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Governo pede dados à Petrobras para elaboração do novo PAC

A Petrobras disse nesta segunda-feira (24) que o Ministério de Minas e Energia solicitou informações sobre projetos da companhia para subsidiar a elaboração do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Segundo a estatal, foram encaminhadas à Casa Civil informações da carteira vigente de projetos de investimentos em fase de implantação, das áreas de Exploração e Produção (EeP), Refino, Transporte e Comercialização (RTC), Gás e Energia (GeE) e Renováveis. A companhia também incluiu projetos exploratórios da Margem Equatorial ou de biorrefino, mesmo que em fase de planejamento. A Petrobras acrescentou que todos esses projetos estão previstos em seu plano estratégico 2023-2027. eldquo;Cabe destacar a modificação da entrada em operação dos seguintes sistemas de produção (FPSOs), em comparação às previsões anteriormente divulgadas no PE 2023-27: Búzios 7, do ano 2024 para 2025; Integrado Parque das Baleias (IPB), do ano 2024 para 2025; e Búzios 10, do ano 2026 para 2027erdquo;, disse a estatal. A empresa acrescentou que isso não deve impactar as metas de produção de óleo e gás natural.

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Preços do petróleo fecham em alta com otimismo sobre demanda por combustível na China

Os preços do petróleo subiram nesta segunda-feira, revertendo perdas com os investidores otimistas de que as viagens de férias na China aumentariam a demanda por combustível no maior importador de petróleo do mundo. O petróleo Brent fechou em alta de 1,07 dólar, ou 1,3%, a 82,73 dólares o barril, enquanto o petróleo bruto dos EUA (WTI) subiu 0,89 dólar, ou 1,1%, a 78,76 dólares. Na semana passada, ambos os contratos caíram mais de 5% em suas primeiras quedas semanais em cinco, já que a demanda implícita de gasolina nos EUA caiu em relação ao ano anterior. A recuperação econômica acidentada da China após a pandemia da Covid-19 obscureceu as perspectivas de demanda por petróleo, embora os dados da alfândega chinesa na sexta-feira tenham mostrado volumes recordes de importações em março. As reservas na China para viagens ao exterior durante o próximo feriado de 1º de maio apontam para uma recuperação contínua nas viagens para países asiáticos, mas os números permanecem longe dos níveis pré-pandemia, com tarifas aéreas de longa distância subindo e voos insuficientes disponíveis. eldquo;Há muito otimismo em relação aos feriados chineses no que se refere à demanda por combustível de aviação, os primeiros números genuínos sobre a construção da demanda chinesaerdquo;, disse Bob Yawger, diretor de futuros de energia da Mizuho. O aperto na oferta devido a cortes adicionais de oferta planejados pelo grupo de produtores da Opep+ a partir de maio também pode elevar os preços. eldquo;Os cortes de produção planejados pela aliança Opep+ e uma forte perspectiva de demanda da China podem dar um impulso aos preços nos próximos diaserdquo;, disse o analista de petróleo independente Sugandha Sachdeva. (Reuters)

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Senado pode votar fim de ICMS cobrado para estabelecimentos de mesmo dono

O Plenário pode votar na terça-feira (25) o projeto de lei complementar (PLS endash; Complementar) 332/2018, que proíbe a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para a transferência de mercadorias entre estabelecimentos do mesmo contribuinte. A sessão deliberativa está marcada para as 14h, com ordem do dia a partir das 16h. A legislação em vigor (Lei Complementar 87, de 1996) determina a incidência de ICMS no momento da saída de mercadoria, mesmo que o destino seja um estabelecimento do mesmo proprietário. O projeto, apresentado em 2018 pelo então senador Fernando Bezerra Coelho (PE), acaba com essa possibilidade de cobrança. Projetos de resolução O Plenário tem outros três itens na pauta. O projeto de resolução (PRS) 21/2023, do senador Flávio Arns (PSB-PR), cria o Grupo Parlamentar Brasil-Ucrânia. O colegiado deve incentivar e desenvolver relações entre os Poderes Legislativos dos dois países. O projeto prevê visitas parlamentares, troca de informações e realização de eventos, debates e estudos para aprimorar as relações bilaterais entre Brasil e Ucrânia. Os senadores podem votar ainda o PRS 43/2023, que autoriza o Brasil a conceder garantia em um empréstimo de US$ 750 milhões junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Contratada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a operação deve financiar um programa de crédito emergencial para micro, pequenas e médias empresas. O último item da pauta é o PRS 44/2023, que autoriza o Brasil a contratar operação de crédito até US$ 1 bilhão com o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o banco dos Brics. O dinheiro deve ser usado para o financiamento parcial do programa emergencial de acesso a crédito.

