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Em 40 dias, Petrobras corta em 19% a gasolina

A um mês das eleições, a Petrobras anunciou ontem mais um corte nos preços da gasolina, o quarto desde o dia 20 de julho. A redução é de 7,08% nos preços de venda do produto para as distribuidoras. Com a medida, o recuo acumulado no combustível chega a 19,22% em 40 dias e se aproxima do patamar verificado antes da guerra da Ucrânia, que teve início há seis meses. O valor do litro da gasolina passa de R$ 3,53 para R$ 3,28 nas refinarias, queda de R$ 0,25 por litro a partir de hoje. Embora haja argumentos técnicos para justificar a redução, incluindo a queda no preço do petróleo, a variação do dólar e o corte de impostos, especialistas consideram que os frequentes anúncios de novos preços para a gasolina e o diesel têm viés eleitoral. Chama a atenção a velocidade com que se deu a redução nos preços do óleo diesel nas refinarias da estatal. O produto teve dois cortes recentes, depois de 17 meses sem alteração, que somaram 7,63% de queda. Nesta semana, a Petrobras divulgou também reduções nos preços de venda de querosene de aviação (QAV), gasolina de aviação (GAV) e asfalto. As quedas de preços dos combustíveis têm sido semanais e a tendência, dizem fontes, é que, no caso da gasolina, sigam nesse ritmo até 2 de outubro, dia do primeiro turno das eleições. A rodada de reduções de impostos feita pelo governo contribui para os preços menores, uma vez que os tributos são parte importante na composição do preço final dos combustíveis. Houve, por exemplo, redução nas alíquotas de ICMS, com a fixação de um limite de incidência pelos Estados, e o governo zerou tributos federais (PIS/Cofins e Cide) sobre a gasolina. A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) estima que, mesmo após as últimas reduções, a gasolina vendida nas refinarias pela Petrobras ainda estaria 7% acima dos preços do mercado internacional, enquanto no diesel esse percentual seria de 4%, na média de seis portos no qual a entidade faz um acompanhamento diário de preços. Sérgio Araújo, presidente da Abicom, disse que a Petrobras está praticando o que está previsto no preço de paridade de importação (PPI), política da estatal que busca alinhar os preços domésticos aos do mercado externo. A visão é a mesma do consultor em gerenciamento de risco da StoneX, Pedro Shinzato, segundo o qual os preços da gasolina no mercado externo encontram-se abaixo do que se verificava antes da guerra na Ucrânia, o que justificaria a redução atual. Há contas diferentes. Fontes com conhecimento dos números da empresa dizem que os preços praticados pela Petrobras no país estavam ainda cerca de 20% acima do mercado externo na gasolina e, depois da redução de 7,08% anunciada ontem, ainda haveria espaço para cortar as cotações em 13%. Há quatro elementos considerados para definir os preços dos combustíveis no mercado doméstico: preço internacional, custo de internação e distribuição, dólar e volatilidade do preço. Fontes dizem que a empresa tem desconsiderado o elemento volatilidade e feito as reduções de forma mais rápida como no caso do diesel. A pergunta é o que a Petrobras fará se houver uma reversão de expectativas e os preços do petróleo e dos derivados (diesel e gasolina) voltarem a subir no mercado internacional a curto prazo. Hoje o cenário internacional favorável, com as cotações do petróleo em queda, dá sustentação para a Petrobras reduzir os preços domésticos. A cotação do contrato do petróleo tipo Brent (referência global da commodity) para novembro fechou ontem em queda de 3,06%, a US$ 91,32 o barril, o menor nível desde 10 de fevereiro. O câmbio também tem ajudado nas contas da Petrobras. Mas analistas dizem que não há garantias de que os preços não voltarão a subir. Enquanto isso não acontece, o presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, tem feito o que pode para capitalizar a queda dos combustíveis e transformar o tema em votos. Várias das reduções de preços têm sido anunciadas pela Petrobras às quintas-feiras, a tempo de Bolsonaro comentar o assunto nas suas lives, feitas sempre às quintas. Em 4 de agosto, quinta-feira, a Petrobras cortou em 3,56% o preço do diesel vendido nas refinarias. Em 11 de agosto, quinta-feira, a estatal reduziu o produto em mais 4,07%. Ao transformar os combustíveis em bandeira da reeleição, Bolsonaro passou a antecipar as oscilações nos preços da estatal, o que coloca em dúvida a governança da empresa, na visão de especialistas. Na terça, Bolsonaro antecipou que haveria a redução anunciada ontem. Ele disse, em ato de campanha, em Curitiba (PR): eldquo;Hoje é quarta, acho que até sexta vai ter uma boa notícia porque está sendo uma prática do novo presidente da Petrobraserdquo;. Caio Paes de Andrade, o novo CEO da Petrobras, assumiu o cargo em 28 de junho com o mandato do presidente de trabalhar pela redução de preços, dizem fontes. Os quatro cortes nos preços da gasolina aconteceram na gestão de Andrade. O executivo assumiu a empresa em momento em que os preços internacionais do barril de petróleo vêm seguindo em trajetória de queda, o que ajuda na sua missão. Ontem, em comunicado, a Petrobras justificou a queda de preços da gasolina pelo desenrolar do cenário internacional: eldquo;Essa redução acompanha a evolução dos preços de referência e é coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbioerdquo;. O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, disse que a Petrobras poderia ter reduzido ainda mais os preços da gasolina, considerando que a diferença entre os mercados doméstico e internacional era de R$ 0,30 por litro. Os cálculos da XP Investimentos indicam, por sua vez, que os preços da gasolina ainda teriam um eldquo;prêmioerdquo; de 1,5%, o que significa que o preço médio de venda da Petrobras ainda estaria acima do verificado no mercado externo. Carla Ferreira, pesquisadora do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo (Ineep), destacou que, desta vez, o corte nos preços foi além da paridade, ao comparar o preço da empresa com dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Ela ressaltou a volatilidade do mercado, causada por incertezas geopolíticas e questões como isolamento em cidades chinesas por causa do contágio da covid-19. André Vidal, analista de óleo e gás da XP Investimentos, afirmou: eldquo;Temos visto a Petrobras operar com um pouco mais de prêmio no diesel do que na gasolina, talvez para garantir o suprimento em face dos baixos estoques do derivado no mundoerdquo;. O diesel estaria, segundo cálculos da XP, com preços 7,3% acima dos praticados no exterior, destacou. Para ler esta notícia, clique aqui.

