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Conselho de Administração da Petrobras espera análise de Comitê para marcar assembleia de eleição

Em um encontro que durou cerca de dez horas, o Conselho de Administração da Petrobras decidiu que vai se reunir novamente para deliberar sobre uma data para a convocação da Assembleia Geral Extraordinária de acionistas. Na reunião, o Conselho de Administração informou ainda que a indicação de Caio Paes de Andrade será submetida ao processo de governança interna. Para isso, explicou a estatal, será "observada a Política de Indicação de Membros da Alta Administração, para a análise dos requisitos legais e de gestão e integridade e posterior manifestação do Comitê de Pessoas". No dia 18 de abril deste ano, um decreto publicado pelo presidente Jair Bolsonaro trouxe a mudança na sistemática entre as indicações e a aprovação dos acionistas. Pela nova regra, a manifestação do Comitê de Pessoas deve ser encaminhada ao Conselho de Administração, que precisa incluir esse parecer para a convocação da Assembleia Geral de Acionistas. Segundo especialistas, a indicação de Caio Paes de Andrade corre o risco de parar na Justiça. Sem experiência no setor, analistas avaliam que ele não preencheria os requisitos para o comando da empresa de acordo com as disposições da Lei das Estatais. O artigo 17 da Lei das Estatais exige experiência profissional mínima de dez anos, no setor público ou privado, na área de atuação da empresa, ou quatro anos ocupando cargo de diretoria em empresa de porte similar, cargo público de confiança em nível superior (DAS-4) ou ainda cargo de docência ou pesquisa na área de atuação da empresa. Paes de Andrade era o nome indicado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, desde a demissão de Joaquim Silva e Luna do comando da empresa, no fim de março. Seu nome ganhou destaque com a implementação da plataforma digital gov.br. Paes de Andrade foi secretário de Desburocratização de Guedes e tinha bom relacionamento com o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida. A indicação marca o aumento da influência de Guedes no setor de energia. Em nota, a Petrobras informou em comunicado que a destituição de Coelho do cargo de presidente da empresa, "caso aprovada na Assembleia", vai "acarretar a destituição dos demais membros do Conselho eleitos" pelo processo de voto múltiplo, em abril deste ano. Mudanças no Conselho e depois na diretoria O atual Conselho também vai aguardar os novos nomes que serão indicados pela União para compor o novo Conselho de Administração. Desde terça-feira, fontes vêm afirmando que o ministério de Minas e Energia, comandado por Adolfo Sachsida, pretende primeiro fazer mudanças entre os indicados do Conselho de Administração. Em seguida, após Caio assumir a Petrobras, é que seriam feitas trocas na diretoria. Essa mesma fonte lembrou que também estão sendo desenhadas trocas dentro do próprio ministério. Essa fonte destacou que a estratégia é ter "100% das pessoas a favor do fim da política de preços da estatal como é hoje".

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Presidente da Fecombustíveis participa de audiência pública sobre TCFA

Hoje (26), às 13h, o presidente da Fecombustíveis, James Thorp Netp, participará de audiência pública na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, para discutir o impacto da Taxa Controle e Fiscalização Ambiental (TCFA) na economia. O debate foi solicitado pelo deputado Jerônimo Goergen (PP-RS). Ele explica que se trata de uma cobrança fiscal referente à proteção do meio ambiente, voltada para as atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos ambientais. A reunião será realizada no plenário 10. A revenda pode acompanhar ao vivo, clique aqui (Com informações da Agência Câmara)

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Câmara aprova teto do ICMS para combustíveis e energia, que deve baixar preços no ano eleitoral

A Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira, o texto-base do projeto que limita o ICMS a 17% para energia, combustíveis, telecomunicações e transporte coletivo. Foram 403 votos favoráveis e dez contrários, além de duas abstenções. Os deputados rejeitaram todos os destaques, emendas que podem alterar o texto. Agora, o texto será encaminhado ao Senado. Este patamar chega a ser metade do cobrado por alguns estados. A medida deve reduzir em até 12% o preço destes produtos e serviços em alguns estados emdash; segundo os defensores do projeto emdash;, o que pode aliviar a inflação e beneficiar a popularidade do presidente Jair Bolsonaro neste ano eleitoral. Por outro lado, pode retirar até R$ 83,5 bilhões por ano dos caixas de estados e municípios. Como a redução vale para combustíveis em geral, sem discriminação, também será aplicada para o querosene de aviação. Foi incluído no texto uma menção específica para o gás natural ficar sujeito ao teto. Além disso, há um dispositivo que determina nova regra para a redução da tributação do diesel neste ano. Uma decisão dos estados fez com que o governo questionasse a decisão no Supremo Tribunal Federal (STF), que concedeu liminar suspendendo o convênio. Essa proposta considera esses serviços essenciais, e por isso estão sujeitos a limitação do ICMS. Em um aceno aos estados, foi incluído um dispositivo que prevê uma regra de transição de seis meses com compensação em caso de perda de arrecadação, mas os recursos só poderão ser usados para abatimento de dívidas com a União. O projeto foi capitaneado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), com forte apoio do governo federal. Estados se mobilizaram contra a proposta, e tentam derrubá-la no Senado, recorrer à Justiça ou, em último caso, adiar a entrada para vigor para 2024, seguindo uma decisão anterior do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre ICMS. Ao encerrar a votação, Lira agradeceu ao empenho dos deputados, da base e oposição, que apesar de discursos contundentes, votaram pela aprovação da lei: emdash; Todos acreditam na efetividade dessa lei, ninguém quis votar contra redução de imposto. Ele ainda afirmou que se houve alguém que confrontou o Legislativo foram os estados, que não reduziram a alíquota do diesel, conforme previa projeto aprovado em março e alvo da disputa no STF. Mudanças para conquistar os estados Os estados sempre se manifestaram contrários ao projeto do deputado Danilo Forte (União-CE), por causa da perda de arrecadação bilionária com a redução das alíquotas. Para angariar esse apoio, o relator da proposta, deputado Elmar Nascimento (União-BA), acrescentou dispositivos para compensar essa diminuição. Os estados e municípios vão ganhar descontos nas obrigações de dívidas junto à União em valor equivalente à perda arrecadatória que tiverem. Em reuniões ao longo desta quarta-feira, dia da votação, ficou definido que os estados que aderiram ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) terão compensação de qualquer perda de arrecadação que venham a ter. Para os demais estados, foi mantido o acordo de que o gatilho poderá ser acionado caso a perda da arrecadação no mês seja superior a 5%. Esses recursos serão usados para abater as dívidas dos entes com a União endash; ou financiamento do RRF endash; e as compensações serão interrompidas se houver alteração de alíquotas ou se não houver mais saldo a ser abatido. Essa é uma regra de transição que valerá por seis meses, entre julho e dezembro de 2022 endash; isso também estava no acordo que foi alinhavado junto com a equipe econômica ontem. Nascimento fez outra alteração para incluir os municípios na regra do gatilho. Isso ocorre porque as cidades recebem uma parte da arrecadação do ICMS e também terão perda de recursos. A compensação, nesse caso, ficaria a cargo dos estados. Em contrapartida, o relator incluiu uma alteração na lei complementar que mudou a cobrança do ICMS sobre o diesel e uniformizou a alíquota no país. Ele fixa uma regra para forçar uma revisão do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), que fixou uma alíquota maior com possibilidade de os estados darem descontos. Agora, eles serão obrigados a considerarem a média móvel dos preços médios praticados nos 60 meses anteriores, ignorando o período de congelamento do tributo. Estados tentarão reverter situação no Senado Os estados querem reverter a situação de perda de arredação. Porém, o foco já é no Senado, pois avaliavam que há poucas chances de emplacar qualquer mudança que seja na Câmara, ainda que tenham sido propostas mudanças ao texto, que não foram aprovadas. Por ora, o que está sendo analisado é uma proposta para substituir esse mecanismo de gatilhos por um fundo de compensação. Esse tipo de medida conta com a antipatia do Ministério da Economia, que é contrário a esses mecanismos. Os estados afirmam que a limitação do ICMS pode gerar perdas de até R$ 83,5 bilhões, segundo estimativas do Comitê Nacional de Secretários Estaduais de Fazenda (Comsefaz). Esse é o montante no chamado " pior cenário", caso ocorra alta de 30% dos combustíveis até o final do ano. Nos parâmetros atuais, as perdas são estimadas em R$ 64,2 bilhões. Esta conta inclui a parcela que vai aos municípios: perdas de R$ 16,05 bilhões às prefeituras no cenário atual e de R$ 20,875 bilhões caso os combustíveis continuem subindo de preço. O ataque ao ICMS é mais um capítulo na queda de braço entre o Executivo federal e os governadores. Como o GLOBO mostrou, os repasses da União aos estados engordaram os caixas, também beneficiados pelo aumento da arrecadação e, com R$ 320 bilhões disponíveis, a cobiça do governo federal sobre esses recursos está crescendo.