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Ministro defende proposta de perdoar descumprimento de arcabouço

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu nesta segunda-feira (24) a proposta de não punir autoridades que descumprirem as metas estabelecidas no novo arcabouço fiscal. Enviado ao Congresso Nacional no último dia 18, o projeto de lei complementar torna os contingenciamentos (bloqueios) facultativos e retira sanções, como impeachment e inelegibilidade. O ministro comparou as regras propostas com o regime de metas de inflação, estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Caso a inflação oficial fique acima do teto da meta ou abaixo do piso, o presidente do Banco Central (BC) é obrigado a enviar uma carta ao Ministério da Fazenda informando as razões do descumprimento. eldquo;Ninguém pune o Banco Central por descumprir a meta. O que eu acredito é você ter regras que tornem a gestão fiscal mais rígida. Não conheço nenhum país que criminalize. Do que adianta você fazer uma regra dura, como o teto de gastos, e depois ficar aprovando emendas constitucionais e furando o teto? Melhor ter uma regra sustentávelerdquo;, declarou Haddad. O ministro, no entanto, não descartou a possibilidade de o Congresso restabelecer as punições previstas na Lei de Responsabilidade Fiscal. O ministro deu a declaração após se reunir pela manhã com o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Benedito Gonçalves, que relata um processo de revisão de incentivos fiscais a estados que pode aumentar a arrecadação da União em até R$ 90 bilhões. Gonçalves relata um processo que pede que o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) deixe de ser deduzido da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) no caso de subvenções (ajuda financeira) para custeio. O governo aguarda a decisão do STJ para editar uma medida provisória que mantenha o benefício apenas para investimentos. eldquo;Isso tem um impacto muito grande nas finanças públicas, que estão sendo corroídas por uma série de dispositivos anômalos e completamente ilegítimos, que estão corroendo a base fiscal do Estado. Qual é o país no mundo que subvenciona custeio? Não conheço nenhum exemplo. Com isso, criou-se um ralo de quase R$ 90 bilhõeserdquo;, afirmou Haddad. O ministro ressaltou que o incentivo para custeio deu centenas de bilhões de prejuízo para o governo federal. eldquo;Está sendo julgado um montante maior do que o orçamento do MEC inteiro e equivalente à metade do Bolsa Famíliaerdquo;, destacou o ministro.

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O que é diesel verde e o que está em disputa no mercado brasileiro de biocombustíveis

