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Preocupação com pontos de recarga é barreira para compra do carro elétrico

A preocupação com o acesso a pontos de recarga é o principal fator que afasta os consumidores de diferentes países da troca dos carros movidos à combustão por modelos elétricos. É o que revela um estudo inédito realizado pela McKinsey e apresentado no Congresso da Mobilidade e Veículos Elétricos (C-Move), que acontece nesta quinta (1) e sexta-feira (2), em São Paulo. Segundo o levantamento, 64% dos consumidores brasileiros relatam que os pontos de recarga são a maior preocupação em relação aos carros elétricos. O percentual é superior ao de outros países, como Alemanha e Suíça, cada um com 58%, e Estados Unidos, com 56%. A disponibilidade de pontos de recarga é um dos desafios para o avanço da mobilidade elétrica no Brasil. A Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) aponta que existem cerca de 1.500 eletropostos disponíveis nas principais cidades e rodovias. Há postos de gasolina que já enxergam esses equipamentos como uma nova frente de negócio. Além da recarga, viagens são questões para o carro elétrico Outras preocupações dos consumidores brasileiros apontadas pelo estudo é a possibilidade de realizar viagens longas (43%) e a vida útil da bateria (34%). Ao mesmo tempo, existe no mercado automotivo uma gama de carros elétricos com autonomia para percorrer centenas de quilômetros sem a necessidade de recarga. As fabricantes de baterias também veem o tempo de carregamentocomo uma oportunidade para sair na frente dos concorrentes. A exemplo da CATL, fornecedora da Tesla, que pretende lançar até 2023 uma nova bateria que permite 80% do carregamento em até 10 minutos. eldquo;Sempre há quem não confie no carro elétrico para fazer longas viagens e vê isso como um defeito, querendo ir de Manaus até São Paulo com uma única carga. Em relação às baterias também há uma questão de falta de conhecimento, pois sabe-se que a qualidade está cada vez maiorerdquo;, defende Felipe Fava, um dos responsáveis pelo estudo da McKinsey. Consumidor vê sustentabilidade como maior benefício Ainda de acordo com o levantamento, para os mesmos 64% dos consumidores brasileiros ter um carro ecologicamente correto - com zero emissões de poluentes - é o maior benefício. Outros 34% também citam o baixo ruído do motor como um ponto positivo na comparação com os carros movidos à combustão. eldquo;Estudos como esse apontam os caminhos para que tomadores de decisão, como os governos, saibam explorar bem os ganhos dos carros elétricoserdquo;, conclui Felipe Fava.

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Shell e Raízen vão fazer hidrogênio verde de etanol com a USP