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Petrobras anuncia nova redução no preço da gasolina

A Petrobras informou nesta quinta-feira (1º) que vai reduzir o preço da gasolina vendida às distribuidoras em 7,08%. A partir de sexta-feira (2), o preço do litro passará R$ 3,53 para R$ 3,28 por litro, uma redução de R$ 0,25 por litro. A última alteração no preço da gasolina havia sido em 16 de agosto. Já o preço do litro do diesel vendido às refinarias segue em R$ 5,19 desde 12 de agosto. "Essa redução acompanha a evolução dos preços de referência e é coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio", diz a estatal em nota. Preços nas bombas Pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP) mostra que os preços da gasolina, do diesel e do etanol voltaram a recuar nos postos de combustíveis na última semana. De acordo com o levantamento da ANP, o preço médio do litro da gasolina caiu de R$ 5,4 para R$ 5,25, uma diminuição de 2,8%. Trata-se do menor patamar desde a semana encerrada em 27 de fevereiro do ano passado (R$ 5,17). O valor máximo encontrado nos postos foi R$ 7,00. A Petrobras esclarece que, com a nova redução para as distribuidoras, e considerando a mistura obrigatória de 73% de gasolina A e 27% de etanol anidro para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da petroleira no preço ao consumidor passará de R$ 2,57, em média, para R$ 2,39 a cada litro vendido na bomba.

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MP aprovada pela Câmara pode encarecer conta de luz

