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Após 82 dias sem reajuste, defasagem da gasolina salta para 13%, diz associação

Há 82 dias congelado nas refinarias da Petrobras, o preço do litro da gasolina já mantém uma diferença de 13% em relação aos preços internacionais, enquanto o preço do diesel registra uma defasagem média de 6%, depois de ter sido reajustado em 10 de maio. A alta reflete uma nova escalada do preço do petróleo e derivados no mercado internacional. Na terça-feira (31) o barril do Brent chegou a encostar nos US$ 120 o barril, mas nesta quarta-feira (1) opera em torno dos US$ 117 o barril. O câmbio, que ajudou a manter os preços mais perto do alinhamento nas últimas semanas, voltou a pesar negativamente sobre o preço das importações com alta moderada no início de junho. Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), se a Petrobras quiser alinhar os preços terá que aumentar a gasolina em R$ 0,56 e o diesel em R$ 0,33. Um reajuste é esperado a qualquer momento, já que com a defasagem, as importações não são realizadas pelos pequenos e médios produtores e aumenta o risco de desabastecimento do país. Fontes do setor avaliam que por enquanto não há indícios de falta de diesel, como já ocorre na Argentina, por exemplo. A expectativa é de que o atual presidente demissionário da estatal, José Mauro Coelho, alinhe os preços para evitar desabastecimento de diesel no Brasil, já que não teria mais nada a perder. Na terça, Coelho esteve na comemoração dos 50 anos da Replan, maior refinaria da estatal, localizada em Campinas, São Paulo. O executivo trabalha normalmente enquanto aguarda seu sucessor, o que só deve ocorrer em dois meses. Para tentar explicar os preços da companhia, motivo da demissão de Coelho, a Petrobras lançou nesta quarta-feira um novo site (precos.petrobras.com.br).

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Empresas correm para elevar estoques de diesel, e governo estuda plano de contingência

