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Produtor aproveita gás gerado por dejetos de porcos para abastecer trator a biometano

Em 2018, o produtor rural Fábio Pimentel de Barros caminhava pelas ruas da Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), em Ribeirão Preto, em busca de uma forma de utilizar o biogás produzido na sua empresa, a SF Agropecuária, em Brasilândia (MS). A proposta era dar uma destinação econômica e sustentável aos dejetos de cerca de 80 mil suínos da propriedade. Depois de discutir o tema com duas empresas, sem sucesso, ele encontrou uma montadora que desenvolvia a tecnologia necessária. Assim se tornou o primeiro comprador no país de um trator movido a biometano. Fabricado na Inglaterra pela New Holland, que já tem outras dez propostas em andamento no país, o modelo T6 Methane Power, de 180 cv, utiliza o gás gerado a partir da decomposição de resíduos orgânicos como combustível. A SF, que além dos suínos possui 33 mil bovinos e 2.600 hectares em produção de soja e sorgo em três fazendas, abate cerca de 180 mil animais por ano. O custo elevado do combustível de origem fóssil e a evolução de equipamentos como o trator a biogás têm incentivado ações para reduzir as emissões de dióxido de carbono no campo. A máquina custa 40% mais que a movida a diesel, mas se paga com a economia diária, conforme o produtor. "A ideia do início do projeto foi ter um processo de maior sustentabilidade, e o segundo ponto foi totalmente econômico", disse Barros. "O terceiro ponto foi a estratégia de mercado, já que estamos passando por uma guerra e houve importação de diesel no Brasil." Enquanto os tratores convencionais existentes na empresa queimam, em média, 18 litros de diesel por hora de trabalho, o modelo movido 100% a biometano consome 10 m³ de gás por hora, a um custo de R$ 1 por metro cúbico, conforme o produtor rural. "Tenho de levar em conta que o gás é meu, eu já produzo. Tenho de colocar ainda o preço de produção da minha bomba, que é muito baixo. Há uma economia muito grande de diesel e abre outras possibilidades, inclusive com projeto de caminhões a biometano, não podemos ficar só em tratores", afirmou Barros. Além do preço, outras vantagens são as reduções na emissão de dióxido de carbono e outros gases e o menor custo operacional, segundo Flávio Mazetto, diretor de marketing de produto da New Holland para a América Latina. Ele afirmou que 99% do material particulado é eliminado no biometano, e que o motor movido pelo gás reduz em 90% as emissões de CO2 em relação aos motores diesel vendidos no país. "O biometano, do ponto de vista global, está na pauta de todas as descarbonizações das matrizes energéticas, principalmente da térmica, que envolve combustíveis. O Brasil importa em média 25% do consumo interno de diesel, ou seja, não é autossuficiente", disse o consultor Antonello Moscatelli, especialista em biogás e biometano. "Reduzir as emissões de metano na atmosfera em 30% até 2030 é um compromisso assumido pelo Brasil em 2020, na COP-26." Ter um trator desses, porém, não é para todos os tipos de produtores. Além de custar mais emdash;o preço varia conforme o estado, mas em média R$ 1 milhão, ante R$ 700 mil do modelo convencionalemdash;, é preciso que a propriedade receba uma série de investimentos para permitir a geração do biometano. O custo chega a R$ 2 milhões, incluindo a instalação de biodigestores, gasoduto, sistema para purificar o biogás e um posto para abastecimento. A SF Agropecuária investiu R$ 1,7 milhão, pois já tinha os biodigestores, segundo Barros, e seu ecossistema envolveu também as empresas FPT Industrial (Iveco), Sebigás Cótica e Air Liquide. Há um gasoduto subterrâneo de seis quilômetros interligando as granjas da propriedade. Moscatelli afirma que, com 5.000 suínos para gerar dejetos, é possível investir num sistema desse tipo. "Esse investimento tem um payback [prazo para o lucro cobrir o investimento] rápido, dependendo da forma como o produtor utiliza a substituição do diesel pelo biometano. A partir do momento em que passa a usar mais, consegue retorno mais rápido, o que varia de dois a quatro anos", disse Cláudio Calaça, diretor de Mercado Brasil da New Holland. A descarbonização atinge outros setores ligados ao agro. Após o governo elevar, em março, o percentual de biodiesel no diesel de 10% para 12%, a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleo Vegetal) afirmou que a medida colocava o Brasil "definitivamente no caminho da liderança mundial da descarbonização da matriz ciclo diesel". Outra iniciativa do gênero é o Renovabio, programa criado para aumentar a participação dos biocombustíveis na matriz energética.

