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Vibra quer elevar cabotagem de biodiesel ao Nordeste em até 20% neste ano

A Vibra Energia, maior distribuidora de combustíveis no país, espera aumentar entre 10% e 20% o volume de biodiesel transportado do Rio Grande do Sul ao Nordeste por cabotagem em 2022, após consolidar este tipo de operação no ano passado, reduzindo custos logísticos em relação ao modal rodoviário. Em 2019, a Vibra realizou a primeira operação de cabotagem de biodiesel, pioneira na rota entre o polo produtor gaúcho e Pernambuco, e no ano passado enviou mais de 47,5 milhões de litros do biocombustível. "Cabotagem é um modal que atende volumes maiores que o caminhão... em 2021, a operação com biodiesel gerou economia de 17 milhões de reais para a Vibra no nosso custo logístico. Isso nos traz competitividade", disse à Reuters o vice-presidente executivo de Operações, Logística e Sourcing, Marcelo Fernandes Bragança. Neste ano, em torno de 17,6 milhões de litros de biodiesel já foram transportados desta forma pela companhia, em meio à demanda aquecida entre os consumidores do Nordeste. Segundo Bragança, o impacto financeiro que estas operações devem trazer para a empresa em 2022 ainda não foi estimado, pois depende do comportamento dos preços dos combustíveis. "Fazemos a comparação a cada transação, relacionando com a despesa que teríamos caso o mesmo volume fosse transportado por rodovia, como acontecia anteriormente", disse ele. "Os preços dos combustíveis subiram, então o resultado em economia de custos também deve seguir crescendo", acrescentou. Bragança conta que, antes da adoção da rota saindo pelo Rio Grande do Sul, a companhia fazia a aquisição do biocombustível emdash;produzido em sua maioria à base de óleo de sojaemdash; de indústrias do Centro-Oeste, e enviava aos consumidores nordestinos pelo modal rodoviário. Agora, a Vibra calcula que um único navio com biodiesel faz a mesma entrega de 200 caminhões. Com a cabotagem, a companhia avalia que evitou 900 viagens rodoviárias de longa distância entre as regiões Centro-Oeste e Nordeste durante 2021. "Na prática, a operação começa a economia de combustível já no transporte: um navio consome em média 287m³ de óleo combustível, já as 900 viagens de caminhão que seriam utilizadas anteriormente ao longo de 1 ano necessitavam 1.165m³ de diesel." O executivo disse que há também um impacto ambiental vindo da diminuição nas emissões de carbono, visto que a operação de cabotagem resultou no ano passado em uma redução de 1.818 toneladas de CO2 equivalente (CO2e). Incentivo A cabotagem é a navegação entre portos de um mesmo país ou a distâncias pequenas, em águas costeiras. Bragança disse que em países continentais e com costa navegável muito grande, como os Estados Unidos, o uso deste modal para transporte de combustíveis já é comum. No Brasil, o executivo vê tendência crescente e maior competitividade com um impulso adicional do BR do Mar, programa federal de estímulo à cabotagem. "O BR do Mar trouxe algumas simplificações com a legislação de cabotagem no Brasil. Antes, para fazer cabotagem, era preciso uma embarcação somente com bandeira brasileira, o que não é muito comum", disse ele. Agora, foi flexibilizado o afretamento de embarcações estrangeiras para serem usadas no transporte de cargas na cabotagem brasileira. A lei nº 14.301, sancionada em janeiro, reúne as medidas do programa que visa aumentar de 11% para 30% a participação desse meio de transporte na matriz logística nacional, segundo o Ministério da Infraestrutura. "Isso permite fazer mais operações e melhorar custos quando se compara com o transporte rodoviário. A cabotagem já acontecia e você tinha uma baixa competição, agora vai aumentar", avaliou o executivo da Vibra. Além do transporte de biodiesel, que se consolidou como uma rota de fluxo regular, a empresa também realiza operações pela costa para transporte de etanol e alguns derivados em volumes menores.Para ler esta notícia, clique aqui.