Diante do risco de falta de diesel no segundo semestre, as principais distribuidoras estão aumentando seus estoques, de acordo com executivos e fontes do setor. Na Vibra (ex-BR), a maior empresa do país no segmento, o volume armazenado aumentou preventivamente de sete para nove dias de consumo. Raízen e Ipiranga também estão guardando uma quantidade maior, ampliando o estoque de três para quatro dias, de acordo com fontes. O assunto também preocupa o governo, que estuda criar um protocolo de crise para o abastecimento de diesel. O temor das empresas é motivado por um cenário que conjuga expectativa de crescimento maior do PIB do que o previsto anteriormente emdash; o que significa consumo maior de combustível emdash;, previsão de uma das piores temporadas de furacões no Golfo do México nas últimas décadas, fim do lockdown na China (o que estimula a economia global e a demanda pelo produto) e aumento do embargo efetivo ao petróleo russo. Segundo o relato de participantes das últimas reuniões do Comitê de Monitoramento do Suprimento Nacional de Combustíveis e Biocombustíveis, no âmbito do Ministério de Minas e Energia, chegou a ser apontado que já no próximo mês a demanda por diesel poderia superar a oferta, o que inclui tanto a produção nas refinarias quanto a importação. Mais biodiesel na mistura Diante deste cenário, o protocolo de crise em estudo no governo visa a garantir a importação com antecedência, além da segurança de que os estoques sustentem o consumo. A iniciativa também daria prioridade para o abastecimento de infraestruturas críticas, como carros de polícia, veículos ligados à saúde e transporte de alimentos. A ideia é garantir a integração entre distribuidoras e importadores, além de medidas para atender rapidamente regiões com menor estoque e maior demanda. Experiência similar foi adotada no país durante a greve dos caminhoneiros, em 2018. Mas esta não é a única hipótese na mesa. O foco no momento é ampliar estoques. Cerca de 30% dos volumes consumidos no país dependem de importação. Um estrangulamento global no fornecimento de combustível afetaria diretamente o país. Outra opção em discussão é elevar o percentual do biodiesel no diesel, o que seria uma forma de ampliar a disponibilidade de combustível no país. Hoje, a mistura está em 10% e poderia ser elevada a 12%. O setor afirma ter capacidade de responder com aumento de produção de 1,2 bilhão de litros em 30 a 45 dias. Essa alternativa, porém, esbarra em outros entraves. O ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, é historicamente a favor de reduzir a mistura dos biocombustíveis na gasolina e no diesel, e não de aumentá-las. Além disso, o governo teme que a mudança eleve o preço final do produto, no momento em que o controle de preço dos combustíveis se tornou uma meta do governo antes da eleição. No governo, a preocupação maior é com os postos de bandeira branca, que não têm escala na importação. No caso das grandes distribuidoras, elas adotam contratos de longo prazo e de maior volume. Até agora, o que se constata no dia a dia é falta pontual de combustível, em alguns pontos, como na saída do Rio. O caminhoneiro Ronaldo Bento disse não ter conseguido abastecer com diesel na semana passada em dois postos próximos à Via Dutra, na altura de Belford Roxo, quando ia entregar uma carga em Teresópolis. emdash; Com o preço alto do diesel, imagino que os postos não queiram comprar muito e fique escasso emdash; opinou. O caminhoneiro autônomo Nasareno da Silva também já teve dificuldade momentânea para encher o tanque: emdash; Quando vi que não tinha como abastecer acabei indo em um posto próximo. Um relatório da Agência Nacional do Petróleo (ANP) estima que as vendas de diesel nos primeiros quatro meses do ano chegaram a 20 milhões de metros cúbicos, o maior volume para o período já registrado na série histórica, que começou no ano 2000. E representa alta de 2,07% em relação ao período de janeiro a abril do ano passado. Os maiores percentuais de aumento do consumo foram vistos no Centro-Oeste (5,34%), no Norte (8,44%) e no Sudeste (2,37%). Defasagem de 6% No texto, a ANP cita o índice ABCR, que mede o fluxo de veículos nas estradas com pedágio no país, calculado pela Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias, que aponta aumento de 22,2% em abril na comparação com igual mês do ano passado. A tendência é que o ritmo de vendas de diesel siga forte no segundo semestre, segundo Valeria Lima, diretora executiva de Downstream (Abastecimento) do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP): emdash; O segundo semestre está alinhado com a safra. Se ela vier boa, vai ter demanda maior. Temos trabalhado junto com o MME e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) para monitorar o mercado. Não tem risco de desabastecimento no curto prazo. Os agentes têm se mostrado eficientes emdash; afirma, acrescentando um alerta: emdash; Não dá para brincar com isso, pois quando se fala de controle de preço, isso representa um risco para o país. A Petrobras informou, em nota, que contribui para o planejamento da oferta de combustíveis, considerando os cenários do mercado doméstico e internacional. E lembrou que o Brasil terá eldquo;situação desafiadora no segundo semestre, já que é época de colheita agrícola e aumenta o consumo para o transporte da safraerdquo;. Historicamente, o estoque geral de diesel no Brasil sempre oscilou entre 13 e 15 dias. Hoje está em torno de 20 dias, segundo as empresas. Na semana passada, o MME informou que os volumes armazenados do óleo diesel S10 (o menos poluente) somavam 38 dias de importação. Ou seja, se as compras do exterior fossem suspensas, os estoques e a produção nacional seriam suficientes para suprir o país por 38 dias. Somente a Petrobras representa cerca de 45% de toda a importação no país. Segundo a Abicom, associação dos importadores, a defasagem no preço do diesel persiste após o reajuste de 8,9% em maio. Ontem, a diferença de preço entre o valor cobrado pela Petrobras e o mercado internacional era de 6% (ou R$ 0,33 por litro).

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Petróleo fecha em queda, com possível aumento de oferta pelo Opep

Depois de operar a maior parte da sessão no azul, os ativos do petróleo fecharam a terça-feira em queda. Alguns membros da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) estudam elevar a oferta da commodity, de acordo com reportagem do Wall Street Journal. Nem mesmo o anúncio do embargo às importações de petróleo russo pela União Europeia (UE) e otimismo com reabertura de cidades na China foram suficientes para segurar o avanço. Mais cedo, o petróleo operava em alta, com o otimismo garantido pela reabertura de grandes cidades chinesas, como Xangai e Pequim, após os recentes e severos lockdowns e a expectativa por aumento na demanda pelo óleo. Paralelamente, ontem, a União Europeia chegou a um acordo e anunciou o embargo ao petróleo russo. De acordo com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, a decisão deve ter efeito imediato sobre dois terços das importações do combustível pelo bloco e, segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, deve reduzir as importações do petróleo russo em 90% até o fim deste ano. Depois do anúncio do sexto pacote de sanções à Moscou, o bloco prometeu que irá revisar eldquo;o mais breve possívelerdquo; o dispositivo que isenta eldquo;temporariamenteerdquo; as entregas por oleodutos do embargo. Em relatório, a Eurasia Group destaca que o movimento pela UE havia sido amplamente antecipado pelo mercado, o que provocou apenas uma alta modesta e temporária nos preços. A consultoria ressalta que a volatilidade no mercado de petróleo diante do atual contexto, mas afirma esperar preços em níveis elevados em meio à temporada de viagens de carro nos Estados Unidos e um mercado ainda mais apertado na UE. O embargo deve reduzir as importações pelo bloco entre 1 e 1,5 milhão de barris por dia, que devem ser direcionados à China ou Índia com descontos, afirma a Eurasia. Em relatório, é destacado que as pressões negativas não se dissiparam totalmente, com os riscos de recessão pelo mundo, inflação crescente e gargalos de oferta.