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ANP: preço do etanol cai em 16 Estados, sobe em 9 e fica estável no DF e em Alagoas

Os preços médios do etanol hidratado caíram em 16 Estados, subiram em 9 Estados e ficaram estáveis em Alagoas e no Distrito Federal na semana entre 19 e 25 de março. O levantamento é da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) compilado pelo AE-Taxas. Nos postos pesquisados pela ANP em todo o País, o preço médio do etanol caiu 0,51% na semana em relação à anterior, de R$ 3,94 para R$ 3,92 o litro. Em São Paulo, principal Estado produtor, consumidor e com mais postos avaliados, a cotação média caiu 0,26% na semana, de R$ 3,80 para R$ 3,79. O Amapá foi o Estado que apresentou a maior alta porcentual na semana, de 3,35%, de R$ 5,07 para R$ 5,24 o litro. A Bahia foi o que teve a maior queda de preços na semana, de 3,63%, de R$ 4,68 para R$ 4,51 o litro. O preço mínimo registrado na semana para o etanol em um posto foi de R$ 3,14 o litro, em São Paulo. O maior preço estadual, de R$ 6,50, foi registrado em Alagoas. Já o menor preço médio estadual, de R$ 3,62, foi observado em Mato Grosso, enquanto o maior preço médio foi registrado em Amapá, com R$ 5,24 o litro. Na comparação mensal, o preço médio do biocombustível no País subiu 3,16%. O Estado com maior alta porcentual no período foi o Piauí, com 16,38% de aumento no período, de R$ 4,03 para R$ 4,69 o litro. Na variação mensal, não houve baixa do biocombustível em nenhum Estado. No Ceará e em Santa Catarina, porém, em 30 dias o preço não variou, com o litro do etanol valendo, respectivamente, R$ 4,60 e R$ 4,61. Etanol X gasolina O etanol ficou competitivo em relação à gasolina somente no Estado do Amazonas e de Mato Grosso nesta semana. No restante dos Estados e no Distrito Federal, continuava mais vantajoso abastecer o carro com gasolina. Conforme levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) compilado pelo AE-Taxas, referente à semana passada, na média dos postos pesquisados no País, o etanol está com paridade de 71,14% ante a gasolina, portanto desfavorável em comparação com o derivado do petróleo. No Amazonas, a paridade estava em 67,07% e, em Mato Grosso, a paridade estava em 66,54%. Executivos do setor observam que o etanol pode ser competitivo mesmo com paridade maior do que 70%, a depender do veículo em que o biocombustível é utilizado.

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13º salário, FGTS e férias de quem faz horas extras ficam maiores

O 13º salário, o recolhimento do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), as férias e o aviso prévio dos trabalhadores que fazem horas extras habituais ficará maior a partir de agora. Na última segunda-feira (20), o TST (Tribunal Superior do Trabalho) fixou entendimento de que o efeito das horas extras frequentes sobre o descanso semanal remunerado passa a incidir também no cálculo dessas verbas trabalhistas. O quanto isso poderá aumentar o custo da folha de pagamento dependerá do volume de horas extras habituais feitas pelo funcionários a cada mês, dizem advogados. Para esse julgamento do TST, os ministros consideraram apenas as horas extra jornada consideradas frequentes, ou seja, as habituais. A advogada Fernanda Garcez, sócia da área Trabalhista do Abe Advogados, diz que a legislação trabalhista não fixa um parâmetro para o que é considerado hora extra habitual ou eventual e, por isso, cada caso precisa ser analisado individualmente. O parâmetro acaba sendo, segundo Ricardo Calcini, consultor do Chiode e Minicucci Advogados, quando a recorrência é suficiente para gerar reflexo nas demais parcelas, como no descanso semanal remunerado. A legislação prevê que cada hora extra recorrente feita pelo trabalhador gere outra hora no cálculo do descanso remunerado, aquela folga em geral concedida aos domingos. Até o julgamento do dia 20, o TST tinha uma orientação jurisprudencial (a OJ 394) de que esse ajuste no descanso remunerado, causado pelas horas extras, não tinha efeito sobre o cálculo dos demais valores. O relator da reanálise do caso do TST, ministro Amaury Rodrigues, disse, no julgamento, que a mudança responde a uma questão aritmética.

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Mistura B12 pode acirrar disputa por óleo de soja

A mistura de 12% de biodiesel ao diesel começa a valer em 1.º de abril e pode aumentar a concorrência por óleo de soja, matéria-prima do biocombustível. O Itaú BBA diz que o País talvez tenha que reduzir o volume exportado para garantir o maior porcentual. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais garante que haverá soja suficiente.

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Por 5 votos a 1, Petros aprova pagamento de bônus milionário a diretores

