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Cade vai analisar conduta de preços da refinaria de Mataripe, operada pela Acelen

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) vai abrir inquérito administrativo para investigar se há conduta de infração concorrencial com referência a preços praticados pela refinaria de Mataripe (BA), operada pela Acelen. Será investigada a conduta da empresa e os preços de venda de óleo cru praticados pela Petrobras para a empresa. A abertura de inquérito foi sugerida na sessão dessa quarta-feira (25) pelo conselheiro Gustavo Augusto. O pedido se refere a um procedimento preparatório que havia sido aberto no Cade para investigar o caso e que, recentemente, havia sido arquivado. eldquo;Será uma forma de entender o mercado e ver se há discriminação de preços por parte da refinaria ou se ela é vítima de uma estrutura maior e talvez nem por culpa de ninguém, mas pela estruturaerdquo;, afirmou o conselheiro. Ele indicou para a Superintendência Geral (SG) que vai conduzir o inquérito decidir se recebe como dois inquéritos separados ou se reúne as operações. O tema chegou ao Cade a partir de reclamações de sindicatos da área que, entre outras questões, alegam a diferença da política de preços entre a Petrobras e a refinaria da Acelem, que foi recentemente privatizada e, supostamente, estaria praticando preços acima dos da Petrobras. Ao Cade, os sindicatos indicaram que a Acelen supostamente estaria comercializando gasolina A e diesel S10 por preços mais elevados no Estado da Bahia, relativamente a outros Estados para onde fornece menores quantidades desses combustíveis, com custos logísticos maiores. Augusto disse concordar com o racional apresentado pela SG quando arquivou o caso no sentido de que não cabe ao Cade vigiar política de preços, mas que, nesse caso, isso pode ser sintoma de um problema concorrencial por trás. eldquo;O Cade tem que ter o compromisso de fiscalizar os preços praticados. Se, por um lado cobramos que o setor seja aberto, cabe a nós fiscalizar para que ele não seja substituído por um monopólio privadoerdquo;, afirmou o conselheiro, citando a venda de refinarias pela Petrobras conforme firmado em termo de ajuste de conduta com o Cade. No caso concreto, segundo Gustavo Augusto, analisando as provas dos autos, se verificam que preços da revenda do diesel praticados no Estado da Bahia são todos maiores que os praticados nos demais Estados. Quando se compara com Amazonas, que se estima que seria uma operação mais cara pelo transporte, o preço é menor que na Bahia. Ainda segundo o conselheiro, pode ser que a Acelen, ao invés de infratora seja vítima da conduta. eldquo;Temos que verificar se por acaso o óleo cru vendido para a refinaria como insumo tem alguma discriminação de preço na etapa anteriorerdquo;, afirmou. A decisão pela abertura de inquérito administrativo foi unânime. eldquo;O Cade não controla preço, o preço é livre, mas se discute a questão de abusividade no aumento de preços desde que restrita a uma moldura específicaerdquo;, afirmou o presidente do Cade, Alexandre Cordeiro. Há a necessidade de se investigar o preço e a origem dele, segundo Cordeiro.Para ler esta notícia, clique aqui.

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Raízen vê cenário 'complexo' no mercado de diesel