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Posto sem frentista: como briga na Justiça pode mudar jeito de abastecer

Uma rede de postos de combustível de Santa Catarina trava uma disputa na Justiça para atuar sem frentista, ou seja, com um serviço de autoatendimento - em que o próprio consumidor abastece seu veículo. Após vencer uma ação em primeira instância, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em Porto Alegre, derrubou a decisão que autorizava a modalidade. O serviço de autoatendimento em postos de combustível é comum em todo o mundo, adotado há décadas nos Estados Unidos e países da Europa. No entanto, a Lei 9.956, de 2000, proíbe a modalidade no Brasil. Segundo a decisão do juiz de primeira instância Joseano Maciel Cordeiro, essa legislação é incompatível com a da Liberdade Econômica e da Inovação Tecnológica. Por isso, autorizou que a rede de postos atuasse sem os frentistas. A liminar, no entanto, foi derrubada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em Porto Alegre, após um pedido da Advocacia Geral da União (AGU). No texto, a AGU alega risco de dano irreparável à saúde pública, à segurança e à ordem administrativa. Rede de postos vai recorrer UOL Carros entrou em contato com a Rede Mime, de Jaraguá do Sul (SC), autora da primeira ação desse tipo do Brasil, e a empresa afirmou que irá recorrer da decisão ao próprio TRF4 e, depois, aos Tribunais Superiores, caso seja necessário. "A sentença, no entanto, segue favorável à empresa jaraguaense, sendo que a suspensão da liminar não configura em um juízo conclusivo sobre a causa. O mérito será resolvido definitivamente pelo Supremo Tribunal Federal. A Mime reitera que a iniciativa da implantação do sistema de autosserviço nos postos é uma forma de estimular a inovação, e que a figura do frentista seguirá sendo de extrema importância para o negócio", disse a empresa, através de nota. "A mudança proporcionará ainda uma maior qualidade de vida aos colaboradores, pois será possível estabelecer jornadas de trabalho mais flexíveis. Com o novo formato, alguns postos poderão também ter o horário de funcionamento estendido, oferecendo mais comodidade para o cliente", concluiu. Sobre o funcionamento do autoserviço, a empresa esclareceu que existiriam protocolos de segurança, como mangueiras mais curtas e sensores para que o combustível só saísse quando estivesse encaixada no tanque. A ausência do frentista, segundo Gabriel Wulff, diretor da Mime, geraria uma economia de R$ 0,08 a R$ 0,15 por litro de combustível. O cliente também poderia optar por ser atendido por um frentista e não ganharia o desconto do autoatendimento. Como é feito o autoatendimento Em um posto de combustível com serviço de autoatendimento, há alguns dispositivos contra furto. Para usar o serviço, o consumidor tem duas alternativas. Se pagar com o cartão, realiza-se todo o procedimento na bomba, nesse caso, a cobrança é feita após o abastecimento. Para evitar furto, o cartão é inserido antes de a mangueira ser encaixada, e só é liberado após o pagamento. A segunda possibilidade é pagar com dinheiro no caixa do posto. Nessa opção, é necessário dizer o número da bomba e quanto de combustível deseja colocar, só então a bomba é liberada para abastecimento. Se a quantidade contratada não couber no tanque, o estabelecimento devolve o dinheiro restante. Federação quer que frentistas sejam requalificados antes da mudança De acordo com Eusébio Luis Pinto, presidente da Federação Nacional dos Frentistas (Fenepospetro), o fim da profissão de frentista é um caminho inevitável, mas é necessário que, antes, exista uma requalificação dos quase 500 mil profissionais que atuam no Brasil. "Em algum momento vai haver uma diminuição significativa da categoria e, possivelmente, até a extinção. No entanto, precisamos de um projeto de transição para assegurar um novo trabalho e requalificação para esses trabalhadores em outras atividades", pondera. Ele explica que a Lei 9.956 é o único artifício que segura esses empregos, mas também alega que o Brasil não está preparado para o autoatendimento em postos de combustível. "A estrutura de postos não está adaptada para o autoatendimento, precisaria de novas bombas, o que não é barato. Além disso, há a exposição a agentes químicos, o frentista tem um curso para atuar da forma correta. Também tem o fator segurança: o brasileiro se sente seguro em descer do carro a noite para abastecer o próprio carro?", enumera Eusébio Luis Pinto. Decisão impacta toda cadeia de produtos e serviços, avalia economista O economista Igor Lucena explica que a análise é um pouco mais complexa do que "empregos versus economia" para o consumidor final. Segundo ele, toda a cadeia de produtos e serviços é impactada pelo valor do combustível, que cairia com a ausência do frentista. "Não se trata de demitir os frentistas, mas dar liberdade para os postos e os consumidores escolherem como querem combustível. Existe uma possibilidade de redução de até 10% do preço do combustível. O que deve ser feito é, agora, incentivar a requalificação desses trabalhadores para novas profissões, porque a Lei não atende mais à realidade da sociedade", opina.

