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Petrobras retoma ofensiva para tentar liberar poço no Amapá ainda em 2024

A Petrobras quer retomar conversas com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) para tentar autorização para um simulado de perfuração do primeiro poço no litoral do Amapá em outubro, quando a sonda contratada para essa atividade estará disponível. A licença para a perfuração foi negada pelo Ibama há quase um ano, dando início a um embate público entre as áreas energética e ambiental do governo, que gostaria de uma avaliação mais ampla de eventuais impactos da atividade petrolífera na região, considerada ambientalmente sensível. A estatal chegou a posicionar a sonda de perfuração na área do bloco no fim do governo Jair Bolsonaro (PL), mas a mudança de governo e de orientação da área ambiental travou o processo de licenciamento. O equipamento foi, então, transferido para outras operações. A unidade perfurou dois poços no litoral do Rio Grande do Norte, também na chamada margem equatorial, hoje a principal aposta para renovar as reservas de petróleo do país e fez a primeira descoberta em águas ultraprofundas da região. Depois, foi enviada para a região Sudeste. O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse nesta terça-feira (7), que a sonda estará livre em agosto, o que levará a empresa a iniciar nova ofensiva para tentar obter a licença. "Não ficamos em cima [do Ibama] porque vinha trabalhando com a sonda." No seu parecer, o órgão ambiental citou preocupação quanto ao socorro à fauna em caso de acidente e a ausência do estudo chamado AAAS (Avaliação Ambiental de Área Sedimentar) como algumas das razões para a negativa à estatal. A Petrobras entende que já cumpriu todas as exigências feitas pelo Ibama, mas precisa do aval do órgão para iniciar o simulado, última etapa antes da perfuração oficial do poço, localizado no bloco 59 da bacia da Foz do Amazonas. "Entendo a dificuldade do Ibama, mas é uma decisão de Estado. O Estado brasileiro é quem vai definir, primeiro, se quer achar o petróleo na região", afirmou, dizendo que a Petrobras vai "trabalhar em todas as frentes" para tentar aprovar o projeto. A estatal defende que a descoberta de novas fronteiras exploratórias é fundamental para evitar que o Brasil volte a importar petróleo na próxima década e que tem condições de realizar as operações com segurança. A Petrobras tem apoio do MME (Ministério de Minas e Energia), de lideranças políticas do Amapá e de todo o setor de petróleo, mas enfrenta resistências do MMA (Ministério do Meio Ambiente) e de organizações ambientalistas. O Ibama já havia negado à Petrobras outras duas licenças para perfuração de poços na margem equatorial, ambas no litoral do Maranhão. Prates afirmou que a discussão sobre a exploração de petróleo na Amazônia é "o grande embate da transição energética no mundo". "Um país autossuficiente [na produção de petróleo], que quer manter sua reposição de reserva para não ter que voltar a importar, que busca uma fronteira distante da costa, distante do ativo ambiental potencialmente ameaçado", disse. O repórter viajou a convite da Petrobras.

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Petrobras deve levar primeiros projetos de renováveis ao conselho em breve, diz Prates

A direção da Petrobras deve levar nas próximas semanas ao conselho de administração suas primeiras propostas de investimento em energias renováveis, afirmou nesta terça-feira (7) o presidente da companhia, Jean Paul Prates. Segundo ele, as negociações com possíveis parceiros já estão avançadas, com conversas sobre compra de participação ou de projetos isolados. Os nomes dos parceiros, porém, não foram revelados. O retorno da estatal às energias renováveis é um dos focos da gestão atual. Num primeiro momento, a ideia é entrar em projetos de energia solar ou eólica em terra. A energia eólica no mar ainda depende de regulamentação no país. A empresa separou em seu planejamento estratégico US$ 11,5 bilhões para investimentos de baixo carbono, que incluem redução das emissões em suas operações atuais e a retomada das atividades em renováveis. A saída de projetos de energia limpa foi decidida durante o governo Jair Bolsonaro (PL), que queria uma Petrobras mais enxuta e com foco na produção de petróleo do pré-sal. Prates afirmou que outras iniciativas da empresa nesse sentido dependem de avanço na legislação. O Congresso está discutindo leis que afetam os mercados de biocombustíveis e da geração de energia no mar. A estatal tem um projeto-piloto de eólica no mar, que será instalado no Rio Grande do Norte, mas ainda em pequena escala. A partir da aquisição dos primeiros projetos de geração solar ou eólica, a Petrobras pretende integrá-los com iniciativas de produção de hidrogênio, produto do qual a Petrobras é grande consumidora. O presidente da Petrobras afirmou ainda que a estatal quer se tornar uma grande desenvolvedora de tecnologia para geração de energia renovável, repetindo o caminho feito na exploração de petróleo em águas profundas. Esta semana, a empresa foi premiada na OTC (Offshore Technology Conference), feira do setor que acontece anualmente em Houston, pelo projeto de revitalização de campos antigos na bacia de Campos, cujo desenvolvimento levou o país à liderança da exploração de petróleo em águas profundas. Prates chegou a sugerir a incorporação, pela Petrobras, do Cepel (Centro de Pesquisas da Eletrobras), que fica perto de seu próprio centro de pesquisa, o Cenpes, no Rio de Janeiro. O Cepel foi retirado da estrutura da Eletrobras após a aprovação da companhia elétrica e sofre com falta de verbas e constantes mudanças no comando. Não há, no entanto, nenhuma negociação em curso para a incorporação à Petrobras.

