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Interferência do governo para frear reajuste de diesel e gasolina deixa Petrobras à deriva

A reunião do Conselho de Administração da Petrobras do último dia 8 tinha como foco o plano de negócios para os próximos cinco anos. Não funcionou. O encontro foi dominado pelo debate sobre a então possível saída de José Mauro Coelho da presidência da estatal e as pressões para evitar novos aumentos nos preços dos combustíveis. É um exemplo de como a indefinição e as incertezas no comando ao longo do último ano e meio vêm impactando a petroleira. O estopim veio em fevereiro de 2021, quando a cotação do petróleo começava a subir em meio à retomada da economia global no pós-pandemia, juntamente com o aumento da inflação. Como a Petrobras segue a paridade de preços do petróleo no mercado internacional, os reajustes de gasolina e diesel desagradaram ao governo, resultando na demissão de três presidentes da empresa até aqui. Enquanto o Conselho se prepara para novo encontro para avaliar a chegada de mais um presidente, agora Caio Paes de Andrade, secretário de Desburocratização do Ministério da Economia, decisões estratégicas, sobretudo as de médio e longo prazo, vão sendo adiadas pela Petrobras. É visível o freio em venda de ativos, investimentos e aprovação de ações estratégicas. emdash;A liderança está consumida pela discussão dos preços dos combustíveis emdash; diz um executivo. elsquo;Quem vai assinar?ersquo; O planejamento para os próximos cinco anos está para ser traçado desde o primeiro trimestre. Segue parado, aguardando as novas presidência e diretoria. Há executivos, entre os mais otimistas, já prevendo que o plano 2023/2027 só seja divulgado em dezembro. emdash;Quem vai assinar documento importante? Ou autorizar a contratação de uma nova plataforma de bilhões de dólares? Quem vai determinar o início de estudo de viabilidade de projetos? emdash; perguntou um executivo que prefere não se identificar. A paralisia, segundo outra fonte, impede que a Petrobras defina um planejamento para acessar recursos essenciais para iniciar licitações de plataformas e ampliar a produção. Há meses emdash; com o debate sobre risco de desabastecimento de combustíveis emdash; gerentes da estatal discutem o papel do refino da empresa. A dúvida é se a companhia continuará a vender refinarias ou não. Os processos estariam pausados desde a saída de Joaquim Silva e Luna, contam profissionais da Petrobras. A estatal havia firmado acordo para vender oito unidades, mas só se desfez de quatro. O prazo para venda acabou no fim de 2021, mas foi renegociado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A incerteza política, dizem fontes e analistas, dificulta negociações, porque a estatal ou não teve interessados ou recebeu propostas abaixo do esperado. Decidiu-se, então, voltar a investir em melhorias em unidades como a Rnest (PE), independentemente de atrair ou não novos interessados por refinarias. O impasse envolvendo o refino reflete o menor ritmo na venda de ativos. Em 2020, foram lançados no mercado 27 teasers com ativos de gás, campos de petróleo, parques eólicos e usinas térmicas. Ano passado, esse número caiu para seis. Em 2022, até aqui, foram três, dos quais dois (campo de Tartaruga e a Unidade de Fertilizantes Nitrogenados) foram relançados no mercado. Sem plano de longo prazo Entre 2019 e fevereiro deste ano, a Petrobras, segundo informações financeiras divulgadas pela estatal, já contabilizou em seu balanço a entrada de US$ 24 bilhões com a venda de ativos emdash; sendo US$ 5,6 bilhões desde o início de 2021. Em dezembro último, a estatal sinalizou ao mercado que iria vender até 2026 ativos que somam de US$ 15 bilhões a US$ 25 bilhões. Estão à mesa, sua fatia na Braskem e a empresa dona do gasoduto Brasil-Bolívia. Resta indefinida a venda da Transpetro. Dentro da petroleira, 2022 já é visto como ano perdido. Saiu de cena ainda o Plano Estratégico com visão de longo prazo. O último foi feito em 2018, na gestão de Ivan Monteiro. Sem essa visão para os próximos dez anos, há indecisão em áreas chaves como transição energética. As principais petroleiras do mundo estão investindo em energias renováveis. O tema vinha sendo motivo de debates internos entre diretores desde o início do ano, mas foi suspenso, já que a diretoria deve mudar. Carlos Augusto Junqueira, advogado especialista em Direito Societário e consultor sênior da FGV Projetos, sublinha que sucessivas interrupções no processo natural de substituição no comando vão eldquo;salgando a terraerdquo;, minando a capacidade da estratégia de a empresa florescer. emdash; A grande vítima dessa mudança antinatural é o Conselho, que é desautorizado. O natural seria o Conselho decidir a troca do presidente. Só o Conselho pode ter a visão de longo prazo da companhia. Se não pode fazer isso, a empresa