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Embargos à Rússia ampliam crise do diesel e setor pede protocolo para garantir abastecimento

O embargo da União Europeia a importações de petróleo e derivados da Rússia amplia a crise no mercado global de diesel e o setor já discute a necessidade de um protocolo para garantir o abastecimento no início do segundo semestre. Distribuidoras, importadores e órgãos estatais têm se reunido nos últimos dias para analisar alternativas. O governo diz que os estoques atuais duram 38 dias sem depender de importações, mas há preocupação com eventuais rupturas no suprimento, por problemas em refinarias nacionais ou no exterior. Por isso, distribuidoras de combustíveis pedem a implantação de um protocolo de crise semelhante ao vigente no período da greve dos caminhoneiros de 2018, quando todo o setor se reunia para planejar o abastecimento do combustível. Naquela época, a preocupação era com o abastecimento durante a paralisação e com a recomposição rápida dos estoques após a greve, que deixou postos sem combustíveis por todo o país. Agora, a ideia é planejar importações com antecedência, para manter os estoques em níveis adequados. O preço já não é mais um motivo de preocupação, afirmou um executivo ouvido pela Folha, diante da perspectiva de falta do produto. Como em 2018, esse protocolo contaria com fiscalização do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis). A crise de abastecimento de diesel é global, reflexo das restrições às importações vindas da Rússia e ao aumento do consumo para geração de energia na Europa, que vem sofrendo também com cortes no fornecimento de gás. O Brasil depende de importações para abastecer um quarto do consumo interno do combustível e o setor já vinha experimentando dificuldades tanto com a redução da oferta quanto com a elevada defasagem dos preços internos em relação ao mercado internacional. "Soubemos de distribuidoras grandes que foram ao mercado e viram redução do número de propostas. Eram 10 e agora vem 1", diz o consultor Aurélio Amaral, ex-diretor da ANP. "E não compra no balcão, são contratos de 30 a 60 dias de antecedência." Ele ressalta que os estoques globais dos chamados destilados médios, categoria que inclui diesel e querosene de aviação, atingiram o menor patamar desde 2008, segundo a AIE (Agência Internacional de Energia). Os Estados Unidos têm o menor volume de estoques de diesel em 17 anos. Com o mercado mundial apertado, é maior o risco de falta de produtos por problemas pontuais, como por exemplo a parada de refinarias nos Estados Unidos durante a temporada de furacões na região do Golfo do México, que concentra boa parte da capacidade de refino naquele país. A ANP vem se reunindo com empresas do setor para avaliar o cenário. Há também um grupo de trabalho no MME (Ministério de Minas e Energia), que se reúne semanalmente para discutir o tema. Até o momento, porém, nenhuma proposta foi anunciada. PRODUTORES DE BIODIESEL PROPÕEM AUMENTO NA MISTURA PARA 14% Os produtores brasileiros de biodiesel propõem um aumento na mistura ao diesel vendido nos postos, hoje em 10%. A proposta atual prevê o aumento para 12% já em junho e depois uma alta gradual até chegar em 14% em setembro. O governo teme impactos no preço do diesel, que já está em patamar recorde. A Petrobras calcula, por exemplo, que o preço médio do biodiesel entregue hoje às distribuidoras seja de R$ 7,40 por litro, enquanto o diesel de petróleo sai das refinarias, em média, a R$ 4,90 por litro. Juan Diego Ferréz, presidente do conselho da Ubrabio (União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene), diz que o impacto da adição de dois pontos percentuais à mistura ficaria entre R$ 0,05 e R$ 0,06 por litro. "Mais caro é faltar diesel, imagina o produtor não ter diesel para sua lavoura", defende. Segundo ele, o setor tem estoques suficientes para atender ao aumento da mistura já em junho e, com sinalização de que o percentual será ampliado, tem tempo para aumentar a produção nos meses seguintes. Para ler esta notícia, clique aqui.