A USP (Universidade de São Paulo) anuncia nesta quinta-feira (1º) uma parceria com empresas do setor de combustíveis para desenvolver uma tecnologia capaz de transformar etanol em hidrogênio verde, energia considerada sustentável por sua baixa emissão de carbono. O acordo de cooperação foi assinado com a Shell Brasil, Raízen, Hytron e com o braço de inovação em biossintéticos e fibras do Senai (CETIQT), e prevê a instalação de duas fábricas no campus da USP para a produção do hidrogênio renovável, que será testado em ônibus da Cidade Universitária emdash;atualmente movidos a diesel. Com início da operação prevista para o primeiro semestre de 2023, a iniciativa pretende viabilizar uma solução de baixo carbono para o transporte pesado e indústrias poluentes, além de inaugurar o primeiro posto de hidrogênio verde a base de etanol do Brasil e do mundo. Diferentemente de sua versão "comum", produzida a partir de combustíveis fósseis, o hidrogênio verde leva esse nome por ser extraído de fontes renováveis emdash;geralmente energia solar e eólica. Diante da pressão global por soluções para a crise climática, o produto vem ganhando centralidade devido a seu potencial para descarbonizar setores como siderurgia, indústria química e a própria geração de energia elétrica. No entanto, transportar o combustível ainda é desafiador, pois exige que o armazenamento seja feito em baixas temperaturas e alta pressão, dificultando a logística. Além disso, as tecnologias de produção ainda não estão 100% consolidadas, o que ajuda a explicar o interesse de diversas empresas nesse mercado. A Shell, por exemplo, está injetando R$ 50 milhões neste projeto com recursos de pesquisa e desenvolvimento, que são regulados pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Em maio deste ano, a companhia já havia fechado um acordo para a construção de uma planta de hidrogênio verde no Porto do Açu (RJ). Segundo Alexandre Breda, gerente de tecnologia em baixo carbono da Shell Brasil, o objetivo do acordo com a USP é posicionar o etanol como uma fonte de hidrogênio verde. O projeto vai desenvolver um equipamento chamado reformador, que quebra a molécula do biocombustível para transformá-la em hidrogênio. A Hytron, empresa do interior de São Paulo que integra a parceria, já possui um protótipo do dispositivo, mas a tecnologia ainda precisa ser melhorada para garantir confiabilidade, escala e eficiência ao processo. O reformador será instalado na USP, que também receberá um posto de abastecimento de hidrogênio. A ideia, ao fim do projeto, é desenvolver uma solução capaz de driblar os desafios envolvidos na produção, transporte e armazenamento do hidrogênio verde. "Todo posto de abastecimento do Brasil tem etanol. Então, em vez de transportar o hidrogênio, poderíamos colocar esse reformador dentro do posto para produzir [o combustível] localmente. Por isso, esse desenvolvimento com a USP já vai ser feito num contêiner, para facilitar a instalação futura de maneira distribuída", afirma Breda. Carlos Gilberto Carlotti Junior, reitor da USP, diz que três ônibus que circulam na Cidade Universitária estão sendo modificados para terem compatibilidade com o hidrogênio. A ideia é que os veículos comecem a usar o combustível sustentável ainda no primeiro semestre de 2023, que é quando as fábricas ficarão prontas. "Nosso campi tem potencial para ser um grande laboratório. Depois dos estudos sobre o quanto é possível gerar de energia e quais são os custos, podemos transformar [os achados] em políticas públicas, para que as cidades possam incorporar essa tecnologia", afirma. Na primeira fase do projeto, serão construídas duas fábricas para produção de 5 kg de hidrogênio por hora. Posteriormente, uma unidade com capacidade dez vez maior será inaugurada. O biocombustível utilizado no processo será fornecido pela Raízen, maior produtora de etanol de cana do mundo. Segundo Ricardo Mussa, CEO da Raízen, a ideia no longo prazo é chegar a um nível de sofisticação tão grande que o reformador poderá incorporado não só aos postos de abastecimento, mas aos próprios veículos elétricos. "No limite, [a ideia é conseguir] transformar o etanol em hidrogênio dentro do próprio carro ou ônibus, se o equipamento for compacto o suficiente", diz. Mussa lembra que, atualmente, boa parte dos veículos elétricos funcionam a bateria, que tem a desvantagem de ser muito pesada. Uma opção mais leve seriam as células de combustível emdash;que transformam hidrogênio em eletricidade. Conseguir alimentá-las com etanol, ele diz, seria o ideal. "Um carro elétrico da Tesla, por exemplo, tem cerca de 600 quilos de bateria. O equivalente que essa bateria possui de energia, você encontra em 27 quilos de etanol", diz. "Se conseguirmos a beleza do motor elétrico, que é muito mais eficiente que o motor a combustão, sem o problema do peso, chegaríamos ao melhor dos dois mundos", acrescenta. O CEO diz que o projeto de hidrogênio verde dialoga com as metas de longo prazo da Raízen, assim como a recente parceria fechada com a Embraer para estimular a produção de combustível de aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês). O mesmo vale para o caso da Shell, que tem a ambição de ser net-zero (emissões líquidas zero) até 2050 emdash;embora não planeje sair do mercado de combustíveis fósseis. Segundo Breda, o foco da companhia é reduzir sua pegada ambiental, investindo em biocombustíveis, captura de carbono, energias renováveis e soluções baseadas na natureza. "Produzir óleo e gás vai continuar importante por muito tempo ainda emdash;e continuamos investindo bastante nesse mercado", diz.

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Estoque de diesel na Europa pode elevar o preço do petróleo, diz Adriano Pires

O presidente do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, em entrevista à CNN, afirmou que o estoque de diesel na Europa pode elevar o preço do petróleo. Ele explica que a região está sofrendo com as sanções de fornecimento de gás na Rússia. eldquo;E existe uma preocupação de cortar o gás no invernoerdquo;. O analista explicou que o substituto do gás na Europa é o diesel, e os europeus estão fazendo estoque para tentar deixar a situação eldquo;não ser tão dramática como se está imaginandoerdquo;. eldquo;Essa estocagem aumenta a demanda, e o preço pode voltar a subirerdquo;. Vale lembrar que o diesel é um óleo derivado da destilação do petróleo. Alguns analistas declaram que entre dezembro e janeiro, quando começa o inverno na Europa, o petróleo pode estar a US$ 65 ou US$ 70, mas Pires acha ser exagero. Ele justifica que eldquo;a capacidade de refino no mundo está praticamente toda utilizada, e em função dos ambientalistas também, parou de se investir nos últimos anos em construções de refinariaserdquo;. eldquo;As novas [refinarias] foram na Ásia, praticamente no ocidente não houve uma nova. Então, mesmo o petróleo caindo de preço, pode ser que a gasolina e o diesel não caiam tanto porque não tem capacidade de aumentar o refino da noite para o diaerdquo;. Nesta quinta-feira (1º), os futuros de do petróleo Brent baixavam US$ 3,12, ou 3,26%, para US$ 92,52 por barril, às 13h31 (horário de Brasília). Os futuros de petróleo bruto WTI, dos EUA, perdiam US$ 2,82, ou 3,15%, para US$ 86,73 por barril.