fica sem liderança. Após a Operação Lava-Jato houve melhoria do estatuto da Petrobras e aprovação da Lei das Estatais com o objetivo de blindar a empresa de ingerência política. Com isso, tentativas de alterar a política de preços por meio da troca do presidente não surtiram efeito. Luiz Carvalho, analista sênior de Petróleo e Gás do UBS BB, destaca que as trocas de presidente da Petrobras vêm de longe. Mas que a mudança repetida no comando, no mínimo, reduz a velocidade de alguns avanços. emdash; Existe no imaginário coletivo uma leitura de que existe um botão que o governo pode apertar para intervir na Petrobras e controlar preço de combustíveis. Pelos aprimoramentos no estatuto e com a Lei das Estatais, esse botão ficou muito caro para ser apertado. O prejuízo político desse ato é muito alto emdash; pondera ele, que avalia que mexer na Lei das Estatais seria um eldquo;retrocessoerdquo;. A partir de 2016, diz ele, houve uma melhora grande em governança e na rentabilidade. A Petrobras se tornou uma das empresas mais rentáveis do mundo, bateu R$ 44,56 bilhões em lucro líquido no primeiro trimestre, mais de 38 vezes o registrado em igual período de 2021. emdash; Ainda que o petróleo caísse para US$ 30, ela não teria problema de caixa emdash; diz Carvalho. emdash; Qualquer manutenção do que vem sendo feito vai gerar bons frutos. A linha mestra de atuação está mantida desde a gestão de Pedro Parente (no governo Temer), com disciplina financeira, fazendo desinvestimentos, seguindo a paridade de preços do mercado internacional. O lado ruim é que a Petrobras tem uma avaliação eldquo;extremamente descontadaerdquo;, ante grandes petroleiras globais. emdash; O mercado atribui um risco de intervenção. Isso polui a percepção do investidor. O risco de mudança na direção gera questionamento em relação a que rumo a companhia vai seguir emdash; diz o analista. A mais descontada Um parâmetro que aponta a Petrobras como a major de petróleo mais barata do mundo, segundo relatório da XP, é o múltiplo que resulta da relação entre o valor da firma (EV) e o Ebitda (indicador de caixa). O da Petrobras está em 1,7, bem abaixo de concorrentes como Chevron (4,9x), Exxon Mobil (4,7x) e Shell (3,2x). Dentro da companhia, os funcionários estão assustados, relata uma fonte. E já há profissionais querendo deixar a empresa. O temor é que uma eventual interferência na política de preços abra caminho para, na sequência, mexidas na gestão e, depois, no caixa. emdash; Se bota gente sem qualificação, deixa claro que há um processo decisório que não tem a ver com uma empresa de boa governança emdash; diz essa fonte. Marcelo de Assis, diretor de pesquisa de upstream da América Latina da Wood Mackenzie, destaca as preocupações em torno da sinalização de governo e Congresso de que a Lei das Estatais pode sofrer alterações de forma a permitir maior interferência na estatal: emdash; Esse tipo de interferência pode voltar a afetar a capacidade de investimento da empresa. Se houver subsídios pesados com os combustíveis, pode voltar a elevar a dívida da empresa e impactar o caixa, o que traria mais problemas à Petrobras. É o tipo de intervenção eleitoreira e não resolve o problema dos combustíveis. Caminho incerto As mudanças no estatuto, por outro lado, puxam crises, começando pela demissão de Pedro Parente em meio à greve dos caminhoneiros em 2018. De janeiro de 2021 a junho deste ano, o valor da gasolina nas refinarias subiu 121% e o do diesel, 177%, como reflexo da abertura da economia após lockdowns na pandemia e da guerra. A Petrobras faz reajustes em paridade com os preços internacionais. emdash; Gestão fragmentada causa impacto sobretudo na estratégia de médio e longo prazo. O pré-sal está cada vez mais maduro e não houve descobertas significativas nos últimos cinco anos. Qual é a estratégia futura, já que ela vem vendendo nos últimos anos ativos em gás, energia e renováveis? Quais serão os investimentos? E o caminho? emdash; indaga Assis. O temor hoje é que a empresa volte a cortar investimentos. A estatal, com base em seu plano de negócios de cinco anos, vem pisando no freio. Em 2019, a meta era investir US$ 75,7 bilhões entre 2020 e 2024. Já em 2021, o número caiu para US$ 68 bilhões entre 2022 e 2026. São dados que refletem a tímida projeção de crescimento de produção de petróleo. A expectativa é subir dos cerca de 2,6 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d) neste ano para os 3,2 bilhões de boe em 2022. Esse menor apetite para investir ocorre com patamar recorde do preço do petróleo. Só neste mês, o barril chegou a encostar nos US$ 130. Para analistas, a estatal poderia ter produção maior, beneficiando-se do bom momento no mercado. A produção, porém, recuou de 2,770 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/dia) para 2,462 milhões de barris, na média do primeiro trimestre deste ano.