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Abastecimento de diesel requer atenção especial, diz Petrobras

A Petrobras afirmou nesta quarta-feira (8) que o abastecimento nacional de diesel "requer atenção especial" diante das perspectivas de maior aperto no mercado internacional e que "países vizinhos" já vêm sofrendo com o desalinhamento de preços. O comunicado divulgado no início da noite tem um tom mais forte de alerta do que comunicações anteriores da estatal em defesa de sua política de preços dos combustíveis, que passou a ser alvo tanto da oposição quanto do governo. "A prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado é condição necessária para que o país continue sendo suprido sem riscos de desabastecimento pelos diversos agentes", afirma a companhia, que alerta para riscos de falta de produtos no mercado internacional. Segundo a empresa, os riscos decorrem de aumento sazonal da demanda mundial no segundo semestre, menor disponibilidade de exportações russas por sanções econômicas e eventuais indisponibilidades de refinarias nos Estados Unidos e Caribe com a temporada de furacões. "Em um cenário de escassez global, o abastecimento nacional requer uma atenção especial. Como o país é estruturalmente deficitário em óleo diesel, tendo importado quase 30% da demanda total em 2021, poderá haver maior impacto nos preços e no suprimento", continua a empresa. "Diante desse quadro, é fundamental que a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado global seja referência para o mercado brasileiro de combustíveis, visando à segurança energética nacional", conclui. A Petrobras vem sendo pressionada a mudar sua política comercial diante da escalada dos preços nos últimos meses. Em outras frentes, o governo tenta reduzir impostos sobre os combustíveis, para reverter o impacto negativo na popularidade do presidente Jair Bolsonaro (PL). Os últimos reajustes do diesel, no início de maio, levaram a trocas no comando do MME (Ministério de Minas e Energia) e da própria estatal. Em defesa da política, a empresa cita exemplo de "países vizinhos" que já vêm enfrentando problemas de abastecimento de diesel, em referência à Argentina. "Preços abaixo do mercado inviabilizam economicamente as importações necessárias para complemento da oferta nacional. Exemplos recentes de desalinhamento aos preços de mercado já se traduzem em problemas de abastecimento em países vizinhos ao Brasil." Sua política de preços, reforça, "propicia um equilíbrio com o mercado, mas evitando o repasse imediato da volatilidade das cotações internacionais e da taxa de câmbio ocasionadas por questões conjunturais para os preços domésticos". A situação é desafiadora no Brasil, diz a empresa, porque historicamente mais alto no segundo semestre devido às sazonalidades das atividades agrícola e industrial. "Ressalta-se, também, que o mercado interno registrou recorde de consumo de óleo diesel no ano passado e essa marca deverá ser superada em 2022."

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Conta de luz pode cair até 12% com aprovação de teto no ICMS, diz Aneel

A conta foi divulgada pela diretora-geral substituta da agência, Camila Bomfim, em evento que reuniu representantes do setor nesta quarta-feira (8) no Rio de Janeiro. O percentual de queda varia entre os estados, frisou ela. A Aneel trabalha com um reajuste médio de 18% nas tarifas em 2022. A projeção, porém, não considera medidas em curto para aliviar a pressão sobre a conta de luz, como a devolução de créditos tributários a distribuidoras e a privatização da Eletrobras. "Outra questão que está tramitando no Congresso é a redução da alíquota do ICMS que incide sobre energia, que enquadra energia como bem social e limita o ICMS a 17%. Essa é uma pauta estrutural que a gente vem discutindo há muito tempo e seria positivo", disse. O projeto de limitar o ICMS pega carona em uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que exigiu que itens essenciais não podem sofrer cobranças superiores à alíquota básica aplicada pelo estado. Além da energia, pegaria os combustíveis. Os estados, porém, tentam negociar com o Congresso, em meio a pressões do governo também para zerar o ICMS sobre diesel e gás de cozinha, alvo de uma PEC patrocinada pelo governo que enfrenta algumas resistências na própria Economia. Bomfim disse que a devolução de créditos tributários, aprovada pelo Congresso na terça (7) e à espera de sanção presidencial, pode reduzir em 5% a 6% os reajustes tarifários em 2022. Ela não fez um cálculo sobre o impacto da privatização da Eletrobras, que injeta recursos para bancar subsídios. Para tentar acomodar os dois benefícios, a Aneel suspendeu o processo de reajuste tarifário da Cemig, distribuidora que atende Minas Gerais. A ideia é retomar a análise do caso já considerando os valores dos créditos tributários e da Eletrobras. No evento desta quarta, associações do setor elétrico pediram redução dos subsídios pagos na conta de luz e criticaram ameaças de intervenção nas tarifas pelo Congresso, que chegou a debater a suspensão de reajustes por meio de decreto legislativo. Em documento endereçado aos candidatos à presidência da República, o Fase (Fórum de Associações do Setor Elétrico) elencou entre as prioridades do setor a redução dos encargos setoriais cobrados na conta de luz para bancar subsídios. A atuação do Congresso sobre o setor é grande motivo de preocupação, frisou o presidente da ABCE (Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica), Alexei Vivan. Para ele, iniciativas como o decreto legislativo que previa a suspensão dos reajustes em 2022 criam insegurança jurídica. "São questões eleitoreiras que no curto prazo podem representar redução no preço da energia, mas não se sustentam no longo prazo", afirmou o executivo.