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Etanol está mais competitivo em relação à gasolina em 7 estados e no DF, afirma ANP

O etanol esteve mais competitivo em relação à gasolina em 7 estados e no Distrito Federal na semana passada. Na média dos postos pesquisados no País, no período o etanol tinha paridade de 65,75% ante a gasolina, portanto favorável em comparação com o derivado do petróleo, conforme levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) compilado pelo AE-Taxas. Executivos do setor observam que o etanol pode ser competitivo mesmo com paridade maior do que 70%, a depender do veículo em que o biocombustível é utilizado. O etanol era mais competitivo em relação à gasolina nos seguintes estados: Amazonas (67,77%), Goiás (65,75%), Mato Grosso (61,56%), Mato Grosso do Sul (65,08%), Minas Gerais (67,93%), Paraná (66,00%) e São Paulo (65,54%), além do Distrito Federal (69,19%). No restante dos estados, continua mais vantajoso abastecer o carro com gasolina.

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Gasolina sintética da Porsche parece etanol e tem cheiro de querosene

A ampola que circula de mão em mão no escritório da Porsche no Brasil guarda um líquido transparente que lembra etanol. Ao abri-la, o que se sente é um cheiro similar a querosene. Não se trata nem de uma coisa nem de outra. É gasolina. Não aquela vendida nos postos, de origem fóssil. É sua versão sintética, desenvolvida pela montadora alemã por meio de parcerias. A Porsche acredita que ali está a solução para que 1,3 bilhão de carros continuem a circular de forma sustentável emdash;pelo menos do ponto de vista da emissão de CO2. A conta considera grande parte da frota circulante global de carros equipados com motor de combustão interna. São veículos que continuarão na ativa enquanto ocorre a transição para veículos elétricos, que segue ritmos diferentes mundo afora. Alguns milhares de litros já foram produzidos em Punta Arenas, no Chile. Com ventos abundantes, é o local perfeito para se aproveitar a energia eólica e movimentar todo o processo da forma menos poluente possível. Ter uma fonte limpa é fundamental para neutralizar as emissões de carbono. A matéria-prima vem do ar. O próprio CO2 é combinado ao hidrogênio emdash;que, por sua vez, é retirado da molécula da água por meio da eletrólise. Essa água vem do oceano. Tem-se aí mais um processo, a dessalinização. Essa indústria em ascensão tem movimentado a economia daquele pedaço do Chile, próximo ao Estreito de Magalhães. A combinação de CO2 e hidrogênio resulta em metanol. Após processado, esse composto é transformado em uma gasolina sintética com as mesmas características da disponível nos postos europeus emdash;incluindo a adição de 10% de etanol anidro. De fato, não há qualquer diferença de funcionamento de um carro abastecido com a gasolina sintética. Foi possível comprovar isso em um teste curto pelas ruas próximas à sede da Porsche, no Brooklin (zona sul de São Paulo). O objetivo era levar o carro para as medições de desempenho e consumo feitas pelo Instituto Mauá de Tecnologia em parceria com a Folha. As negociações para o teste, contudo, não avançaram. A montadora alegou que o combustível ainda está em fase experimental, e que será aprimorado nos próximos meses. O carro cedido para a avaliação urbana foi um cupê 911 Carrera T (R$ 880 mil), versão intermediária da linha. Trata-se de um carro regular de produção, homologado para rodar no Brasil. No trajeto curto em meio ao trânsito pesado, o funcionamento foi normal, sem oscilações de rotação em marcha lenta. No fim, o computador de bordo marcou a média de 4,3 km/l. Por causa das condições do tráfego e das características do veículo emdash;um esportivo com motor boxer de seis cilindros e 385 cv de potênciaemdash;, o consumo ficou dentro do esperado. A Porsche chama seu combustível de e-fuel. A empresa pretende aumentar a escala de produção de forma acelerada nos próximos anos, passando dos 130 mil litros atuais para 55 milhões de litros por ano até o fim desta década. No longo prazo, a empresa quer chegar aos 550 milhões de litros/ano. Caso estivesse pronta para ser comercializada e chegasse aos postos brasileiros, o preço ficaria por volta de R$ 25. O valor considera os impostos que incidem sobre o combustível no país. Na segunda semana de abril, o preço médio da gasolina comum no Brasil era de R$ 5,78, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). O ganho de escala tende a reduzir o preço, e os motoristas não terão de se preocupar com adaptações mecânicas para que seus carros funcionem. É viável produzir a gasolina sintética em qualquer lugar do mundo que ofereça energia limpa, segundo a Porsche. O Brasil está entre as possibilidades, inclusive aproveitando a força dos ventos. Os parques eólicos offshore em desenvolvimento fortalecem essa possibilidade. Mas os ganhos ambientais, por enquanto, se resumem à neutralidade do CO2. Um motor abastecido com e-fuel pode emitir a mesma quantidade de poluentes de quando usa gasolina de origem fóssil. Essa característica pode mudar com o tempo e a evolução da e-fuel, segundo a Porsche. O objetivo é desenvolver também combustível para aviação e transporte marítimo. E, sim, as vantagens da gasolina sintética são muito semelhantes às oferecidas pelo etanol encontrado nos postos brasileiros. Enquanto um combustível tira CO2 da atmosfera por meio de engenharia de ponta, o outro aproveita o processo de fotossíntese das plantações de cana-de-açúcar.