O mercado de diesel deve permanecer eldquo;complexoerdquo; nos próximos meses, potencialmente com ainda mais desafios do lado do suprimento, na avaliação da Raízen, uma das maiores distribuidoras de combustíveis do país. eldquo;A gente não vê o cenário arrefecendo nos próximos três ou quatro meses. O mercado segue complexoerdquo;, disse o presidente da companhia, Ricardo Mussa, durante o eldquo;Raízen Dayerdquo;. No encontro com analistas e investidores, o executivo lembrou que no segundo semestre, tipicamente, há alta no consumo de diesel no Brasil e a temporada de furacões no Atlântico Norte. Além disso, com o mercado de gás também apertado, uma alternativa tem sido substituir o insumo por diesel, elevand No Brasil, conforme Mussa, a distribuição tem enfrentado momentos desafiadores, em particular na importação de diesel, mas a Raízen tem sido hábil em navegar nesse ambiente. eldquo;Não faltou produto em nenhum momentoerdquo;, destacou, acrescentando que essa segurança de abastecimento também se reflete em maior embandeiramento de postos. Ter a Shell, um gigante global de óleo e gás, como acionista e estar em outros países da América do Sul, garantindo escala na compra de combustíveis, têm contribuído para que a Raízen atravesse esse período de crise sem grandes sobressaltos. Em determinado momento, indicou o comando da distribuidora, que tem operações na Argentina e no Paraguai, volumes foram desviados de um país para o outro para assegurar o fornecimento da rede. eldquo;A gente está passando muito bem por esse períodoerdquo;, ressaltou. Mussa aproveitou ainda o evento para eldquo;prestar contaserdquo; sobre as promessas feitas durante as reuniões com investidores e analistas que antecederam a oferta pública inicial de ações (IPO) da Raízen, no ano passado, e destacou que todas as metas foram no mínimo alcançadas. eldquo;Tudo o que a gente falou no IPO, a gente está entregando ou entregando acima do que prometeuerdquo;, afirmou. Sobre o crescimento projetado em renováveis, o executivo indicou que o ritmo de expansão pode ser maior do que o previsto até o fim do ano. Uma das ambições é acelerar a implantação de novas usinas de etanol de segunda geração (E2G). A companhia opera hoje a única usina de E2G em escala industrial do mundo e, até 2030 ou 2031, espera ter 20 em operação. De acordo com o vice-presidente de Renováveis da Raízen, Francis Queen, as três unidades que estão em construção, com investimentos de R$ 1 bilhão cada, entrarão em operação entre 2023 e 2024.eldquo;Hoje, os preços do E2G mais que compensam a inflaçãoerdquo;, observou o executivo, acrescentando que a companhia já tem, junto a fornecedores, capacidade nominal suficiente para construir até sete novas usinas por ano. Em termos de produtividade, Mussa destacou que a Raízen avançou nessa frente e está executando, neste ano-safra, o maior plantio de sua história, com mais de 120 mil hectares. Além disso, apontou que a companhia elevou a entrega de açúcar no destino final para 50% atualmente, à frente da meta inicial, e seguirá buscando ter mais de 90% da movimentação da commodity diretamente para o cliente final. Na distribuição de combustíveis, disse o vice-presidente de Marketing e Serviços, José Antonio Cardoso, a Raízen cresceu dez pontos percentuais em participação de mercado em dez anos e quer seguir avançando. Para ler esta notícia, clique aqui.

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Pode faltar diesel no Brasil no segundo semestre?