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Diesel fecha agosto com queda de 4,65%; valor médio chega a R$ 7,42

O valor médio do litro de diesel fechou o mês de agosto com redução de 4,65% em relação ao mês anterior. Os dados do levantamento do Índice de Preços Ticket Log (IPTL), mostram que o preço médio do litro do diesel comum foi comercializado a R$ 7,42, e do tipo S-10 a R$ 7,51. O recuo se deve às reduções de preços pela estatal no combustível nas refinarias, uma de 3,56% no dia 5 de agosto e outra de 4% no dia 12. A região nordeste apresentou as reduções mais expressivas em relação a julho. O comum e o S-10 na região fecharam o período a R$ 7,37 e R$ 7,42, respectivamente, com reduções de 5,61% e 5,77%. Já a região Sul registrou as menores médias do país, com o diesel vendido a R$ 6,99 e o S-10 a R$ 7,05. Os postos de abastecimento da região norte se destacaram no período com o maior preço médio para os dois tipos de diesel. O comum fechou a R$ 7,81 e o S-10 a R$ 7,93. Nos destaques por Estado, a Bahia registrou o maior recuo no preço do combustível. O diesel comum diminuiu 7,74% nos postos de abastecimento nordestinos e passou de R$ 7,66 para R$ 7,07; e o S-10, caiu 7,46%, se comparado a julho, e fechou o período a R$ 7,18. Já o Estado de Roraima se destacou no ranking do diesel mais caro do País, com o comum a R$ 8,37 e o tipo S-10 a R$ 8,42, Já as médias mais baixas foram registradas nas bombas de abastecimento do Paraná, a R$ 6,91 o comum e R$ 7,00 o S-10. Segundo Douglas Pina, Diretor-Geral de Mainstream da Divisão de Frota e Mobilidade da Edenred Brasil, a baixa no valor do combustível foi expressiva e identificada pelo IPTL em todo o território nacional. eldquo;Apesar do recuo e do preço do combustível estar abaixo da paridade ante o mercado internacional, quando comparamos com o preço comercializado nas bombas em 2021, em que o litro do tipo comum estava R$ 4,83 e o tipo S-10 custava em média R$ 4,89, ainda temos um combustível cerca de 53% mais caro para os motoristaserdquo;, destaca.

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Bolsonaro deve sancionar portabilidade do vale-refeição nesta sexta-feira