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Indicado é visto como gestor habilidoso, mas sem experiência no setor

Novo indicado do governo à presidência da Petrobras, Caio Mario Paes de Andrade é descrito por pessoas próximas como um gestor habilidoso e alguém bem relacionado politicamente, apesar de não ter muita experiência no setor de petróleo e energia. Desde que assumiu a Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital no Ministério da Economia, em agosto de 2020, ele ampliou sua rede de contatos em Brasília e ganhou projeção dentro do governo ao turbinar a agenda de digitalização dos serviços públicos. Ao longo de sua atuação na administração pública, ele se aproximou de diferentes parlamentares aliados do governo, entre eles o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro (PL). Por ter sido bem-sucedido nessas frentes, a expectativa de interlocutores é que ele tenha jogo de cintura para lidar com a política de preços da Petrobras, tema que é o calcanhar de Aquiles do governo em meio à tentativa de reeleição do presidente. Desde o ano passado, os combustíveis têm sido um importante fator de impulso para a inflação, que fechou o ano passado em 10,06% (a maior desde 2015) e caminha para estourar a meta novamente em 2022, ano eleitoral. Com a nova troca no comando da companhia, o governo espera ter ao menos uma suavização na frequência dos reajustes. Como mostrou a Folha, o governo discute a criação de bandas de flutuação para a cotação do barril de petróleo, com um gatilho que autoriza o reajuste apenas quando o teto é superado. Outra hipótese em discussão é estipular um intervalo mínimo de cem dias para o ajuste nos preços. A expectativa é que Paes de Andrade já assuma a presidência da Petrobras pressionado a tomar providências em relação ao preço dos combustíveis. O atual secretário do Ministério da Economia tem tido apoio do ministro Paulo Guedes para se credenciar ao novo posto no lugar de José Mauro Coelho, demitido 40 dias após sua posse. O indicado também é próximo ao novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida endash;outro egresso da equipe de Guedes. Nos bastidores, o ministro da Economia é simpático à ideia de a companhia conceder reajustes mais espaçados, sobretudo considerando os lucros recordes obtidos pela companhia. A discussão vai ao encontro do discurso do próprio presidente, que já classificou o lucro de R$ 44,5 bilhões no primeiro trimestre como um "estupro" e um "absurdo". Nas últimas semanas, Paes de Andrade também esteve próximo a Bolsonaro na tentativa de desatar o nó envolvendo os reajustes salariais de servidores públicos. Sua área na Economia é a responsável por conduzir esse tipo de negociação. Mesmo com a decisão de conceder um reajuste linear de 5% para todas as carreiras, o chefe do Executivo quer um tratamento especial para categorias policiais, que compõem a base eleitoral do presidente. Interlocutores do Planalto atribuem a Paes de Andrade a opção intermediária, de conceder um aumento diferenciado apenas para PRF (Polícia Rodoviária Federal) e Depen (Departamento Penitenciário), que têm salários menores que a PF (Polícia Federal). A alternativa agradou a Bolsonaro, embora auxiliares do presidente sigam alertando para o risco de greve e novas mobilizações caso alguma carreira seja privilegiada no aumento salarial. Efetivado agora como indicado do governo, o secretário já havia figurado entre os cotados para comandar a Petrobras no mês de março, logo após a demissão de Joaquim Silva e Luna emdash;antecessor de José Mauro Coelho. Na época, porém, seu nome enfrentou resistências justamente pela falta de experiência no setor de óleo e gás, algo considerado um entrave para resolver o problema do preço dos combustíveis. Paes de Andrade já esteve à frente de negócios nos ramos imobiliário, do agronegócio e, principalmente, de tecnologia e inovação. Segundo pessoas próximas, ele se autodenomina um "empreendedor serial" devido à sua trajetória em áreas variadas. Seu ingresso no setor público