A informação divulgada pela agência Reuters de que o ex-presidente da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho, teria alertado o Ministério de Minas e Energia sobre a possibilidade de falta de diesel no Brasil pouco antes de ser demitido ampliou ainda mais os temores no país. Segundo a agência de notícias, na semana passada a estatal teria apresentado um documento ao governo em que previa um cenário de desabastecimento em pleno auge da colheita da soja no segundo semestre, caso a empresa não venda combustível a preços de mercado. Segundo fontes ouvidas pela reportagem, a Petrobras disse que a empresa e outros importadores podem ter dificuldades para garantir o diesel em meio à redução dos estoques mundiais. Após a demissão de Ferreira Coelho da estatal emdash; empossado há pouco mais de um mês emdash;, o governo indicou Caio Paes de Andrade para substituí-lo. A Federação Única dos Petroleiros (FUP) expressou a mesma preocupação na terça-feira (24/05). Em nota, os petroleiros afirmaram que "o Brasil corre o risco de desabastecimento de óleo diesel no início do segundo semestre deste ano, em função da prevista escassez de oferta no mercado internacional e do baixo nível dos estoques mundiais". Analistas consultados pela BBC News Brasil concordam com a avaliação da Petrobras e da FUP, mas afirmam que a deficiência deve ser pontual e só se concretizará se os fatores causadores da crise permanecerem ativos. "Pode faltar diesel pontualmente no Brasil", afirma Pedro Shinzato, analista de derivados da consultoria Stonex. "Não devemos ver um desabastecimento generalizado, mas em postos específicos, de bandeira branca, ou em regiões do país mais afastadas, é bem possível falar em faltas esporádicas." Para Maurício Canêdo, professor da Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV-EPGE) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), existe a possibilidade de carência pontual caso a própria Petrobras não aumente seu ritmo de importação. "Uma escassez pontual é mais provável do que uma falta generalizada de diesel nos postos ou no transporte de carga. Pode haver atrasos no despacho ou faltas esporádicas por conta de problemas de logística de mudança de fornecedor diante do problema global", diz. Entre os principais fatores apontados pelos especialistas para a concretização do cenário futuro está a defasagem do preço do diesel em relação ao mercado internacional, que pode desencorajar a compra do combustível no exterior por importadores privados. As sanções e bloqueios impostos à Rússia por conta da guerra na Ucrânia, que levaram os estoques internacionais para mínimos históricos, também são um grande fator de peso. O que está por trás dos temores de escassez? A preocupação com um desabastecimento de diesel não é exclusiva do Brasil. Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, Estados Unidos e União Europeia impuseram sanções contra o país, que é o segundo maior produtor e exportador de petróleo do mundo. Com isso, a oferta da commodity diminuiu globalmente e os seus preços dispararam. "Vários países estão com os estoques de diesel e outros combustíveis bastante baixos para os padrões usuais. Se essa situação continuar por muito tempo, o mundo inteiro corre o risco de sofrer com algum tipo de problema de oferta", diz o economista Maurício Canêdo. "A grande questão que definirá se vai haver desabastecimento ou aumento ainda maior do preço do diesel no mercado internacional é a velocidade e a escala com que a Europa vai cortar seu fornecimento da Rússia", afirma Felipe Perez, estrategista de downstream para a América Latina da SeP global. Mas segundo os especialistas consultados pela BBC News Brasil, o Brasil pode ainda enfrentar um componente adicional de risco, que é a queda nas importações por conta da defasagem do preço do diesel em relação ao mercado internacional. O Brasil produz mais petróleo do que consome e se declara "autossuficiente". Porém, devido ao tipo de petróleo extraído e à insuficiência na capacidade de refino, ainda precisa importar tanto petróleo cru quanto derivados como a gasolina e o diesel. Segundo a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o Brasil bateu recorde de importação de diesel em 2021 endash; foram 14,4 milhões de metros cúbicos de diesel A (puro, sem biodiesel), volume 20,4% maior do que no ano anterior. Ainda de acordo com a ANP, a participação do diesel vendido no país com origem estrangeira passou de 20,9% em 2020 para 23,2% em 2021. A Petrobras adotou o chamado preço de paridade de importação (PPI) em 2016, durante o governo de Michel Temer. O PPI vincula o valor dos derivados de petróleo ao comportamento dos preços dos produtos em dólares no mercado internacional. Recentemente, porém, os reajustes para acompanhar o valor internacional se tornaram mais espaçados. Segundo o g1, em reuniões internas do governo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) também teria dito a auxiliares que não quer novos reajustes no diesel, gasolina e gás de cozinha até a eleição, em outubro. "No momento o preço do diesel no Brasil está até bem alinhado com o internacional, mas porque o mercado caiu nas últimas duas semanas e o valor global