O presidente Jair Bolsonaro (PL) deve sancionar nesta sexta-feira (2) a autorização para que o funcionário escolha a gestora do seu cartão de vale-refeição ou vale-alimentação, poder hoje concentrado nas mãos do empregador. Mas vetará a possibilidade de saque em dinheiro do saldo não utilizado após 60 dias, segundo fontes do governo e do setor. A portabilidade, junto com o arranjo aberto de pagamentos, tem potencial para redesenhar o mercado de benefícios, que movimenta R$ 150 bilhões por ano e é liderado por Alelo, Ticket e Sodexo. As novidades foram aprovadas pelo Congresso na Medida Provisória (MP) 1108 e viraram alvo de disputa entre as empresas tradicionais do setor, novas entrantes, como iFood e Mercado Pago (do Mercado Livre), e startups especializadas, como Flash e Swile. Essas empresas passaram os últimos dias em reuniões com representantes do governo, em especial da Casa Civil, para defender a sanção ou veto aos dispositivos do texto aprovado pelos parlamentares. A possibilidade de saque em dinheiro foi criticada por todo o setor de benefícios e pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) porque, na percepção deles, cria insegurança jurídica e desvirtua o objetivo do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), que permite à empresa deduzir do Imposto de Renda parte dos gastos com alimentação dos funcionários. Essa inovação foi aprovada pelos parlamentares após o relator da MP, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), tentar autorizar o saque automático do dinheiro no cartão dizendo que isso beneficiaria os funcionários. Os aliados do governo na Câmara não aceitaram essa autorização mais ampla, mas cederam para aprovar a MP e concordaram com a liberação se o dinheiro ficasse parado por 60 dias. Risco de agiotagem O setor de bares argumenta que isso deixará o beneficiário refém de agiotas, facilitando a venda do cartão para terceiros, e tirará clientes dos restaurantes emdash; o vale-refeição representa 20% do faturamento desses estabelecimentos, em média. Além disso, a Receita Federal vê risco de fraude, com as empresas passando a elevar o valor do vale-refeição, sobre o qual não incidem encargos trabalhistas, em vez de aumentarem os salários, sobre os quais o patrão precisa pagar 20% para a Previdência Social e o FGTS. Esse eldquo;salário disfarçadoerdquo; poderia se tornar um grande contencioso judicial no futuro. Por esses fatores, segundo fontes do governo e do mercado, a decisão de vetar o saque do vale-refeição em dinheiro já está tomada. Também já está 100% certo que será vetada autorização para que o governo repasse às centrais sindicais valores que estão em disputa desde o fim do imposto sindical emdash; um eldquo;jabutierdquo; incluído pelo relator, ligado à Força Sindical. O Congresso, porém, pode derrubar esses vetos, em votação que deve ocorrer até dezembro e dependerá de várias negociações após a eleição. É preciso o voto contrário de 257 dos 513 deputados e 41 dos 81 senadores para derrubar um veto. Regras passam a valer em maio de 2023 O prazo para o presidente sancionar a MP termina nesta sexta-feira (2) e, segundo fontes do governo, não devem ser vetados outros dois pontos mais polêmicos da medida provisória e que levaram a romaria à Brasília: a liberdade para o usuário trocar a gestora do seu cartão de benefícios e a possibilidade de utilizar o cartão em qualquer maquininha da rede terceirizada (arranjo aberto de pagamentos). As novas regras valerão a partir de maio de 2023 e ainda dependem de regulamentação do Executivo, que pode impor alguma restrição posterior. Concorrência A portabilidade foi defendida por iFood e Mercado Pago, que lançaram produtos nessa área ano passado. Diretor de políticas públicas do iFood, João Sabino disse ao Valor em agosto que a MP trará maior concorrência e melhores serviços para os trabalhadores. eldquo;O PAT foi desvirtuado há tempos e capturado pelas empresas. Era impossível entrar nesse mercado. As novas regras vão colocar o trabalhador de volta no centro dessa políticaerdquo;, afirmou. Por outro lado, as empresas tradicionais do setor, parte das startups e os bares e restaurantes dizem que há risco de o mercado virar uma eldquo;guerra de cashbackserdquo; e dificultar a gestão pelos empregadores. Para ler esta notícia,clique aqui.

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Em 40 dias, Petrobras corta em 19% a gasolina