Associações do setor elétrico e especialistas avaliam que a medida provisória (MP) que traz mudanças nas regras do setor elétrico, aprovada na Câmara nesta semana, vai encarecer as contas pagas pelos consumidores. De acordo com cálculos da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres (Abrace), o impacto anual da MP pode chegar a R$ 8 bilhões endash; considerando os impostos, a cifra sobe para R$ 10 bilhões. O valor é referente à extensão de dois anos no prazo para que usinas de fontes incentivadas (como solar e eólica) que ainda terão direito a receber subsídios fiquem prontas e comecem a funcionar. Até então, esses empreendimentos deveriam operar em até 48 meses, mas o texto aprovado pelos deputados estende esse prazo até 72 meses. eldquo;Apenas esse movimento faria dobrar o subsídio que existe hoje, que já é de R$ 8 bilhõeserdquo;, aponta Paulo Pedrosa, presidente da Abrace. ÚLTIMA HORA. Essa e outras medidas foram inseridas em uma MP que, inicialmente, tratava do uso de créditos tributários no setor de combustíveis. De última hora, o relator, deputado Danilo Forte (União-CE), incluiu dispositivos que afetam o setor de energia e as tarifas. A matéria segue agora para análise do Senado. O setor deve se mobilizar para que os trechos sejam retirados e discutidos por meio de outro projeto que trata da modernização do setor, que tramita na Câmara. Entidades reclamam que as propostas foram aprovadas sem qualquer tipo de discussão com o setor ou com a sociedade. eldquo;Apresentar, propor e aprovar artigos de lei em cerca de 24 horas significa abandonar, de vez, o princípio da boa governança legislativa: zero transparência, zero previsibilidadeerdquo;, afirmou o Instituto Acende Brasil, em nota. O texto também prevê novas regras para estabelecimento das tarifas pelo uso do sistema de transmissão de energia.

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PIB cresce 1,2% no trimestre e melhora expectativa para ano

Num desempenho que superou as estimativas dos economistas, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1,2% no segundo trimestre, ante os três primeiros meses do ano, segundo o IBGE. A combinação de normalização dos serviços mais afetados pela pandemia, melhora do mercado de trabalho e medidas do governo para incrementar a renda das famílias impulsionou a economia. Na média, economistas esperavam uma alta de 0,9%, conforme pesquisa do Projeções Broadcast. O resultado desencadeou uma série de revisões para cima nas expectativas para o ano. Em janeiro, as projeções de instituições financeiras apontavam para uma variação pouco acima de zero. Antes da divulgação, as estimativas já indicavam avanço de 2,0%. Ontem, foram elevadas para 2,7%. A combinação da normalização dos serviços mais afetados pela pandemia com a melhora do mercado de trabalho e as medidas do governo para incrementar a renda das famílias impulsionou a economia no segundo trimestre. O Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todo o valor gerado no País) cresceu 1,2% sobre os três primeiros meses do ano, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O desempenho superou as estimativas de economistas, de alta de 0,9%, conforme pesquisa do Projeções Broadcast, e desencadeou mais uma onda de revisões para cima nas expectativas para o ano. Em janeiro, a mediana das projeções apontava para uma variação pouco acima de zero. Antes da divulgação, as estimativas já indicavam avanço de 2%. Ontem, foram elevadas para 2,7%. As famílias, com restrições a frequentar bares, restaurantes e demais serviços que dependem de contato pessoal desde o início de 2020, retomaram esses gastos com força. eldquo;As pessoas ficaram dois anos sem viajarerdquo;, disse Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE. A elevação dos gastos com esses serviços impulsionou o consumo das famílias, que avançou 2,6% no trimestre. As atividades exportadoras tiveram desempenho negativo, mas a demanda doméstica garantiu o crescimento, em parte, porque os investimentos cresceram 4,8%, com destaque para a construção e a tecnologia da informação. O setor de serviços, que responde por cerca de 70% da economia, puxou o crescimento, com avanço de 1,3% sobre o primeiro trimestre. A indústria cresceu 2,2%, com a construção e a geração de eletricidade à frente, enquanto a agropecuária teve ligeira alta, de 0,5%, após a queda do início do ano com a quebra da safra de soja. ebull;

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Analistas já preveem PIB próximo de 3% neste ano, após resultado acima do esperado