também caiu um pouco", diz Pedro Shinzato. "Mas sabemos que o atual presidente está buscando a reeleição e que o aumento nos preços de combustível pode ser uma política impopular." Diante da defasagem do preço do diesel, importadores particulares, não vinculados à Petrobras, podem deixar de comprar o combustível no exterior para evitar prejuízo ao revendê-lo internamente. "Ninguém vai importar o diesel caro para vender mais barato no Brasil", resume Canêdo. Essa foi exatamente a preocupação que teria sido exposta pela Petrobras na apresentação ao governo. Segundo as informações da Reuters, o documento afirma que "sem sinalização de que os preços de mercado serão mantidos adiante, há um risco concreto de escassez de diesel no auge da demanda, durante a temporada de colheita, afetando o PIB do Brasil". Os especialistas afirmam ainda que a temporada de furacões no Atlântico, que se estenderá nesse ano de junho a novembro, também pode representar problemas para o fornecimento de diesel brasileiro. "As refinarias americanas são a principal origem das importações do Brasil e boa parte delas está concentrada na região da Costa do Golfo dos EUA, que costuma ser uma das mais atingidas pela temporada de furacões", diz Pedro Shinzato, da Stonex. "Com as refinarias dos EUA em capacidade alta, um furacão ou condições climáticas mais difíceis podem parar o refino ou a produção de petróleo e fazer com que o mercado fique ainda mais justo", afirma Perez. Vai faltar diesel mesmo? Para os analistas consultados pela BBC News Brasil, uma falta pontual pode ser observada caso os fatores de risco se mantenham e não se encontrem alternativas viáveis para o fornecimento. Para Maurício Canêdo, a possibilidade pode ser contornada caso a Petrobras decida buscar alternativas para a importação do diesel no mercado global e supra a demanda não atendida pelas importadoras privadas. "Temos levantado que a Petrobras já está procurando fontes alternativas de oferta na Ásia e África para driblar a diminuição da oferta nos Estados Unidos", diz. O especialista explica que esse processo seria mais custoso e demorado. Também significaria que a estatal precisaria arcar com os possíveis prejuízos de vender o diesel no Brasil a preços mais baixos do que os praticados no mercado internacional. "Mas acho improvável que a Petrobras decida não fazer isso diante de um risco de escassez, pois o maior acionista da empresa ainda é a União", afirma Canêdo. Já Felipe Perez acredita que a defasagem dos preços fará com que os estoques das refinarias nacionais acabem primeiro, mas não afetará de imediato o ritmo de importações. "As empresas que têm a vantagem logística, competitiva, contratual e estrutural devem negociar primeiro com os refinadores brasileiros. Mas no final das contas o balanço tem que ser fechado com as importações e esse preço vai ser o preço de mercado", diz. Problemas de falta de suprimento foram relatados em Minas Gerais e no Distrito Federal entre março e abril deste ano, mas os sindicatos que representam os revendedores de combustíveis nas duas regiões afirmam que a situação já se normalizou. Ainda assim, Paulo Tavares, presidente Sindicombustíveis-DF, teme problemas no segundo semestre caso o consumo mundial de petróleo russo permaneça abalado e a Petrobras mantenha sua política de preços. "A manutenção do preço do diesel em níveis mais baixos do que os do mercado internacional pode fazer com que falte produto para as distribuidoras, porque elas não vão importar o produto mais caro", diz. "Não creio que vai haver escassez geral, mas podemos ter novos relatos de falta em algumas regiões e o preço certamente vai subir muito." O presidente-executivo da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo, afirma que qualquer falta deve ser pontual. "Em alguns municípios pode haver descontinuidade no suprimento por alguns dias, porque com a defasagem do preço, os importadores e as distribuidoras regionais não estão importando tanto", diz. "Nesse cenário, redes de postos de bandeira branca e outros consumidores menores ficam mais vulneráveis a eventual falta de produto." Em resposta aos rumores, a ANP afirmou em nota que monitora o abastecimento nacional de combustíveis de forma sistemática, por meio do acompanhamento dos fluxos logísticos em todo o território brasileiro. "Na presente data, o abastecimento com diesel aos consumidores se mantém regular", diz a agência. Procurados, a Petrobras e o Ministério de Minas e Energia não responderam aos pedidos de comentário. E o preço? Os especialistas concordam que, com a continuidade nos problemas com a oferta mundial de diesel, o preço do produto nas bombas do Brasil pode continuar subindo. "O preço pode aumentar sim na bomba em algumas regiões. É o que acontece toda vez que a demanda corre por cima da oferta", explica Maurício Canêdo. "A primeira resposta a tudo que tem acontecido são os preços mais altos - algo que já estamos vendo desde outubro, na verdade", pontua Pedro Shinzato. Segundo analistas, o aumento afeta mais os consumidores finais principais do diesel emdash; como caminhoneiros, operadores de serviços de logística e transportadores de passageiros em coletivos. (BBC News)