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Enchentes afetam oferta de combustíveis no RS; acesso à refinaria Refap é limitado

A Refap (Refinaria Alberto Pasqualini), da Petrobras, no Rio Grande do Sul, enfrenta dificuldades para escoar combustíveis como o diesel, devido a problemas logísticos decorrentes das enchentes, deixando desabastecidas várias regiões, enquanto distribuidoras ainda lidam com os impactos das fortes chuvas. "A única refinaria que produz diesel no Estado está sem acesso. Por conta disso... as cidades e regiões do Estado começaram a ficar sem diesel, as prefeituras não conseguem trabalhar na limpeza porque não tem mais diesel", afirmou nesta terça-feira (7) o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Paulo Pimenta. Procurada, a Petrobras não respondeu imediatamente a pedidos de comentários. Em nota na véspera, o Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP) afirmou que a refinaria, com capacidade para processar 32 mil m³/dia de petróleo, estava operando em carga mínima, com retirada de produtos, como diesel e gasolina, abaixo do normal. As retiradas de gás liquefeito de petróleo (GLP), o chamado gás de cozinha, estavam perto de "zero". Nesta terça-feira, o IBP emdash;que representa as petroleiras no Brasilemdash; publicou um boletim atualizado sobre o cenário apontando que houve melhora "significativa" das retiradas de GLP na refinaria, mas sem detalhar. Além disso, apontou uma reprogramação de carretas de óleo combustível para os clientes e a abertura de nova rota de escoamento, via BR-101, para incremento de saída de produtos escuros. O presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Silveira Pereira, relatou à Reuters a dificuldade para conseguir abastecer. "O grande problema que está acontecendo é falta de combustível, não tem logística para trazer combustível, eu que estou no município de Bagé, chega no posto ele só vende 20 litros, porque não sabe quando vai ter, este é um drama que estamos passando hoje", afirmou, em entrevista por telefone. A Refap, localizada no município gaúcho de Canoas, atende principalmente ao mercado regional, com foco na maximização da produção de óleo diesel. O diretor institucional da Brasilcom emdash;federação que representa mais de 40 distribuidoras regionais de combustíveis instaladas em quase todos os Estados brasileirosemdash;, Sergio Massillon, afirmou que "a situação está muito complicada com imensas dificuldades logísticas, postos revendedores sem produtos". "O maior problema é o da movimentação de GLP", afirmou Massillon. "As distribuidoras têm produtos, mas não conseguem atender a todos os pedidos da revenda por não ter como entregar, principalmente na área da Grande Porto Alegre, mas com reflexos também no interior." (Reuters)

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Lei obriga Estados a monitorar poluição do ar e governo quer bancar estações com multa ambiental