Bancos e consultorias já estão prevendo que o Produto Interno Bruto (PIB) este ano vai crescer perto de 3%. Até a divulgação dos números do segundo trimestre pelo IBGE nesta quinta-feira, de alta de 1,2% acima do esperado, a expectativa de crescimento estava pouco acima de 2%. Em relatório, o Goldman Sachs subiu suas estimativas de 2,2% para 2,9%. eldquo;Dada a impressão do PIB real do segundo trimestre mais forte do que o esperado, revisões do crescimento do quarto trimestre de 2021 e primeiro trimestre deste ano, com os bons indicadores de confiança do terceiro trimestre e a antecipação de transferências fiscais mais altas para o setor privado durante o segundo semestre deste ano, estamos atualizando nossa previsão de crescimento real do PIB em 2022 para 2,9% (de 2,2%). Em 2023, esperamos que a economia cresça de forma tímida: 1%erdquo;, diz o relatório assinado pelo economista Alberto Ramo. O Itaú Unibanco, que projetava crescimento de 2,2% para o PIB em 2022, agora estima uma alta entre 2,5% e 3%, segundo a economista Natália Cotarelli. Além da aceleração no consumo das famílias, a taxa de investimento de 18,7% do PIB no segundo trimestre surpreendeu. A economista ainda diz que, embora os recursos liberados em agosto, como Auxílio Brasil de R$ 600 e Pix Caminhoneiro, ajudem a acelerar o consumo daqui em diante, o impacto na economia do PIB deve ser menor do que o gerado pela antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas e pelos saques extras do FGTS. emdash; Se considerarmos que foram quase R$ 90 bilhões liberados no segundo trimestre, contra R$ 41 bilhões para o segundo semestre todo, podemos ver que os benefícios não compensam a renda adicionada à economia antes emdash; comenta Natália. Disseminação do crescimento A Genial Investimentos também já revisou suas projeções. Citou a disseminação do crescimento como um dos motivos para melhoria nas expectativas econômicas. eldquo;Nossa avaliação é que o PIB do 2º trimestre foi positivo, não só pelo valor acima do esperado, mas também pela disseminação de resultados positivos entre diversos subgrupos. Com isso, revisamos de forma preliminar nossa projeção do PIB em 2022 de 2,5% para 2,8%.erdquo; A XP Investimentos também soltou relatório, avisando que vai rever as projeções para cima. eldquo;Nossa expectativa atual para o PIB de 2022, de 2,2%, tem um claro viés altista. Em breve revisaremos nossa projeção para o PIB anual. Também atribuímos um viés positivo à previsão de aumento de 0,5% para o PIB de 2023, a despeito da política monetária em território amplamente contracionista e o enfraquecimento da economia global" A XP diz que continua esperando desaceleração da atividade doméstica no semestre, "no entanto, a recuperação firme das condições do mercado de trabalho, combinada a estímulos fiscais de curto prazo, deve permitir um arrefecimento econômico suave". A XP afirma que o resultado do segundo trimestre já garante um crescimento de 2,6% este ano, se não houver queda no terceiro e quarto trimestre. Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, apesar de esperar uma expansão mais baixa que outras consultorias, também mudou seus números para cima. Esperava alta de 1,6% este ano e agora prevê 2%: _ Esperávamos que a retomada de serviços fosse um pouco mais lenta e houve impacto forte de commodities. Está montada a história: serviços saindo por pandemia, aceleração dos preços das comodities. Mas com a recessão mundial, é um efeito que tem um tempo determinado para durar. Pode ser um pouco mais que 2%. Vai depender do quarto trimestre. Há muitas incertezas no final de ano. Porém, o número deve ficar mais próximo de 2% do que 3%. Essa taxa é mais improvável.

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Desemprego recua para 9,1%, e renda volta a subir após dois anos, diz IBGE

