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Com prateleiras vazias, mercados de Porto Alegre têm falta de água, pão e ovos

Moradores de Porto Alegre têm tido dificuldade de encontrar suprimentos básicos em meio ao caos que tomou conta da cidade. A reportagem circulou nesta quarta (8) por mercados de diferentes bairros da cidade e encontrou prateleiras vazias e falta generalizada de álcool em gel e de alimentos como pão e ovo. O maior problema, porém, é a falta de água, cada vez mais rara na cidade. Nos locais onde ainda é possível achá-la, logo se formam grandes filas. Na unidade do Zaffari do shopping Bourbon Ipiranga, no bairro Jardim Botânico, uma linha formada por mais de 60 carrinhos fazia a volta no corredor central. Todos a espera de sua chance de comprar um pouco de água. Devido à escassez do produto, a venda de garrafas e galões está limitada por cliente, com funcionários do local organizando a distribuição. Apesar disso, a situação no caixa era tranquila, sem grandes aglomerações. O supermercado é um dos maiores da cidade. Já no Gesepel, no bairro do Bonfim, até mesmo prateleiras de refrigerantes estão com espaço de sobra. Quem chega no corredor de bebidas não disfarça a frustração ao ver a falta de produtos. Há quem leve bebidas de limão por "parecer mais com água". Angelina dos Santos, 71, tem cinco litros de água em casa, mas temendo problemas no abastecimento, foi ate o supermercado. "Não podemos sair muito, não posso cozinhar. Tenho marmitas congeladas, mas vai acabar". Ela trabalha como cuidadora na casa de um idoso. O filho dele irá de Blumenau (SC) para atender a demanda do pai e de Angelina com mantimentos. O caminho é longo e deve aumentar já que apenas duas vias permitem entrada e saída da capital gaúcha, a RS-118 e a RS-090. Ainda no bairro do Bonfim, um prédio pagou R$ 12 mil (metade adiantado) para um caminhão-pipa abastecer sua cisterna. São 18 mil litros que viajaram do litoral catarinense à capital gaúcha. A entrega levou dois dias. Próximo dali, a loja do supermercado Zaffari do shopping Total tinha filas grandes nos caixas. O corredor de bebidas estava com poucas partes vazias, mas outros produtos, como sucos e refrigerantes, preenchiam a parte que teria água. Já na loja do bairro Rio Branco, as gôndolas destinadas para água estavam vazias. Consumidores saiam com fardos de água com gás, as únicas restantes. A falta de suprimentos tem feito grande parte da população fugir em direção ao litoral do estado ou para a vizinha Santa Catarina, regiões que não foram afetadas pelas chuvas que atingiram a maior parte do Rio Grande do Sul. O prefeito da capital gaúcha, Sebastião Melo (MDB), pediu que os moradores que conseguirem deixem a cidade, A saída em massa provocou alta procura em postos de combustíveis e congestionamento de estradas, embora o fluxo tenha diminuído nesta quarta. A Associação Gaúcha de Supermercados (AGAS) garante que a situação não é de desabastecimento. O motivo das prateleiras vazias, segundo a entidade, é a alta demanda combinada com uma logística de reposição lenta. "Está acontecendo muita falta de funcionários para fazer a função nas lojas devido a dificuldades de acesso. Mas, conforme a água baixa, mais lojas vão operar e receber produtos", diz o presidente da associação, Antônio Cesa Longo. Em nota, a Brasilcom (Federação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Gás Natural e Biocombustíveis) diz que a situação "continua muito complicada e com imensas dificuldades logísticas". De acordo com a associação, caminhões de combustíveis voltaram a trafegar em algumas estradas, mas ainda de "forma muito precária". "O maior problema é o da movimentação de GLP [gás de cozinha]. As distribuidoras têm produtos, mas não conseguem atender a todos os pedidos da revenda [postos] por não terem como entregar, principalmente na área da Grande Porto Alegre, com reflexos também no interior", afirma a entidade. O Sulpetro, que representa os postos gaúchos, também aponta a dificuldade logística como o principal gargalo no momento. "Tem produtos nas bases de distribuição. O pessoal está criando rotas alternativas, mas algumas regiões são diferentes das outras", diz João Carlos Dalersquo;Aqua, presidente do Sulpetro. "Estou com um posto fechado há dois dias. Não é um desabastecimento geral, mas está bem complicado na parte de logística", acrescenta o dirigente empresarial. O Sulpetro não fala sobre o comportamento dos preços dos combustíveis na ponta, mas reconhece que o transporte das mercadorias ficou mais caro com os bloqueios de estradas. O custo de frete faz parte da composição dos preços finais. SAÍDA DE PORTO ALEGRE É O CAMINHO DE QUEM TEME DESABASTECIMENTO Enquanto rodava pelas ruas, a reportagem da Folha cruzou por uma escolta policial. Motociclistas da Brigada Militar auxiliavam no trajeto de um caminhão de combustível. Logo que o cenário piorou, ainda na última semana, postos registraram filas de carros para abastecer, o que se intensificou entre domingo (5) e segunda-feira (6). Nesta quarta-feira, postos tinham retomado uma rotina mais próxima do usual, mas ainda havia quem abastecia antes de viajar para sair da cidade. No bairro Partenon, que não está alagado, ficam as saídas da cidade que restaram, em direção a Viamão, e que levam para o litoral. Em um posto de gasolina da região, o movimento é mais intenso, assim como o fluxo de veículos indo em direção à cidade vizinha. Nesta tarde, a chuva aumentou, mas não diminuiu a ida dos moradores para o litoral gaúcho. Alexandre de Souza, 41, decidiu ir com a família para Capão da Canoa (RS), onde eles têm uma casa. No carro, ele dirigia e tinha a companhia de mais cinco pessoas, além de um cachorro. "Vamos ficar mais tranquilos na praia", disse o morador do bairro Santo Antônio, que fica longe das águas do Guaíba, mas que também foi afetado pela falta de água e luz.