O conselho deliberativo de Petros aprovou nesta sexta-feira, por 5 votos a 1, o pagamento de um bônus de R$ 9,3 milhões a quatro diretores da instituição. Os bônus são relativos a metas alcançadas pela fundação. Apenas o conselheiro representante da Federação Única dos Petroleiros (FUP) votou contra. A ala de fiscalização da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) abrirá um processo para analisar o caso. A Petros vem amargando resultados negativos, e cerca de 50 mil trabalhadores da ativa e assistidos dos planos de previdência vão pagar até o fim de suas vidas uma contribuição adicional de 30%, para ajudar a cobrir o rombo de cerca de R$ 30 bilhões, decorrente de má gestão. Os R$ 9,3 milhões se referem à soma de R$ 2,2 milhões de ICP (incentivo de curto prazo) com R$ 7,1 milhões de ILP (incentivo de longo prazo). A Petros tem um diretor-executivo, que é o presidente da instituição, um diretor de investimentos, um diretor de riscos de finanças e tecnologia, e um diretor de seguridade. Todos foram indicados na gestão anterior da Petrobras, no governo de Jair Bolsonaro. Em carta enviada à direção do fundo em 17 de março, a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) cobra explicações sobre os critérios utilizados no pagamento do bônus milionário. No ofício, a federação requer informações sobre os critérios adotados para cálculo do abono, atas de aprovação e estudos previamente realizados e metas estabelecidas, "visando observar a legalidade do mesmo, com esteio na lei da transparência e o dever de fidúcia desta entidade com seus participantes". Integrantes do governo afirmam de modo reservado que o bônus não deveria ser pago se a entidade apresentou déficit. A avaliação é que as metas estão desalinhadas com os interesses da instituição e dos participantes, que têm uma contribuição extraordinária vitalícia com que arcar. A avaliação é que falta uma regulamentação para alinhar as metas e os indicadores com os objetivos do fundo, evitando a distribuição de bônus sem condicionantes. Entre elas, redução de custos administrativos, rentabilidade acumulada nos últimos 36 meses e inexistência de déficits. Procurada, a Petros informou em nota que os bônus são uma remuneração variável, criada em 2005 e reformulada em 2019, para atrair executivos de mercado: "Como é de conhecimento público e divulgado a cada ano em nosso Relatório Anual, a Petros tem uma política de remuneração variável, desde 2005, para todo o seu quadro profissional, uma prática comum em organizações de grande porte e em outros fundos de pensão, com o objetivo de atrair e reter profissionais qualificados".

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Preço médio de gasolina cai pela segunda semana seguida, diz ANP

O preço médio da gasolina nos postos de todo o País recuou novos 0,5%, para R$ 5,51 por litro, na semana entre 19 e 25 de março, informou no início da noite desta sexta-feira (24) a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Esta é a segunda semana de queda leve no preço médio da gasolina após o pico recente ligado ao retorno dos impostos federais PIS/Cofins sobre os preços da gasolina nas refinarias, que são repassados ao consumidor final na ponta. De fato, na semana até 11 de março, esse preço era de R$ 5,57 por litro, após alta de 9,6%, ou R$ 0,49 por litro, alimentada pela volta dos tributos no início do mês. Desde então, houve queda acumulada de 1% no preço, que cede em velocidade bem inferior àquela com a qual subiu. Em ocasiões marcadas por grande variação de preço em curto período de tempo, são comuns ajustes nos preços praticados pelos lojistas na ponta da cadeia, a fim de se adequarem à lógica concorrencial. Assim como na semana passada, a queda da vez pode estar novamente ligada a uma acomodação de preços nos próprios postos de abastecimento. Outro fator lateral para a queda no preço da gasolina é o recuo no preço do etanol anidro, que responde por 27% da mistura do combustível. O insumo registra uma queda acumulada de 3,3% nas usinas paulistas nas três semanas até 24 de março. O levantamento é do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura da Universidade de São Paulo (Cepea/Esalq-USP). Diesel O diesel S-10 também viu o preço médio cair 0,5% pela segunda semana seguida nos postos de todo o País, entre 19 e 25 de março, informou a ANP. O litro do insumo custou em média R$ 5,94 esta semana, comparado a R$ 5,97 nos sete dias anteriores. O combustível está livre da reoneração até 1º de janeiro de 2024, por decisão do governo. O preço do diesel ao consumidor final deve cair mais nas próximas semanas, em linha com a recente redução praticada pela Petrobras no preço de suas refinarias. Ontem (23), a Petrobras implementou mais uma redução no preço do diesel para as distribuidoras, de 4,47% ou R$ 0,18 por litro. Essa redução é gradualmente repassada aos preços das bombas. Foi a terceira queda seguida nos preços da estatal, que pode ter pesado apenas modestamente nos preços dos postos registrado pela ANP, uma vez que só teria incidido sobre os últimos três dias da semana e de forma parcial, devido à dinâmica de estoque de distribuidores e lojistas. Em 1º de março, a Petrobras já havia reduzido em 1,95%, ou R$ 0,08 por litro, o preço do diesel. Antes, em 8 de fevereiro, a companhia já havia praticado uma primeira redução de 8,9%, ou R$ 0,40 por litro. As três reduções desde então foram feitas já sob a gestão do presidente Jean Paul Prates, indicado pelo presidente Lula (PT). Gás de cozinha Já o preço médio do gás liquefeito de petróleo (GLP), ou gás de cozinha, experimentou queda esta semana. O insumo vendido em botijão de 13 kg fechou a semana a um preço médio de R$ 107,52, 0,15% abaixo do registrado na semana anterior (R$ 107,69). O gás de cozinha vinha mantendo trajetória de quedas leves, estacionou e subiu este mês - e agora volta a cair, ainda que próximo da estabilidade. Também nesse caso, com exceção da gasolina, os impostos federais só voltarão a incidir em 1º de janeiro de 2024.

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