Um dos biocombustíveis mais consumidos no mundo, o diesel verde começa a ganhar espaço no Brasil como alternativa para reduzir as emissões no transporte, especialmente de carga e aviação. O que é diesel verde O diesel verde é um combustível 100% renovável, produzido a partir do processamento de óleos vegetais endash; como soja, mamona e palma endash; ou gorduras animais. Como tem a composição semelhante ao óleo diesel de origem fóssil, o diesel verde pode ser acrescentado ao diesel mineral em qualquer proporção e, até mesmo, ser substituído de forma integral. É um combustível chamado eldquo;drop-inerdquo;, ou seja, que mantém as suas características. Assim, os motores não precisam ser alterados para sua utilização. Além disso, o diesel verde pode ser fabricado por diferentes rotas tecnológicas como: hidrotratamento, síntese de gás proveniente de biomassa, fermentação ou oligomerização de álcoois. O HVO (óleo vegetal hidrotratado, na sigla em inglês) é o tipo de diesel verde mais produzido no mundo, por isso, é frequentemente relacionado ao combustível. Também é o terceiro biocombustível mais consumido mundialmente, atrás apenas do etanol e do biodiesel. Os primeiros projetos no Brasil Ainda não há previsão legal para uso do diesel verde no país. No entanto, os primeiros testes com o combustível já estão sendo feitos. Ano passado, a Vibra Energia anunciou que terá exclusividade na compra por cinco anos do combustível produzido pela primeira biorrefinaria dedicada à geração de HVO no Brasil, localizada em Manaus. A usina terá capacidade produtiva de 500 mil toneladas de combustível por ano. De acordo com a distribuidora, a planta poderá abastecer toda a região Norte do país. Enquanto o Brasil ainda não regulamenta o uso do HVO, uma das rotas do diesel verde, a Europa e os Estados Unidos estão aumentando a produção de biocombustíveis avançados, como SAF (sigla em inglês para combustível sustentável de aviação) e o próprio diesel verde, em seus territórios. Os dois produtos são fabricados em biorrefinarias e dependem um do outro para ter viabilidade econômica. A diferença entre diesel verde e biodiesel Frequentemente o diesel verde é confundido com o biodiesel, que também é um combustível limpo, mas com propriedades distintas. O biodiesel é um combustível derivado de biomassa, obtido a partir da reação de óleos ou gorduras endash; vegetais ou animais endash; com um álcool, sendo o metanol o mais utilizado. Esse processo é conhecido como transesterificação. A própria Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) diferencia os dois biocombustíveis, por entender que são eldquo;quimicamente distintoserdquo;. No entanto, a especificação do diesel verde divide os representantes do setor de biodiesel e as empresas de petróleo. Para as distribuidoras de óleo e gás, o diesel verde pode ser considerado um tipo de biodiesel. Desta forma, o biocombustível poderia compartilhar o mandato com o biodiesel. Diferente do diesel verde, o biodiesel possui uma política nacional estabelecida. Hoje, o percentual de mistura obrigatória de biodiesel no diesel está em 12% (B12). Os defensores da entrada do diesel verde no mandato alegam que a alternativa possui maior estabilidade e garante menos problemas de armazenamento e de uso em motores a diesel do que o biodiesel. O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), não chegou a um consenso sobre o embate. No final de 2022, sob comando do ex-ministro bolsonarista Adolfo Sachsida, o órgão aprovou a inserção do diesel verde na mistura obrigatória, mas após pressão dos produtores de biodiesel, recuou da decisão. A disputa dos biocombustíveis no Congresso Na Câmara dos Deputados, alguns projetos envolvendo os combustíveis estão em andamento: Um projeto de lei do ex-deputado federal Ricardo Barros (PP), apresentado em 2021, propõe o uso obrigatório do diesel verde, a partir de março de 2027, no percentual de 2%. O cronograma proposto estabelece acréscimos de um ponto percentual até 5% em 2030. O PL 1873/2021 cria um programa nacional de biocombustíveis avançados, incluindo o cronograma de mandatos para o diesel verde e para o bioquerosene de aviação, sem interferir na mistura vigente de biodiesel. Já a proposta do ex-deputado Jerônimo Goergen (PP), o PL 528/2020, sugere a inclusão de novas rotas no mandato de biodiesel, como o diesel verde, além da elevação da adição obrigatória para 20% até 2028. A discussão para uma política de livre concorrência entre os dois combustíveis e, consequentemente, a disputa por esse comércio reúne duas frentes no Congresso Nacional: o agronegócio e a indústria de transportes. Enquanto os parlamentares do agro buscam garantir a fatia do biodiesel no mercado, deputados e senadores que representam o segmento dos transportes argumentam que a competição entre os renováveis pode reduzir preços e trazer ganhos ambientais. Na última semana, o deputado Zé Trovão (PL/SC), defensor da agenda do setor de transportes, cobrou do Ministério de Minas e Energia (MME), um eldquo;plano de açãoerdquo; do governo para o diesel verde. Quanto à mistura obrigatória de biodiesel, os defensores do agronegócio querem a antecipação do calendário de aumento do percentual. O novo cronograma, atualmente fixado em 12% de adição, prevê atingir 15% em 2026. Por outro lado, os parlamentares contra o aumento alegam que as transportadoras têm prejuízos com a qualidade da mistura, sofrendo com a perda da eficiência dos motores e outros impactos financeiros. A polêmica do diesel R da Petrobras Ao mesmo tempo, a Petrobras tenta emplacar o eldquo;diesel Rerdquo;, que, diferentemente do diesel verde e do biodiesel, não é um combustível 100% renovável. Em março de 2021, a ANP descartou incluir o diesel R na definição de diesel verde, sob o argumento de que o combustível não tem origem em matéria-prima exclusivamente renovável e, apesar da menor pegada de carbono, não deixa de ser um derivado fóssil. O diesel R é produzido por meio do processo de hidrotratamento, mas os óleos vegetais são processados junto ao diesel de petróleo. Sendo assim, o produto que sai das refinarias contém apenas 5% de parcela renovável, contra 95% de petróleo. Essa mistura é denominada eldquo;R5erdquo;. O que pode causar confusão é que o diesel R5 também é chamado de eldquo;verdeerdquo; pela companhia, ou HBio, nome que foi dado inicialmente à tecnologia. Uma das vantagens da produção desse combustível é a possibilidade de utilizar a infraestrutura das refinarias já existentes. Em setembro de 2022, o diesel R5 passou a ser fabricado na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, com capacidade de 5 milhões de litros por dia. A Petrobras planeja atingir 21 milhões com três novas unidades e, futuramente, investir em uma unidade dedicada de diesel verde e SAF.