se deu no início de 2019 como presidente do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), empresa de tecnologia do governo federal. Após migrar para o Ministério da Economia, ele assumiu o comando da área responsável pelo pagamento de salários de 1,2 milhão de servidores, pelo monitoramento de cerca de R$ 34 bilhões em compras públicas ao ano e pela condução de toda a frente de transformação digital, hoje uma das grandes vitrines do governo. Paes de Andrade é sócio-fundador da empresa de produtos voltados à internet WebForce há 22 anos. A companhia criou um site que oferecia a criação de homepages gratuitas, a hpG, e diz ter vendido o negócio para o iG por R$ 55 milhões. No fim do ano passado, Paes de Andrade foi condecorado por Bolsonaro com a insígnia Ordem do Rio Branco, no grau de grande oficial. No setor de petróleo, porém, sua única experiência é como membro do conselho de administração da PPSA (Pré-Sal Petróleo S.A.), estatal responsável pela comercialização da parcela de petróleo a que a União tem direito nos contratos de partilha, firmados com empresas que exploram o pré-sal. Ele ocupa a posição desde janeiro de 2021. Esse é justamente um dos apontamentos feitos por críticos da indicação de Paes de Andrade à presidência da Petrobras. Se a lei das estatais fosse cumprida integralmente, ele não poderia assumir o posto. Sancionada em 2016, a lei foi criada para barrar interferências político-partidárias nas companhias controladas pela União. No entanto, o governo de Jair Bolsonaro estuda trocar o conselho de administração da companhia para conseguir empossá-lo. A realização da assembleia para a votação dos indicados deve ocorrer ao menos 30 dias após a convocação oficial. A indicação de um nome que não preenche integralmente os requisitos não é inédita e já ocorreu em fevereiro de 2021, quando o governo escolheu o general Joaquim Silva e Luna para o comando da empresa. Mesmo tendo mestrado e doutorado, Silva e Luna não atendia aos pré-requisitos legais de experiência na área de atuação da petroleira. Paes de Andrade vive situação semelhante. Embora tenha formação profissional que o habilite para o cargo e exiba ficha limpa de antecedentes criminais ou condenações na esfera administrativa, Paes de Andrade não atende a nenhuma das exigências impostas pela lei no que se refere a experiências na área de petróleo e gás. Ele é graduado em Comunicação Social, pós-graduado em Administração e Gestão pela Harvard University e Mestre em Administração de Empresas pela Duke University. De acordo com a legislação, o indicado precisa ter ao menos dez anos de atividade na "área de atuação da empresa pública ou da sociedade de economia mista", no setor público ou privado. Caso não preencha esse quesito, pode ser aceito se atuou ao menos quatro anos ocupando um dos seguintes cargos: diretor ou chefe superior em empresa de porte ou objeto social semelhante ao da empresa pública ou da sociedade de economia mista; cargo comissionado ou em posição de confiança no setor público (acima de DAS-4); docente ou pesquisador em áreas de atuação da empresa pública ou da sociedade de economia mista. Por fim, o indicado pode ser contratado se atuou por ao menos quatro anos como profissional liberal em atividade direta ou indiretamente vinculada à área de Petrobras. Assessores do Palácio do Planalto afirmam que o governo tenta emplacar Andrade no comando da Petrobras com base na experiência dele na presidência do Serpro. No entanto, ele só exerceu essa função por cerca de dois anos, metade do que determina a lei. Pessoas que participam das discussões no governo só veem uma saída: trocar o conselho para que, com nova composição, os integrantes aceitem Paes de Andrade sob o argumento de que os preceitos da lei não são mandamentos, mas recomendações. Foi com esse argumento que, em março de 2021, após a aprovação de Silva e Luna, João Cox Neto, Nivio Ziviani, Paulo Cesar de Souza e Silva e Omar Carneiro da Cunha pediram para deixar os cargos no conselho de administração da Petrobras.