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Venda de etanol no Centro-Sul recua na 1ª quinzena e no acumulado da safra

As unidades produtoras de açúcar e álcool do Centro-Sul comercializaram um total de 990,82 milhões de litros de etanol na primeira quinzena de maio, informou a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). O volume representa baixa de 17,27% na comparação com igual período de 2021. No acumulado da atual safra 2022/23 (1º de abril de 2022 até 16 de maio de 2022), o volume vendido pela região teve baixa de 4,32% em relação à safra anterior, para 3,21 bilhões de litros. Quanto ao mercado interno, o volume do biocombustível hidratado vendido na primeira quinzena de maio caiu 24,31% frente a igual período do ano passado, para 605,58 milhões de litros. "Ao que parece, está ocorrendo um ajuste nos estoques operacionais das distribuidoras. Após a contração do mercado no mês de abril, conforme divulgação realizada pela ANP, não houve a necessidade de manter um ritmo aquecido na compra do produto dos produtores", informa a Unica em nota. As vendas domésticas de etanol anidro, por sua vez, totalizaram 363,92 milhões de litros na quinzena, invertendo a tendência do mês de abril e registrando uma queda de 4,85% na comparação com 2021. De acordo com a entidade, a queda no volume comercializado de etanol anidro é consequência da maior importação para o mês de maio que, conforme alguns line-ups, deve ultrapassar 120 milhões de litros. No acumulado da safra, foram comercializados 1,99 bilhão de litros de hidratado domesticamente (queda de 11,95%) e 1,1 bilhão de litros de etanol anidro (alta de 7,78%). (Estadão Conteúdo)

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Inflação acima de 10% há nove meses

Desde setembro do ano passado a inflação acumulada em 12 meses tem ficado acima de 10%. Em maio, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) endash; que antecipa a inflação do mês completo endash;, a alta foi de 12,20%, contra 12,03% em abril. Embora há pelo menos nove meses a alta média dos preços venha corroendo a renda dos brasileiros, sobretudo os mais pobres, o ministro da Economia, Paulo Guedes, garante que o País está saindo do eldquo;infernoerdquo; inflacionário. Ao contrário de Guedes, porém, o presidente Jair Bolsonaro se deu conta recentemente de que alta acentuada e prolongada dos preços, sobretudo os de bens essenciais como alimentos e combustíveis, ameaça sua reeleição, seu único objetivo desde que assumiu o cargo. Tem demonstrado, por isso, descontrolado nervosismo com a questão. Primeiro, tentou empurrar a culpa para outros, como costuma fazer sempre que se defronta com problemas. No caso dos combustíveis, Bolsonaro disse que a culpa era dos governadores, por causa da elevada tributação estadual. Depois, para mostrar ao eleitor que luta contra a inflação endash; em alta, observe, desde maio de 2020, ou seja, há dois anos endash;, Bolsonaro passou a tentar controlar os preços praticados pela Petrobras. Para isso, demitiu sucessivos presidentes da Petrobras por ele mesmo indicados. Agindo assim, ameaça desestruturar as finanças da empresa e, se tiver êxito, empurrará os necessários reajustes para a frente. E eles virão, quer Bolsonaro queira ou não. Agora, por insistência de Bolsonaro, cuja única preocupação é sua reeleição, o governo promoveu o segundo corte, em pouco mais de seis meses, de 10% das tarifas de importação de mais de 6 mil itens. Embora a desoneração das importações possa fazer parte de uma agenda mais ampla e necessária de abertura da economia brasileira, o objetivo principal do presidente é conter o preço de alimentos e de materiais de construção, para, desse modo, também conter a inflação. A medida é de caráter temporário (vale até o fim de 2023), para não ferir regras do Mercosul que exigem a aprovação de todos os seus membros para a redução permanente das tarifas de importação de bens de terceiros países. Mesmo assim, pode gerar alguma reação de outros países que fazem parte do bloco do Cone Sul. Há, no governo, cálculos de que o corte de tarifas agora decidido poderá reduzir a inflação deste ano em até 0,50 ponto porcentual. É provável que isso não chegue ao consumidor. E, se chegar, o efeito será pouco sensível para a inflação de 2022. Um tanto problemático para o Mercosul, de efeito muito limitado para o consumidor e para o IPCA, a medida tem, porém, impacto real e inevitável nas finanças públicas. A redução da tarifa de importação implicará queda de R$ 3,7 bilhões na arrecadação federal. Em tese, não há problema legal nem necessidade de compensação para essa renúncia de receita, pois o Imposto de Importação é considerado regulatório e não arrecadatório. Mas nem isso afasta a necessidade de ajuste das finanças federais. ebull;