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Preço do diesel volta ao patamar pré-guerra na Ucrânia

O preço médio do litro do diesel nos postos do país demorou mais de um ano para voltar ao patamar pré-guerra na Ucrânia. Quase 14 meses depois do estouro do conflito, o litro voltou a custar R$ 5,76 na semana passada, segundo o levantamento semanal da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A primeira ofensiva de Putin contra Kiev, em fevereiro de 2022, causou um choque global e a disparada repentina nos preços de energia. O barril de petróleo, que é referência para a formação de preços do diesel, arrancou ao pico de US$ 140 em meio à incerteza das consequências da invasão, e trouxe impactos imediatos para a inflação em todo o mundo. No Brasil, houve um duplo efeito: além dos preços de petróleo mais altos, o câmbio também havia disparado. A guerra por si só causa aversão a risco entre investidores, e tira dólares de economias em desenvolvimento. Por aqui, ainda havia a incerteza das eleições presidenciais para agravar o quadro. Essa equação levou o preço do diesel de uma média de R$ 5,81 o litro na primeira semana de março para um pico de R$ 7,57 o litro em junho. Dali em diante, o recuo foi gradual, conforme o mercado de energia foi se reencaixando. Ainda que o conflito entre Rússia e Ucrânia prossiga até os dias de hoje, os choques inflacionários se reduziram, e dólares voltaram às economias emergentes. Além disso, as altas das taxas de juros em todo mundo frearam a economia global e reduziram a procura por energia, como o petróleo. Nesta reportagem, você relembra, em tópicos, como o diesel chegou até aqui e quais as perspectivas adiante. Combustíveis como vilões da inflação A desoneração de impostos federais Uma nova tentativa: redução do ICMS Alívio do petróleo, mas com ameaça da Opep Economia global e um dólar mais tranquilo Combustíveis como e#39;vilões da inflaçãoe#39; A paralisação da economia com a chegada da pandemia de Covid-19, em 2020, reduziu drasticamente os preços dos combustíveis em todo o mundo. Conforme os mercados foram reabrindo, houve um primeiro choque de demanda em vários insumos industriais e commodities. À época, o mundo enfrentava uma série de incertezas sanitárias, enquanto tentava balancear uma retomada de atividade econômica e empregos. Um dos símbolos desse processo foi o aumento de preços de energia, que passaram a romper o patamar pré-pandemia no início de 2021. No próprio levantamento da ANP, é possível observar que o valor médio do litro do diesel subiu 45% entre o começo e o fim de daquele ano, saindo de R$ 3,675 para R$ 5,336. Meses depois, a Rússia invadiria a Ucrânia, criando um novo choque no mercado emdash; desta vez pelo lado da oferta. Como especialistas explicaram ao g1 na época, a produção de insumos energéticos demora a se adaptar à demanda. O resultado foi de que, em meados de 2022, os combustíveis eram um dos protagonistas de uma inflação em 12 meses na casa dos 12%. No Brasil, em que carros de passeio não andam a diesel, o preço do combustível escorre para outros produtos e impacta preços de fretes, como alimentos e outros insumos essenciais. O economista André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do FGV-Ibre, destaca que, apesar de o diesel não ter efeitos diretos sobre a inflação, há um impacto indireto "gigante" emdash; e difícil de mensurar. "As máquinas no campo, o transporte de grãos e mercadorias, os ônibus do dia a dia para ir ao trabalho: todos são movidos a diesel. Então, quando você vê um aumento nesse combustível, o produto da feira livre fica mais caro, a passagem que o trabalhador paga todos os dias pode subir. O diesel é o combustível que está por trás da movimentação da nossa economia", diz. A