A Política Nacional de Qualidade do Ar, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) neste mês, precisará de medidas importantes para sair do papel. Dados do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima mostram que faltam estações de monitoramento no País. A pasta tenta dois caminhos para captar pelo menos R$ 120 milhões e construir essas estações e fazer cumprir a nova lei: a reversão de recursos oriundos de multas ambientais e o Fundo Amazônia. O ministério já submeteu projetos nas duas frentes ao Ibama e ao comitê do Fundo e aguarda o desenrolar do processo, que deve ocorrer ainda neste primeiro semestre. Caso o dinheiro venha da reversão de multas ambientais, a ideia da pasta é que as empresas penalizadas construam essas estações de monitoramento da qualidade do ar e financiem o funcionamento das estruturas por dois anos, quando elas passarão a ser administradas pelos Estados. De acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima do ano passado, há 395 estações de monitoramento distribuídas em 16 unidades da federação. Os Estados que concentram maior número dessas estruturas são Rio de Janeiro (140), São Paulo (77) e Minas Gerais (57). eldquo;Já temos sinalização positiva de algumas dessas empresas para poder avançar nesse sentidoerdquo;, afirmou o secretário Nacional de Meio Ambiente Urbano e Qualidade Ambiental, Adalberto Maluf, ao Estadão. Um estudo do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), publicado em fevereiro, mostra que, considerando os padrões de monitoramento de qualidade do ar utilizados nos Estados Unidos, o Brasil precisaria construir pelo menos 46 novas estações de monitoramento para dar conta do serviço. Já se o padrão utilizado fosse o adotado na Europa, seria necessário ao menos 138 estações novas. A Política Nacional de Qualidade do Ar, aprovada pelo Congresso, prevê atribuições para a União e os Estados a fim de garantir um padrão de qualidade. No caso do governo federal, a política determina que o Executivo estabeleça prazos e metas de concentração de poluentes no ar por meio do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). eldquo;O ministério vai lançar um plano de ação nacional para melhorar a qualidade do ar com objetivos muito claros, que unem agendas de mudanças climáticas, qualidade do ar e saúde pública. Com debate bem amplo sobre como aperfeiçoar os instrumentos para lidar com episódios críticos. (Vamos) Classificar zonas do Brasil que atendem ou não os padrões de qualidade do ar e, assim, fazer a implementação dos planos de gestão junto com os Estadoserdquo;, disse Maluf. Antes da lei, em maio de 2022, o Supremo Tribunal Federal (STF) já havia determinado que o Conama formulasse em até dois anos os padrões de qualidade do ar no País, incluindo metas e prazos. O prazo dado pelo STF chega ao fim em setembro, considerando a data de publicação da decisão, e o conselho já se prepara para votar uma resolução. Após diversas reuniões, com ambientalistas, órgãos ambientais e indústrias divergindo, o texto que se encaminha para aprovação prevê quatro padrões intermediários de qualidade do ar (PI1, PI2, PI3, PI4) e um padrão final (PF). A redação da resolução deve incluir prazos apenas para as três primeiras metas intermediárias, deixando o PI4 e o PF sem data, com definição posterior por meio de resolução. A Política aprovada no Congresso determina, no entanto, que os dados sejam apresentados a partir de um índice, o eldquo;Índice de Qualidade do arerdquo;. Nesse caso, a primeira faixa desse indicador será o valor fixado como padrão final (PF) pelo Conama. Esses padrões de qualidade do ar são medidos para compostos considerados críticos para a poluição atmosférica e seus impactos não só no meio ambiente, mas também na saúde da população. São eles: Material Particulado (MP10); Material Particulado (MP 2,5); Dióxido de Enxofre (SO2); Dióxido de Nitrogênio (NO2); Ozônio (O3); fumaça; Monóxido de Carbono (CO); Partículas Totais em Suspensão (PTS); Chumbo. A resolução do Conama colocará como meta final (ainda sem prazo) os patamares indicados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como os ideais. No caso do MP10 e MP2,5, uma concentração anual de 15 e 5 microgramas por metro cúbico (µg/m3), respectivamente. Para dar uma dimensão de quão distante o País está de impor um bom padrão de qualidade, as metas iniciais para esses poluentes fixa 40µg/m3 e 20µg/m3, bem acima do recomendado pela OMS. eldquo;Como a própria OMS, diz essa é uma meta aspiracional. Hoje nenhum país do mundo cumpre aquele índice. Mas, acreditamos que é possível colocar um prazo, uma meta para atingir isso, porque tendo uma meta dessa, a gente consegue criar todas as outras políticas públicas para reduzir emissãoerdquo;, argumenta o secretário. Entre esses compostos, o MP 2,5 é o mais preocupante para a saúde humana, já que reúne partículas microscópicas