A um mês das eleições, a Petrobras anunciou ontem mais um corte nos preços da gasolina, o quarto desde o dia 20 de julho. A redução é de 7,08% nos preços de venda do produto para as distribuidoras. Com a medida, o recuo acumulado no combustível chega a 19,22% em 40 dias e se aproxima do patamar verificado antes da guerra da Ucrânia, que teve início há seis meses. O valor do litro da gasolina passa de R$ 3,53 para R$ 3,28 nas refinarias, queda de R$ 0,25 por litro a partir de hoje. Embora haja argumentos técnicos para justificar a redução, incluindo a queda no preço do petróleo, a variação do dólar e o corte de impostos, especialistas consideram que os frequentes anúncios de novos preços para a gasolina e o diesel têm viés eleitoral. Chama a atenção a velocidade com que se deu a redução nos preços do óleo diesel nas refinarias da estatal. O produto teve dois cortes recentes, depois de 17 meses sem alteração, que somaram 7,63% de queda. Nesta semana, a Petrobras divulgou também reduções nos preços de venda de querosene de aviação (QAV), gasolina de aviação (GAV) e asfalto. As quedas de preços dos combustíveis têm sido semanais e a tendência, dizem fontes, é que, no caso da gasolina, sigam nesse ritmo até 2 de outubro, dia do primeiro turno das eleições. A rodada de reduções de impostos feita pelo governo contribui para os preços menores, uma vez que os tributos são parte importante na composição do preço final dos combustíveis. Houve, por exemplo, redução nas alíquotas de ICMS, com a fixação de um limite de incidência pelos Estados, e o governo zerou tributos federais (PIS/Cofins e Cide) sobre a gasolina. A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) estima que, mesmo após as últimas reduções, a gasolina vendida nas refinarias pela Petrobras ainda estaria 7% acima dos preços do mercado internacional, enquanto no diesel esse percentual seria de 4%, na média de seis portos no qual a entidade faz um acompanhamento diário de preços. Sérgio Araújo, presidente da Abicom, disse que a Petrobras está praticando o que está previsto no preço de paridade de importação (PPI), política da estatal que busca alinhar os preços domésticos aos do mercado externo. A visão é a mesma do consultor em gerenciamento de risco da StoneX, Pedro Shinzato, segundo o qual os preços da gasolina no mercado externo encontram-se abaixo do que se verificava antes da guerra na Ucrânia, o que justificaria a redução atual. Há contas diferentes. Fontes com conhecimento dos números da empresa dizem que os preços praticados pela Petrobras no país estavam ainda cerca de 20% acima do mercado externo na gasolina e, depois da redução de 7,08% anunciada ontem, ainda haveria espaço para cortar as cotações em 13%. Há quatro elementos considerados para definir os preços dos combustíveis no mercado doméstico: preço internacional, custo de internação e distribuição, dólar e volatilidade do preço. Fontes dizem que a empresa tem desconsiderado o elemento volatilidade e feito as reduções de forma mais rápida como no caso do diesel. A pergunta é o que a Petrobras fará se houver uma reversão de expectativas e os preços do petróleo e dos derivados (diesel e gasolina) voltarem a subir no mercado internacional a curto prazo. Hoje o cenário internacional favorável, com as cotações do petróleo em queda, dá sustentação para a Petrobras reduzir os preços domésticos. A cotação do contrato do petróleo tipo Brent (referência global da commodity) para novembro fechou ontem em queda de 3,06%, a US$ 91,32 o barril, o menor nível desde 10 de fevereiro. O câmbio também tem ajudado nas contas da Petrobras. Mas analistas dizem que não há garantias de que os preços não voltarão a subir. Enquanto isso não acontece, o presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, tem feito o que pode para capitalizar a queda dos combustíveis e transformar o tema em votos. Várias das reduções de preços têm sido anunciadas pela Petrobras às quintas-feiras, a tempo de Bolsonaro comentar o assunto nas suas lives, feitas sempre às quintas. Em 4 de agosto, quinta-feira, a Petrobras cortou em 3,56% o preço do diesel vendido nas refinarias. Em 11 de agosto, quinta-feira, a estatal reduziu o produto em mais 4,07%. Ao transformar os combustíveis em bandeira da reeleição, Bolsonaro passou a antecipar as oscilações nos preços da estatal, o que coloca em dúvida a governança da empresa, na visão de especialistas. Na terça, Bolsonaro antecipou que haveria a redução anunciada ontem. Ele disse, em ato de campanha, em Curitiba (PR): eldquo;Hoje é quarta, acho que até sexta vai ter uma boa notícia porque está sendo uma prática do novo presidente da Petrobraserdquo;. Caio Paes de Andrade, o novo CEO da Petrobras, assumiu o cargo em 28 de junho com o mandato do presidente de trabalhar pela redução de preços, dizem fontes. Os quatro cortes nos preços da gasolina aconteceram na gestão de Andrade. O executivo assumiu a empresa em momento em que os preços internacionais do barril de petróleo vêm seguindo em trajetória de queda, o que ajuda na sua missão. Ontem, em comunicado, a Petrobras justificou a queda de preços da gasolina pelo desenrolar do cenário internacional: eldquo;Essa redução acompanha a evolução dos preços de referência e é coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbioerdquo;. O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, disse que a Petrobras poderia ter reduzido ainda mais os preços da gasolina, considerando que a diferença entre os mercados doméstico e internacional era de R$ 0,30 por litro. Os cálculos da XP Investimentos indicam, por sua vez, que os preços da gasolina ainda teriam um eldquo;prêmioerdquo; de 1,5%, o que significa que o preço médio de venda da Petrobras ainda estaria acima do verificado no mercado externo. Carla Ferreira, pesquisadora do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo (Ineep), destacou que, desta vez, o corte nos preços foi além da paridade, ao comparar o preço da empresa com dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Ela ressaltou a volatilidade do mercado, causada por incertezas geopolíticas e questões como isolamento em cidades chinesas por causa do contágio da covid-19. André Vidal, analista de óleo e gás da XP Investimentos, afirmou: eldquo;Temos visto a Petrobras operar com um pouco mais de prêmio no diesel do que na gasolina, talvez para garantir o suprimento em face dos baixos estoques do derivado no mundoerdquo;. O diesel estaria, segundo cálculos da XP, com preços 7,3% acima dos praticados no exterior, destacou. Para ler esta notícia, clique aqui.

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