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Balança comercial brasileira tem superávit de US$9,041 bi em abril, diz Mdic

A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 9,041 bilhões em abril, segundo dados do governo divulgados nesta quarta-feira (8), com um volume maior exportado compensando preços mais baixos dos produtos vendidos. O saldo foi 13,7% mais forte do que os US$ 8 bilhões de superávit registrados em abril de 2023, mostraram dados do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços). O valor das exportações subiu 14,1% no período, a US$ 30,920 bilhões, enquanto as importações cresceram 14,3%, a US$ 21,879 bilhões. Um dos fatores a contribuir para os números maiores foi o fato de abril de 2024 ter tido 22 dias úteis, contra 18 dias úteis no mesmo mês do ano passado, disse o diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Herlon Brandão. No mês passado, o valor médio dos produtos vendidos pelo Brasil caiu 6,8% frente a abril de 2023. No entanto, o volume vendido registrou alta de 22,5%. No recorte por setores, houve alta de 48,6% no valor das exportações da indústria extrativa, puxado pelas vendas de petróleo, e de 16,6% na indústria de transformação, que registrou ganho nas vendas de combustíveis, açúcar, carne e celulose. O valor dos embarques da agropecuária, por sua vez, teve queda de 7,9%, com recuo na venda de soja. Os dados da pasta mostraram ainda que o saldo comercial acumulado nos quatro primeiros meses do ano foi de US$ 27,736 bilhões, 17,7% maior que o observado no mesmo período de 2023. O desempenho foi resultado de exportações de US$ 108,849 bilhões e importações de US$ 81,114 bilhões. Brasil tem fluxo cambial positivo de US$ 1,994 bi em abril O Brasil registrou fluxo cambial total positivo de US$ 1,994 bilhão em abril, em movimento puxado pela via comercial, informou o Banco Central. Os dados mais recentes são preliminares e fazem parte das estatísticas referentes ao câmbio contratado. Pelo canal financeiro, houve saídas líquidas de US$ 10,997 bilhões em abril. Por este canal são realizados os investimentos estrangeiros diretos e em carteira, as remessas de lucro e o pagamento de juros, entre outras operações. Pelo canal comercial, o saldo de abril foi positivo em US$ 12,991 bilhões. (Reuters)

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Vendas no varejo ficam estáveis em março, mostra IBGE; alta no primeiro trimestre é de 2,5%

