por petróleo quando comparada com o período da pandemia da covid-19 em 2020 e 2021. Há uma recuperação pós-pandemia, e ainda estamos vendo isso, mas há uma diminuição relativa em seu ritmoerdquo;, disse Haitham al-Ghais ao canal de notícias estatal argelino.

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Registro de recebíveis cria guerra de preços entre maquininhas e bancos

O registro de recebíveis, iniciativa do Banco Central para aumentar a agilidade e a transparência no setor de pagamentos, começou a gerar ecos no mercado financeiro, em especial nas empresas de maquininhas. Bancos que antes não eram tão fortes em adiantamento de recebíveis estão aproveitando o sistema para buscar clientes com tíquetes polpudos, como grandes empresas. Esse movimento começa a reverberar nas maiores empresas de adquirência (as donas das maquininhas e que fazem as compensações financeiras), embora elas afirmem que, por enquanto, conseguem lidar com a pressão. A Cielo, líder do setor, afirmou que os bancos estão atrás de clientes que têm recebíveis de grande valor financeiro. A Getnet, por sua vez, disse a analistas de mercado que a disputa tem vindo de concorrentes que antes não atuavam no adiantamento. E que sim, é uma guerra de preços. Alguns indicadores corroboram essa visão. A Cerc, uma das quatro centrais registradoras e que é parceira da PagSeguro e do Mercado Pago, afirmou no mês passado que as taxas na antecipação dos recebíveis que estão em seu sistema têm ficado estáveis, em uma vitória para os comerciantes. Essa maior competição pode se tornar uma pedra no sapato do setor de maquininhas. O adiantamento de recebíveis virou arma das empresas para ganhar dinheiro, após a redução das margens na captura de transações, um legado da guerra das maquininhas. O inimigo, agora, pode ser outro. Iniciativa visava reduzir preços O registro de recebíveis tornou os valores a receber de cada comerciante visíveis a todo o mercado, para que operações com eles pudessem ser feitas por virtualmente qualquer empresa da área. A intenção do Banco Central era justamente reduzir os preços desse tipo de operação. Cielo e Getnet fizeram questão de dizer, porém, que ainda não sentem os efeitos dessa briga. Na Getnet, o spread (diferença entre custo de captação e juros cobrados dos clientes) do adiantamento cresceu. A Cielo também avançou na rentabilidade e afirmou estar preparada para captar recursos para o produto de forma mais barata do que antes.

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Mergulham os preços do petróleo

Em apenas dois meses, as cotações do petróleo despencaram dos quase US$ 120 por barril para US$ 94 no fechamento do mercado desta quinta-feira. Uma queda de quase 20%. Dependendo de quanto ainda vier a ser esse tombo, o impacto sobre a inflação do mundo e do Brasil poderá ser relevante. Quatro são os fatores responsáveis por essa baixa. O primeiro deles é a perspectiva de recessão da economia dos países líderes. Estados Unidos e Europa começaram o contra-ataque à inflação, de 9,1% e 8,6% em 12 meses, respectivamente, tal como contabilizada em junho. Os grandes bancos centrais trataram de puxar pelos juros de maneira a restringir a demanda. E, de quebra, os governos trabalharam na direção da regularização da oferta de petróleo e de alimentos, os principais itens que pesam sobre a inflação. O segundo fator é a existência de estoques altos demais, formados pelos governos e setor produtivo privado para assegurar a segurança energética. Terceiro fator: diante dos cortes no fornecimento de gás pela Rússia, como reação às sanções pela guerra na Ucrânia, os governos da União Europeia trataram de reequacionar a oferta de energia por outros meios. A Alemanha, por exemplo, prepara o prolongamento do funcionamento de suas usinas nucleares que deveriam ser desativadas ainda neste ano. E tem mais o efeito do calor tórrido deste verão na Europa. Novas decisões dos governos da área vêm apressando a substituição dos combustíveis fósseis por fontes limpas, fator de longo prazo que, no entanto, pode ter alguma influência imediata sobre os preços do barril. Não dá para cravar a tendência de baixa nem o real comportamento do mercado porque as incertezas são enormes. Muitos fatores podem acentuar ou virar de repente o mercado. Não há segurança sobre a trajetória dos juros determinada pelos bancos centrais. A guerra, um dos principais causadores da alta anterior, não tem prazo para acabar. Não se sabe qual será a intensidade do inverno no Hemisfério Norte, de modo a pré-avaliar o consumo de combustíveis destinados ao aquecimento. Também não se sabe até onde pode ir a desaceleração da economia da China, que vem dando prioridade ao combate à covid-19. E ignora-se qual será a disposição do cartel da Opep de manter ou apertar a oferta de petróleo e derivados. Nesta sexta-feira, a Petrobras reduziu em R$ 0,20 (3,5%) o preço do litro do óleo diesel nas suas refinarias. É indicação de que a persistência da queda de preços dos combustíveis pode ajudar a derrubar a inflação no Brasil e no mundo. E, se confirmada a antecipação da transição energética para combustíveis limpos, os investimentos pelas petroleiras globais podem cair ainda mais. *COMENTARISTA DE ECONOMIA

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