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Alta do dólar pode anular medidas para baratear combustíveis

As medidas anunciadas pelo governo federal para tentar baixar o preço dos combustíveis podem ser parcialmente anuladas pela reação negativa do mercado, que já se reflete no câmbio, nas taxas de juros e nas medidas de risco país. A avaliação é que o governo federal está abrindo mão de um volume significativo de recursos para promover uma redução de preços temporária, que não chegará integralmente ao consumidor e que não privilegia os mais pobres. Além disso, as propostas prejudicam as finanças dos estados, o que deve levar a uma judicialização da questão. O presidente Jair Bolsonaro (PL) prometeu desonerar tributos federais sobre a gasolina e o etanol. Também anunciou que o governo vai ressarcir os estados que aceitarem zerar as alíquotas do ICMS sobre diesel e gás de cozinha até o fim do ano. O impacto das medidas é calculado em cerca de R$ 50 bilhões. Parte do dinheiro deve vir da privatização da Eletrobras, afirma o governo. Em reação ao pacote, o dólar avançou 1,41% na terça e 0,30% nesta quarta (8), cotado a R$ 4,8890. "A gente precisa ter um mínimo de planejamento para não queimar receita à toa, além de ter um efeito rebote: que o aumento da percepção de risco e incerteza acabe provocando mais inflação", afirma Juliana Damasceno, analista da Tendências Consultoria. Para ela, não faz sentido abrir mão de receita para desonerar todos os consumidores, inclusive os de alta renda, sendo que esse dinheiro poderia ser direcionado aos mais pobres, por meio da ampliação dos beneficiários do Auxílio Brasil, de um aumento do vale-gás ou de uma política de voucher para caminhoneiros, taxistas e motoristas de aplicativo, por exemplo. "A gente sabe o que acontece quando o governo controla preços. Há risco de desabastecimento, não dá para fazer isso de forma indefinida e a inflação volta com toda força, como aconteceu no governo Dilma." O economista Marcos Mendes, pesquisador do Insper e colunista da Folha, rebate os argumentos do governo de que há sobra de arrecadação para bancar as medidas e de que os mais pobres serão os mais beneficiados. Também afirma que apenas países ricos têm usado volume significativo de recursos para bancar o aumento dos preços de combustíveis e energia. "É uma alocação ruim de recurso público. Vai reduzir temporariamente o preço dos combustíveis, não vai mudar a dinâmica da inflação. Está longe de ser uma coisa para os mais pobres. E não estou vendo país de renda média fazer o que o Brasil está fazendo", afirma. Ele diz que o aumento de arrecadação que será usado para bancar essas medidas é temporário e poderia ser melhor utilizado para subsidiar apenas os mais pobres ou reduzir a dívida pública, o que resultaria em juros menores. O mesmo se dá com os dividendos da Petrobras e o recurso da privatização da Eletrobras, que serão gastos com despesa corrente. Mendes afirma ver também o risco de judicialização do valor a ser ressarcido aos estados, a exemplo do que já ocorreu no passado em relação à Lei Kandir,. O advogado Fernando Zilveti também espera uma judicialização e afirma que algumas propostas são inconstitucionais, pois cabe aos estados definir a alíquota do ICMS. Uma disputa no Judiciário, no entanto, terá custos políticos tanto para os governadores como para o STF (Supremo Tribunal Federal), ao mesmo tempo em que trará dividendos para o presidente Jair Bolsonaro, avalia o tributarista. "É um ato sem nenhum planejamento, nem jurídico nem fiscal. Há uma movimentação deliberada de tirar força dos estados. Você tem uma medida inconstitucional, que não para de pé no Supremo", afirma. "Ele [Bolsonaro] está deixando tudo isso para judicializar e botar a conta no Supremo."

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Com 33 milhões de brasileiros passando fome, Congresso trabalha por desoneração da gasolina