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O presidente Jair Bolsonaro sancionou nesta quinta-feira, 23, o teto de 17% para o ICMS e a isenção do Pis/Cofins sobre combustíveis

Goiânia, 24 de junho de 2022.   Prezado, revendedor!   Considerações sobre as modificações introduzidas pela Lei Complementar 194/2022, sancionada e publicada ontem, dia 23 de junho de 2022: Link de Acesso: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp194.htm   Efeitos no ICMS incidente na GASOLINA C e ETANOL HIDRATADO Considerando a publicação da LC 194/2022 ontem, a partir de hoje (24/06), os Estados já não poderão mais adotar alíquotas de ICMS em patamares superiores ao das operações com mercadorias em geral, cujas alíquotas básicas são de 17% ou 18%, dependendo da utilizada por cada Unidade da Federação. No Estado de Goiás a alíquota passa a ser 17%. Apesar da Lei Complementar 194/2022 ter sido publicada nesta quinta-feira (23/06), com a vigência no ato da publicação será necessário que o governo do Estado de Goiás implante obrigatoriamente a nova Alíquota de ICMS na sua legislação interna, para que surta efeito na redução das alíquotas do ICMS dos combustíveis até o patamar máximo estabelecido 17%. Desta forma, entendemos que até que ocorram as adequações na legislação interna do Estado, os contribuintes ainda precisarão continuar seguindo a legislação estadual vigente para fins de cobrança e recolhimento do ICMS nas operações que praticarem com combustíveis cujas alíquotas são superiores ao teto estabelecido pela LC 194/2022 e somente após a alteração da legislação interna de cada Estado é que a carga tributária do ICMS poderá ser reduzida para os combustíveis que serão impactados. Esperamos que essas adequações sejam implantadas urgentemente pelo Governo de Goiás.   Efeitos no ICMS incidentes no - DIESEL S500 - DIESEL S10 Considerando as alíquotas de ICMS do Diesel S10 e S500 no Estado de Goiás, a Lei em questão sancionada ontem, NÃO PRODUZIRÁ REDUÇÕES DE CUSTOS NESSES PRODUTOS EM RELAÇÃO AO ICMS. ASSIM QUE O GOVERNO DE GOIÁS PROMOVER AS ADEQUAÇÕES NO REGULAMENTO ESTADUAL DO ICMS E PUBLICÁ-LAS, INFORMAREMOS DE IMEDIATO AOS NOSSOS ASSOCIADOS.   Efeitos no Pis/Cofins e CIDE incidentes na GASOLINA C - ETANOL HIDRATADO- DIESEL S500 - DIESEL S10 A mesma LC 194/2022 também reduz a 0 (zero) até 31 de dezembro de 2022, os valores das contribuições devidos a título de PIS, COFINS e CIDE sobre: gasolina e suas correntes, exceto de aviação, gás natural veicular classificado nos códigos 2711.11.00 ou 2711.21.00 da NCM etanol, inclusive para fins carburantes. Não existe CIDE no etanol. IMPORTANTE: No diesel (S10 e S500) as alíquotas de Pis/Cofins e CIDE já estão zeradas até 31/12/22. Os efeitos desta lei serão imediatos, tendo em vista que a LC 194/2022 entrou em vigor na data de sua publicação, portanto, com validade a partir de 23/06/2022. Para melhor entendimento, segue os valores de PIS, COFINS e CIDE que devem ser reduzidos imediatamente no preço: Redução Esperada em centavos por Litro: Gasolina Comum: R$ 0,687 Etanol Hidratado: R$ 0,242   ATENÇÃO: É IMPORTANTE QUE OS REVENDEDORES FIQUEM ATENTOS E COBREM DE SUAS DISTRIBUIDORAS OS REPASSES REFERENTES À LEI SANCIONADA E PUBLICADA ONTEM, DIA 23/6 PARA QUE AS REDUÇÕES DE IMPOSTOS PROMOVIDAS CHEGUEM AOS CONSUMIDORES O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL.   Em caso de dúvidas, entre em contato com o SINDIPOSTO, estamos sempre à disposição para esclarecê-las.