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Conselho de Administração da Petrobras se reúne hoje 'sem hora para acabar'

O Conselho de Administração da Petrobras se reúne na manhã desta quarta-feira, a partir das 8h30, num encontro eldquo;sem hora para acabarerdquo; e pauta alterada de última hora, destaca uma fonte com conhecimento do assunto. A reunião será presencial na sede da estatal, no Cento do Rio. A sessão do colegiado já estava marcada, mas agora vai ocorrer em meio a mais polêmica envolvendo a troca de comando da empresa, com a demissão de José Mauro Coelho pelo presidente Jair Bolsonaro, insatisfeito com o aumento nos preços da gasolina e diesel no Brasil. A intervenção derrubou as ações da empresa na Bolsa. O indicado do governo, o secretário de Desburocratização do Ministério da Economia, Caio Paes de Andrade, não tem a experiência na área de energia exigida pela Lei das Estatais, apontam advogados. A pauta da reunião, segundo fontes, passou por ajustes de última hora para incluir o debate sobre o ofício recebido pelo Ministério de Minas e Energia (MME) que trata sobre a indicação de Andrade para substituir o atual presidente, José Mauro Coelho, que está há pouco mais de um mês no cargo. A demissão de Coelho foi uma decisão do presidente Jair Bolsonaro, incomodado com o impacto do aumento dos preços de combustíveis em sua popularidade. A avaliação é que serão necessários cerca de 45 dias para preparar a empresa para uma nova Assembleia Geral Extraordinária de acionistas. Ou seja, a troca no comando poderia ocorrer apenas em julho. Dança das cadeiras Para ser eleito presidente da estatal, Andrade precisa ser eleito por acionistas como membro do Conselho de Administração, que tem 11 cadeiras, sendo seis atualmente ocupadas por representantes da União. Como Coelho foi eleito pelo sistema de voto múltiplo (conjunto) na última assembleia para uma vaga no Conselho, outros sete conselheiros eleitos nesse sistema vão precisar passar por uma nova votação emdash; o que inclui, assim, os seis nomeados pela União e outros dois dos quatro que foram indicados pelos minoritários. Os funcionários têm direito a uma cadeira. Em tese, o governo pode, nessa nova votação, conquistar todas essas oito vagas. Segundo fontes, é esperado que o governo queira indicar novos nomes ao Conselho de Administração, assim como o novo presidente queira nomear novos diretores. eldquo;É algo natural esse movimentoerdquo;, disse essa fonte. Nesses 45 dias, período que é previsto para a próxima assembleia, o nome de Caio deve passar pelos órgãos de controle da estatal, assim como eventuais nomes que o MME queira indicar ao Conselho. Até lá, Coelho pode ficar no cargo. eldquo;O ideal é conduzir com tranquilidade nesse momento. Só Deus sabe a hora que a reunião vai acabar eldquo;, disse uma fonte informada sobre a pauta do conselho. Maior influência de Guedes Na pauta do Conselho serão debatidos ainda de forma informal ajustes na política de preços da companhia e a busca de outros mecanismos para reduzir a volatilidade nos preços dos combustíveis. O ministro da Economia Paulo Guedes defende, segundo a colunista do GLOBO Malu Gaspar, que os preços sejam travados por cerca de cem dias ou mais. A nomeação de Andrade e uma eventual troca de membros da diretoria facilitaria esse objetivo.

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Falta de experiência em energia fere Lei das Estatais e é obstáculo para Paes de Andrade