Após dois meses de crescimento robusto, o volume vendido pelo comércio varejista ficou estável (0,0%) na passagem de fevereiro para março, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Comércio divulgados nesta quarta-feira, 8, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). eldquo;O varejo vinha de duas altas fortes, janeiro (2,7%) e fevereiro (1,0%), essa estabilidade vem depois de uma base (de comparação) altaerdquo;, apontou Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE. Com o consumo resiliente, os indicadores econômicos antecedentes já divulgados indicam, por ora, uma elevação de 0,6% no Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2024 ante o quarto trimestre de 2023, calculou a gestora de recursos XP Investimentos. No fechamento deste ano, a projeção é de uma alta de 2,2% na atividade econômica. eldquo;O consumo pessoal continua em tendência sólida de crescimento. A renda real disponível às famílias vem crescendo em meio a um mercado de trabalho aquecido e altas transferências fiscais. Projetamos que a renda real disponível às famílias avançará cerca de 5% este ano. Além disso, as concessões de crédito têm melhorado gradualmenteerdquo;, apontou o economista Rodolfo Margato, da XP Investimentos, em comentário. Na passagem de fevereiro para março, a estabilidade nas vendas ocorreu a despeito de o segmento farmacêutico ter sido a única atividade varejista a escapar do vermelho, com alta de 1,4%. As demais sete atividades pesquisadas registraram perdas: equipamentos de informática e comunicação (-8,7%), móveis e eletrodomésticos (-2,4%), livros e papelaria (-1,1%), combustíveis (-0,6%), vestuário e calçados (-0,4%), supermercados (-0,3%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico, que inclui as lojas de departamento (-0,1%). No varejo ampliado emdash; que inclui as atividades de material de construção, veículos e atacado alimentício emdash;, as vendas recuaram 0,3% em março ante fevereiro. O volume vendido por veículos caiu 1,4%, e em material de construção recuou 0,4%. Com a reformulação periódica da Pesquisa Mensal de Comércio, o desempenho do varejo ampliado passou a incluir os dados do atacado alimentício, mas ainda sem divulgação de informações individuais para essa atividade na série que desconta influências sazonais. eldquo;O atacado de alimentícios também contribui um pouco para baixo, é que a gente não consegue explicitar aqui qual é esse valor, mas entra na conta do ampliadoerdquo;, acrescentou Cristiano Santos, do IBGE. No entanto, o pesquisador do IBGE reforça que a trajetória do varejo permanece positiva. O pico de vendas alcançado em fevereiro se deslocou agora para março, tornando-se o novo patamar recorde da série histórica. A pesquisa mostrou variações negativas disseminadas, mas algumas muito próximas da estabilidade, como supermercados, vestuário e outros artigos de uso pessoal e doméstico, frisou. Para ele, houve eldquo;perda de dinamismoerdquo; de fatores que influenciam o poder de consumo das famílias: enquanto as concessões de crédito e o número de trabalhadores ocupados perderam fôlego em março, a massa de salários em circulação na economia cresceu. Houve impacto também no mês da valorização do dólar ante o real, que afetou o desempenho de equipamentos de informática e comunicação. Entretanto, ele pondera que esses elementos conjunturais contribuem para uma manutenção do consumo, e não uma perda. eldquo;Mesmo com o enfraquecimento em março, as vendas seguiram em patamares elevados, sem devolver as fortes altas dos meses anterioreserdquo;, corroborou Isabela Tavares, analista da Tendências Consultoria Integrada, em relatório. Vendas crescem no trimestre As vendas do comércio varejista subiram 2,5% no primeiro trimestre de 2024 ante o quarto trimestre de 2023, maior alta desde o segundo trimestre de 2022. No varejo ampliado, as vendas aumentaram também 2,5% no primeiro trimestre de 2024 ante o quarto trimestre de 2023, desempenho mais acentuado desde o segundo trimestre de 2021. eldquo;Foi um trimestre forteerdquo;, resumiu