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Entenda as consequências da aprovação do Projeto de Lei Complementar (PLP) 18/2022

Goiânia, 23 de junho de 2022.   Prezado, revendedor!       Conforme noticiamos em nossas redes sociais, no dia 14/06, estivemos em Brasília juntamente com o presidente da Fecombustíveis e mais 26 sindicatos de revendedores para a realização de uma reunião, na qual foi discutido o projeto de redução de impostos que tramita no Congresso Nacional e que iria para votação na Câmara, com as alterações feitas pelo Senado Federal com o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira.     A reunião foi extremamente positiva e, em razão da importância da representatividade das entidades presentes na reunião, o presidente da Câmara formulou convite para reunião com o presidente Jair Bolsonaro. No encontro com o Presidente da República, ficou patente o compromisso da bancada governista pela aprovação do Projeto de Lei Complementar (PLP) 18/2022, que efetivamente ocorreu no dia 15/06.     O PLP 18 está em tramitação na Procuradoria Geral da República para validação constitucional e deverá ser sancionado pelo Presidente da República a qualquer momento. Diante disso, é evidente que a expectativa de redução de impostos atinge a todos nós.     Com o intuito de facilitar o seu entendimento acerca das consequências da aprovação do PLP em questão, veja no quadro abaixo como será a redução da carga tributária nos combustíveis, tanto em relação aos tributos estaduais (ICMS), que deverão ter alíquota máxima de 17% ou 18%, como redução dos tributos federais (PIS/COFINS/CIDE) incidentes na gasolina, etanol e GNV que deverão ser zerados. IMPOSTO ESTADUAL   1 - Os valores da Pauta foram adquiridos a partir dos Atos Cotepe 38,39,e 40/2021. 2 - Os valores do ICMS foram adquiridos a partir do Ato Cotepe 64/19 que divulga a tabela com o Fator de Correção do Volume (FCV) para a Gasolina e Diesel. IMPOSTOS FEDERAIS   Em caso de dúvidas, entre em contato com o SINDIPOSTO, estamos sempre à disposição para esclarecê-las.

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Associação de minoritários notifica comitê da Petrobras sobre nomeação de Paes de Andrade

A Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras (Anapetro) enviou nesta quinta-feira (23) ofício a conselheiros e membros do comitê de elegibilidade da companhia notificando-os sobre inconsistências para a nomeação de Caio Paes de Andrade à presidência da Petrobras. A entidade recomendou que o nome do indicado ao cargo seja rejeitado, eldquo;visto o cenário de instabilidade que pode acarretar sua nomeaçãoerdquo;. Andrade foi indicado há um mês para suceder José Mauro Coelho na presidência da companhia. Depois de anunciar, na semana passada, reajuste de 5,18% nos preços da gasolina e de 14,26% sobre os preços do óleo diesel, pressões pela saída do executivo se intensificaram e Coelho renunciou na segunda-feira (20). A associação, que reúne petroleiros que também são acionistas da companhia, afirmou, em comunicado, que caso o nome seja aprovado, eldquo;buscará os meios legais, tanto nos órgãos de controle, como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), quanto no Poder Judiciário, para que a decisão seja revistaerdquo;. O currículo de Andrade será analisado na sexta-feira (24) pelo comitê de elegibilidade da estatal. Mais cedo, a representante dos empregados no conselho de administração da Petrobras, conselheira Rosângela Buzanelli, divulgou sua visão sobre a análise do currículo do indicado do governo para a presidência da Petrobras. No entendimento dela, o currículo de Andrade esbarra em dois impeditivos para a nomeação ao cargo: experiência profissional e formação acadêmica. eldquo;Os impactos financeiros negativos dessas trocas constantes e a tentativa de nomeação de pessoas não capacitadas, como parece ser o caso, demonstram que o governo quer interferir na gestão da empresa para depreciar ainda mais seus ativos colocados à vendaerdquo;, disse o presidente da Anapetro, Mario Dal Zot.