A taxa de desemprego no Brasil recuou para 9,1% no trimestre encerrado em julho deste ano, informou nesta quarta-feira (31) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). É o menor patamar na série histórica comparável desde o trimestre até outubro de 2015. À época, a taxa também estava em 9,1%, e a economia nacional amargava recessão. O novo resultado veio em linha com as estimativas do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam 9% na mediana. Depois de dois anos, o rendimento habitual da população ocupada com trabalho voltou a registrar crescimento significativo em termos estatísticos, chegando a R$ 2.693 no trimestre até julho, apontou o IBGE. A renda vinha em uma trajetória de queda em meio ao aperto da inflação. O rendimento analisado contempla apenas os ganhos com o trabalho. Ou seja, não tem o impacto de fontes como benefícios sociais. "A última vez que houve crescimento significativo foi há exatos dois anos, no trimestre encerrado em julho de 2020", afirmou Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE. O novo valor (R$ 2.693) é 2,9% maior do que o verificado no trimestre imediatamente anterior, de fevereiro a abril (R$ 2.618). Porém, ainda mostra fragilidade na comparação com períodos anteriores da série histórica. Sinal disso é que a renda está 2,9% abaixo do nível registrado em igual período de 2021 (R$ 2.773). O novo valor é o segundo menor da série para o trimestre até julho. Supera apenas o verificado em igual período de 2012 (R$ 2.685). Conforme o IBGE, o aumento frente a abril foi puxado pelo rendimento dos empregadores (6,1%, ou mais R$ 369), dos militares e funcionários públicos estatutários (3,8%, ou mais R$ 176) e dos trabalhadores por conta própria (3%, ou mais R$ 63). Beringuy destacou que a ocupação cresceu de maneira acentuada entre os empregadores inseridos no comércio. No caso dos funcionários públicos, houve expansão de vagas em setores como saúde e educação. Para os trabalhadores por conta própria, o avanço da ocupação ficou mais disseminado entre as atividades pesquisadas. Conforme a pesquisadora, a leve melhora da renda pode ser relacionada com a recente trégua da inflação. Mas, como o país ainda convive com a pressão sobre os preços, o rendimento segue enfraquecido em termos históricos, ponderou Beringuy. "É uma recuperação incipiente, lenta", define o economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores. Ele também considera que a trégua da inflação ajuda a contextualizar o ganho de renda no trimestre. NÚMERO DE DESEMPREGADOS ABAIXO DE 10 MILHÕES O número de desempregados, por sua vez, recuou para 9,9 milhões no trimestre até julho, uma baixa de 12,9% (menos 1,5 milhão de pessoas) frente ao trimestre anterior. É o menor nível desde o trimestre encerrado em janeiro de 2016 (9,8 milhões), quando o Brasil atravessava recessão. O contingente não ficava abaixo de 10 milhões desde então. Pelas estatísticas oficiais, a população desocupada reúne quem está sem trabalho e segue à procura de novas vagas. Quem não tem emprego e não está buscando oportunidades não entra nesse cálculo. A taxa de desemprego estava em 10,5% no trimestre até abril, período mais recente da série comparável. Na ocasião, o número de desocupados era de cerca de 11,3 milhões. Os dados são da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). De acordo com economistas, os estímulos fiscais adotados pelo governo federal às vésperas das eleições e a reabertura de atividades após as restrições causadas pela pandemia estão entre os fatores por trás da queda do desemprego. Há, ainda, o impacto das pessoas que deixaram de trabalhar durante a crise sanitária e ainda não voltaram a buscar emprego, lembra Imaizumi. No trimestre até julho de 2019, antes da pandemia, o país tinha 61,1 milhões de pessoas fora da força de trabalho. Em igual período de 2022, o número foi de 64,7 milhões. Ou seja, continuou mais alto do que antes da Covid-19. POPULAÇÃO OCUPADA ALCANÇA 98,7 MILHÕES O contingente de pessoas ocupadas com algum trabalho alcançou 98,7 milhões, recorde da série desde 2012. A alta foi de 2,2% (mais 2,2 milhões de pessoas) ante o trimestre imediatamente anterior. A Pnad retrata tanto o mercado de trabalho formal quanto o informal. Dessa forma, são avaliados desde empregos com carteira assinada e CNPJ até os populares bicos. A população ocupada de maneira informal chegou a quase 39,3 milhões no trimestre até julho. O número também é recorde na série histórica. Do total de 2,2 milhões de vagas a mais frente ao trimestre anterior, 560 mil eram de informais (empregados sem carteira assinada, domésticos sem carteira, trabalhadores por conta própria sem CNPJ, empregadores sem CNPJ e trabalhadores auxiliares familiares). A quantia informal equivale a 26% do número total de novos postos. O percentual, porém, já foi maior. Isso indica que a ocupação foi puxada no trimestre mais recente pelo avanço do mercado de trabalho formal. Somente os empregados no setor privado com carteira assinada subiram 1,6% (mais 555 mil), para 35,8 milhões. O número não é recorde. A maior quantia com carteira foi registrada no trimestre até julho de 2014 (37,6 milhões). Em relatório, a economista Claudia Moreno, do C6 Bank, destacou que a renda, mesmo com a elevação, segue em um patamar "muito deprimido" no país. Segundo Moreno, a expectativa é que a taxa de desemprego continue caindo até o final do ano, para 8,7%, em um sinal defasado da recuperação econômica. "À frente, no entanto, a história começa a mudar: os efeitos dos juros altos e da desaceleração da economia global vão pesar mais fortemente sobre a economia, impactando negativamente o nível da ocupação em 2023. Projetamos que a taxa volte a subir e termine 2023 em 9,8%", analisou. Até o primeiro turno das eleições, agendado para 2 de outubro, haverá mais uma divulgação da Pnad, prevista para 30 de setembro. A nova edição contemplará dados até agosto.

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