expelidas por veículos e pela indústria e que podem ser aspiradas facilmente durante a respiração. eldquo;O material particulado causa, além dos problemas respiratórios, problemas em outros órgãos a nível sistêmico. Ele por si só é carcinogênicoerdquo;, explica Evangelina Araujo, médica e diretora do Instituto Ar. eldquo;Morrem no Brasil, segundo a Organização Panamericana de Saúde, devido à poluição do ar cerca 51 mil pessoas, isso é mais do que o número de mortes por acidente de trânsito.erdquo; Doenças cardíacas e acidentes vasculares cerebrais também estão no rol de doenças causadas por esses poluentes. A OMS atualizou seus padrões de qualidade do ar em 2022 e indicou que 99% da população mundial respira ar inadequado de acordo com os limites estabelecidos. Segundo estimativas da OMS, a poluição do ar causa cerca de 7 milhões de mortes por ano no mundo. O número é 11 vezes maior do que a quantidade de pessoas que morreram em decorrência de doenças relacionadas à Aids em 2022 (630 mil pessoas). Estados engatinham A priori a nova lei determinava que os Estados fizessem inventários de fontes de poluição em até três anos e que a União fizesse um modelo nacional a partir deles em até um ano. Mas, o presidente Lula vetou esses prazos da lei com o argumento de que a imposição de prazos ao Executivo por parte do Legislativo viola a separação dos Poderes. A Presidência argumentou ainda que os prazos foram fixados sem que exista um regulamento definido sobre o formato dos inventários, o que tornaria difícil sua execução em tempo hábil. eldquo;O Ministério do Meio Ambiente conseguiu recursos internacionais para um inventário nacional, por meio da Coalizão Ar Limpo e do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente). Já está sendo feito com prazo de entrega em 2025, por isso já queremos focar nos planos estaduais já em 2025, e não ter que esperar três anos para os inventários estaduais, depois um ano para o nacionalerdquo;, argumentou o secretário Adalberto Maluf. A lei mantém, no entanto, prazo para que Estados façam planos de gestão e controle da qualidade do ar em até cinco anos. Atualmente, segundo o MMA, somente cinco Estados do País já têm planos de gestão e controle da qualidade do ar concluídos (São Paulo e Paraná) ou em andamento (Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia). O Estadão questionou as unidades da federação sobre o tema, e além desses, Maranhão, Sergipe, Rio de Janeiro, Amazonas e Pará informaram a existência de iniciativas para gerir a qualidade do ar. O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima vai apoiar financeiramente os Estados na elaboração de planos e inventários. As emissões móveis veiculares são o grande destaque dos centros urbanos. Gerente de projetos do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), David Tsai afirma que a lei é positiva por dar um peso maior a normativas que já existiam e não eram levadas a sério por muitos entes. eldquo;Para que a política saia do papel precisamos que os governantes coloquem isso como um problema prioritário e reservem recursos para isso, direcionem orçamento para equipar a gestão pública para enfrentar o problema, que é tecnicamente complexo, precisa de conhecimento, ferramentas técnicas não triviaiserdquo;, explica Tsai. eldquo;O Brasil como um todo não dá atenção necessária para o tema. Um sintoma disso é que a rede de monitoramento da qualidade do ar é super deficitária.erdquo; No Brasil, um dos principais agravantes da qualidade do ar, além da emissão de veículos e da indústria, são as queimadas. Isso faz com que a qualidade do ar de cidades como Manaus, no meio da Amazônia, esteja frequentemente entre as piores do mundo. No ano passado, em outubro, quando uma seca histórica abatia a região, a cidade chegou a registrar a segunda pior qualidade do ar do mundo, segundo a World Air Pollution. Na época, o Ibama afirmou que a fumaça que encobria a cidade vinha de queimadas nos municípios próximos. Nesse sentido, a cientista ambiental e assistente de projetos do Iema, Helen Sousa, explica que o combate ao desmatamento é uma aliado na qualidade do ar. eldquo;Com a preservação de uma área, consequentemente não teremos a queima dela e a emissão de poluenteserdquo;, destaca Sousa. O governo do Amazonas afirmou ao Estadão que neste ano vai implementar sensores de qualidade do ar em todos os municípios do Estado. A nova rede custará cerca de R$ 2,4 milhões, investidos pela embaixada da Coreia do Sul em um acordo com o governo estadual. Outro Estado que sofre com queimadas, originadas sobretudo no desmatamento, o Pará afirmou que iniciará neste ano a instalação de 100 sensores para detectar, principalmente, a queima de combustíveis fósseis. A capital do Estado, Belém, será a sede da 30.ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP-30) em 2025.

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