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Estoques e biodiesel entram na mira para conter alta do diesel

Pressionado pelo risco de faltar diesel no segundo semestre, o governo considera duas alternativas para reforçar o armazenamento do combustível no mercado interno. Umas delas é a possibilidade de aumentar o estoque obrigatório das distribuidoras. Outra é elevar o percentual de participação do biodiesel - atualmente, fixada em 10% - no produto final comercializado nos postos. A informação sobre as duas medidas, ainda debatidas em nível técnico, foi repassada ao Valor por uma fonte oficial. eldquo;Tudo pode ter impacto no preço, que é outro problemaerdquo;, comentou a mesma fonte. Segundo ela, as iniciativas podem ajudar a aumentar os estoques de diesel, mas não servem para conter o aumento de preços que prejudica a imagem do presidente Jair Bolsonaro em ano eleitoral. Ao contrário, elas reforçam ainda mais a tendência de alta nos próximos meses. As distribuidoras de combustíveis são obrigadas a manter um estoque de três a cinco dias para atender o mercado, a depender da região e considerando o volume de vendas do ano anterior. Segundo um representante, a medida não resolve o problema porque o estoque fica eldquo;estáticoerdquo;. Ele explicou que, num momento crítico, se a distribuidora apresentar um volume menor do que o exigido pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) - mesmo que seja para evitar um desabastecimento - ela é penalizada. O aumento dos estoques obrigatórios demanda ajuste em resolução da ANP. Já a mudança do percentual de biodiesel no diesel fóssil está a cargo do Ministério de Minas e Energia (MME). Procurada, a pasta disse que estoque é com a ANP, que, por sua vez, afirmou que eldquo;não vai comentarerdquo;. Ontem, a diretoria da ANP esteve em peso no gabinete do ministro Adolfo Sachsida. Segundo agenda oficial, o encontro serviu apenas para uma eldquo;apresentação institucionalerdquo; da agência. A avaliação das medidas ocorre ao mesmo tempo em que o governo busca soluções para conter alta de preços dos combustíveis e de insumos como eletricidade. Uma das principais apostas é o projeto que reduz alíquota de ICMS cobrada sobre esses produtos. O aumento da participação do biodiesel na mistura do combustível é uma bandeira dos produtores nacionais. O segmento defende a elevação do percentual de 10% para 12% ou 13%. O aumento do consumo de biodiesel, apesar de reduzir a emissão de poluentes e reforçar a oferta, encarece ainda mais o produto final. É o corte no imposto estadual que tem o potencial de arrefecer a disparada de preços dos combustíveis. O mercado vê um risco crescente de faltar diesel entre agosto e outubro. É o período que o país enfrenta um pico de consumo, com aumento das exportações de commodities agrícolas. Na sexta-feira, o MME anunciou que o Brasil tem estoque de óleo diesel para 38 dias - se as importações fossem suspensas. O posicionamento foi divulgado depois de ter vazado o alerta da Petrobras enviado ao governo e à ANP sobre o risco de desabastecimento e também após o Valor informar que o país teria estoque por 20 dias - se interrompidas tanto as importações quanto a produção nacional. Uma saída defendida pelo mercado é uma declaração pela Petrobras da expectativa de entrega de diesel por polo de suprimento até o final do ano, além da estatal voltar a aplicar a paridade de preço internacional. A ideia debatida no governo é forçar as distribuidoras a comprarem mais combustíveis, independentemente do preço que ele estiver. Esse volume adicional seria importado, uma vez que a Petrobras está entregando tudo o que pode, ou de alguma refinaria nacional que eventualmente esteja evitando comercializar o diesel no mercado interno porque o preço está defasado em relação ao praticado no exterior. As distribuidoras teriam que comercializar o volume acima do estoque obrigatório que a ANP passasse a exigir. Com isso, haveria maior nível de diesel armazenado no país para o uso em caso de agravamento da crise. A nova regra de cobrança do ICMS pode mitigar um eventual aumento do preço cobrado do consumidor final. Para ler esta notícia, clique aqui.

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