Cristiano Santos, do IBGE. As vendas de bens não essenciais puxaram o bom resultado do varejo no primeiro trimestre deste ano, com destaque para segmentos que vendem itens de maior valor agregado, como móveis e eletrodomésticos e outros artigos de uso pessoal e doméstico. O setor de vestuário também figurou entre os destaques positivos no período. O volume vendido deve desacelerar no segundo trimestre, com a dissipação dos efeitos do pagamento dos precatórios, incertezas domésticas afetando a confiança dos consumidores e pressionando juros de mercado e, mais recentemente, a contabilização dos prejuízos provocados pelas enchentes no Rio Grande do Sul, enumerou Isabela Tavares, da Tendências. eldquo;No segundo semestre, as vendas devem voltar a mostrar maior dinamismo, em função da expectativa positiva para os condicionantes da demanda. O mercado de trabalho ainda aquecido e as melhores condições financeiras atuam de forma positiva ao consumo, contribuindo para que segmentos de bens duráveis mostrem melhor desempenho neste anoerdquo;, previu Tavares. Tragédia no RS terá impacto nas vendas A tragédia que assola o Rio Grande do Sul terá impacto econômico na região, mas ainda é preciso aguardar os desdobramentos da situação para conseguir mensurar os reflexos em atividades como o comércio varejista local, apontou Cristiano Santos, do IBGE. Ele explicou que a coleta de informações da pesquisa é feita de forma eletrônica. As próprias empresas enviam eletronicamente os dados sobre o desempenho de suas atividades mês a mês. O IBGE divulgou nesta quarta-feira a Pesquisa Mensal de Comércio com dados de vendas do varejo referentes a março. As informações para a próxima divulgação, referentes a abril, são enviadas pelos informantes ao instituto até o fim de maio. Segundo o pesquisador, o grosso do fluxo de envio costuma se concentrar na última semana do mês. eldquo;Na maioria das pesquisas conjunturais, esse período do mês é um período que não tem fluxo tão grande de coleta. A coleta é eletrônica, as empresas têm até o fim do mês para enviar os dadoserdquo;, contou Santos. eldquo;Esse volume é muito grande sempre na última semana do mês.erdquo; Além disso, muitas sedes de empresas investigadas, que se concentram na região Sudeste do País, costumam enviar as informações pelas suas filiais regionais, podendo responder por suas unidades locais do Rio Grande do Sul quando enviassem seus dados. Santos frisa que ainda é cedo para prever quando as condições climáticas se normalizarão no Rio Grande do Sul, ou quando a operação das empresas locais será plenamente retomada, mas espera um impacto menor de eventuais problemas na coleta nas divulgações da PMC. eldquo;Precisamos aguardar os desdobramentos, a operação das empresas, para entender o quanto isso pode impactar. Claro que, se as empresas não conseguirem até o final de maio enviar as informações necessárias, isso pode impactar o indicador referente a abrilerdquo;, disse ele. Porém, se a situação no estado não melhorar até o fim de maio, resultando num problema de ausência significativa de informações, isso será mensurado por um modelo estatístico e, mesmo que afete a divulgação referente a abril, os dados poderão ser incorporados nas revisões dos meses seguintes. eldquo;Isso é controlado estatisticamente para avaliar o impactoerdquo;, apontou Santos. eldquo;Certamente impacto efetivo, impacto econômico, vai existir. Precisamos justamente desses dados para entender como será esse impacto no comércio. Mas precisamos aguardarerdquo;, ponderou. O estado do Rio Grande do Sul tem um peso de 6,5% na formação da taxa do varejo restrito na PMC. No varejo ampliado, a fatia do estado é de 6,3%. eldquo;O peso obviamente do Rio Grande do Sul é grande, um dos maiores estados do Brasil, e tem pujança do comércioerdquo;, confirmou o pesquisador. eldquo;A metodologia prevê revisão nos dados. Caso haja uma falta de cobertura, uma cobertura a menor para o próximo mês para o Rio Grande do Sul, isso pode depois ser compensado nas revisões seguintes (na PMC).erdquo;