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Bolsonaro, Petrobras e a campanha eleitoral

Nesta nova demissão de um presidente da Petrobras, a terceira em quatro anos, há uma certeza e algumas hipóteses. A certeza é a de que o presidente Bolsonaro quer usar os preços dos combustíveis para ajudar ou, pelo menos, não atrapalhar sua campanha eleitoral. Uma das hipóteses sujeitas a confirmação é a de que ele quer apenas dar a impressão de que está fazendo de tudo para impedir nova escalada dos preços internos dos combustíveis. Nesse caso, se for vencido pelos fatos, dirá que eldquo;o sistemaerdquo; está contra ele e contra o eleitor. Outra hipótese é a de que pretende alterar as regras da Petrobras para poder controlar os preços. É, de resto, a mesma proposta do seu mais importante adversário nas urnas, o ex-presidente Lula (PT), que não tem escondido o que pretende fazer. Se vai conseguir, é outra história. Uma das alegações que vazam do Planalto é a de que Bolsonaro quer eldquo;mais previsibilidadeerdquo; nos preços da Petrobras. É pretensão estranha sobre uma equação regida por duas incógnitas de comportamento imprevisível: a trajetória das cotações internacionais de um produto altamente sensível a convulsões geopolíticas, como as de agora; e a das cotações do dólar em reais. Até mesmo as condições do tempo são mais previsíveis do que as cotações do petróleo, de seus derivados e do câmbio. Um jeito de garantir baixa variabilidade dos preços é adotar o tal fundo de estabilização, cujos recursos seriam usados quando as cotações escalassem. O problema é que não há fundo, que, de resto, teria de ser montado com recursos públicos. O presidente Bolsonaro quer aumentar o intervalo entre um reajuste e outro? Este é um embuste. O que pretende mesmo é que, até as eleições, a Petrobras não aumente os preços. Se fosse para garantir mais espaçamento, então precisaria ser determinado qual seria. Os preços da gasolina, que variam diariamente, não se reajustam há 75 dias. E os atrasos (a tal eldquo;defasagem médiaerdquo;) já são de 6% para a gasolina e 1% para o diesel, como indicam os levantamentos mais recentes da Abicom. De mais a mais, a fixação arbitrária de um prazo para um reajuste poderá prejudicar o consumidor se for para reduzir os preços, como dia menos dia acontecerá. Há a alegação de que a Petrobras vem apresentando lucros enormes e que poderia bancar um pedaço da conta do consumidor. Nesse caso, teria de ser necessário definir qual o lucro aceitável e assumir o risco de que, qualquer achatamento do seu caixa, produziria quebra das receitas públicas com impostos, royalties e dividendos. Finalmente, interferências na administração da Petrobras a deixariam vulnerável a processos na Justiça, do Brasil e do exterior, por lesar propositalmente os interesses do acionista minoritário. Mas Bolsonaro não está preocupado com o que possa criar efeitos consumados negativos depois das eleições. ebull;

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