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PEC dos Combustíveis pode custar R$ 58,2 bi com voucher caminhoneiro de R$ 1 mil

O custo da PEC dos Combustíveis pode chegar a R$ 58,2 bilhões, caso o voucher para os caminhoneiros fique em R$ 1 mil. As estimativas foram feitas pela gestora Ryo Asset, que calculou os valores com base nos três pilares centrais da PEC: o voucher caminhoneiro, a compensação aos estados que isentarem o ICMS sobre combustíveis; e a isenção dos tributos federais sobre gasolina e etanol. A compensação aos estados deve custar R$ 29,6 bilhões e a isenção dos tributos federais representa mais R$ 20 bilhões, segundo estimativas anteriormente divulgadas por integrantes do governo. Já o custo do voucher pode variar de acordo com o valor do benefício, que ainda é incerto. Inicialmente, o valor aventado seria de R$ 400, mas fontes do governo confirmaram à CNN que há uma expectativa de que o valor possa subir para R$ 1 mil. Se o valor ficar em R$ 400 e 750 mil caminhoneiros forem contemplados, o gasto com o voucher seria de R$ 3,39 bilhões. Já se o benefício subisse para R$ 1 mil e 900 mil caminhoneiros recebessem o auxílio, o gasto do governo subiria para R$ 6,99 bilhões. Gabriel Barros, economista-chefe da Ryo Asset, responsável pelo estudo explica que o número de caminhoneiros contemplados também não foi definido, mas ele optou por usar na simulação dois cenários: um com 900 mil caminhoneiros contemplados, que é o número de motoristas cadastrados na base do governo; e outro 750 mil, um número já citado anteriormente pelo governo ao falar sobre o auxílio. Portanto, no cenário com o menor valor de voucher e 750 mil contemplados, ao todo a PEC custaria aos cofres públicos R$ 54,6 bilhões. Mas considerando o valor de R$ 1 mil e 900 mil motoristas contemplados pode chegar a um custo total de R$ 58,2 bilhões. Gabriel Barros vê a PEC dos Combustíveis com reservas. "O risco de perda de controle da PEC durante a tramitação é grande e os gastos podem extrapolar essa estimativa inicial. Um risco ainda maior em ano de eleições", afirma. Ele acrescenta que o auxílio caminhoneiro é uma despesa nova e a Lei eleitoral veda a criação e p pagamento de novos benefícios em ano de eleição. Mas a ideia é incluir o benefício dentro da PEC dos combustíveis justamente para contornar a restrição legal. "As PECs promovem mudanças na Constituição, por isso se sobrepõem à Lei Eleitoral". O mercado financeiro reagiu negativamente à PEC. Logo depois que as notícias sobre elevação do voucher para R$ 1 mil foram divulgadas, depois do fechamento do pregão, o dólar futuro chegou a ampliar sua alta e subiu mais 1,26%, batendo os R$ 5,21 -- isso depois de ter fechado em alta de 0.45%, aos R$ 5,18 no pregão à vista. Já a bolsa tinha fechado em queda de 0,16%, aos 99.522, mas o Ibovespa futuro ampliou as perdas e caiu -1,43%, aos 100.825 pontos. O dólar sobe com o aumento do risco fiscal porque a percepção de risco da economia aumenta quando há previsão de deterioração das contas públicas. Assim, investidores estrangeiros tiram recursos do país, diminuindo a oferta de dólar no mercado doméstico, o que leva a moeda americana a se valorizar. Em meio às tentativas do governo de contornar os impactos dos preços na economia, outros projetos são aventados. Segundo o analista de política Caio Junqueira, integrantes da equipe econômica, consideram inclusive desistir da PEC dos combustíveis para criar um novo auxílio emergencial no valor de R$ 200, que custaria cerca de R$ 22 bilhões.