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ANP e Bonsucro fecham parceria para certificação de cana-de-açúcar no Brasil

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) assinou um acordo de cooperação técnica com a Bonsucro, com duração prevista de três anos, para criação de um método conjunto para os produtores de etanol de cana no Brasil que desejarem obter certificação tanto da Bonsucro quanto do RenovaBio. O objetivo da colaboração com a entidade internacional é estabelecer um procedimento unificado que descreva critérios específicos para um esquema de certificação eficiente, informou a ANP. A Bonsucro certifica produtos derivados da cana, como açúcar e etanol. A parceria não visa, contudo, modificar as disposições oficiais do RenovaBio. O acordo publicado no Diário Oficial da União, também pretende facilitar o intercâmbio de experiências e regras entre as duas certificações, para permitir a análise conjunta de dados e processos de supervisão e formação dos organismos certificadores e dos produtores. Os próximos passos incluem a formação de um grupo de especialistas por parte da ANP e da Bonsucro para criar o procedimento unificado de certificação. Posteriormente, os produtores que optarem pelas duas certificações poderão passar por um processo integrado de certificação, com auditorias simplificadas e menos custos, acredita a agência. Harmonização internacional À frente da presidência do G20 neste ano, o Brasil espera avançar nas discussões sobre harmonização de regras e certificações para a bioenergia dentro da Aliança Global pelos Biocombustíveis (GBA, na sigla em inglês). A aliança é uma iniciativa entre Brasil, Índia e Estados Unidos para ampliar o mercado global de biocombustíveis, com a adesão de Cingapura, Bangladesh, Itália, Argentina, Ilhas Maurício e Emirados Árabes Unidos. O Ministério de Relações Exteriores acredita que o Brasil poderá usar a experiência acumulada em biocombustíveis para conscientizar outros países do G20 sobre a importância da criação de critérios de sustentabilidade para produtos da bioenergia dentro da GBA.

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Petrobras quer fatia de pelo menos 50% na Braskem, diz Prates

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou que a intenção da estatal é ampliar a participação na Braskem para pelo menos 50% do capital. A atual controladora da petroquímica, a Novonor (ex-Odebrecht) está negociando a saída do ativo. Em entrevista ao estúdio epbr durante a Offshore Technology Conference (OTC) 2024, em Houston (Texas), nesta terça-feira (7/5), Prates afirmou que a ideia é que o novo sócio entre em eldquo;igualdade de condiçõeserdquo; com a Petrobras. Assista na íntegra acima. eldquo;Essa é a nossa chance também de colocar no mínimo o co-controle dessa empresa, que é muito importante para nós, e na nossa visão de gestão atual, liderada inclusive pelo presidente Lulaerdquo;, disse, em referência à intenção do presidente da República de que a estatal retorne a esse segmento. A Petrobras tem 36,1% do capital da Braskem e abriu um processo de due diligence para avaliar o processo de venda. A estatal tem direito de preferência caso decida também vender ou ampliar a participação. A companhia informou em nota hoje que ainda não houve nenhuma decisão final da diretoria ou do conselho de administração sobre esse tema. O executivo também citou a possibilidade de que a Petrobras compre a fatia da Novonor e venda a outro sócio posteriormente. eldquo;O movimento pode ser, não havendo comprador, a gente pode até eventualmente fazer a aquisição e sair de novo, fazer um farm out, digamos assim, de participação nós mesmos. Ou podemos obviamente assistir a todo esse processo, participar dele, e não exercer a opção em função do sócio ser adequado e das proporções e dos acordos serem satisfatórios para nóserdquo;, disse. O presidente da Petrobras reforçou que acredita que as plantas da petroquímica têm muita sinergia com as unidades de refino da estatal. eldquo;Para isso, nós precisamos que esse sócio também tenha capacidade financeira indiscutível, e uma capacidade técnica e uma identidade com esse setor de petroquímica no mínimo igual ou maior do que a nossa Petrobraserdquo;, acrescentou. Na visão de Prates, a desistência da Adnoc de avaliar a compra de uma participação na Braskem não está relacionada à crise pela exploração de sal-gema que levou ao colapso de uma mina em Maceió (AL). A estatal de petróleo dos Emirados Árabes Unidos anunciou, ontem (7/5), que desistiu da negociação. Em novembro, a empresa apresentou uma proposta não vinculante de R$ 10,5 bilhões pela participação da Novonor a Braskem. Prates acredita que um dos fatores que pode ter preocupado os potenciais compradores foram os passivos tributários e eventuais judicializações. Segundo ele, a Petrobras está avaliando os potenciais sócios, mas não vai se envolver na decisão sobre a venda da parcela da Novonor. eldquo;Ninguém que apareceu ali como proponente é problemático, é ruim. Então, cabe ao vendedor, que é Novonor, e aos bancos que são os credores, definir isso. A gente está deixando isso completamente livreerdquo;, afirmou.