desoneração de impostos federais Ainda durante a subida de preços em 2021, o governo do então presidente Jair Bolsonaro (PL) fez uma primeira tentativa de aplacar os valores de derivados de petróleo, zerando os impostos federais sobre o diesel e o gás de cozinha. Houve recuo, mas o efeito é limitado dentro da formação de preços dos combustíveis no Brasil. Além dos tributos federais, há incidência ainda de impostos estaduais, do lucro de distribuidoras e de revendedoras. Por fim emdash; e um dos principais fatores emdash;, vale o preço cobrado pela Petrobras nas refinarias. A Petrobras baliza os valores com base no preço de paridade de importação (PPI). A política oficial de preços da estatal foi criada em 2016, orientada pelas flutuações do preço do barril de petróleo no mercado internacional e pelo câmbio. Com o início da guerra da Ucrânia emdash; junto com a disparada do dólar e a crise de produção do petróleo emdash;, a medida não resistiu ao aumento de preços. Uma nova tentativa: redução do ICMS As alternativas para conter a alta dos combustíveis continuaram custando aos cofres públicos. Duas principais medidas foram adotadas durante o governo de Jair Bolsonaro. Além da desoneração de impostos federais, o governo apelou a uma limitação do ICMS (imposto estadual) sobre itens essenciais, o que incluía os combustíveis. Em conjunto com o Congresso, o governo Bolsonaro aprovou, em março de 2022, um projeto que determinou alíquota única no ICMS de combustíveis para todos os estados, mudando sua base de cálculo e o "efeito cascata" sobre os preços. O mesmo texto manteve os impostos federais (PIS/Pasep e Cofins) sobre diesel, gás de cozinha e biodiesel zerados até o fim daquele ano. Sem o freio desejado e na contagem regressiva para as eleições, em junho de 2022, houve uma nova tentativa de frear a alta dos preços, ao sancionar o chamado "teto do ICMS", que restringiu o imposto a uma faixa inferior a 18% sobre combustíveis. Essa última medida conseguiu de fato abaixar na marra os preços da gasolina no país, uma pauta estimada pela classe média. A gasolina era vendida com alíquotas de ICMS que superavam 30% em alguns estados, de acordo com a Fecombustíveis. Mas o mesmo impacto não atingiu os preços do diesel: o modelo de cobrança da maioria dos estados já previa um ICMS abaixo do teto. Assim, os preços do diesel só começaram a baixar, de fato, quando o dólar deu trégua e o barril do petróleo ficou mais barato. Alívio do petróleo, mas com ameaça da Opep Para especialistas ouvidos pelo g1, o balanço de riscos daqui em diante está mais calmo do que em 2022. Ainda que o mercado de petróleo seja reconhecidamente volátil, os efeitos da guerra da Ucrânia estão mais equacionados e a preocupação, agora, é a recuperação dos países na saída da pandemia. Em geral, quando juros sobem e as economias desaceleram, a demanda por petróleo e outros produtos energéticos se reduz. Por isso, o preço do barril de petróleo vinha caindo nas últimas semanas. Mas, como uma forma de controle os preços, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep+) anunciou um corte de produção de mais de 1 milhão de barris por dia até o fim do ano, o que reduz a oferta e aumenta os valores no mercado internacional. Mesmo assim, sem um novo grande choque, é improvável que os preços escalem a níveis perigosos para os combustíveis no Brasil. Mesmo com o susto provocado pela Opep, o câmbio ajudou a controlar os valores observados pela ANP na bomba. Desde o início do ano, o dólar acumula uma queda de 4%, mas que chegou a 6% na semana passada. E, atualmente, a cotação é um dos fatores primordiais para que a Petrobras defina os preços dos combustíveis vendidos às distribuidoras. Foi assim que, no dia 22 de março, a Petrobras anunciou mais uma redução de quase 5% no preço do diesel para as distribuidoras. Novamente, este é o fator mais relevante para o preço final. Mas a dinâmica como se conhece pode mudar. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez críticas duras à estatal durante a campanha e falou em eldquo;abrasileirarerdquo; os preços de combustíveis. Já neste ano, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que se discute mudar a política de preços da Petrobras. eldquo;Os novos diretores são muito críticos ao PPI. Então, temos que aguardar quais modificações serão feitas na política de preços da companhia para entender os efeitos no futuroerdquo;, diz Pedro Rodrigues, sócio do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). O analista diz ainda que, além dessa mudança, é preciso monitorar o comportamento do cenário macroeconômico. Enquanto as economias não deslancham, há algum alívio pelo lado da demanda, mesmo com o aperto promovido pela Opep. eldquo;Devemos ter um cabo de guerra entre Opep e o baixo crescimento global. Se a gente tiver uma diminuição de demanda e esse preço cair, eu acho que tem risco de a Opep fazer novos corteserdquo;, diz Rodrigues. eldquo;Mas, se a gente tiver a condição normal de temperatura e pressão, eu não vejo aí um choque de preço como a gente teve com a guerra da Ucrânia.erdquo; Por fim, um novo risco é o retorno da reoneração do diesel. Em março, o governo federal reinstaurou os impostos para gasolina e etanol. E justamente a gasolina foi protagonista do resultado de inflação no mês: o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,71% em março, com alta de mais de 8% na gasolina. Para controlar o preço do diesel, o governo prolongou até o fim de 2023 a desoneração federal do diesel. Não se sabe como será no ano que vem. Cenário econômico global A perspectiva de um crescimento tímido da economia global emdash; ainda sob o impacto das altas taxas de juros praticadas pelos principais Bancos Centrais emdash; é um dos fatores responsáveis pela queda na procura por commodities como o petróleo. André Braz, da FGV-Ibre, reforça que a decisão da Opep de diminuir a oferta do petróleo vem justamente da desaceleração do preço do barril. "A organização concluiu: e#39;Vou equilibrar oferta e demanda. Se tem uma demanda diminuindo, a minha oferta também vai diminuire#39;", diz. "Como o mundo está buscando desacelerar para conter o avanço da inflação, a tendência talvez seja de ter uma frequência menor de aumentos [nos preços dos combustíveis] daqui para a frente, mesmo com essa redução da oferta estratégica da Opep", continua. Em estimativa divulgada no dia 11 de abril, o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta que a economia mundial deverá avançar 2,8% em 2023. As perspectivas têm sido revisadas para baixo desde janeiro. Nessa toada, os bancos centrais dos Estados Unidos e da Europa seguem avaliando o momento de afrouxar o aperto monetário. Autoridades norte-americanas sinalizaram na última quarta (19) que o período de aumento da taxa básica de juros emdash; o mais intenso em 40 anos emdash; está próximo do fim. A expectativa, no entanto, é que haja uma última elevação da taxa na próxima decisão do Fed, marcada para o início de maio. Atualmente, o juro nos EUA está no intervalo de 4,75% a 5% ao ano. A China, por sua vez, registrou crescimento acima do esperado no primeiro trimestre deste ano, após o fim das restrições impostas pela Covid-19. A forte retomada das atividades pelo gigante asiático, que é um dos maiores importadores de petróleo do planeta, também tem potencial para gerar impactos no processo de oferta e demanda da commodity emdash; com consequente reflexo nos preços.

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