A indicação do quarto presidente da Petrobras no governo de Jair Bolsonaro corre o risco de parar na Justiça. Sem experiência no setor, analistas avaliam que Caio Paes de Andrade não preencheria os requisitos para o comando da empresa de acordo com as disposições da Lei das Estatais. O nome do executivo precisa ser submetido ao Comitê de Pessoas da petroleira, que pode referendar ou não a nomeação, e, em seguida, ser analisado pelo Conselho de Administração da companhia. Um grupo de minoritários já se articula para entrar na Justiça caso ele obtenha a aprovação. O artigo 17 da Lei das Estatais exige experiência profissional mínima de dez anos, no setor público ou privado, na área de atuação da empresa, ou quatro anos ocupando cargo de diretoria em empresa de porte similar, cargo público de confiança em nível superior (DAS-4) ou ainda cargo de docência ou pesquisa na área de atuação da empresa. Uma alínea, porém, menciona a possibilidade de experiência em área conexa, o que poderia servir de argumento ao governo. Uso político Segundo especialistas, porém, essa justificativa pode não ser acolhida por órgãos de controle, como o Tribunal de Contas da União, ou pelo próprio Conselho da petroleira. Em seu currículo, Paes de Andrade se apresenta como especialista em fusões e aquisições, mercado imobiliário e transformação digital. Ele estudou na Duke University e em Harvard. Paes de Andrade era o nome indicado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, desde a demissão de Joaquim Silva e Luna do comando da empresa, no fim de março. Seu nome ganhou destaque com a implementação da plataforma digital gov.br. Paes de Andrade foi secretário de Desburocratização de Guedes e tinha bom relacionamento com o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida. A indicação marca o aumento da influência de Guedes no setor de energia. O Estatuto da Petrobras exige da diretoria executiva ao menos dez anos de experiência em liderança, preferencialmente na área de energia. O advogado Bruno Furiati, sócio do escritório Sampaio Ferraz, diz que o conselho pode até não levar em conta as restrições na hora de aprovar o nome, mas precisará de fundamentação. E lembra que conselheiros podem responder judicialmente pela decisão. Segundo Furiati, caso seja comprovado que a nomeação não preenche requisitos da Lei das Estatais e do Estatuto Social da Petrobras, acionistas minoritários ou órgãos de controle podem pedir que a indicação não tenha efeito por representar, em tese, um abuso do governo na sua posição de controlador da Petrobras. emdash; Qualquer aprovação não unânime do nome de Paes de Andrade fortaleceria uma ação judicial contra a nomeação emdash; afirmou. Para o advogado André de Almeida emdash; um dos idealizadores da class action (ação coletiva movida por minoritários) contra a Petrobras em 2014 e que levou a estatal a fazer um acordo de US$ 2,9 bilhões para encerrar a disputa judicial emdash; o atual cenário já justifica questionamento judicial pelos acionistas: emdash; A nomeação de mais um novo presidente em 40 dias somente reforça a visão de que não existe separação societária entre a União e a Petrobras. Tivemos experiências com presidentes (da República) de esquerda e de direita que levam adiante projetos e medidas em benefício do controlador, e não da companhia. Isso é um desrespeito aos objetivos societários da Petrobras. Ciro defende indicação Para o ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira, com a troca no comando da estatal, Bolsonaro escancara o uso eleitoral da Petrobras: emdash; O presidente quer ser reeleito e quer usar os preços da Petrobras para isso, o que é um desastre. É evidente que a lógica da substituição do presidente da Petrobras é permitir manipulação de preços. Nos bastidores, o governo já discute intervalo maior entre os reajustes, que poderia passar de cem dias. Um dos argumentos contra essa estratégia é o risco de desabastecimento, pois quando a empresa pratica preços abaixo dos cobrados no mercado internacional, os importadores suspendem a compra de combustível. E sem importações, não é possível atender integralmente o mercado. Em Davos, Guedes afirmou que a diretoria da Petrobras é que fala de política de preços. O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, disse não esperar que haja novo aumento de preço de combustível antes da saída oficial de José Mauro Coelho, mas que isso é decisão da estatal. E defendeu a indicação de Paes de Andrade, em entrevista ao SBT: emdash; Isso eu não acredito (que não atende as exigências). É muita especulação. Tem muito agora expert em estatuto da Petrobras dando opinião. Beira o impossível um ministro indicar um nome que não esteja em condição de ser aprovado emdash; afirmou, e acrescentou que Paes de Andrade foi bem-sucedido na iniciativa privada e tem competência.As ações da Petrobras no Brasil e nos EUA foram afetadas pela ação do governo. Os papéis ordinários (com voto) caíram 2,85% e os sem voto tiveram queda de 2,92%. No exterior, as ADRs (recibos de ações) fecharam em baixa de 3,8%, após tombarem mais de 12% na negociação pré-abertura do mercado. Para o BTG Pactual, a nova mudança reforça a dificuldade do governo de encontrar um ponto de equilíbrio entre os interesses da União e os estatutos da companhia. O banco avalia que novos aumentos de combustíveis dificilmente serão aceitos, colocando em teste a política de preços. eldquo;Tememos que o verdadeiro teste esteja por vir. Em última análise, achamos que o novo CEO enfrenta um dilema difícil: como preservar seu próprio emprego seguindo as políticas da empresa e sem comprometer a disponibilidade de combustível do Brasil?erdquo;, escreveram analistas do banco. Para o Credit Suisse, as mudanças elevam a percepção de risco de investidores, mas a Lei das Estatais e o Estatuto poderiam blindar a petroleira e evitar subsídio de combustível como no passado.

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