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PL dos Biocombustíveis dá passo rumo à transição energética, mas sai atrasado ao ignorar uso do CO2

O PL dos Biocombustíveis, também chamado de PL do Combustível do Futuro, é um passo relevante rumo à transição energética do país. Porém, se aprovado no Senado como foi na Câmara, deixará uma lacuna importante no emergente segmento de eletrocombustíveis (ou combustíveis sintéticos), crítico para a descarbonização de modais como navegação marítima e aviação, no Brasil e no mundo. Trata-se de um mercado que, em 2030, ultrapassará os US$ 37 bilhões. O texto apreciado na primeira Casa legislativa trata da incorporação de biocombustíveis aos combustíveis tradicionais que, se praticada em seu nível máximo, pode levar a uma redução de 9% nas emissões do setor energético no país, segundo cálculos da Mirow eamp; Co. Aborda, ainda, a captura e estocagem de CO2 sem, entretanto, citar o seu uso, como já vem ocorrendo em dezenas de projetos mundo afora. As tecnologias de captura, estocagem e uso de CO2 são essenciais para a descarbonização, podendo reduzir em 13% as emissões globais relacionadas ao setor energético. Quem captura CO2 pode vendê-lo como matéria-prima ou emitir créditos de carbono, entre outras aplicações. Destaca-se a destinação desse gás, em especial o biogênico, para a produção de combustíveis de baixa emissão, representando um mercado altamente competitivo do qual o PL dos Biocombustíveis passa longe. E-metanol, e-gasolina, e-diesel e e-SAF, integrantes dessa categoria em demanda acelerada na Europa, são produzidos a partir de uma molécula de hidrogênio verde e outra de carbono biogênico, retirado da biomassa. Não há muitos países que obtêm o CO2 biogênico em volume escalável e a baixo custo, como o Brasil consegue, a partir da biomassa da cana e da celulose, por exemplo, produtos de que é referência global. Em vez de capturar o gás e vendê-lo para que empresas do exterior o transformem em e-combustíveis, poderia a cadeia brasileira vender o produto já acabado, com mais valor. Competitividade dos e-combustíveis Países em distintos continentes estão desenvolvendo e-combustíveis, especialmente competitivos quando aplicados no transporte pesado e de longas distâncias, como o marítimo e a aviação. Chile e Uruguai saíram na frente, na América Latina. O mercado importador, sobretudo o europeu, prefere o e-combustível ao biocombustível por não estar diretamente relacionado a terras agricultáveis e não inflacionar o preço dos alimentos. Essa condição faz do CO2 biogênico insumo estratégico para o futuro, e a indiferença da legislação em discussão pode levar o país a perder sua vantagem competitiva. Além dessa abstração, o PL dos Biocombustíveis traz desafios para sua implementação, como a baixa capacidade produtiva para biometano, SAF e diesel verde, e de infraestrutura para rastreabilidade e transporte dos biocombustíveis até os locais de mistura aos combustíveis fósseis. Para suportar a adição de biometano ao gás natural prevista no PL para 2026, o país precisará triplicar a produção diária atual, a partir de novas instalações. Gasodutos, estações de compressão e distribuição e novas concessões de rodovias terão de entrar no radar de investimentos privados para superar os desafios logísticos e operacionais dos biocombustíveis, cuja oferta é pulverizada em todo o território nacional, até chegarem aos locais de mistura. Se não houver players para essa função, corre-se o risco dos programas criados pelo PL não saírem do papel ou do preço final se tornar proibitivo ao consumidor, ameaças que podem ser diluídas por medidas como um redesenho do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para contemplar essas demandas, por exemplo. É preciso reforçar o avanço que o PL dos Biocombustíveis representa em nossa corrida para a transição energética e sua pertinência para o país, que tem uma estrutura de recursos para a biomassa única, em relação a outros competidores globais. Os desafios para sua implementação podem se tornar oportunidades. O que vai determinar essa virada são os lapsos que o texto final do projeto poderá dirimir, sob avaliação precisa e cuidadosa dos legisladores. (Este artigo expressa exclusivamente a posição dos autores e não necessariamente da instituição para a qual trabalham ou estão vinculados).

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