O Brasil tem hoje 33 milhões de pessoas passando fome. Nada pode ser mais importante na discussão política no Congresso neste exato momento do que o aumento do número de brasileiros que não têm o que comer, como mostrou a nova edição do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19. O acirramento das desigualdades sociais e o segundo ano da pandemia contribuíram para piorar o quadro estarrecedor. São 14 milhões a mais de pessoas do que no ano passado, e o Congresso está próximo de gastar, no mínimo, R$ 30 bilhões com a desoneração da gasolina, produto que vai beneficiar pessoas que têm carro e que ainda por cima é um poluente. Tudo para queda de R$ 1,65 no litro. O projeto em tramitação no Congresso, com grande chance de passar sem mudanças, torna a gasolina um produto eldquo;essencialerdquo; para os brasileiros. Será uma política permanente. A desoneração não ficará restrita aos tempos atuais e, portanto, vai tirar recursos de outras políticas bem mais importantes para atender os brasileiros que têm fome. As lideranças políticas que falam de risco de um ambiente explosivo para defender as medidas silenciaram com o dado da fome. O desenho do Auxílio Brasil, programa que substituiu o antigo Bolsa Família, está se mostrando ineficiente, como apontaram especialistas. A fila aumenta, e todos se calam. A oposição no Congresso segue fingindo que não é com ela essa desoneração, mas vai aprovar a redução da tributação da gasolina. Mesmo depois que os efeitos da guerra na Ucrânia passarem, os Estados não poderão mais aumentar esse tributos para desestimular combustíveis poluentes e estimular as fontes de energia renováveis. O detalhe principal é que não há nenhuma garantia de que haverá repasse da queda dos tributos aos preços. É tanto desespero em nome das eleições em Brasília que nem esse ponto básico está sendo levado em conta no pacotão dos combustíveis para reduzir o preço nas bombas. A área econômica não queria de jeito nenhum um subsídio à gasolina. Foi vencida na reunião da segunda-feira, na qual o trio de presidentes endash; Bolsonaro, Lira e Pacheco endash; fechou acordo para tratorar a aprovação de um projeto que fixa um teto de 17% para combustíveis, energia, combustíveis, energia, telecomunicações e transportes e reduzir a zero os tributos federais sobre a gasolina e o etanol. O relatório do senador Fernando Bezerra do projeto do ICMS prevê eficácia imediata do teto. É isso que importa nas negociações políticas. É bem capaz que a fome seja usada agora para novas concessões que em nada beneficiam os que mais precisam. Afinal, o Brasil tem fome de quê?

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As distorções da PEC do diesel

O governo Bolsonaro está achincalhando a Constituição. Faz dela gato-sapato, emendável e remendável, até para atender a banais pretensões eleitoreiras. Na segunda-feira, propôs uma emenda à Constituição não para a vida inteira, mas para durar menos de seis meses. A proposta é o Projeto de Emenda à Constituição (PEC), ainda sem número, a eldquo;PEC do Dieselerdquo;, que garante uma compensação aos Estados que zerarem a alíquota de ICMS para o diesel e o gás de cozinha. Não está claro de onde sairão os recursos para ressarcir os Estados, que devem custar inicialmente R$ 46,4 bilhões. Até agora o governo não disse o que faria para compensar os municípios, que também perderiam participação no ICMS. Não confundir essa eldquo;PEC do Dieselerdquo; com o Projeto de Lei Complementar (PLP) 18/2022, que considera combustíveis, energia, telecomunicações e transporte público como bens ou serviços essenciais e, nessa condição, proíbe que a taxação pelo ICMS passe dos 17%. Esse é um projeto que também tem seu viés eleitoreiro, pelo seu objetivo imediato, que é o de reduzir o impacto dos preços dos combustíveis sobre o custo de vida. Mas o mérito da lei é inquestionável. Esse PLP-18 tem caráter permanente. Passou na Câmara dos Deputados e agora tramita no Senado, onde enfrenta oposição dos governadores, que pleiteiam compensações por essas perdas. A PEC pressupõe a aprovação do PLP-18 e, portanto, a compensação aos Estados pelas perdas até 31 de dezembro contadas até os tais 17%, para diesel e gás de cozinha. Se há fator positivo nesta eldquo;PEC do Dieselerdquo;, está em que, finalmente, o governo reconheceu que a tributação da energia elétrica e dos combustíveis é escorchante. Mas contém absurdos. O primeiro, já citado, é o de que mostra que a Constituição é purê de batatas que pode assumir qualquer forma até para atender a interesses eleitoreiros. Foi montada açodadamente, com pontas desamarradas. O governo fala em usar recursos extraordinários, não previstos no Orçamento, provenientes do crescimento da arrecadação gerada pelo aumento de preços (inflação) das receitas com royalties, participações especiais e dividendos da Petrobras e da outorga com a privatização da Eletrobras, que ainda não aconteceu, para indenizar os Estados. Não está claro se esses excedentes serão suficientes para cobrir as novas despesas. Mas, para pagar essas indenizações, o governo pede autorização do Congresso para furar o teto de gastos. Não há garantia de que essa PEC reduzirá substancialmente os preços dos combustíveis, porque as incertezas políticas e fiscais provavelmente voltarão a puxar para cima a cotação do dólar. E para onde irá o preço dos combustíveis a partir de 1º de janeiro, quando a PEC e o interesse eleitoreiro caducarem? ebull;

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