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Auxílios, ICMS, Petrobras: veja as iniciativas do governo para segurar o preço dos combustíveis

A menos de quatro meses da eleição, o presidente Jair Bolsonaro decidiu elevar de R$ 400 para R$ 600 o valor mínimo do Auxílio Brasil, programa social criado para substituir o Bolsa Família. A decisão foi tomada às pressas, mas depois de muitas idas e vindas, como têm sido marcadas as muitas tentativas do governo de reduzir o impacto da alta dos preços de gasolina, diesel e gás de cozinha na inflação e no humor dos eleitores. Para criar um fato positivo na campanha à reeleição e driblar as restrições fiscais e a legislação eleitoral -- que impede a ampliação de benefícios no ano da disputa --, o governo vai incluir a iniciativa na PEC dos Combustíveis, que buscava originalmente zerar o ICMS do óleo diesel. A proposta tramita no Senado. Não é a única eldquo;bondadeerdquo; em elaboração no governo nesta semana. O assunto vai ser levado pelo Planalto para a reunião de líderes do Congresso Nacional na próxima semana juntamente com outra ideia: criar um vale para caminhoneiros autônomos de R$ 1 mil para compensar a alta no preço do diesel. O programa está sendo chamado no Executivo de eldquo;Pix Caminhoneiroerdquo;. Além disso, o auxílio para a compra de gás de cozinha deve ser dobrado. Todos os benefícios durariam apenas até dezembro, logo após a eleição, com um custo total de quase R$ 30 bilhões. Apesar das muitas iniciativas, o governo não conseguiu até agora alcançar seu objetivo. O preço dos combustíveis não para de subir, impulsionando a inflação, enquanto o governo e o Congresso parecem dispostos a adotar propostas cada vez mais caras aos cofres públicos à medida que se aproximam as eleições. Veja as ideias já cogitadas e abandonadas pelo governo: Isenção dos tributos federais sobre diesel Adotada em março pelo governo, reduziu o impacto no produto em R$ 0,33 por litro, mas altas do petróleo e do dólar, turbinadas pela guerra na Ucrânia, engoliram o impacto da benesse. Alíquota única dos estados para o ICMS do diesel Na mesma lei que gerou a isenção federal, foi determinado que os estados tivessem alíquota única. Mas os estados conseguiram driblar esta regra, estabelecendo um teto elevado e permitindo que cada unidade da federação desses descontos, impedindo mudanças. O caso foi questionado no Supremo Tribunal Federal (STF) e os estados acabaram desistindo da artimanha. Lei para unificar ICMS em 17% O governo decidiu forçar uma queda dos impostos dos combustíveis, classificando esses produtos como essenciais, juntamente com energia, telecomunicações e transporte público. Com isso, o tributo teria um teto de 17% ou 18% (a depender do estado). Estados reclamaram de corte de receita e foi estabelecido um gatilho: caso a queda da arrecadação chegue a 5%, a União compensaria os estados. Projeto já aprovado no Congresso, foi sancionado ontem por Bolsonaro com vetos. PEC para zerar ICMS do diesel Diante da escalada internacional do petróleo e dos preços dos combustíveis, o governo decidiu criar um espaço fora do teto de gastos, através de PEC, para compensar os estados que zerarem o ICMS do diesel até dezembro. Essa medida teria impacto de cerca de R$ 29 bilhões, para reduzir os estados apenas em parte pela redução do ICMS. Vale-caminhoneiro e vale gás O governo decidiu ampliar ainda mais a ofensiva e retomou o projeto de criar um voucher para caminhoneiros e turbinar o vale-gás. A ideia inicial para os caminhoneiros era de uma ajuda de R$ 400 mensais, em seis parcelas, até o fim do ano. Mas diante das reações, o governo decidiu elevar o valor para R$ 1 mil. O vale-gás, hoje bimensal, seria mensal. Sai ICMS zero para diesel, entra Auxílio Brasil turbinado Diante da necessidade de provocar um impacto positivo na campanha de reeleição de Bolsonaro, que aparece em segundo lugar nas pesquisas, o governo abandonou a ideia de zerar o ICMS do diesel e compensar os estados por isso. Agora, vai usar os cerca de R$ 30 bilhões para ampliar o Auxílio Brasil de R$ 400 para R 600. Esse beneficio seria feito junto com o vale-caminhoneiro, chamado de eldquo;PIX caminhoneiroerdquo; e a ampliação do vale-gás.

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